A SACRALIZAÇÃO DA NATUREZA E A SIMBOLOGIA DA MORTE: A RESSIGNIFICAÇÃO DA PAISAGEM RELIGIOSA NOS CEMITÉRIOS DE ANJOS DE SÃO JOÃO MARIA

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Foetsch, Alcimara Aparecida
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Geografar
Texto Completo: https://revistas.ufpr.br/geografar/article/view/67179
Resumo: Quando se fala em São João Maria, Santo beatificado pelo povo no Sul do Brasil, são comuns várias referências a rituais de cura, batismo, oferendas, rezas e promessas que alimentam uma paisagem religiosa sui generis marcada pela sacralização dos elementos da natureza: o pocinho (ou olho d’água) que batiza/cura e a árvore de cedro (Cedrela fissilis) que brota quando plantada em forma de cruz. Todavia, no município paranaense de São Mateus do Sul um componente diferenciado deste cenário se torna recorrente e, estranhamente, não é mencionado na literatura regional. São os cemitérios de anjos e/ou cemitérios de criancinhas, pequenas sepulturas de natimortos ou recém-nascidos que destoam da paisagem do entorno e despertam reflexões sobre o espaço ritualmente construído, o significado da morte, a topofilia, a religiosidade, o simbolismo, o patrimônio e o abandono. Nestes campos santos objetivou-se captar a materialidade visível por meio da leitura da paisagem enquanto texto decodificando os elementos que a compõe e apreender a dimensão intangível destes lugares de memória por meio da oralidade. Os rumos teórico-metodológicos seguiram as orientações da Fenomelologia, da Geografia Cultural e da Pesquisa Qualitativa, na perspectiva da Religião, com a intenção de investigar de que forma os lugares sagrados associados a São João Maria foram sendo ressignificados para além da sacralização da natureza pela simbologia da morte. Por fim, percebeu-se que a devoção à João Maria e os cemitérios de anjos, patrimônio cultural único, são expressões de resistência temporo-espaciais, percebê-los, visibilizá-los e estudá-los significa reconhecer uma religiosidade popular que, não institucionalizada, deu conta de criar e recriar distintas formas de expressar suas crenças cotidianas materializando-as na paisagem e as resguardando na memória.
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