Um olhar pragmático da linguagem cotidiana sobre o ato de praticar estratégia a partir da noção de "jogos de linguagem"

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Samir Adamoglu de
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPR
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1884/30392
Resumo: Resumo: O estudo assume a premissa de que a linguagem é o substrato nuclear no qual a realidade se constitui, a partir das práticas sociais cotidianas. Ao praticar algo na e pela linguagem assume-se a possibilidade de (re)significar a experiência vivida, abrindo possibilidades de construção da realidade. Pela dimensão social e pragmática da filosofia da linguagem ordinária de Ludwig Wittgenstein esboçada na obra Investigações Filosóficas (1953), adota-se a noção de "jogos de linguagem", que sustenta que atividades verbais e não verbais adquirem sentido e significado à medida que são pragmática e adequadamente utilizadas em contextos específicos, seguindo certas regras. Defende-se essa noção como ferramenta de valor heurístico para emprego numa pesquisa científica e como elemento de potencial explicativo para entender como a prática estratégica se constitui e é constituída no cotidiano organizacional. Em face dessas assertivas, investiga-se como a noção wittgensteiniana de jogos de linguagem contribui para a construção do conceito de prática estratégica/strategizing na organização, analisando-a em suas possibilidades teóricas e metodológicas. Parte-se da 'Estratégia como Prática' e de trabalhos wittgensteinianos nos Estudos Organizacionais (EOs) e na Estratégia Organizacional como quadro teórico de referência, para se desenvolver os argumentos. Toma-se uma abordagem idiográfica de diálogo com o empírico como base para utilizar a noção em questão enquanto ferramenta de investigação, descrição e explicação da realidade, analisando um processo de construção e desenvolvimento de um projeto de prospectiva tecnológica e estratégica numa empresa privada que atua na coordenação, proteção e representação legal das empresas do setor industrial do Estado do Paraná. Fez-se uso de observação participante, entrevistas com roteiros semiestruturados junto a participantes do processo nos níveis operacional e tático/gerencial da organização e documentação. Tratou-se e analisou-se o material reunido mediante categorização interpretativa das notas de campo, transcrição e codificação convencionada das entrevistas à luz da análise de conversação etnometodológica e análise documental. Identificando dois jogos de linguagem vigorantes - o jogo de linguagem da ciência e o jogo de linguagem comercial -, os resultados permitiram enxergar: (i) consonâncias e dissonâncias entre 'gramáticas' e 'formas de vida', (ii) ambiguidades retóricas, (iii) conflitos, tensões e disputas argumentativas ancoradas em relações hierárquicas de poder, (iv) processos de hibridização das lógicas balizadoras das atividades naquele contexto e (v) o entrelaçamento do organizing com o strategizing. A noção possibilitou entender e fez emergir dimensões técnicas, funcionais e histórico-institucionais, evidenciando diferenças, sutilezas e nuances complexas da realidade, habilitando conceituar o ato de praticar a estratégia organizacional como sendo um ato de construção linguística descontínua e múltipla no tempo-espaço da organização, pautado por argumentações de funções distintas, conduzido e compreendido de forma nem sempre consonante entre os seus praticantes, indissociável de macrodiretrizes intencionais de sobrevivência e competitividade no ambiente onde se atua e que é, invariavelmente, sujeito a influências institucionais que condicionam, regram, justificam e legitimam essas ações na práxis. Pela força elocucionária do particular, enunciam-se contribuições a algumas vertentes e abordagens dos EOs e da Estratégia, inspirando-as reflexões e ampliações das suas compreensões sobre alguns temas a elas caras, mediante a pragmática da linguagem adotada.
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Defende-se essa noção como ferramenta de valor heurístico para emprego numa pesquisa científica e como elemento de potencial explicativo para entender como a prática estratégica se constitui e é constituída no cotidiano organizacional. Em face dessas assertivas, investiga-se como a noção wittgensteiniana de jogos de linguagem contribui para a construção do conceito de prática estratégica/strategizing na organização, analisando-a em suas possibilidades teóricas e metodológicas. Parte-se da 'Estratégia como Prática' e de trabalhos wittgensteinianos nos Estudos Organizacionais (EOs) e na Estratégia Organizacional como quadro teórico de referência, para se desenvolver os argumentos. Toma-se uma abordagem idiográfica de diálogo com o empírico como base para utilizar a noção em questão enquanto ferramenta de investigação, descrição e explicação da realidade, analisando um processo de construção e desenvolvimento de um projeto de prospectiva tecnológica e estratégica numa empresa privada que atua na coordenação, proteção e representação legal das empresas do setor industrial do Estado do Paraná. Fez-se uso de observação participante, entrevistas com roteiros semiestruturados junto a participantes do processo nos níveis operacional e tático/gerencial da organização e documentação. Tratou-se e analisou-se o material reunido mediante categorização interpretativa das notas de campo, transcrição e codificação convencionada das entrevistas à luz da análise de conversação etnometodológica e análise documental. Identificando dois jogos de linguagem vigorantes - o jogo de linguagem da ciência e o jogo de linguagem comercial -, os resultados permitiram enxergar: (i) consonâncias e dissonâncias entre 'gramáticas' e 'formas de vida', (ii) ambiguidades retóricas, (iii) conflitos, tensões e disputas argumentativas ancoradas em relações hierárquicas de poder, (iv) processos de hibridização das lógicas balizadoras das atividades naquele contexto e (v) o entrelaçamento do organizing com o strategizing. A noção possibilitou entender e fez emergir dimensões técnicas, funcionais e histórico-institucionais, evidenciando diferenças, sutilezas e nuances complexas da realidade, habilitando conceituar o ato de praticar a estratégia organizacional como sendo um ato de construção linguística descontínua e múltipla no tempo-espaço da organização, pautado por argumentações de funções distintas, conduzido e compreendido de forma nem sempre consonante entre os seus praticantes, indissociável de macrodiretrizes intencionais de sobrevivência e competitividade no ambiente onde se atua e que é, invariavelmente, sujeito a influências institucionais que condicionam, regram, justificam e legitimam essas ações na práxis. 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