Mapeamento literário no romance machadiano: pressupostos para leitura de Quincas Borba

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Estacio, Denise de Quintana
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/194471
Resumo: A forte presença do Rio de Janeiro na prosa machadiana aponta para a necessidade de uma investigação acerca dos procedimentos de inserção da cidade na narrativa de seus romances. A partir do trabalho de Franco Moretti e de Kevin Lynch, procuramos elaborar mapas/imagens de três romances de Machado de Assis: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro como ponto de partida para compreensão dos procedimentos de representação da cidade no caso de narradores subjetivados. Iniciamos o trabalho pela contextualização histórica dos romances, para entender sua relação com as mudanças por que o Brasil passou ao longo do século XIX. O cotejo dos três mapas revelou que o detalhamento da cidade está em relação direta com a natureza da narrativa, pois o romance com narrador em terceira pessoa, Quincas Borba, apresenta maior minúcia na representação do Rio. A partir disso, elaboramos um segundo estágio de análise que buscou identificar como o espaço urbano nos romances se cobre de significação. Os indícios textuais com que se vinculam ação e espaço puderam ser classificados em cinco categorias não excludentes de significação. Na sequência, aprofundamos nossa análise do romance Quincas Borba, em que a presença do espaço urbano se faz mais marcante. Pelo exame da linguagem, via estudos enunciativos de Émile Benveniste, concluímos que o narrador de Quincas Borba altera o tempo todo o efeito de realidade que se torna uma construção de sentido moldada pela oscilação entre enunciação histórica e de discurso. Por meio da análise de dois percursos do protagonista pelas ruas da cidade, identificamos que a oscilação das instâncias enunciativas faz com que a matéria histórica que confere verossimilhança à obra esteja em constante tensão com as idiossincrasias de um narrador em terceira pessoa subjetivado. Por fim, conclui-se que a dualidade da solução formal encontrada por Machado para este romance se adequa à representação da realidade fraturada brasileira.
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