Barreiras comerciais, agências nacionais de saúde e o uso de agrotóxicos nos cítricos brasileiros

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dorfman, Adriana
Data de Publicação: 2013
Outros Autores: França, Arthur Borba Colen, Duran, Roberta Corseuil
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/215502
Resumo: O presente texto discute as relações entre as barreiras sanitárias e os interesses nacionais ou de grupos específicos na produção de laranjas no Brasil e na exportação de seu suco para o mercado norte-americano. Através da análise das informações publicadas pelas midia brasileira e estadunidense sobre o suco de laranja brasileiro barrado nos Estados Unidos, sob a alegação de excesso de resíduos do fungicida carbendazim, circunscreveu-se o problema. Num segundo momento, a bibliografia pertinente foi revisada e entrevistas com informantes qualificados foram realizadas. Observa-se que o produtor de citrus brasileiro mira o mercado externo, depende de uma indústria oligopolizada para exportar e utilizava amplamente o carbendazim, proibido nos EUA em 2008 por razões econômicas. Em 2012, a presença do fungicida foi denunciada pelos produtores de laranja da Flórida, que têm grande interesse na diminuição da oferta do produto importado em seu território e fazem parte desta rede que envolve questões de saúde pública, funções normativas do estado e motivações econômicas. Consequentemente, as normas vigentes na produção do suco de laranja brasileiro podem ser estabelecidas pelo lobby dos produtores estadunidenses. A análise desse processo permite visualizar territorializações promovidas por agentes públicos e privados em escalas não-estatais e compreender o estado como objeto de permanente construção e reformulação por diferentes grupos de interesse.
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spelling Dorfman, AdrianaFrança, Arthur Borba ColenDuran, Roberta Corseuil2020-11-28T04:20:20Z20130101-7888http://hdl.handle.net/10183/215502000891756O presente texto discute as relações entre as barreiras sanitárias e os interesses nacionais ou de grupos específicos na produção de laranjas no Brasil e na exportação de seu suco para o mercado norte-americano. Através da análise das informações publicadas pelas midia brasileira e estadunidense sobre o suco de laranja brasileiro barrado nos Estados Unidos, sob a alegação de excesso de resíduos do fungicida carbendazim, circunscreveu-se o problema. Num segundo momento, a bibliografia pertinente foi revisada e entrevistas com informantes qualificados foram realizadas. Observa-se que o produtor de citrus brasileiro mira o mercado externo, depende de uma indústria oligopolizada para exportar e utilizava amplamente o carbendazim, proibido nos EUA em 2008 por razões econômicas. Em 2012, a presença do fungicida foi denunciada pelos produtores de laranja da Flórida, que têm grande interesse na diminuição da oferta do produto importado em seu território e fazem parte desta rede que envolve questões de saúde pública, funções normativas do estado e motivações econômicas. Consequentemente, as normas vigentes na produção do suco de laranja brasileiro podem ser estabelecidas pelo lobby dos produtores estadunidenses. A análise desse processo permite visualizar territorializações promovidas por agentes públicos e privados em escalas não-estatais e compreender o estado como objeto de permanente construção e reformulação por diferentes grupos de interesse.This paper discusses the relations between health barriers and national or specific interest groups acting upon Brazilian orange production and juice exports to the U.S. market. The problem was defined through an analysis of the information published by Brazilian and U.S. press on a ban imposed on Brazilian orange juice in United States due excessive residues of the fungicide carbendazim. Literature review and interviews with qualified informants were undertaken. Brazilian orange producers target the foreign market, depend on oligopolized juice industry to export and widely employed carbendazim, which was prohibited in the U.S. in 2008 out of economic reasons. Florida orange producers have a strong interest in reducing the supply of the product imported into its territory and are part of this web of interests, involving issues of public health, regulatory functions of the state and economic reasons. As a result of this combination, the normatization of Brazilian orange juice production is often defined through lobbying by American producers. The analysis of this case highlights forms of territorialization promoted by public and private agents in non-state scales and presents the state as an object under permanent construction by interest groups in conflict and coordination.Esta investigación examina la relación entre las barreras sanitarias y los intereses nacionales o de grupos específicos en la producción brasileña de naranjas y en la exportación de su jugo al mercado norteamericano. El problema fue abordado primeramente mediante el análisis de la información publicada en los medios de comunicación estadounidenses y brasileños al respecto de la prohibición de la entrada del jugo de naranja brasileño en los Estados Unidos, alegando exceso de residuos del fungicida carbendazim. En un segundo momento, se revisó bibliografía sobre el tema y se entró en contacto con informantes calificados. Se verifica que el productor brasileño de cítricos observa atentamente al mercado externo, depende de una industria oligopolizada para exportar y empleaba ampliamente el carbendazim, que está prohibido en Estados Unidos desde el 2008 por razones de orden económica. En 2012, la presencia del fungicida fue denunciada por productores de naranja de Florida, quienes tienen gran interés en la reducción de la oferta del producto importado a su mercado y forman parte de una red que moviliza argumentos de salud pública, las funciones reguladoras del estado y motivaciones económicas. Como resultado, las normas vigentes en la producción brasileña de naranjas son a menudo establecidas por el lobby de los productores estadounidenses. Este proceso permite ver formas de territorialización promovidas por agentes públicos y privados en las escalas no-estatales y entender el estado como objeto de construcción permanente por la agencia de distintos grupos de interés.application/pdfporBoletim Gaucho de Geografia. Porto Alegre. v. 40, n. 1-2 (2013), p. 34-52CitriculturaAgrotóxicosBarreiras comerciaisTrade barriersScalesNormsFungicideCitrus productionBarreras comercialesEscalasNormasAgroquímicosCitriculturaBarreiras comerciais, agências nacionais de saúde e o uso de agrotóxicos nos cítricos brasileirosTrade barriers, national health agencies and the use of pesticides in the brazilian citrus Barreras comerciales, agencias nacionales de salud y el empleo de agroquímicos en los cítricos brasileños info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/otherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT000891756.pdf.txt000891756.pdf.txtExtracted Texttext/plain55884http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/215502/2/000891756.pdf.txta386b33370a1b251a20fb1cc80f1e7d2MD52ORIGINAL000891756.pdfTexto completoapplication/pdf409977http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/215502/1/000891756.pdf7bb695a1bec04fd86b458ca7d756a05fMD5110183/2155022020-11-29 05:10:35.3508oai:www.lume.ufrgs.br:10183/215502Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2020-11-29T07:10:35Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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