A representação jornalística do animal não-humano no Brasil de acordo com o Jornal Nacional

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dias, Gabriela Martins
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/200406
Resumo: O Homo sapiens utiliza a linguagem para significação da realidade social, por meio da tipificação de elementos que o circulam. A partir de padrões históricos, institucionaliza concepções sobre atividades e atores, sendo também produto dessas interações. Nesse processo, se distingue dos membros do mesmo Reino, afastando a relação que possui com a animalidade, entendida geralmente como inferior. A dinâmica é materializada no nível prático e discursivo, ao atribuir funções e características às outras espécies, de acordo com conveniências próprias. Assim, animais não-humanos são excluídos da consideração moral e tratados de forma instrumental para servir ao ser humano. Com uma posição privilegiada de visibilidade e credibilidade, o jornalismo reproduz e reforça os valores correntes na sociedade, utilizando palavras, imagens e sons. No entanto, deveria atuar de acordo os princípios de liberdade e questionar valores institucionalizados, que tratam a diferença de forma redutora. Ao encontro dessa discussão, o presente trabalho buscou entender de que forma acontece a representação do animal não-humano no jornalismo brasileiro, estudando o período de um mês do principal noticiário televisivo exibido no país, o Jornal Nacional. A metodologia adotada, a análise de conteúdo, com abordagens qualitativa e quantitativa, permitiu a obtenção de inferências teóricas sobre as representações encontradas no telejornal. A contabilização dos seres que mais apareceram visualmente guiou a compreensão de outros fatores, como a propositalidade de aparição, a manifestação de morte e o interesse do animal no assunto da matéria; já a das referências verbais, permitiram uma análise dos contextos aos quais as espécies são relacionadas. Também foram destacadas as categorias temáticas que abordaram imagens e palavras que fizessem referência ao não-humano. De 27 edições, 77,77% apresentaram imagens ou palavras que remetiam ao animal não-humano, mostrando uma grande presença destes no noticiário. Entre as 74 representações visuais em matérias, os cães foram os que mais apareceram (16), devido à proximidade com os ambientes urbanos; seguido por vacas, bois e touros (10), em função da grande importância dada pela TV Globo ao agronegócio; após, vieram cavalos (8), majoritariamente como símbolo de dominação humana ao instrumentalizar a força destes; e depois, outras 27 categorias em 40 representações visuais. Destes, os bois, vacas e touros chamaram a atenção por serem representados intencionalmente em 100% das vezes. Apesar de não terem perspectivas contempladas no jornalismo, foi constatado que metade (37) dos animais não-humanos representados poderiam ter os interesses representados nos assuntos das matérias. Entre as 42 palavras encontradas que tinham relação com outras espécies por matéria, “animal” (6) teve o maior número de aparições; seguida por “carne” (2), “agropecuária” (2), “ave” (2), “baleia” (2), “bife” (2), “cão” (2), “frango” (2), “gado” (2), “macaco” (2) e “rato” (2); outros 31 termos tiveram uma referência, cada. As matérias que remetiam aos animais não-humanos ocorreram dentro de dez categorias distintas: Meio ambiente (10), O Brasil que eu quero (9), Segurança (7), Cenário político (5), Saúde (5), Artes (4), Chamada para programa (4), Economia (2), Curiosidade (2) e Esporte (2).
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