Sobre teorias de percepção da fala

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nishida, Gustavo
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPR
Texto Completo: https://hdl.handle.net/1884/29585
Resumo: Orientadora: Profa. Dra. Adelaide H. P. Silva
id UFPR_5467e2f4fd6a1bf20ffefd2bacb28311
oai_identifier_str oai:acervodigital.ufpr.br:1884/29585
network_acronym_str UFPR
network_name_str Repositório Institucional da UFPR
repository_id_str 308
spelling Nishida, GustavoSilva, Adelaide Hercília Pescatori, 1971-Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Letras2019-11-26T14:37:48Z2019-11-26T14:37:48Z2012https://hdl.handle.net/1884/29585Orientadora: Profa. Dra. Adelaide H. P. SilvaTese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Programa de Pós-Graduação em Letras. Defesa: Curitiba, 27/11/2012Bibliografia: fls. 199-07Resumo: O objetivo geral deste trabalho e refletir sobre tres diferentes maneiras de se conceber os primitivos adotados pelas teorias de perceptuais da fala. No capitulo 1 nos deteremos a apresentar que a percepcao da fala pode ser considerada como sendo de base auditiva ou de base articulatoria. Na primeira, argumenta-se a favor da existencia de invariantes acusticos que promoveriam a categorizacao de unidades fonicas distintivas no sinal da fala. Na segunda, apresenta-se o gesto como primitivo perceptual, podendo ser abstrato (tal como sugere a Teoria Motora da Percepcao da Fala - Liberman & Mattingly, 1985) ou real (Fowler, 1986 e seguintes). Como objetivo especifico, tracamos (no Capitulo 2) um breve percurso da constituicao das teorias de percepcao da fala. Nesse percurso historico, vinculamos a proposicao de primitivos perceptuais (tanto de base acustica quanto articulatoria) com o advento de teorias fonologicas que adotavam novos primitivos de analise. Isto e, trata-se de verificar que a adocao de novos primitivos perceptuais esta vinculada aos cortes epistemologicos sugeridos pelas teorias fonologicas. Para exemplificar a nossa proposta, discutiremos (no Capitulo 3) o "debate" publicado em 1996 entre Carol Fowler e John Ohala sobre a natureza ou acustica ou articulatoria da percepcao da fala. O interesse sobre esse debate e que ele nao se desenvolve, pois ha apenas um texto de cada um dos participantes. Argumentamos que a "morte" da discussao indica que as teorias de percepcao se assentam sobre terrenos epistemologicos distintos que impossibilitam o fechamento do debate. Interessar-se pela natureza dos primitivos da percepcao da fala (debatido por Fowler e Ohala) e importante porque ate o Estruturalismo nao se questionava qual era a sua natureza. Para os estruturalistas, a percepcao era reduzida a audicao, i.e., considerava apenas os dados que se ouvia como distintivo em um corpus. Ao que parece, o problema surge por acaso quando Liberman e colegas (cf. Liberman, 1957) tentavam encontrar o que havia de distintivo entre as categorias fonemicas. Para isso, buscavam (com a ajuda do Pattern Playback: um aparelho que convertia espectrogramas desenhados a mao em som) quais eram as pistas acusticas que diferenciavam um [p] de um [d], por exemplo. No entanto, os resultados nao apresentavam uma relacao biunivoca entre o acustico e o articulatorio, sugerindo que a articulacao guiava a percepcao; pois o que haveria de invariante na fala era a articulacao, uma vez que o sinal acustico apresentava diferencas dentro de uma mesma categoria devido a influencia das vogais. Nossa pesquisa mostrou que os primitivos perceptuais seguem as propostas de primitivos de analise das teorias fonologicas, a saber: no Estruturalismo, nao havia uma teoria de percepcao. No entanto, as pesquisas iniciais tentavam buscar os invariantes perceptuais acusticos influenciadas pela Fonologia Estruturalista de Jakobson, Fant & Halle (1952); no periodo gerativista, a Teoria Motora da Percepcao da Fala (Liberman & Mattingly, 1985) propoe primitivos de base articulatoria abstratos. Esse modelo ganha a sua versao revisada (e mais robusta) a partir da proposta de Chomsky & Halle (1968), dos achados referentes ao Efeito McGurk (McDonald & McGurk, 1976) e da teoria modular da mente de Fodor (1983); por fim, ha a proposicao da Teoria do Realismo Direto da Percepcao da Fala (Fowler, 1986, e seguintes) influenciada pela teoria de percepcao de Gibson (1966). Essa abordagem converge para as teorias de fonologia de base dinamica que tomam o gesto articulatorio como primitivo de analise tanto de producao como de percepcao (Goldstein & Fowler, 2003). O debate entre Ohala e Fowler ilustra que nao ha consenso entre os pesquisadores sobre a natureza da percepcao da fala. A nossa proposta e a de que esse fato existe porque cada um dos debatedores se situa em um terreno epistemologico que, por sua vez, considera fenomenos distintos como relevantes para sustentar cada uma de suas propostas teoricas, a saber: enquanto Ohala sustenta seus argumentos com base em evidencias fonologicas de natureza acustica, Fowler salienta os aspectos articulatorios presentes na percepcao e producao da fala.Abstract: The major goal of this thesis is to consider three different ways to postulate the nature of speech perception. On Chapter 1, we present that speech perception can be based on acoustic or articulatory properties. Acoustic-based account claims the existence of acoustic invariants properties that make the categorization of distinctive unites of speech signal able. Articulatory-based account takes the articulatory gesture as a perceptual unit. The perceptual unit can be abstract (cf. Motor Theory of Speech Perception - Liberman & Mattingly, 1985) or real (cf. Direct-Realistic Theory of Speech Perception - Fowler, 1986 and following). The specific goal (Chapter 2) is to briefly narrate the way speech perception theories develop. In this historical course, we link the postulation of perceptual primitives (both of acoustic and articulatory basis) to the new phonological primitives. Namely, we will try to verify if the new perceptual primitives adoption is linked to the epistemological choices proposed by phonological theories. In order to exemplify our proposal, we present (Chapter 3) a debate occurred in 1996 between Carol Fowler and John Ohala about the speech perception basis. The main interest on this debate is that it is not developed. Once that it counts with one text published by each of the participants, we argue that the "death" of discussion indicates that speech perception theories build their postulates over different epistemological fields. This characteristic makes the closure of the debate impossible. We are concerned about the speech perception basis debated by Fowler and Ohala because it was not until the Structuralism theory that this question was discussed. To the structuralists, speech perception was the same as audition, in other words, researchers only considered data which was distinctive in a speech corpus. Apparently, the problem emerges when Liberman and colleagues (cf. Liberman, 1957) try to find what make the phonemic categories differentiate from each other. Therefore, they have searched for the responsible acoustic clues which distinguish a [p] sound from a [d] one with the Pattern Playback (an instrument that converts a hand-made spectrogram into sound). However, the results show that there is not a direct connection between the acoustics stimulus and the articulation used to produce that sound. This suggests that the articulation guides perception. In this proposal, the invariant features are articulatory, because the acoustic signal has differences within phonemic categories due to the vocalic context. Our research shows that the perceptual primitives follow the primitives proposed by the phonological theories, namely: there is no speech perception theory in the Structuralism. However, influenced by the Jakobson, Fant & Halle's Distinctive Features Theory (1952), the first researches try to find the acoustic perceptual invariants; the Motor Theory of Speech Perception (Liberman & Mattingly, 1985) is developed under the Generative framework. This model proposes that the perceptual units are abstract articulations. Influenced by the Generative Phonology (Chomsky & Halle, 1968), the findings of the McGurk Effect (McDonald & McGurk, 1976) and Fodor's Modularity of Mind (1983), the Motor Theory proposes that the perceptual unit is an intended gesture; lastly, there is the Direct-Realistic Theory of Speech Perception proposal (Fowler, 1986 and following). This theory is completely influenced by the evolutionist framework of Gibson (1966). It converges to the coming frameworks that takes phonology as a dynamic discipline and which assume the articulatory gesture as a primitive that serves both speech production and perception (Goldstein & Fowler, 2003). The debate between Ohala and Fowler (1996) illustrates that there is no consensus about the speech perception basis among researchers. Our proposal is that lack of consensus among researchers exists because each one of the debaters is allocated in an epistemological field that considers different facts as relevant to support their own theoretical proposal, namely: Ohala supports his arguments on acoustic-based phonological evidences and Fowler underlines the articulatory characteristics that integrate speech production and perception. These are the issues discussed in this thesis.207f. : il., grafs., tabs.application/pdfDisponível em formato digitalTeses - LetrasFalaAudiçãoFoneticaLetrasSobre teorias de percepção da falainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisporreponame:Repositório Institucional da UFPRinstname:Universidade Federal do Paraná (UFPR)instacron:UFPRinfo:eu-repo/semantics/openAccessORIGINALR - T - GUSTAVO NISHIDA.pdfapplication/pdf3404007https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/1884/29585/1/R%20-%20T%20-%20GUSTAVO%20NISHIDA.pdfda56a8a31081ddd46907ae855768710eMD51open accessTEXTR - T - GUSTAVO NISHIDA.pdf.txtExtracted Texttext/plain501856https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/1884/29585/2/R%20-%20T%20-%20GUSTAVO%20NISHIDA.pdf.txt911674a3d4777ee48a432f09068b583cMD52open accessTHUMBNAILR - T - GUSTAVO NISHIDA.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1177https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/1884/29585/3/R%20-%20T%20-%20GUSTAVO%20NISHIDA.pdf.jpgd643b09fe43465cd3cf191aeca449aecMD53open access1884/295852019-11-26 11:37:48.969open accessoai:acervodigital.ufpr.br:1884/29585Repositório de PublicaçõesPUBhttp://acervodigital.ufpr.br/oai/requestopendoar:3082019-11-26T14:37:48Repositório Institucional da UFPR - Universidade Federal do Paraná (UFPR)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Sobre teorias de percepção da fala
title Sobre teorias de percepção da fala
spellingShingle Sobre teorias de percepção da fala
Nishida, Gustavo
Teses - Letras
Fala
Audição
Fonetica
Letras
title_short Sobre teorias de percepção da fala
title_full Sobre teorias de percepção da fala
title_fullStr Sobre teorias de percepção da fala
title_full_unstemmed Sobre teorias de percepção da fala
title_sort Sobre teorias de percepção da fala
author Nishida, Gustavo
author_facet Nishida, Gustavo
author_role author
dc.contributor.other.pt_BR.fl_str_mv Silva, Adelaide Hercília Pescatori, 1971-
Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Letras
dc.contributor.author.fl_str_mv Nishida, Gustavo
dc.subject.por.fl_str_mv Teses - Letras
Fala
Audição
Fonetica
Letras
topic Teses - Letras
Fala
Audição
Fonetica
Letras
description Orientadora: Profa. Dra. Adelaide H. P. Silva
publishDate 2012
dc.date.issued.fl_str_mv 2012
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-11-26T14:37:48Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-11-26T14:37:48Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://hdl.handle.net/1884/29585
url https://hdl.handle.net/1884/29585
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.pt_BR.fl_str_mv Disponível em formato digital
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv 207f. : il., grafs., tabs.
application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFPR
instname:Universidade Federal do Paraná (UFPR)
instacron:UFPR
instname_str Universidade Federal do Paraná (UFPR)
instacron_str UFPR
institution UFPR
reponame_str Repositório Institucional da UFPR
collection Repositório Institucional da UFPR
bitstream.url.fl_str_mv https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/1884/29585/1/R%20-%20T%20-%20GUSTAVO%20NISHIDA.pdf
https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/1884/29585/2/R%20-%20T%20-%20GUSTAVO%20NISHIDA.pdf.txt
https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/1884/29585/3/R%20-%20T%20-%20GUSTAVO%20NISHIDA.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv da56a8a31081ddd46907ae855768710e
911674a3d4777ee48a432f09068b583c
d643b09fe43465cd3cf191aeca449aec
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFPR - Universidade Federal do Paraná (UFPR)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1801860666060963840