O cuidado à saúde mental na infância: entre práticas e representações sociais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: FÉLIX, Lívia Botelho
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/10313
Resumo: Esta dissertação teve a finalidade de investigar as práticas de cuidado à saúde mental na infância à luz da Teoria das Representações Sociais, segundo a perspectiva dos familiares de crianças usuárias de um Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSi), localizado em Recife – PE. A coleta dos dados se caracterizou pela realização de observações na recepção do serviço e entrevistas com19 cuidadores (15 mães, 3 avós e 1 pai), orientadas por roteiro semiestruturado, gravadas em meio digital, e textualmente transcritas. Realizou-se Análise Temática de Conteúdo das informações obtidas. A análise dos resultados foi organizada em tópicos derivados das categorias de análise, evidenciando “Quem cuida?”; “Quem é cuidado?”; “Por que é cuidado?”; e “Como cuidam?”. Concomitantemente, foram realçados os objetos e processos psicossociais subjacentes às práticas de cuidado. Observou-se o predomínio da figura feminina, seja mãe ou avó, no papel de cuidadora principal e responsável pela assistência às necessidades da criança. O endereçamento da criança a um serviço de saúde mental aparece ancorado numa representação social de infância “normal”, isto é, de uma noção de curva normal de desenvolvimento que é socialmente compartilhada, cuja variação de alguma ordem desperta preocupação por parte dos cuidadores, e que servirá como guia para as condutas. Refletiu-se sobre o lugar social do diagnóstico psiquiátrico, que não implica apenas no direito ao benefício assistencial, mas também na apropriação de um saber sobre a criança que direciona práticas de cuidado parentais, assim como justifica os comportamentos da criança perante o meio social. Enquanto um serviço de referência no tratamento do autismo, a maioria dos familiares entrevistados afirmou que a criança da qual era responsável apresentava a suspeita e/ou confirmação desse diagnóstico. Por isso, averiguou-se que os cuidadores se apropriam do conhecimento científico sobre o autismo por diversas fontes e constroem teorias que sirvam como orientadoras e justificadoras das condutas de cuidado, integrando, de modo fragmentado e sincrético, elementos dos universos reificado e consensual. Foram descritas as principais práticas de cuidado à saúde mental destinadas às crianças, englobando desde as ações efetuadas no âmbito familiar (como a busca por informações, a adesão às orientações dos especialistas e a educação informal) ao âmbito público (como, por exemplo, o acompanhamento aos serviços de saúde e a inserção escolar). Destacaram-se as implicações do sofrimento psíquico infantil sobre os cuidados parentais e a dinâmica familiar, como as dificuldades de aceitar e lidar com a criança, e inseri-la socialmente. Retomaram-se os paradoxos em torno da representação social de maternidade, visto que frequentemente as queixas em torno dos sacrifícios embutidos no “cuidado dobrado” são contrabalanceados pelo sentimento de realização em “ser mãe de uma criança especial”. À guisa de conclusões, identificaram-se representações sociais de diferentes objetos sociais, como maternidade, autismo e infância, que se interligam compondo um sistema subjacente às práticas de cuidado, ratificando o caráter interdependente dessa relação. Ressaltam-se as barreiras no acesso à saúde, educação e assistência, bem como na formação de redes sociais, que repercutem, principalmente, na necessidade de dedicação integral das mulheres à maternagem e na privação de direitos às crianças.
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Concomitantemente, foram realçados os objetos e processos psicossociais subjacentes às práticas de cuidado. Observou-se o predomínio da figura feminina, seja mãe ou avó, no papel de cuidadora principal e responsável pela assistência às necessidades da criança. O endereçamento da criança a um serviço de saúde mental aparece ancorado numa representação social de infância “normal”, isto é, de uma noção de curva normal de desenvolvimento que é socialmente compartilhada, cuja variação de alguma ordem desperta preocupação por parte dos cuidadores, e que servirá como guia para as condutas. Refletiu-se sobre o lugar social do diagnóstico psiquiátrico, que não implica apenas no direito ao benefício assistencial, mas também na apropriação de um saber sobre a criança que direciona práticas de cuidado parentais, assim como justifica os comportamentos da criança perante o meio social. Enquanto um serviço de referência no tratamento do autismo, a maioria dos familiares entrevistados afirmou que a criança da qual era responsável apresentava a suspeita e/ou confirmação desse diagnóstico. Por isso, averiguou-se que os cuidadores se apropriam do conhecimento científico sobre o autismo por diversas fontes e constroem teorias que sirvam como orientadoras e justificadoras das condutas de cuidado, integrando, de modo fragmentado e sincrético, elementos dos universos reificado e consensual. Foram descritas as principais práticas de cuidado à saúde mental destinadas às crianças, englobando desde as ações efetuadas no âmbito familiar (como a busca por informações, a adesão às orientações dos especialistas e a educação informal) ao âmbito público (como, por exemplo, o acompanhamento aos serviços de saúde e a inserção escolar). 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