JUSTIÇA PENAL AUTORITÁRIA E CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO PUNITIVO NO BRASIL
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2009 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista de Sociologia e Política |
Texto Completo: | https://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/28601 |
Resumo: | A transição democrática brasileira, ainda em curso, tem esbarrado na enorme dificuldade em inserir aatuação penal nesse paradigma político. Mais do que isso, os limites ao processo de democratização,demarcados na atuação desse setor estatal, nos remete à idéia de que o campo jurídico ficou imune àsmudanças democráticas. Mesmo que o discurso corrente entre os profissionais do Direito afirme a democratizaçãoda Justiça Penal, observa-se, na prática, uma forte resistência do campo jurídico em assumir a suaresponsabilidade política na consolidação democrática. Este artigo reporta análises e conclusões formuladasa partir de observações sobre a Justiça Penal brasileira e que deram origem à tese intitulada “JustiçaPenal no Brasil atual: discurso democrático – prática autoritária”. O objetivo dessa pesquisa foi refletirsobre a política criminal contemporânea, voltada à ampliação da repressão e ao uso contínuo doencarceramento. Tal política, realizada no Brasil logo após a abertura política, ocorrida em 1985, ajustaseao projeto liberal também em curso no país e em praticamente todo o Ocidente capitalista. Como pode serobservado, a Justiça Penal, mesmo durante a execução da pena, opera de forma autoritária e excludente, aosuprimir ao máximo os direitos previstos em lei para os condenados, adotando uma postura altamenterepressiva, revelada pelos ínfimos percentuais de benefícios concedidos. No Brasil, as respostas àcriminalidade consistem, portanto, em sua grande maioria, em penas severas, traduzidas na ausência dorespeito às garantias constitucionais e no recurso amplo ao encarceramento. Nessa linha, nossos governosdemocráticos contemporâneos freqüentemente adotam uma posição punitiva que visa reafirmar a aptidãodo Estado em punir e controlar a criminalidade. |
id |
UFPR-10_9fc03c278978b903593da28356e13830 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:revistas.ufpr.br:article/28601 |
network_acronym_str |
UFPR-10 |
network_name_str |
Revista de Sociologia e Política |
repository_id_str |
|
spelling |
JUSTIÇA PENAL AUTORITÁRIA E CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO PUNITIVO NO BRASILSociologia; Sociologia Políticacontrole penal; encarceramento; democracia tutelada; Estado punitivo; Sociologia da ViolênciaA transição democrática brasileira, ainda em curso, tem esbarrado na enorme dificuldade em inserir aatuação penal nesse paradigma político. Mais do que isso, os limites ao processo de democratização,demarcados na atuação desse setor estatal, nos remete à idéia de que o campo jurídico ficou imune àsmudanças democráticas. Mesmo que o discurso corrente entre os profissionais do Direito afirme a democratizaçãoda Justiça Penal, observa-se, na prática, uma forte resistência do campo jurídico em assumir a suaresponsabilidade política na consolidação democrática. Este artigo reporta análises e conclusões formuladasa partir de observações sobre a Justiça Penal brasileira e que deram origem à tese intitulada “JustiçaPenal no Brasil atual: discurso democrático – prática autoritária”. O objetivo dessa pesquisa foi refletirsobre a política criminal contemporânea, voltada à ampliação da repressão e ao uso contínuo doencarceramento. Tal política, realizada no Brasil logo após a abertura política, ocorrida em 1985, ajustaseao projeto liberal também em curso no país e em praticamente todo o Ocidente capitalista. Como pode serobservado, a Justiça Penal, mesmo durante a execução da pena, opera de forma autoritária e excludente, aosuprimir ao máximo os direitos previstos em lei para os condenados, adotando uma postura altamenterepressiva, revelada pelos ínfimos percentuais de benefícios concedidos. No Brasil, as respostas àcriminalidade consistem, portanto, em sua grande maioria, em penas severas, traduzidas na ausência dorespeito às garantias constitucionais e no recurso amplo ao encarceramento. Nessa linha, nossos governosdemocráticos contemporâneos freqüentemente adotam uma posição punitiva que visa reafirmar a aptidãodo Estado em punir e controlar a criminalidade.UFPRPastana, Débora2009-02-28info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/28601Revista de Sociologia e Política; v. 17, n. 32 (2009)1678-98730104-4478reponame:Revista de Sociologia e Políticainstname:Universidade Federal do Paraná (UFPR)instacron:UFPRporhttps://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/28601/18814info:eu-repo/semantics/openAccess2012-08-24T20:48:10Zoai:revistas.ufpr.br:article/28601Revistahttps://revistas.ufpr.br/rspPUBhttps://revistas.ufpr.br/rsp/oai||editoriarsp@ufpr.br1678-98730104-4478opendoar:2012-08-24T20:48:10Revista de Sociologia e Política - Universidade Federal do Paraná (UFPR)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
JUSTIÇA PENAL AUTORITÁRIA E CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO PUNITIVO NO BRASIL |
title |
JUSTIÇA PENAL AUTORITÁRIA E CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO PUNITIVO NO BRASIL |
spellingShingle |
JUSTIÇA PENAL AUTORITÁRIA E CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO PUNITIVO NO BRASIL Pastana, Débora Sociologia; Sociologia Política controle penal; encarceramento; democracia tutelada; Estado punitivo; Sociologia da Violência |
title_short |
JUSTIÇA PENAL AUTORITÁRIA E CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO PUNITIVO NO BRASIL |
title_full |
JUSTIÇA PENAL AUTORITÁRIA E CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO PUNITIVO NO BRASIL |
title_fullStr |
JUSTIÇA PENAL AUTORITÁRIA E CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO PUNITIVO NO BRASIL |
title_full_unstemmed |
JUSTIÇA PENAL AUTORITÁRIA E CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO PUNITIVO NO BRASIL |
title_sort |
JUSTIÇA PENAL AUTORITÁRIA E CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO PUNITIVO NO BRASIL |
author |
Pastana, Débora |
author_facet |
Pastana, Débora |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
|
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Pastana, Débora |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Sociologia; Sociologia Política controle penal; encarceramento; democracia tutelada; Estado punitivo; Sociologia da Violência |
topic |
Sociologia; Sociologia Política controle penal; encarceramento; democracia tutelada; Estado punitivo; Sociologia da Violência |
description |
A transição democrática brasileira, ainda em curso, tem esbarrado na enorme dificuldade em inserir aatuação penal nesse paradigma político. Mais do que isso, os limites ao processo de democratização,demarcados na atuação desse setor estatal, nos remete à idéia de que o campo jurídico ficou imune àsmudanças democráticas. Mesmo que o discurso corrente entre os profissionais do Direito afirme a democratizaçãoda Justiça Penal, observa-se, na prática, uma forte resistência do campo jurídico em assumir a suaresponsabilidade política na consolidação democrática. Este artigo reporta análises e conclusões formuladasa partir de observações sobre a Justiça Penal brasileira e que deram origem à tese intitulada “JustiçaPenal no Brasil atual: discurso democrático – prática autoritária”. O objetivo dessa pesquisa foi refletirsobre a política criminal contemporânea, voltada à ampliação da repressão e ao uso contínuo doencarceramento. Tal política, realizada no Brasil logo após a abertura política, ocorrida em 1985, ajustaseao projeto liberal também em curso no país e em praticamente todo o Ocidente capitalista. Como pode serobservado, a Justiça Penal, mesmo durante a execução da pena, opera de forma autoritária e excludente, aosuprimir ao máximo os direitos previstos em lei para os condenados, adotando uma postura altamenterepressiva, revelada pelos ínfimos percentuais de benefícios concedidos. No Brasil, as respostas àcriminalidade consistem, portanto, em sua grande maioria, em penas severas, traduzidas na ausência dorespeito às garantias constitucionais e no recurso amplo ao encarceramento. Nessa linha, nossos governosdemocráticos contemporâneos freqüentemente adotam uma posição punitiva que visa reafirmar a aptidãodo Estado em punir e controlar a criminalidade. |
publishDate |
2009 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2009-02-28 |
dc.type.none.fl_str_mv |
|
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/28601 |
url |
https://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/28601 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/28601/18814 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
UFPR |
publisher.none.fl_str_mv |
UFPR |
dc.source.none.fl_str_mv |
Revista de Sociologia e Política; v. 17, n. 32 (2009) 1678-9873 0104-4478 reponame:Revista de Sociologia e Política instname:Universidade Federal do Paraná (UFPR) instacron:UFPR |
instname_str |
Universidade Federal do Paraná (UFPR) |
instacron_str |
UFPR |
institution |
UFPR |
reponame_str |
Revista de Sociologia e Política |
collection |
Revista de Sociologia e Política |
repository.name.fl_str_mv |
Revista de Sociologia e Política - Universidade Federal do Paraná (UFPR) |
repository.mail.fl_str_mv |
||editoriarsp@ufpr.br |
_version_ |
1799761022754488320 |