Importância de figueiras nativas para a conservação da biodiversidade epifítica em ambientes costeiros disturbados

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marmitt, Maurício Constantin
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/183758
Resumo: As espécies de figueiras pertencem ao gênero Ficus (Moraceae) e são árvores características de florestas tropicais de todo o mundo. No Sul do Brasil, as espécies de figueiras são protegidas e comumente avistadas em ambientes abertos e fragmentos de Mata Atlântica. Em função de seu porte avantajado e de seus ramos geralmente horizontalizados, são hospedeiras de uma grande quantidade de epífitos vasculares. Neste trabalho os principais objetivos consistem em avaliar o efeito da dimensão e localização de figueiras sobre a composição, distribuição e dispersão dos epífitos vasculares, destacando a importância das figueiras na ecologia da conservação de ambientes costeiros disturbados. A área de estudo compreende a Planície Costeira do Rio Grande do Sul, aproximadamente entre 29º30’ – 30º00’S e entre a costa atlântica até as primeiras elevações da Serra Geral. Foram selecionados 24 espécimes de Ficus cestrifolia de porte médio a grande, distribuídas aleatoriamente nos limites da área de estudo. Todas as árvores foram georreferenciadas em campo e a distância da costa foi estimada com o auxílio do Google Earth. A dimensão de cada forófito foi estimada através da altura total, diâmetro do fuste e diâmetro da copa, utilizando clinômetro e fita métrica. As espécies de epífitos vasculares foram identificadas através de observação direta com binóculo de alta resolução e registradas de acordo com sua ocorrência em três habitas ou zonas distintas: 1) fuste e raízes; 2) copa interna; 3) copa externa (a última separada pelo ponto intermediário da extensão total). As análises estatísticas utilizadas foram Correlação de Spearmann, Índice de Similaridade (Jaccard), Diagrama de Venn e o Teste de Kruskal-Wallis entre as variáveis dos forófitos (dimensão, localização e habitats, como anteriormente citados) e as variáveis epifíticas (ocorrência, riqueza e síndromes de dispersão – essas obtidas através de publicações anteriores). Foram registradas 88 espécies epifíticas, pertencentes a 46 gêneros e distribuídas em 15 famílias. As famílias com os maiores números de representantes amostrados foram, Orchidaceae (32), Bromeliaceae (19) e Polypodiaceae (9). A riqueza epifítica sobre forófitos individuais variou entre 9 e 45 espécies (Média = 20,21; SD = 8,52). Todas as variáveis de dimensão dos forófitos demonstraram correlação positiva e significativa com a riqueza epifítica, exceto pela altura total. A mais alta correlação encontrada foi entre a área da copa e a riqueza epifítica (rs = 0,598; P < 0,005; N=24). As análises restantes indicaram semelhanças entre copa interna e externa em contraste com o fuste e raízes, incluindo similaridades florísticas, abundância epifítica (ocorrência), riqueza de espécies e síndromes de dispersão. A anemocoria representou 67% e a zoocoria 33% das ocorrências de espécies epifíticas. A anemocoria foi altamente significativa nas duas zonas de copa, enquanto a zoocoria permaneceu similar nos três habitats de forófitos (H = 75,8; P < 0,001; N = 24). A importância das figueiras nativas em ambientes disturbados consiste na manutenção de 60-70% da riqueza de epífitos observada em ambientes preservados, e dessa maneira, promove importantes interações ecológicas com a fauna regional, incluindo 30-40% das espécies dispersadas por animais.
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Foram selecionados 24 espécimes de Ficus cestrifolia de porte médio a grande, distribuídas aleatoriamente nos limites da área de estudo. Todas as árvores foram georreferenciadas em campo e a distância da costa foi estimada com o auxílio do Google Earth. A dimensão de cada forófito foi estimada através da altura total, diâmetro do fuste e diâmetro da copa, utilizando clinômetro e fita métrica. As espécies de epífitos vasculares foram identificadas através de observação direta com binóculo de alta resolução e registradas de acordo com sua ocorrência em três habitas ou zonas distintas: 1) fuste e raízes; 2) copa interna; 3) copa externa (a última separada pelo ponto intermediário da extensão total). As análises estatísticas utilizadas foram Correlação de Spearmann, Índice de Similaridade (Jaccard), Diagrama de Venn e o Teste de Kruskal-Wallis entre as variáveis dos forófitos (dimensão, localização e habitats, como anteriormente citados) e as variáveis epifíticas (ocorrência, riqueza e síndromes de dispersão – essas obtidas através de publicações anteriores). Foram registradas 88 espécies epifíticas, pertencentes a 46 gêneros e distribuídas em 15 famílias. As famílias com os maiores números de representantes amostrados foram, Orchidaceae (32), Bromeliaceae (19) e Polypodiaceae (9). A riqueza epifítica sobre forófitos individuais variou entre 9 e 45 espécies (Média = 20,21; SD = 8,52). Todas as variáveis de dimensão dos forófitos demonstraram correlação positiva e significativa com a riqueza epifítica, exceto pela altura total. A mais alta correlação encontrada foi entre a área da copa e a riqueza epifítica (rs = 0,598; P < 0,005; N=24). As análises restantes indicaram semelhanças entre copa interna e externa em contraste com o fuste e raízes, incluindo similaridades florísticas, abundância epifítica (ocorrência), riqueza de espécies e síndromes de dispersão. A anemocoria representou 67% e a zoocoria 33% das ocorrências de espécies epifíticas. A anemocoria foi altamente significativa nas duas zonas de copa, enquanto a zoocoria permaneceu similar nos três habitats de forófitos (H = 75,8; P < 0,001; N = 24). A importância das figueiras nativas em ambientes disturbados consiste na manutenção de 60-70% da riqueza de epífitos observada em ambientes preservados, e dessa maneira, promove importantes interações ecológicas com a fauna regional, incluindo 30-40% das espécies dispersadas por animais.The species of fig-trees belong to the genus Ficus (Moraceae) and are often among the largest trees in tropical forests around the world. In South Brazil they are presently protected species, and are thus commonly found in open landscapes and in small fragments of the original coastal Atlantic Forest. Due to their large size and commonly horizontal branches they stand out for hosting a great amount of vascular epiphytes. The aims of this work were to investigate the effect of dimension and location of fig-trees on the composition, distribution and dispersal of vascular epiphytes, and in this way highlighting the importance of fig-trees on biodiversity conservation in disturbed coastal environments. The study was carried out in the northern coastal plain of Rio Grande do Sul, between 29º30’ – 30º00’S, and from the Atlantic coastline to the beginning of the Serra Geral mountain range. We sampled 24 medium to large specimens of Ficus cestrifolia across the study area, which resulted in an evident random design on a distribution map. All trees were georeferenced in the field and the distance from the coastline estimated with the aid of Google Earth. The size of each phorophyte was evaluated through trunk perimeter, crown diameter and total height, using tape-lines and clinometers. The species of vascular epiphytes were detected via direct observation and with the aid of high resolution binoculars, and then recorded according to the occurrence in three habitats or tree-zones: 1) trunk and aerial roots; 2) inner canopy; 3) outer canopy (the later separated by the central length). Data analyses included Spearmann correlations, similarity measures (Jaccard), Venn diagrams and Kruskal-Wallis tests between phorophyte variables (dimension, location, habitats as defined above) and epiphyte variables (occurrence, richness, and dispersal syndromes – these obtained from earlier publications). We recorded 88 species of vascular epiphytes belonging to 46 genera and 15 families; the most diversified families were the Orchidaceae (32), Bromeliaceae (19) and Polypodiaceae (9). Epiphytic richness on single host trees varied from nine to 45 species (Mean = 20.21; SD = 8.52). All dimension variables of host trees were significantly correlated with epiphytic richness, except for total height. The highest correlation was between crown area and epiphytic richness (rs = 0.598; P < 0.005; N = 24). The remaining analyses mostly showed a significant resemblance between the two crown habitats in contrast with the trunk and root habitat, including floristic similarity, epiphytic abundance (occurrence), species richness, and dispersal syndromes. Anemochory represented 67% and zoochory 33% of all occurrences of epiphytic species. Anemochory was significantly higher in the two crown zones, while zoochory remained similar in the three phorophyte habitats (H = 75.8; P < 0.001; N = 24). Importance of indigenous fig-trees in disturbed environments consists in maintaining around 60-70% of the epiphytic richness observed in more preserved environments, and so promoting many ecological interactions with the regional fauna, including 30-40% of animal-dispersed species.application/pdfporConservação da naturezaFigueiras : Ficus cestrifolia : EpífitasMata Atlântica : Rio Grande do SulAtlantic ForestVascular epiphytesSouthern BrazilConservation ecologyImportância de figueiras nativas para a conservação da biodiversidade epifítica em ambientes costeiros disturbadosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de BiociênciasPorto Alegre, BR-RS2015Ciências Biológicas: Ênfase em Gestão Ambiental, Marinha e Costeira: Bachareladograduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000984654.pdfTexto completoapplication/pdf1184946http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/183758/1/000984654.pdf93d3e97eefab05b68eb5b7f338208177MD51TEXT000984654.pdf.txt000984654.pdf.txtExtracted Texttext/plain71024http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/183758/2/000984654.pdf.txtc54b117fbf2d01c5e7360a8eb7d2a647MD52THUMBNAIL000984654.pdf.jpg000984654.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1050http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/183758/3/000984654.pdf.jpga19e5aef774832c96c07b51a515fe581MD5310183/1837582022-09-24 04:59:28.454564oai:www.lume.ufrgs.br:10183/183758Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2022-09-24T07:59:28Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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