Histórias indígenas e mitos restauradores : os Potiguaras entre santos, festas e ruínas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: BRAGA, Emanuel Oliveira
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/39970
Resumo: São Miguel é o padroeiro do povo Potiguara. Surgido no “Tapuio”, na mata, o índio-anjo- aparição-imagem imemorialmente protege as famílias, as aldeias e as terras indígenas. Depois de morto, ressuscitado e tornado imagem, o arcanjo guerreiro foi guardado em uma igreja na aldeia Vila São Miguel, Baía da Traição, Paraíba. Como retribuição aos milagres operados pelo santo, os caboclos organizam novenários, procissões e festas em sua homenagem. Nos anos 1970, a imagem original foi levada (em rapto ou procissão) para uma capela localizada na aldeia São Francisco, dividindo as celebrações do padroeiro. Há séculos missionários e a “Igreja” intentam disciplinar e reorganizar as devoções dos Potiguara a São Miguel. Entretanto, na festa do povo, antigos ritos como o acendimento de velas nas velhas paredes da igreja da aldeia São Miguel, as novenas em um latim com sotaque local na capela da aldeia São Francisco e os excessos “mundanos” das quermesses e forrós, revertem a formalidade da sacralidade católica em nome de tradições imemoriais mais profundas. Desde a década de 1970, agentes eclesiais, indigenistas e preservacionistas buscam junto às instituições de patrimônio (Iphaep e Iphan) o tombamento e a “restauração” das ruínas da igreja potiguara de São Miguel. Tombada pelo Estado da Paraíba em 1980, a igreja (atualmente em ruínas) nunca foi reconhecida como patrimônio nacional, mesmo sendo um “bem imóvel religioso”, objeto predileto dos processos de reconhecimento patrimonial, com vasta documentação de viés colonialista e católico da “história oficial”. Os impasses do reconhecimento da igreja potiguara de São Miguel como patrimônio brasileiro, em comparação com outros processos de tombamento e registro de bens referenciados por grupos indígenas e afrodescendentes, evidencia cosmovisões do Iphan diante de mundos “não brancos” que estabelecem dicotomias e hierarquias entre as ideias/práticas civilização material x comunidades (primitivas/ tradicionais/ étnicas/ populares) do imaterial. A existência de santos e igrejas indígenas é reiteradamente ignorada e rechaçada nos processos de tombamento nacional. Estereotipados como seres a-históricos, pré-históricos ou de estória oral, indígenas não seriam capazes de edificar monumentos, estando fadados a compor paisagens naturais, marcar territórios com vestígios arqueológicos e repetir espontaneamente manifestações “imateriais”. Histórias de São Miguel das aldeias, do templo potiguara construído em sua homenagem e de outros monumentos indígenas descritos na presente tese desestabilizam e revertem os oficiais falsos históricos das políticas de patrimônio aqui e alhures.
id UFPE_7e344ad8017ed31d1aa225f12c2a11ad
oai_identifier_str oai:repositorio.ufpe.br:123456789/39970
network_acronym_str UFPE
network_name_str Repositório Institucional da UFPE
repository_id_str 2221
spelling BRAGA, Emanuel Oliveirahttp://lattes.cnpq.br/9353343506903294http://lattes.cnpq.br/9566407902205153REESINK, Edwin Boudewijn2021-04-25T18:12:28Z2021-04-25T18:12:28Z2019-11-11BRAGA, Emanuel Oliveira. Histórias indígenas e mitos restauradores : os Potiguaras entre santos, festas e ruínas. 2019. Tese (Doutorado em Antropologia)- Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2019.https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/39970São Miguel é o padroeiro do povo Potiguara. Surgido no “Tapuio”, na mata, o índio-anjo- aparição-imagem imemorialmente protege as famílias, as aldeias e as terras indígenas. Depois de morto, ressuscitado e tornado imagem, o arcanjo guerreiro foi guardado em uma igreja na aldeia Vila São Miguel, Baía da Traição, Paraíba. Como retribuição aos milagres operados pelo santo, os caboclos organizam novenários, procissões e festas em sua homenagem. Nos anos 1970, a imagem original foi levada (em rapto ou procissão) para uma capela localizada na aldeia São Francisco, dividindo as celebrações do padroeiro. Há séculos missionários e a “Igreja” intentam disciplinar e reorganizar as devoções dos Potiguara a São Miguel. Entretanto, na festa do povo, antigos ritos como o acendimento de velas nas velhas paredes da igreja da aldeia São Miguel, as novenas em um latim com sotaque local na capela da aldeia São Francisco e os excessos “mundanos” das quermesses e forrós, revertem a formalidade da sacralidade católica em nome de tradições imemoriais mais profundas. Desde a década de 1970, agentes eclesiais, indigenistas e preservacionistas buscam junto às instituições de patrimônio (Iphaep e Iphan) o tombamento e a “restauração” das ruínas da igreja potiguara de São Miguel. Tombada pelo Estado da Paraíba em 1980, a igreja (atualmente em ruínas) nunca foi reconhecida como patrimônio nacional, mesmo sendo um “bem imóvel religioso”, objeto predileto dos processos de reconhecimento patrimonial, com vasta documentação de viés colonialista e católico da “história oficial”. Os impasses do reconhecimento da igreja potiguara de São Miguel como patrimônio brasileiro, em comparação com outros processos de tombamento e registro de bens referenciados por grupos indígenas e afrodescendentes, evidencia cosmovisões do Iphan diante de mundos “não brancos” que estabelecem dicotomias e hierarquias entre as ideias/práticas civilização material x comunidades (primitivas/ tradicionais/ étnicas/ populares) do imaterial. A existência de santos e igrejas indígenas é reiteradamente ignorada e rechaçada nos processos de tombamento nacional. Estereotipados como seres a-históricos, pré-históricos ou de estória oral, indígenas não seriam capazes de edificar monumentos, estando fadados a compor paisagens naturais, marcar territórios com vestígios arqueológicos e repetir espontaneamente manifestações “imateriais”. Histórias de São Miguel das aldeias, do templo potiguara construído em sua homenagem e de outros monumentos indígenas descritos na presente tese desestabilizam e revertem os oficiais falsos históricos das políticas de patrimônio aqui e alhures.São Miguel is the patron saint of the Potiguara people. Appearing in the “Tapuio”, in the woods, the indian-angel-apparition-image immemorially protects families, villages and indian lands. After his death, resurrected and becoming an image, the warrior archangel was kept inside a church at Vila São Miguel, Baía da Traição, Paraíba. As a retribution for the miracles performed by the saint, the caboclos have been organizing novenarians, processions and fetes in his honor. In the 1970s, the original image was taken (by abduction or procession) to a chapel located in the São Francisco village, sharing the patron saint’s celebrations. For centuries missionaries and the “Church” have been trying to discipline and reorganize the Potiguara’s devotions to São Miguel. However, in the people’s celebrations, ancient rites like lighting candles in the old walls of the São Miguel village’s church, the novenas in latin with local accent in the São Francisco village’s chapel and the “mundane” excesses of kermesses and forrós, reverses the catholic sacredness formality in the name of deeper immemorial traditions. Since 1970 and 1980 decades, ecclesial and indigenous agents have pursued through the channels of heritage institutions (Iphaep and Iphan) the landmark heritage listing and the “restoration” of the São Miguel potiguara church’s ruins. Listed by the State of Paraíba in 1980, the church (actually in ruins) was never recognized as a national heritage site even though it is a “immovable religious property”, favourite object of historic heritage designation processes, with extensive documentation of colonialist and catholic bias of the “official history”. The impasses of São Miguel’s potiguara church recognition as brazilian heritage site, in comparison with other patrimonialization processes referenced by indigenous and afro-descendant groups, showcase Iphan’s worldviews facing “non-white” worlds that establish dichotomies and hierarchies between the ideas/practices material civilizations x immaterial communities (primitive/ traditional/ ethnic/ popular). The existence of indigenous saints and churches is repeatedly ignored and rejected in the processes of national heritage sites. Stereotyped as ahistorical, prehistorical, or from oral history beings, indigenous people would not be able to build monuments, being bound to compose natural landscapes, mark territories with archaeological remains and to spontaneously repeat “immaterial” manifestations. The stories of São Miguel das aldeias, of the potiguara temple built in his honor and other indigenous monuments described in this thesis destabilize and reverses the official false historical narratives of heritage policies here and elsewhere.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em AntropologiaUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessParaíba - HistóriaÍndios PotiguaraPatrimônio culturalMonumentos – Conservação e restauraçãoInstituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Brasil)Histórias indígenas e mitos restauradores : os Potiguaras entre santos, festas e ruínasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisdoutoradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPELICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82310https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/39970/3/license.txtbd573a5ca8288eb7272482765f819534MD53TEXTTESE Emanuel Oliveira Braga.pdf.txtTESE Emanuel Oliveira Braga.pdf.txtExtracted texttext/plain1004393https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/39970/4/TESE%20Emanuel%20Oliveira%20Braga.pdf.txt04c200d0b4d8e3e0e64c5348610a6e96MD54THUMBNAILTESE Emanuel Oliveira Braga.pdf.jpgTESE Emanuel Oliveira Braga.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1250https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/39970/5/TESE%20Emanuel%20Oliveira%20Braga.pdf.jpg3a8d02226c5e85fa04fb0a47832c5afaMD55ORIGINALTESE Emanuel Oliveira Braga.pdfTESE Emanuel Oliveira Braga.pdfapplication/pdf8866269https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/39970/1/TESE%20Emanuel%20Oliveira%20Braga.pdf93f10a7c4d00d9e544526d5b0e1112a5MD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8811https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/39970/2/license_rdfe39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34MD52123456789/399702021-04-26 02:16:54.098oai:repositorio.ufpe.br:123456789/39970TGljZW7Dp2EgZGUgRGlzdHJpYnVpw6fDo28gTsOjbyBFeGNsdXNpdmEKClRvZG8gZGVwb3NpdGFudGUgZGUgbWF0ZXJpYWwgbm8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgKFJJKSBkZXZlIGNvbmNlZGVyLCDDoCBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBQZXJuYW1idWNvIChVRlBFKSwgdW1hIExpY2Vuw6dhIGRlIERpc3RyaWJ1acOnw6NvIE7Do28gRXhjbHVzaXZhIHBhcmEgbWFudGVyIGUgdG9ybmFyIGFjZXNzw612ZWlzIG9zIHNldXMgZG9jdW1lbnRvcywgZW0gZm9ybWF0byBkaWdpdGFsLCBuZXN0ZSByZXBvc2l0w7NyaW8uCgpDb20gYSBjb25jZXNzw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhIG7Do28gZXhjbHVzaXZhLCBvIGRlcG9zaXRhbnRlIG1hbnTDqW0gdG9kb3Mgb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IuCl9fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fXwoKTGljZW7Dp2EgZGUgRGlzdHJpYnVpw6fDo28gTsOjbyBFeGNsdXNpdmEKCkFvIGNvbmNvcmRhciBjb20gZXN0YSBsaWNlbsOnYSBlIGFjZWl0w6EtbGEsIHZvY8OqIChhdXRvciBvdSBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMpOgoKYSkgRGVjbGFyYSBxdWUgY29uaGVjZSBhIHBvbMOtdGljYSBkZSBjb3B5cmlnaHQgZGEgZWRpdG9yYSBkbyBzZXUgZG9jdW1lbnRvOwpiKSBEZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGUgYWNlaXRhIGFzIERpcmV0cml6ZXMgcGFyYSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGUEU7CmMpIENvbmNlZGUgw6AgVUZQRSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZGUgYXJxdWl2YXIsIHJlcHJvZHV6aXIsIGNvbnZlcnRlciAoY29tbyBkZWZpbmlkbyBhIHNlZ3VpciksIGNvbXVuaWNhciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIsIG5vIFJJLCBvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZSAoaW5jbHVpbmRvIG8gcmVzdW1vL2Fic3RyYWN0KSBlbSBmb3JtYXRvIGRpZ2l0YWwgb3UgcG9yIG91dHJvIG1laW87CmQpIERlY2xhcmEgcXVlIGF1dG9yaXphIGEgVUZQRSBhIGFycXVpdmFyIG1haXMgZGUgdW1hIGPDs3BpYSBkZXN0ZSBkb2N1bWVudG8gZSBjb252ZXJ0w6otbG8sIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gc2V1IGNvbnRlw7pkbywgcGFyYSBxdWFscXVlciBmb3JtYXRvIGRlIGZpY2hlaXJvLCBtZWlvIG91IHN1cG9ydGUsIHBhcmEgZWZlaXRvcyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBwcmVzZXJ2YcOnw6NvIChiYWNrdXApIGUgYWNlc3NvOwplKSBEZWNsYXJhIHF1ZSBvIGRvY3VtZW50byBzdWJtZXRpZG8gw6kgbyBzZXUgdHJhYmFsaG8gb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgZGV0w6ltIG8gZGlyZWl0byBkZSBjb25jZWRlciBhIHRlcmNlaXJvcyBvcyBkaXJlaXRvcyBjb250aWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYS4gRGVjbGFyYSB0YW1iw6ltIHF1ZSBhIGVudHJlZ2EgZG8gZG9jdW1lbnRvIG7Do28gaW5mcmluZ2Ugb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgb3V0cmEgcGVzc29hIG91IGVudGlkYWRlOwpmKSBEZWNsYXJhIHF1ZSwgbm8gY2FzbyBkbyBkb2N1bWVudG8gc3VibWV0aWRvIGNvbnRlciBtYXRlcmlhbCBkbyBxdWFsIG7Do28gZGV0w6ltIG9zIGRpcmVpdG9zIGRlCmF1dG9yLCBvYnRldmUgYSBhdXRvcml6YcOnw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gcmVzcGVjdGl2byBkZXRlbnRvciBkZXNzZXMgZGlyZWl0b3MgcGFyYSBjZWRlciDDoApVRlBFIG9zIGRpcmVpdG9zIHJlcXVlcmlkb3MgcG9yIGVzdGEgTGljZW7Dp2EgZSBhdXRvcml6YXIgYSB1bml2ZXJzaWRhZGUgYSB1dGlsaXrDoS1sb3MgbGVnYWxtZW50ZS4gRGVjbGFyYSB0YW1iw6ltIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGN1am9zIGRpcmVpdG9zIHPDo28gZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3UgY29udGXDumRvIGRvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZTsKZykgU2UgbyBkb2N1bWVudG8gZW50cmVndWUgw6kgYmFzZWFkbyBlbSB0cmFiYWxobyBmaW5hbmNpYWRvIG91IGFwb2lhZG8gcG9yIG91dHJhIGluc3RpdHVpw6fDo28gcXVlIG7Do28gYSBVRlBFLCBkZWNsYXJhIHF1ZSBjdW1wcml1IHF1YWlzcXVlciBvYnJpZ2HDp8O1ZXMgZXhpZ2lkYXMgcGVsbyByZXNwZWN0aXZvIGNvbnRyYXRvIG91IGFjb3Jkby4KCkEgVUZQRSBpZGVudGlmaWNhcsOhIGNsYXJhbWVudGUgbyhzKSBub21lKHMpIGRvKHMpIGF1dG9yIChlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIGRvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZSBlIG7Do28gZmFyw6EgcXVhbHF1ZXIgYWx0ZXJhw6fDo28sIHBhcmEgYWzDqW0gZG8gcHJldmlzdG8gbmEgYWzDrW5lYSBjKS4KRepositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufpe.br/oai/requestattena@ufpe.bropendoar:22212021-04-26T05:16:54Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Histórias indígenas e mitos restauradores : os Potiguaras entre santos, festas e ruínas
title Histórias indígenas e mitos restauradores : os Potiguaras entre santos, festas e ruínas
spellingShingle Histórias indígenas e mitos restauradores : os Potiguaras entre santos, festas e ruínas
BRAGA, Emanuel Oliveira
Paraíba - História
Índios Potiguara
Patrimônio cultural
Monumentos – Conservação e restauração
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Brasil)
title_short Histórias indígenas e mitos restauradores : os Potiguaras entre santos, festas e ruínas
title_full Histórias indígenas e mitos restauradores : os Potiguaras entre santos, festas e ruínas
title_fullStr Histórias indígenas e mitos restauradores : os Potiguaras entre santos, festas e ruínas
title_full_unstemmed Histórias indígenas e mitos restauradores : os Potiguaras entre santos, festas e ruínas
title_sort Histórias indígenas e mitos restauradores : os Potiguaras entre santos, festas e ruínas
author BRAGA, Emanuel Oliveira
author_facet BRAGA, Emanuel Oliveira
author_role author
dc.contributor.authorLattes.pt_BR.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/9353343506903294
dc.contributor.advisorLattes.pt_BR.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/9566407902205153
dc.contributor.author.fl_str_mv BRAGA, Emanuel Oliveira
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv REESINK, Edwin Boudewijn
contributor_str_mv REESINK, Edwin Boudewijn
dc.subject.por.fl_str_mv Paraíba - História
Índios Potiguara
Patrimônio cultural
Monumentos – Conservação e restauração
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Brasil)
topic Paraíba - História
Índios Potiguara
Patrimônio cultural
Monumentos – Conservação e restauração
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Brasil)
description São Miguel é o padroeiro do povo Potiguara. Surgido no “Tapuio”, na mata, o índio-anjo- aparição-imagem imemorialmente protege as famílias, as aldeias e as terras indígenas. Depois de morto, ressuscitado e tornado imagem, o arcanjo guerreiro foi guardado em uma igreja na aldeia Vila São Miguel, Baía da Traição, Paraíba. Como retribuição aos milagres operados pelo santo, os caboclos organizam novenários, procissões e festas em sua homenagem. Nos anos 1970, a imagem original foi levada (em rapto ou procissão) para uma capela localizada na aldeia São Francisco, dividindo as celebrações do padroeiro. Há séculos missionários e a “Igreja” intentam disciplinar e reorganizar as devoções dos Potiguara a São Miguel. Entretanto, na festa do povo, antigos ritos como o acendimento de velas nas velhas paredes da igreja da aldeia São Miguel, as novenas em um latim com sotaque local na capela da aldeia São Francisco e os excessos “mundanos” das quermesses e forrós, revertem a formalidade da sacralidade católica em nome de tradições imemoriais mais profundas. Desde a década de 1970, agentes eclesiais, indigenistas e preservacionistas buscam junto às instituições de patrimônio (Iphaep e Iphan) o tombamento e a “restauração” das ruínas da igreja potiguara de São Miguel. Tombada pelo Estado da Paraíba em 1980, a igreja (atualmente em ruínas) nunca foi reconhecida como patrimônio nacional, mesmo sendo um “bem imóvel religioso”, objeto predileto dos processos de reconhecimento patrimonial, com vasta documentação de viés colonialista e católico da “história oficial”. Os impasses do reconhecimento da igreja potiguara de São Miguel como patrimônio brasileiro, em comparação com outros processos de tombamento e registro de bens referenciados por grupos indígenas e afrodescendentes, evidencia cosmovisões do Iphan diante de mundos “não brancos” que estabelecem dicotomias e hierarquias entre as ideias/práticas civilização material x comunidades (primitivas/ tradicionais/ étnicas/ populares) do imaterial. A existência de santos e igrejas indígenas é reiteradamente ignorada e rechaçada nos processos de tombamento nacional. Estereotipados como seres a-históricos, pré-históricos ou de estória oral, indígenas não seriam capazes de edificar monumentos, estando fadados a compor paisagens naturais, marcar territórios com vestígios arqueológicos e repetir espontaneamente manifestações “imateriais”. Histórias de São Miguel das aldeias, do templo potiguara construído em sua homenagem e de outros monumentos indígenas descritos na presente tese desestabilizam e revertem os oficiais falsos históricos das políticas de patrimônio aqui e alhures.
publishDate 2019
dc.date.issued.fl_str_mv 2019-11-11
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2021-04-25T18:12:28Z
dc.date.available.fl_str_mv 2021-04-25T18:12:28Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv BRAGA, Emanuel Oliveira. Histórias indígenas e mitos restauradores : os Potiguaras entre santos, festas e ruínas. 2019. Tese (Doutorado em Antropologia)- Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2019.
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/39970
identifier_str_mv BRAGA, Emanuel Oliveira. Histórias indígenas e mitos restauradores : os Potiguaras entre santos, festas e ruínas. 2019. Tese (Doutorado em Antropologia)- Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2019.
url https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/39970
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Pernambuco
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pos Graduacao em Antropologia
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFPE
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Pernambuco
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFPE
instname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
instacron:UFPE
instname_str Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
instacron_str UFPE
institution UFPE
reponame_str Repositório Institucional da UFPE
collection Repositório Institucional da UFPE
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/39970/3/license.txt
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/39970/4/TESE%20Emanuel%20Oliveira%20Braga.pdf.txt
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/39970/5/TESE%20Emanuel%20Oliveira%20Braga.pdf.jpg
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/39970/1/TESE%20Emanuel%20Oliveira%20Braga.pdf
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/39970/2/license_rdf
bitstream.checksum.fl_str_mv bd573a5ca8288eb7272482765f819534
04c200d0b4d8e3e0e64c5348610a6e96
3a8d02226c5e85fa04fb0a47832c5afa
93f10a7c4d00d9e544526d5b0e1112a5
e39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
repository.mail.fl_str_mv attena@ufpe.br
_version_ 1802310891513839616