Alterações paleoambientais inferidas por associações de dinoflagelados e outros palinomorfos recuperados de um testemunho quaternário da Bacia de Campos
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/49219 |
Resumo: | Um testemunho sedimentar quaternário coletado no talude da Bacia de Campos foi analisado para fins de recuperação e identificação dos microfósseis de parede orgânica (palinomorfos), visando interpretações paleoambientais. As 18 amostras utilizadas, abrangendo níveis de profundidade de 0,10 a 16,10 m, com espaçamento de 0,90 a 0,95 m, foram processadas pelo método palinológico por dissolução com HF e HCl e peneiramento total, o qual se mostrou muito eficaz, revelando associações ricas em cistos de dinoflagelados. Foram discriminados sete táxons das formas autotróficas desses organismos e um grupo exclusivo de espécimes heterotróficas, além de outros palinomorfos menos abundantes, representados por elementos marinhos (escolecodontes, palinoforaminíferos e ovos de copépodes) e de origem continental (esporos vegetais e algas de água doce). Optou-se pela contagem total dos microfósseis orgânicos ocorrentes em uma lâmina de cada nível. Através de um método estatístico de agrupamento (modo-Q), as amostras foram segregadas, obedecendo-se sua ordem estratigráfica, em cinco intervalos conforme similaridade quanto às porcentagens dos palinomorfos característicos. As alterações nas assembleias mostraram correspondência com os ciclos glaciais-interglaciais do Quaternário. O intervalo 1 (amostras de 16,10 e 15,20 m) foi interpretado como referente a uma condição glacial e costeira por caracterizar-se pelas consistentes presenças de espécies de dinocistos heterotróficas e palinomorfos continentais. No intervalo amostral seguinte (14,25 e 13,30 m), a subida do nível do mar devido a um provável aquecimento pôde ser inferida pela dominância de Spiniferites spp., táxon tipicamente nerítico. O intervalo 3 (12,35 a 10,45 m), em virtude da maior representatividade de espécies oceânicas e tropicais, com predomínio de Lingulodinium machaerophorum, foi considerado como correspondente a uma fase de aquecimento mais intenso. Já o intervalo 4 (9,50 a 4,80 m) marcou o retorno do gênero Spiniferites como táxon dominante da assembléia e o decréscimo dos indivíduos tropicais, o que talvez reflita a substituição de um ambiente de talude por outro mais plataformal durante regressão marinha de um início de glaciação. As evidências palinológicas do intervalo amostral 5 (3,85 a 0,10 m), tais como a grande dominância da espécie cosmopolita Operculodinium centrocarpum e o baixo índice de diversidade de dinocistos, indicaram o estabelecimento da última fase glacial, incluindo o Último Máximo Glacial (UMG), confirmando a tendência revelada pelo intervalo subjacente. Os dados palinológicos mostraram correlação principalmente com as biozonas de foraminíferos planctônicos definidas para o mesmo testemunho. |
id |
UFRGS-2_006fa2686859ac2fb61869654176df66 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:www.lume.ufrgs.br:10183/49219 |
network_acronym_str |
UFRGS-2 |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFRGS |
repository_id_str |
|
spelling |
Noronha, Bruno TubinoSouza, Paulo Alves de2012-05-26T01:36:19Z2011http://hdl.handle.net/10183/49219000829472Um testemunho sedimentar quaternário coletado no talude da Bacia de Campos foi analisado para fins de recuperação e identificação dos microfósseis de parede orgânica (palinomorfos), visando interpretações paleoambientais. As 18 amostras utilizadas, abrangendo níveis de profundidade de 0,10 a 16,10 m, com espaçamento de 0,90 a 0,95 m, foram processadas pelo método palinológico por dissolução com HF e HCl e peneiramento total, o qual se mostrou muito eficaz, revelando associações ricas em cistos de dinoflagelados. Foram discriminados sete táxons das formas autotróficas desses organismos e um grupo exclusivo de espécimes heterotróficas, além de outros palinomorfos menos abundantes, representados por elementos marinhos (escolecodontes, palinoforaminíferos e ovos de copépodes) e de origem continental (esporos vegetais e algas de água doce). Optou-se pela contagem total dos microfósseis orgânicos ocorrentes em uma lâmina de cada nível. Através de um método estatístico de agrupamento (modo-Q), as amostras foram segregadas, obedecendo-se sua ordem estratigráfica, em cinco intervalos conforme similaridade quanto às porcentagens dos palinomorfos característicos. As alterações nas assembleias mostraram correspondência com os ciclos glaciais-interglaciais do Quaternário. O intervalo 1 (amostras de 16,10 e 15,20 m) foi interpretado como referente a uma condição glacial e costeira por caracterizar-se pelas consistentes presenças de espécies de dinocistos heterotróficas e palinomorfos continentais. No intervalo amostral seguinte (14,25 e 13,30 m), a subida do nível do mar devido a um provável aquecimento pôde ser inferida pela dominância de Spiniferites spp., táxon tipicamente nerítico. O intervalo 3 (12,35 a 10,45 m), em virtude da maior representatividade de espécies oceânicas e tropicais, com predomínio de Lingulodinium machaerophorum, foi considerado como correspondente a uma fase de aquecimento mais intenso. Já o intervalo 4 (9,50 a 4,80 m) marcou o retorno do gênero Spiniferites como táxon dominante da assembléia e o decréscimo dos indivíduos tropicais, o que talvez reflita a substituição de um ambiente de talude por outro mais plataformal durante regressão marinha de um início de glaciação. As evidências palinológicas do intervalo amostral 5 (3,85 a 0,10 m), tais como a grande dominância da espécie cosmopolita Operculodinium centrocarpum e o baixo índice de diversidade de dinocistos, indicaram o estabelecimento da última fase glacial, incluindo o Último Máximo Glacial (UMG), confirmando a tendência revelada pelo intervalo subjacente. Os dados palinológicos mostraram correlação principalmente com as biozonas de foraminíferos planctônicos definidas para o mesmo testemunho.Core samples sample from a Quaternary sedimentary borehole were collected in the continental slope of Campos Basin and were analysed in order to retrieve and identify the microfossils with organic-wall (palynomorphs) and to provide a paleoenvironmental interpretations. Eighteen samples were included in the present study, ranging from 0.10 to 16.10 m of depth, with intervals of 0.90 to 0.95m. All samples were processed using the palynologic method of dissolution with HF and HCl and total sieving, which showed excellent results, bringing to record rich assemblages of dinoflagellate cysts. Qualitative analysis revealed seven taxa of autotrophic forms of dinoflagellates and a group of exclusive heterotrophic specimens. Besides, other less abundant palynomorphs, represented by marine elements (scolecodonts, palynoforaminifera and copepod eggs) and by elements of continental origin (plant spores and freshwater algae) were recorded as well. The total count of organic microfossils was obtained from the amount of organic microfossils found from one palynological slide of each level. The samples were segregated into five groupings (intervals) according to similarity of the percentage of their characteristic palynomorphs, using a cluster analysis (Q-mode) and following their stratigraphic sequence. Changes in these microfossil assemblages showed to be correlated at some level with the glacial-interglacial cycles that characterized the Quaternary. Interval 1 (samples 16.10 and 15.20 m) was interpreted as a glacial condition and a coastal environment due to the presence of heterotrophic dinocysts and continental palynomorphs. The next interval (14.25 and 13.30 m) was dominated by Spiniferites spp., a typical taxon from the neritic zone, indicating a sea level rise probably as a result of warming. Interval 3 (12.35 to 10.45 m) was considered as representative of a more intense warming period because of the predominance of Lingulodinium machaerophorum and the presence of other tropical and oceanic species. In interval 4 (9.50 to 4.80 m) it is observed the return of the genus Spiniferites as the dominant taxon of the assemblage, as well as a decreasing in tropical elements, which might reflect the replacement of a slope for a shelf environment, during the marine regression at the begining of a new glaciation event. Finally, the palynological evidences obtained from interval 5 (3.85 to 0.10 m) point to the last glacial períod, including the Last Glacial Maximum (LGM), confirming the tendency observed in the underlying interval. In interval 5 the cosmopolitan species Operculodinium centrocarpum was dominant and the diversity of dinocysts very low. The palynological data correlated mainly with the biozones of planktonic foraminifera, defined for the same borehole.application/pdfporDinoflageladosCampos, Bacia de (RJ)Campos basinQuaternaryPalynologyFossil dinoflagellatesAlterações paleoambientais inferidas por associações de dinoflagelados e outros palinomorfos recuperados de um testemunho quaternário da Bacia de Camposinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de BiociênciasPorto Alegre, BR-RS2011Ciências Biológicas: Bachareladograduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000829472.pdf000829472.pdfTexto completoapplication/pdf2527807http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/49219/1/000829472.pdfe755f61b70f04abb92933cbfad0b6e35MD51TEXT000829472.pdf.txt000829472.pdf.txtExtracted Texttext/plain197562http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/49219/2/000829472.pdf.txt600b61bd1392927c06e60812f3fe0428MD52THUMBNAIL000829472.pdf.jpg000829472.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1044http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/49219/3/000829472.pdf.jpg3673a890ecb5ad46130ce7ddb6cb0abcMD5310183/492192018-10-08 08:02:51.883oai:www.lume.ufrgs.br:10183/49219Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2018-10-08T11:02:51Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
Alterações paleoambientais inferidas por associações de dinoflagelados e outros palinomorfos recuperados de um testemunho quaternário da Bacia de Campos |
title |
Alterações paleoambientais inferidas por associações de dinoflagelados e outros palinomorfos recuperados de um testemunho quaternário da Bacia de Campos |
spellingShingle |
Alterações paleoambientais inferidas por associações de dinoflagelados e outros palinomorfos recuperados de um testemunho quaternário da Bacia de Campos Noronha, Bruno Tubino Dinoflagelados Campos, Bacia de (RJ) Campos basin Quaternary Palynology Fossil dinoflagellates |
title_short |
Alterações paleoambientais inferidas por associações de dinoflagelados e outros palinomorfos recuperados de um testemunho quaternário da Bacia de Campos |
title_full |
Alterações paleoambientais inferidas por associações de dinoflagelados e outros palinomorfos recuperados de um testemunho quaternário da Bacia de Campos |
title_fullStr |
Alterações paleoambientais inferidas por associações de dinoflagelados e outros palinomorfos recuperados de um testemunho quaternário da Bacia de Campos |
title_full_unstemmed |
Alterações paleoambientais inferidas por associações de dinoflagelados e outros palinomorfos recuperados de um testemunho quaternário da Bacia de Campos |
title_sort |
Alterações paleoambientais inferidas por associações de dinoflagelados e outros palinomorfos recuperados de um testemunho quaternário da Bacia de Campos |
author |
Noronha, Bruno Tubino |
author_facet |
Noronha, Bruno Tubino |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Noronha, Bruno Tubino |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Souza, Paulo Alves de |
contributor_str_mv |
Souza, Paulo Alves de |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Dinoflagelados Campos, Bacia de (RJ) |
topic |
Dinoflagelados Campos, Bacia de (RJ) Campos basin Quaternary Palynology Fossil dinoflagellates |
dc.subject.eng.fl_str_mv |
Campos basin Quaternary Palynology Fossil dinoflagellates |
description |
Um testemunho sedimentar quaternário coletado no talude da Bacia de Campos foi analisado para fins de recuperação e identificação dos microfósseis de parede orgânica (palinomorfos), visando interpretações paleoambientais. As 18 amostras utilizadas, abrangendo níveis de profundidade de 0,10 a 16,10 m, com espaçamento de 0,90 a 0,95 m, foram processadas pelo método palinológico por dissolução com HF e HCl e peneiramento total, o qual se mostrou muito eficaz, revelando associações ricas em cistos de dinoflagelados. Foram discriminados sete táxons das formas autotróficas desses organismos e um grupo exclusivo de espécimes heterotróficas, além de outros palinomorfos menos abundantes, representados por elementos marinhos (escolecodontes, palinoforaminíferos e ovos de copépodes) e de origem continental (esporos vegetais e algas de água doce). Optou-se pela contagem total dos microfósseis orgânicos ocorrentes em uma lâmina de cada nível. Através de um método estatístico de agrupamento (modo-Q), as amostras foram segregadas, obedecendo-se sua ordem estratigráfica, em cinco intervalos conforme similaridade quanto às porcentagens dos palinomorfos característicos. As alterações nas assembleias mostraram correspondência com os ciclos glaciais-interglaciais do Quaternário. O intervalo 1 (amostras de 16,10 e 15,20 m) foi interpretado como referente a uma condição glacial e costeira por caracterizar-se pelas consistentes presenças de espécies de dinocistos heterotróficas e palinomorfos continentais. No intervalo amostral seguinte (14,25 e 13,30 m), a subida do nível do mar devido a um provável aquecimento pôde ser inferida pela dominância de Spiniferites spp., táxon tipicamente nerítico. O intervalo 3 (12,35 a 10,45 m), em virtude da maior representatividade de espécies oceânicas e tropicais, com predomínio de Lingulodinium machaerophorum, foi considerado como correspondente a uma fase de aquecimento mais intenso. Já o intervalo 4 (9,50 a 4,80 m) marcou o retorno do gênero Spiniferites como táxon dominante da assembléia e o decréscimo dos indivíduos tropicais, o que talvez reflita a substituição de um ambiente de talude por outro mais plataformal durante regressão marinha de um início de glaciação. As evidências palinológicas do intervalo amostral 5 (3,85 a 0,10 m), tais como a grande dominância da espécie cosmopolita Operculodinium centrocarpum e o baixo índice de diversidade de dinocistos, indicaram o estabelecimento da última fase glacial, incluindo o Último Máximo Glacial (UMG), confirmando a tendência revelada pelo intervalo subjacente. Os dados palinológicos mostraram correlação principalmente com as biozonas de foraminíferos planctônicos definidas para o mesmo testemunho. |
publishDate |
2011 |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2011 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2012-05-26T01:36:19Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/bachelorThesis |
format |
bachelorThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10183/49219 |
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv |
000829472 |
url |
http://hdl.handle.net/10183/49219 |
identifier_str_mv |
000829472 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFRGS instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) instacron:UFRGS |
instname_str |
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
instacron_str |
UFRGS |
institution |
UFRGS |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFRGS |
collection |
Repositório Institucional da UFRGS |
bitstream.url.fl_str_mv |
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/49219/1/000829472.pdf http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/49219/2/000829472.pdf.txt http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/49219/3/000829472.pdf.jpg |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
e755f61b70f04abb92933cbfad0b6e35 600b61bd1392927c06e60812f3fe0428 3673a890ecb5ad46130ce7ddb6cb0abc |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1801224429611515904 |