Ler abre jaulas : Peter Sloterdijk e a razão cínica no discurso pedagógico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: FERREIRA, Adalgisa Leão
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
dARK ID: ark:/64986/001300000pvmr
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38985
Resumo: Dizem que vivemos em tempos cínicos! Partindo do diagnóstico do surgimento de um novo modo de utilização da faculdade da razão em sociedades pós-ideológicas: a razão cínica, o presente estudo buscou apreender o método de argumentação de Peter Sloterdijk em relação à fenomenologia do cinismo a fim de elaborar e desenvolver uma discussão destinada à Pedagogia enquanto um cinismo cardinal. Diante do exposto, o problema se mostrou de maneira ainda mais intricada: há um cinismo instalado no modo próprio de construção dos argumentos da nossa racionalidade pedagógica, no qual categorias como ‘consciência ingênua’, ‘falsa consciência’ e ‘alienação’ perdem significado, tendo em vista que a própria ideologia funciona de maneira cínica, tornando o método crítico-ideológico ineficaz às análises do quadro político e pedagógico contemporâneos. Assumir as ferramentas da razão cínica no contexto pedagógico permitiu demonstrar a falência do discurso humanista de formação. De maneira mais específica, objetivou-se demonstrar o funcionamento da razão cínica no interior da nossa cultura político-pedagógica, através de experiências típicas que orientam o pensamento pedagógico no Brasil: Educação Popular, Teoria Crítica, Pedagogia Histórico-crítica e Escola sem Partido. A investigação demonstrou a obviedade do questionamento acerca do fracasso do processo pedagógico como mídia domesticadora – sua incapacidade em se debruçar sobre objetivos éticos precisamente porque a solução para o problema da desbarbarização do ser humano não se deixa e não se deixou formular em termos humanistas. A pergunta que nos deixa à beira do abismo, pode ser formulada da seguinte maneira: existe algum caminho não-humanista ou pós-humanista a ser trilhado pelo processo pedagógico? Foi preciso então pensar com e contra Sloterdijk, gesto no qual tradição e traição se intercruzam. Pensar o binômio pedagogia e animalidade pelo viés da domesticação nos fez enveredar por um caminho em que não é mais necessário se conduzir ao animal como um índice de exclusão, perseguição e superação, mas como a instância de outra temporalidade, de outra política e de outros sentidos educativos nos quais o discurso pedagógico não precise se embasar em mídias desembrutecedoras. Admitir o processo educativo enquanto domesticador talvez permita o salto para a construção de uma outra narrativa pedagógica na qual o animal – que nós mesmos somos – não funcione como o limite exterior da ordem social e comum, mas se torne algo íntimo, capaz de traçar novas coordenadas de alteridade e novos horizontes de interrogação do processo de formação do “humano”, com aspas, mas sobretudo, de um humano que não se arrogue de exclusividade hierárquica. Admitir o processo educativo enquanto domesticador pode permitir enxergar a falência das pedagogias civilizatórias e normalizadoras e abrir campo para outras políticas e outras pedagogias em que o animal ou a relação com a animalidade comece a ser decisiva na produção do (de outro modo de ser) humano.
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Diante do exposto, o problema se mostrou de maneira ainda mais intricada: há um cinismo instalado no modo próprio de construção dos argumentos da nossa racionalidade pedagógica, no qual categorias como ‘consciência ingênua’, ‘falsa consciência’ e ‘alienação’ perdem significado, tendo em vista que a própria ideologia funciona de maneira cínica, tornando o método crítico-ideológico ineficaz às análises do quadro político e pedagógico contemporâneos. Assumir as ferramentas da razão cínica no contexto pedagógico permitiu demonstrar a falência do discurso humanista de formação. De maneira mais específica, objetivou-se demonstrar o funcionamento da razão cínica no interior da nossa cultura político-pedagógica, através de experiências típicas que orientam o pensamento pedagógico no Brasil: Educação Popular, Teoria Crítica, Pedagogia Histórico-crítica e Escola sem Partido. A investigação demonstrou a obviedade do questionamento acerca do fracasso do processo pedagógico como mídia domesticadora – sua incapacidade em se debruçar sobre objetivos éticos precisamente porque a solução para o problema da desbarbarização do ser humano não se deixa e não se deixou formular em termos humanistas. A pergunta que nos deixa à beira do abismo, pode ser formulada da seguinte maneira: existe algum caminho não-humanista ou pós-humanista a ser trilhado pelo processo pedagógico? Foi preciso então pensar com e contra Sloterdijk, gesto no qual tradição e traição se intercruzam. Pensar o binômio pedagogia e animalidade pelo viés da domesticação nos fez enveredar por um caminho em que não é mais necessário se conduzir ao animal como um índice de exclusão, perseguição e superação, mas como a instância de outra temporalidade, de outra política e de outros sentidos educativos nos quais o discurso pedagógico não precise se embasar em mídias desembrutecedoras. Admitir o processo educativo enquanto domesticador talvez permita o salto para a construção de uma outra narrativa pedagógica na qual o animal – que nós mesmos somos – não funcione como o limite exterior da ordem social e comum, mas se torne algo íntimo, capaz de traçar novas coordenadas de alteridade e novos horizontes de interrogação do processo de formação do “humano”, com aspas, mas sobretudo, de um humano que não se arrogue de exclusividade hierárquica. Admitir o processo educativo enquanto domesticador pode permitir enxergar a falência das pedagogias civilizatórias e normalizadoras e abrir campo para outras políticas e outras pedagogias em que o animal ou a relação com a animalidade comece a ser decisiva na produção do (de outro modo de ser) humano.CAPESIls disent que nous vivons à une époque cynique! Partant du diagnostic de l'émergence d'une nouvelle manière d'utiliser la faculté de raison dans les sociétés post-idéologiques: la raison cynique, la présente étude a cherché à appréhender la méthode d'argumentation de Peter Sloterdijk en relation avec la phénoménologie du cynisme pour élaborer et développer une discussion visant la pédagogie comme un cynisme cardinal. Au vu de ce qui précède, le problème s'est avéré encore plus complexe: il y a un cynisme installé dans la bonne manière de construire les arguments de notre rationalité pédagogique, dans lequel des catégories telles que «conscience naïve», «fausse conscience» et «aliénation» perdent leur sens, sachant que l'idéologie elle-même fonctionne de manière cynique, rendant la méthode critique-idéologique inefficace dans l'analyse du cadre politique et pédagogique contemporain. Prendre les outils de la raison cynique dans le contexte pédagogique a permis de démontrer l'échec du discours de formation humaniste. Plus précisément, l'objectif était de démontrer le fonctionnement de la raison cynique au sein de notre culture politique-pédagogique, à travers des expériences typiques qui guident la pensée pédagogique au Brésil: éducation populaire, théorie critique, pédagogie historique-critique et école sans parti. L'enquête a mis en évidence la remise en question évidente de l'échec du processus pédagogique en tant que média domestiqué - son incapacité à aborder des objectifs éthiques précisément parce que la solution au problème de l'intolérabilité des êtres humains n'est pas laissée de côté et n'a pas été formulée en termes humanistes. La question qui nous laisse au bord du gouffre peut se poser comme suit: y a-t-il un chemin non-humaniste ou post-humaniste à suivre par le processus pédagogique? Il fallait alors penser avec et contre Sloterdijk, un geste où se mêlent tradition et trahison. Penser la pédagogie binomiale et l'animalité à travers le biais de domestication nous a fait emprunter un chemin dans lequel il n'est plus nécessaire de conduire l'animal comme un indice d'exclusion, de persécution et de dépassement, mais comme l'instance d'une autre temporalité, d'une autre politique et d'autres. des sens pédagogiques dans lesquels le discours pédagogique n’a pas besoin d’être basé sur des médias allégés. Admettre le processus éducatif comme domestique peut permettre le saut vers la construction d'un autre récit pédagogique dans lequel l'animal - que nous sommes nous-mêmes - ne fonctionne pas comme la limite extérieure de l'ordre social et commun, mais devient quelque chose d'intime, capable de dessiner de nouveaux coordonnées de l'altérité et nouveaux horizons d'interrogation du processus de formation de «l'humain», entre guillemets, mais surtout, d'un humain qui ne prétend pas être hiérarchiquement exclusif. Admettre le processus éducatif comme domestique peut permettre de voir l'échec des pédagogies civilisatrices et normalisantes et ouvrir la voie à d'autres politiques et à d'autres pédagogies dans lesquelles l'animal ou le rapport à l'animalité commence à être décisif dans la production (d'une autre manière d'être) humaine.¡Dicen que vivimos en tiempos cínicos! A partir del diagnóstico del surgimiento de una nueva forma de utilizar la facultad de la razón en las sociedades postideológicas: la razón cínica, este estudio buscó aprehender el método de argumentación de Peter Sloterdijk en relación con la fenomenología. cinismo para desarrollar y desarrollar una discusión dirigida a la pedagogía como cinismo cardinal. En vista de lo anterior, el problema ha resultado ser aún más complejo: hay un cinismo instalado en la forma correcta de construir los argumentos de nuestra racionalidad pedagógica, en el que categorías como "conciencia ingenua", "conciencia falsa y la "alienación" pierde su sentido, sabiendo que la ideología misma funciona de manera cínica, haciendo ineficaz el método crítico-ideológico en el análisis del marco político y educativo contemporáneo. Tomar las herramientas de la razón cínica en el contexto educativo ha permitido demostrar el fracaso del discurso de la formación humanista. Más precisamente, el objetivo fue demostrar el funcionamiento de la razón cínica dentro de nuestra cultura político-educativa, a través de experiencias típicas que orientan el pensamiento educativo en Brasil: educación popular, teoría crítica, pedagogía histórico-crítica y escuela sin partido. La investigación destacó el evidente cuestionamiento del fracaso del proceso educativo como medio domesticado: su fracaso en abordar las metas éticas precisamente porque la solución al problema de la intolerancia humana no es omitido y no fue formulado en términos humanistas. La pregunta que nos deja al borde del abismo se puede plantear de la siguiente manera: ¿existe un camino no humanista o posthumanista a seguir por el proceso educativo? Entonces fue necesario pensar a favor y en contra de Sloterdijk, gesto que combina tradición y traición. Pensar en el binomio pedagogía y animalidad a través de la domesticación nos ha hecho emprender un camino en el que ya no es necesario conducir al animal como índice de exclusión, persecución y superación, sino como el instancia de otra temporalidad, otra política y otras. sentidos pedagógicos en los que el discurso pedagógico no necesita basarse en medios ligeros. Admitir el proceso educativo como doméstico puede permitir el salto hacia la construcción de otra narrativa educativa en la que el animal - que nosotros mismos somos - no funciona como límite exterior del orden social y común, sino que se convierte en algo. algo íntimo, capaz de trazar nuevas coordenadas de alteridad y nuevos horizontes de interrogación del proceso de formación de "lo humano", entre comillas, pero sobre todo, de un humano que no pretende ser jerárquicamente excluyente. Admitir el proceso educativo como doméstico puede permitir vislumbrar el fracaso de las pedagogías civilizadoras y normalizadoras y allanar el camino para otras políticas y otras pedagogías en las que el animal o la relación con la vida animal comienza a ser determinante en la producción (de otra forma de ser) humano.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em EducacaoUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessPedagogiaEducação - HumanismoPeter SloterdijkUFPE - Pós-graduaçãoLer abre jaulas : Peter Sloterdijk e a razão cínica no discurso pedagógicoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisdoutoradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETEXTTESE Adalgisa Leão Ferreira.pdf.txtTESE Adalgisa Leão Ferreira.pdf.txtExtracted texttext/plain514281https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/38985/4/TESE%20Adalgisa%20Le%c3%a3o%20Ferreira.pdf.txt59a759c48b098085b1ad95230a860fc8MD54THUMBNAILTESE Adalgisa Leão Ferreira.pdf.jpgTESE Adalgisa Leão Ferreira.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1160https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/38985/5/TESE%20Adalgisa%20Le%c3%a3o%20Ferreira.pdf.jpgbf22295be4ff0aa3e70a62602f3a6231MD55LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; 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