INTERAÇÕES, PODER E INSTITUIÇÕES TOTAIS: A NARRATIVA DE PRIMO LEVI E A MICROSSOCIOLOGIA DE ERVING GOFFMAN

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Robson dos
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista de Sociologia e Política
Texto Completo: https://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/29360
Resumo: A partir do relato biográfico e literário produzido pelo sobrevivente de um campo de concentração – ojudeu italiano Primo Levi –, que descreve as estratégias de interação e representação adotadas pelo narradorsobreviventepara garantir a manutenção da vida, o presente artigo ensaia algumas reflexões sobre aSociologia de Erving Goffman. O texto busca apreender os processos de produção da subjetividade e daindividualidade no interior de uma instituição total, compreendendo o papel dos espaços sociais na construçãode interações particulares, tal como aquelas que aconteceram num campo de extermínio, a partir dorelato presente no livro “É isto um homem?”, de Primo Levi. Essa análise nos conduz à reflexão sobre omicro e o macro na Sociologia de Goffman, bem como à indagação sobre a existência de uma teoria dasinstituições em sua Sociologia. Assim, ao adentrarmos essa dimensão da obra de Goffman com o auxílio dadescrição da experiência de Primo Levi em uma instituição total, buscamos tanto dispor de uma narrativadiversa sobre o espaço em questão, quanto extrair alguns questionamentos para a própria concepção deGoffman, principalmente no que se refere às formas pelas quais sua Sociologia permite dinamizar as interaçõesparticulares, a história e as estruturas sociais exteriores ao território interacional. Ao que nos parece, umaanálise das interações imanentes a locais delimitados não entra em contradição com a percepção e aanálise dos processos sociais amplos: o campo de extermínio, por exemplo, instituiu e produziu sociabilidadespróprias, das quais o entendimento, porém, não exclui a necessidade de se compreender o processo deemergência do nazismo, a história dos grupos perseguidos, bem como o sentido do Holocausto em relaçãoao chamado “processo civilizatório” ou a uma forma particular de racionalidade moderna.
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