Uma insanidade narrativa : configuração urbana e realismo em Quincas Borba

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Estacio, Denise de Quintana
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/157023
Resumo: A influência do realismo europeu do século XIX na literatura brasileira encontra dificuldades de adoção de uma forma literária que não se adapta à realidade local, dificuldades que podem ser transpostas também para a representação urbana. Partindo do pressuposto de que Machado desenha, em Quincas Borba, um arco de observação histórica do Rio de Janeiro, buscamos realizar uma leitura do romance sobre o pano de fundo da representação urbana como critério de análise do realismo no romance. A partir do exame do uso da linguagem pelo narrador, via estudos enunciativos, percebemos que o narrador de Quincas Borba altera o tempo todo o efeito de realidade que se torna uma construção de sentido moldada por aproximação e afastamento dos acontecimentos narrados, o que espelha a insanidade progressiva de Rubião. Com um narrador insano e oscilante, percebe-se um movimento de distanciamento da objetivação realista moderna auerbachiana. Assim, Quincas Borba torna necessário que se aproximem a linguagem e o contexto histórico como critérios de análise da configuração urbana. Partindo da noção de paradigma indiciário de Carlo Ginzburg, em que pistas e indícios operam como detalhes reveladores, visamos à identificação do modo como o espaço urbano cobre-se de significação Ao mesmo tempo, procedemos à elaboração de um mapa/imagem do Rio de Janeiro, adaptando-se o trabalho de Kevin Lynch. Os indícios textuais com que se vinculam ação e espaço levam à percepção de que Machado preocupava-se de modo intenso em criar um vínculo entre espaço ficcional e espaço urbano, a partir de mimese e de interpretação do Rio de Janeiro. Concluímos que a cidade é representada como uma mancha de fundo onipresente e desfocada, que, associada aos jogos narrativos, sedimenta formalmente uma dualidade externa que se resolve literariamente pelo paradoxo de um narrador insano perfeitamente situado historicamente.
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