Como pensar o racismo : o paradigma colonial e a abordagem da sociologia histórica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Monsma, Karl Martin
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/188083
Resumo: As interpretações predominantes do racismo hoje integram o que chamo de “paradigma colonial”, a ideia de que o racismo se originou com a expansão colonial da Europa e a dominação dos europeus sobre os povos do resto do mundo. Vários casos empíricos de dominação racial ou de genocídio apresentam desafios para esta abordagem, especialmente a racialização de povos europeus por outros europeus e o racismo praticado por povos no resto do mundo. O artigo desenvolve o argumento de que muitos desses casos podem ser compreendidos dentro de uma versão expandida do paradigma colonial, salientando a subordinação dos povos da periferia da Europa, a expansão de impérios para as terras contíguas de outros povos, a conquista de impérios coloniais por alguns países não europeus, ou ainda formas de colonialismo interno. Entretanto, outras instâncias do racismo não podem ser explicadas dentro do paradigma colonial, por exemplo, o antissemitismo europeu ou o racismo contra os povos romani (“cigano”), que já existiam antes da expansão imperial da Europa, ou ainda vários casos de dominação ou extermínio racial de povos colonizados contra outros povos colonizados. O artigo desenvolve o argumento de que o racismo deve ser entendido como a dominação sistemática de um povo, ou grupo étnico, por outro, em conjunto com uma ideologia que essencializa o grupo subordinado como intrinsicamente inferior. A expansão europeia é a principal força por trás do racismo no mundo moderno, mas não é a única origem do racismo.
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