Estilos parentais na alimentação e fatores associados em crianças hospitalizadas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Zampieri, Luísa Rebechi
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/271326
Resumo: Introdução: A hospitalização é um evento estressor que desencadeia alterações psicossociais significativas para a dinâmica criança-família, inclusive na alimentação. O processo de alimentação da criança necessita de participação ativa do cuidador, uma vez que as interações entre pais e filhos durante as refeições influenciam o comportamento alimentar da criança. Essa interação cuidador-criança durante a refeição é chamada de estilo parental na alimentação. São bem estabelecidos quatro estilos alimentares parentais: responsivos (autoritativo) e não responsivos (autoritário, indulgente e negligente). Desta forma, o objetivo do presente estudo é analisar as práticas parentais e fatores sociodemográficos e nutricionais associados em crianças hospitalizadas, em busca de auxiliar o desenvolvimento de intervenções efetivas para promoção de melhores desfechos em saúde. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com pacientes pediátricos e seus cuidadores. Foram incluídas crianças de 6 meses a 14 anos incompletos admitidas na internação pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. O consumo alimentar foi avaliado pelos Marcadores de Consumo Alimentar do SISVAN. O estilo parental foi classificado através do Questionário de Estilos Parentais na Alimentação. Resultados: Foram avaliados 204 pares de cuidador-criança. A maioria das crianças eram do sexo masculino (57,8%), com idade mediana de 4,5 anos (1,9 - 8) e 77% das crianças já haviam sido hospitalizadas anteriormente. Entre os responsáveis, 86,3% são mulheres, sendo a maioria mães (77,9%) que possuíam companheiro (69,1%). Em relação à renda mensal familiar, 46,1% possuíam renda abaixo de dois salários-mínimos. O estilo parental mais prevalente foi o indulgente (64,2%). Observou-se que cuidadores com baixa exigência tinham a percepção de que as crianças aceitavam bem os alimentos (n=88, 67,2% [p<0,001]), já cuidadores com alta exigência percebiam algum grau de dificuldade na aceitação alimentar (n=19, 40,4% [p<0,001]) (n=10, 50%, [p<0,001]), e resistência para experimentar novos alimentos (n=35, 40,4% [p<0,001]) (n=17, 85%, [p<0,001]). O estilo parental autoritário foi associado à maior frequência de refeições pelas crianças (n=19, 95% [p=0,035] [p=0,038] [p=0,031]). Rendas familiares menores foram associadas ao estilo parental autoritativo (n=28, 65,1% [p=0,034]) e renda maiores foram associadas ao estilo parental indulgente (n=71, 57,7% [p=0,034]). Conclusão: O estudo encontrou que o estilo parental mais frequente foi não responsivo (indulgente) e que fatores sociodemográficos, como a renda familiar e nutricionais, como frequência das refeições e aceitação alimentar podem estar associadas ao comportamento do cuidador em relação à alimentação da criança. Desta forma, ressalta-se a importância dos cuidadores enquanto responsáveis pela promoção de uma relação alimentar saudável com a criança dentro da sua situação econômica e social dentro e fora do hospital.
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spelling Zampieri, Luísa RebechiBosa, Vera Lúcia2024-02-01T05:07:27Z2023http://hdl.handle.net/10183/271326001194550Introdução: A hospitalização é um evento estressor que desencadeia alterações psicossociais significativas para a dinâmica criança-família, inclusive na alimentação. O processo de alimentação da criança necessita de participação ativa do cuidador, uma vez que as interações entre pais e filhos durante as refeições influenciam o comportamento alimentar da criança. Essa interação cuidador-criança durante a refeição é chamada de estilo parental na alimentação. São bem estabelecidos quatro estilos alimentares parentais: responsivos (autoritativo) e não responsivos (autoritário, indulgente e negligente). Desta forma, o objetivo do presente estudo é analisar as práticas parentais e fatores sociodemográficos e nutricionais associados em crianças hospitalizadas, em busca de auxiliar o desenvolvimento de intervenções efetivas para promoção de melhores desfechos em saúde. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com pacientes pediátricos e seus cuidadores. Foram incluídas crianças de 6 meses a 14 anos incompletos admitidas na internação pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. O consumo alimentar foi avaliado pelos Marcadores de Consumo Alimentar do SISVAN. O estilo parental foi classificado através do Questionário de Estilos Parentais na Alimentação. Resultados: Foram avaliados 204 pares de cuidador-criança. A maioria das crianças eram do sexo masculino (57,8%), com idade mediana de 4,5 anos (1,9 - 8) e 77% das crianças já haviam sido hospitalizadas anteriormente. Entre os responsáveis, 86,3% são mulheres, sendo a maioria mães (77,9%) que possuíam companheiro (69,1%). Em relação à renda mensal familiar, 46,1% possuíam renda abaixo de dois salários-mínimos. O estilo parental mais prevalente foi o indulgente (64,2%). Observou-se que cuidadores com baixa exigência tinham a percepção de que as crianças aceitavam bem os alimentos (n=88, 67,2% [p<0,001]), já cuidadores com alta exigência percebiam algum grau de dificuldade na aceitação alimentar (n=19, 40,4% [p<0,001]) (n=10, 50%, [p<0,001]), e resistência para experimentar novos alimentos (n=35, 40,4% [p<0,001]) (n=17, 85%, [p<0,001]). O estilo parental autoritário foi associado à maior frequência de refeições pelas crianças (n=19, 95% [p=0,035] [p=0,038] [p=0,031]). Rendas familiares menores foram associadas ao estilo parental autoritativo (n=28, 65,1% [p=0,034]) e renda maiores foram associadas ao estilo parental indulgente (n=71, 57,7% [p=0,034]). Conclusão: O estudo encontrou que o estilo parental mais frequente foi não responsivo (indulgente) e que fatores sociodemográficos, como a renda familiar e nutricionais, como frequência das refeições e aceitação alimentar podem estar associadas ao comportamento do cuidador em relação à alimentação da criança. Desta forma, ressalta-se a importância dos cuidadores enquanto responsáveis pela promoção de uma relação alimentar saudável com a criança dentro da sua situação econômica e social dentro e fora do hospital.Introduction: Hospitalization is a stressful event that can lead to significant psychosocial changes in the child-family dynamic, including aspects of feeding. Feeding a child requires active participation from the caregiver, as interactions between parents and children during meals significantly influence the child's eating behavior. This caregiver-child interaction at mealtime is referred to as the parental feeding style. Four parental feeding styles are well-established: responsive (authoritative) and non-responsive (authoritarian, indulgent, and neglectful). Therefore, the purpose of this study is to analyze parental practices and associated sociodemographic and nutritional factors in hospitalized children, aiming to assist in the development of effective interventions to promote better health outcomes. Methods: This is a cross-sectional study with pediatric patients and their caregivers. Included were children aged 6 months to under 14 years, admitted to the pediatric unit of the Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Dietary intake was assessed using the Food Consumption Markers from SISVAN. Parental style was classified through the Parental Feeding Style Questionnaire. Results: A total of 204 caregiver-child pairs were evaluated. Most of the children were male (57.8%), with a median age of 4.5 years (range 1.9 - 8), and 77% had been hospitalized previously. Among the caregivers, 86.3% were women, most of whom were mothers (77.9%) and had a partner (69.1%), with a monthly income below two minimum wages (46.1%). The most prevalent parental style was indulgent (64.2%). Caregivers with low demands perceived that children accepted food well (n=88, 67,2% [p<0,001]), whereas caregivers with high demands perceived some difficulty in food acceptance (n=19, 40,4% [p<0,001]) (n=10, 50%, [p<0,001]) and reluctance to try new foods (n=35, 40,4% [p<0,001]) (n=17, 85%, [p<0,001]). The authoritarian parental style was associated with a higher frequency of meal consumption by the children (n=19, 95% [p=0,035] [p=0,038] [p=0,031]). Lower family incomes were linked to the authoritative parental feeding style (n=28, 65,1% [p=0,034]) and higher incomes to the indulgent parental feeding style (n=71, 57,7% [p=0,034]). Conclusion: The study found that the most frequent parenting feeding style was non-responsive (indulgent), and that sociodemographic factors, such as family income, and nutritional factors, such as meal frequency and food acceptance, can be associated with the caregiver's behavior regarding the child's nutrition. Thus, the importance of caregivers is emphasized as they play a crucial role in promoting a healthy feeding relationship with the child within their economic and social context both inside and outside the hospital.application/pdfporComportamento alimentarCriança hospitalizadaFamíliaPoder familiarNutrição da criançaFeeding behaviorChildFamilyParentingChild nutritionEstilos parentais na alimentação e fatores associados em crianças hospitalizadasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisHospital de Clínicas de Porto AlegrePorto Alegre, BR-RS2023especializaçãoPrograma de Residência Integrada Multiprofissional em Saúdeinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001194550.pdf.txt001194550.pdf.txtExtracted Texttext/plain54153http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/271326/2/001194550.pdf.txt72032417b03c39af6f03fab3d12e1937MD52ORIGINAL001194550.pdfTexto parcialapplication/pdf2474672http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/271326/1/001194550.pdf4cc65f4a68f686755e135dfbe9705b16MD5110183/2713262024-02-02 06:07:09.927884oai:www.lume.ufrgs.br:10183/271326Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2024-02-02T08:07:09Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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