From memory keeping to memory managing

• Autor(a) principal: Coraiola, Diego Maganhotto
• Data de Publicação: 2013
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFPR
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1884/34917
• topic: Teses

Resumo: Esta pesquisa apresenta uma análise institucional da influência profissional dos arquivistas no trabalho de memória (memory work) desenvolvido pelos cinco maiores bancos canadenses. Memória organizacional ainda é tema muito negligenciado na área de estudos organizacionais e a literatura existente tende a tratar o conceito de memória organizacional como algo peculiar a uma dada organização. Os objetivos de minha pesquisa foram: em primeiro lugar, mostrar que ao invés de analisar-se a ideia de memória como conteúdo é mais interessante abordar a noção de memória organizacional como conjunto de práticas de rememoração, ou trabalho de memória e; em segundo lugar, que estas práticas de rememoração organizacional não são exclusivas a uma dada organização, mas influenciadas e condicionadas por amplo conjunto de fatores institucionais. A pesquisa empírica teve como objeto as práticas de arquivo - um conjunto particular do construto mais geral de práticas de rememoração - desenvolvidas pelas organizações da indústria bancária canadense. Os dados foram coletados por meio de pesquisa em arquivos, entrevistas e relatos históricos existentes. Dados de arquivo foram obtidos por meio de pesquisa em revistas científicas, livros e nos arquivos corporativos dos bancos canadenses. Eu entrevistei 18 pessoas, entre arquivistas corporativos, acadêmicos e profissionais de arquivo. A análise centrou-se sobre a influência do trabalho de arquivistas profissionais sobre os estilos de memória coletiva canadenses e as práticas de rememoração adotadas pelos cinco maiores bancos do Canadá. A partir dos dados eu desenvolvi narrativa histórica sobre a evolução dos arquivos as práticas arquivísticas e a mentalidade sobre arquivo s no Canadá. Os dados também foram analisados por meio de análise de conteúdo indutivo. A narrativa histórica demonstrou que o desenvolvimento dos arquivos e do arquivismo no Canadá passou por três fases distintas: a fase de ofício não profissionalizado, a fase de ocupação dependente da história, e a fase de profissão autônoma. A análise dos dados também mostrou a existência de três conjuntos distintos de práticas de rememoração empregados no Canadá, agrupados sob três diferentes estilos de trabalho de memória desenvolvidos por organizações bancárias canadenses. O papel dos arquivistas profissionais no desenvolvimento da profissão e a introdução de práticas arquivísticas profissionais no setor bancário canadense foi destacado por meio da análise e foi possível distinguir três conjuntos de estratégias complementares ao trabalho de memória. Por meio do engajamento em trabalho de imersão (embedding work), trabalho de definição de fronteiras (boundary work) e trabalho de estabelecimento de laços externos (outreaching work), arquivistas profissionais canadenses inseridos nos cinco maiores bancos do Canadá contribuíram para o desenvolvimento do trabalho de memória nas organizações da indústria bancária canadense e para o desenvolvimento da profissão de arquivista no Canadá. A pesquisa aponta para a importância da influência de fatores institucionais mais amplos no desenvolvimento de práticas de memória social e organizacional, para a relevância do trabalho profissional desenvolvido a partir das posições ocupadas e dos recursos provenientes das estruturas do Estado e das organizações na evolução da profissão de arquivista e para o processo reflexivo de reforma profissional desenvolvido pelos arquivistas com o propósito de assumir o controle de seu projeto profissional e definir o futuro de profissão. As atuais perspectivas para a profissão de arquivista sugerem a existência de processo de mudança de um modelo de profissionalismo baseado no Estado para outro centrado na atuação profissional a partir de organizações. As possibilidades de tal desenvolvimento parecem depender da capacidade dos arquivistas profissionais em repensar e reelaborar os componentes profissionais da prática e pensamento arquivísticos, associando-os aos fatores próprios à lógica administrativo-gerencial de organizações privadas.