Fragmentação hidrográfica e suscetibilidade ambiental à perda de espécies frente às ameaças das atividades de mineração : um estudo de caso em uma sub-bacia do Rio Doce

• Autor(a) principal: Guimarães, Taís de Fátima Ramos
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/239653
• topic: Hidrografia; Fragmentação ambiental; Biodiversidade aquática; Susceptibilidade ambiental; Uso do solo; Impacto ambiental; Zona ripária; Piranga, Rio (MG)

Rios sustentam uma boa parte da biodiversidade mundial e fornecem serviços essenciais para sociedade. No entanto, esses serviços requerem a instalação de estruturas que impedem o fluxo livre da água e bloqueiam o movimento de parte da biodiversidade aquática. Essa fragmentação é ainda mais preocupante em áreas suscetíveis a desastres ambientais. Eventos com grande mortandade de espécies podem tornar o ambiente extremamente pobre em biodiversidade devido à fragmentação que impede a recolonização nessas áreas. Bacias hidrográficas como a do rio Doce, em Minas Gerais, estão suscetíveis a desastres ambientais provocados por rompimentos de barragens de rejeito de minério. Dessa forma, identificar as sub-bacias onde a biodiversidade é mais vulnerável é importante para que estratégias de mitigação sejam propostas. Assim, o objetivo deste estudo é avaliar a fragmentação hidrológica da bacia do rio Piranga, uma sub-bacia do rio Doce, e identificar as regiões onde a biodiversidade aquática terá maior dificuldade de se restabelecer, caso ela seja submetida a um desastre ambiental. Para isso propomos elaborar um índice de fragmentação, um índice de intensidade de uso do solo e um índice de suscetibilidade ambiental que combina a fragmentação e a intensidade de uso do solo. Aplicamos esses índices nas ottobacias de nível 5 do rio Piranga e sobrepomos a localização das barragens de rejeito de minério que possuem alguma ameaça de rompimento associado para identificar em quais dessas regiões ações de mitigação devem ser priorizadas. Nossos resultados indicam que 17% da área avaliada possui uma fragmentação alta a extremamente alta, 1,46% uma alta intensidade de uso do solo e 23% da área apresenta uma suscetibilidade alta a extremamente alta. Das 81 ottobacias na bacia do rio Piranga, 18 possuem uma fragmentação alta a extremamente alta, três possuem uma intensidade de uso entre moderada e alta e 15, suscetibilidade alta a extremamente alta. Sete ottobacias apresentam barragens de rejeito de minério com algum risco de rompimento associado. Destas, duas merecem atenção devido ao índice de suscetibilidade alto que reflete a maior fragmentação hidrológica e a maior conversão da vegetação nativa para pasto. Dessa forma, as definições de estratégias de mitigação devem ser voltadas para restabelecer e aumentar a permeabilidade das barreiras, especialmente aquelas que são geradas por estruturas viárias (por exemplo, bueiros) que são mais fáceis de serem estabelecidas e apresentam resultados mais rápidos. Considerando que as ameaças de rompimento de barragens de rejeito de minério são permanentes na bacia do rio Piranga, e esses desastres causam uma grande mortandade de fauna aquática, estratégias de mitigação de curto prazo precisam ser estabelecidas e ações de recuperação da zona ripária são urgentes.