Examinando os processos de assimilação, transformação, construção e compartilhamento de cultura entre crianças de dois anos no ambiente de creche

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Maria Ferreira de Lucena, Juliana
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
dARK ID: ark:/64986/001300000870d
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8543
Resumo: Esse estudo discute os processos de assimilação, transformação, construção e transmissão culturais entre crianças de um grupo de creche, em situação de brincadeira livre, processos que potencializam a constituição de uma microcultura naquele grupo de brinquedo, tal como caracterizado na literatura da Psicologia do Desenvolvimento Infantil. A investigação está apoiada nos estudos realizados por Bruner e por Tomasello, e na teoria de Wallon. Esses três autores reconhecem a espécie humana como biologicamente sociocultural com adaptações precoces para essa especificidade, por exemplo, a necessidade de interações sociais desde o início da vida. Em diálogo com a Sociologia da infância, utiliza-se o conceito de peer culture cunhado por Corsaro e Molinari: um conjunto estável de atividades ou rotinas, artefatos, valores e interesses que as crianças produzem e compartilham em interação com seus pares de idade . Participaram da pesquisa 20 crianças de um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), que agrega creche e pré-escola, da cidade do Recife, com idade média de dois anos e dois meses, pertencentes ao mesmo agrupamento etário (Grupo 1). As crianças foram observadas nas suas próprias salas de convivência ou em outros espaços de lazer da instituição, com a presença das professoras e auxiliares. A videogravação foi utilizada como recurso para o registro das observações e estas ocorreram em situação de brincadeira livre, por 24 minutos em média, duas vezes por semana, durante um período de quarenta e cinco dias, perfazendo um total de 11 sessões videogravadas. Os dados foram tratados por meio da análise microgenética: cada sessão foi observada atentamente, várias vezes, e 56 episódios foram identificados, recortados e transcritos em detalhe. Esses episódios interacionais apresentavam indícios de construção de uma rotina de brincadeira e/ou a criação de significados incomuns para os objetos da própria instituição que as crianças fazem uso (brinquedos, cadeiras, mesas, carteiras, etc.). Além dessas características, antecipava-se que a atividade recortada tinha potencial para persistir e se estender no grupo. A análise dos episódios foi realizada em três grandes tópicos de discussão: 1) trazendo conhecimentos produzidos na macrocultura para a microcultura do grupo de brinquedo; 2) construindo e transformando significações durante a brincadeira; 3) transmitindo as significações compartilhadas para outras crianças do mesmo agrupamento etário com potencial de transformarem-se em microcultura daquele grupo de brinquedo. Os dados revelaram que, mesmo sem a ocorrência de linguagem verbal, ou apenas com seu uso incipiente, o processo de significação em que as crianças se envolvem pode ser inferido por meio de suas ações, gestos, sons, mímica e outros movimentos de seu corpo. As brincadeiras se desenrolam considerando-se regras claramente definidas por elas que as orientam e sugerem do que‟ e como‟ brincarem, por exemplo, imitando as ações do colega para compartilhar com ele um roteiro base de brincadeira. A reprodução da ação também é interpretada pela criança, que a re-significa e a incrementa durante a brincadeira. Repetindo e adicionando variações a um tema de brincadeira que persiste no grupo, as crianças, cooperativamente, consolidam uma estrutura de participação identificável de brincadeira e constroem uma microcultura compartilhada
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Esses três autores reconhecem a espécie humana como biologicamente sociocultural com adaptações precoces para essa especificidade, por exemplo, a necessidade de interações sociais desde o início da vida. Em diálogo com a Sociologia da infância, utiliza-se o conceito de peer culture cunhado por Corsaro e Molinari: um conjunto estável de atividades ou rotinas, artefatos, valores e interesses que as crianças produzem e compartilham em interação com seus pares de idade . Participaram da pesquisa 20 crianças de um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), que agrega creche e pré-escola, da cidade do Recife, com idade média de dois anos e dois meses, pertencentes ao mesmo agrupamento etário (Grupo 1). As crianças foram observadas nas suas próprias salas de convivência ou em outros espaços de lazer da instituição, com a presença das professoras e auxiliares. A videogravação foi utilizada como recurso para o registro das observações e estas ocorreram em situação de brincadeira livre, por 24 minutos em média, duas vezes por semana, durante um período de quarenta e cinco dias, perfazendo um total de 11 sessões videogravadas. Os dados foram tratados por meio da análise microgenética: cada sessão foi observada atentamente, várias vezes, e 56 episódios foram identificados, recortados e transcritos em detalhe. Esses episódios interacionais apresentavam indícios de construção de uma rotina de brincadeira e/ou a criação de significados incomuns para os objetos da própria instituição que as crianças fazem uso (brinquedos, cadeiras, mesas, carteiras, etc.). Além dessas características, antecipava-se que a atividade recortada tinha potencial para persistir e se estender no grupo. A análise dos episódios foi realizada em três grandes tópicos de discussão: 1) trazendo conhecimentos produzidos na macrocultura para a microcultura do grupo de brinquedo; 2) construindo e transformando significações durante a brincadeira; 3) transmitindo as significações compartilhadas para outras crianças do mesmo agrupamento etário com potencial de transformarem-se em microcultura daquele grupo de brinquedo. Os dados revelaram que, mesmo sem a ocorrência de linguagem verbal, ou apenas com seu uso incipiente, o processo de significação em que as crianças se envolvem pode ser inferido por meio de suas ações, gestos, sons, mímica e outros movimentos de seu corpo. As brincadeiras se desenrolam considerando-se regras claramente definidas por elas que as orientam e sugerem do que‟ e como‟ brincarem, por exemplo, imitando as ações do colega para compartilhar com ele um roteiro base de brincadeira. 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Repetindo e adicionando variações a um tema de brincadeira que persiste no grupo, as crianças, cooperativamente, consolidam uma estrutura de participação identificável de brincadeira e constroem uma microcultura compartilhadaFaculdade de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de PernambucoporUniversidade Federal de PernambucoAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessInteração de criançasBrincadeiraCultura do grupo de brinquedoProcesso de significaçãoExaminando os processos de assimilação, transformação, construção e compartilhamento de cultura entre crianças de dois anos no ambiente de crecheinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILarquivo744_1.pdf.jpgarquivo744_1.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1134https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8543/4/arquivo744_1.pdf.jpg42ef830adb54070561da0419008d0180MD54ORIGINALarquivo744_1.pdfapplication/pdf2838749https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8543/1/arquivo744_1.pdf5efcfd4fa87bbaf959cac3398e1186c2MD51LICENSElicense.txttext/plain1748https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8543/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXTarquivo744_1.pdf.txtarquivo744_1.pdf.txtExtracted texttext/plain376866https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8543/3/arquivo744_1.pdf.txtfc8fb1429a64929322bd32a87fb22342MD53123456789/85432019-10-25 15:08:38.48oai:repositorio.ufpe.br:123456789/8543Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufpe.br/oai/requestattena@ufpe.bropendoar:22212019-10-25T18:08:38Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)false
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