Programação como forma de vida : uma crítica ao representacionalismo na teoria da computação

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Leme, Renato Reis
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/189130
Resumo: Partiremos da hipótese de que a comunicação entre programador e máquina pode ser reduzida a duas grandes categorias: (A) comunicação direta ou (B) comunicação indireta. Diretamente, o programador comunica-se através da linguagem primitiva da máquina (seu conjunto de instrução); indiretamente, através de alguma linguagem de programação. Tradicionalmente, as linguagens de programação são analisadas segundo, de um lado, a sua sintaxe e, de outro, a sua semântica. A tradição semanticista das linguagens de programação sugere a necessidade de que a comunicação entre programador e máquina envolva a troca de alguma espécie de conteúdo semântico, apreensível pela máquina e compreensível pelo usuário. A tradição operacional, por sua vez, argumenta pela suficiência das operações definidas por cada linguagem e adequadamente traduzidas para cada arquitetura particular de computador. A partir da hipótese acima e da recente literatura acerca da comunicação indireta, a presente monografia buscará oferecer uma análise filosófica da computação com base no modelo proposto por Alan Turing em 1936 Como iremos argumentar, a partir da teoria das máquinas de Turing, podemos extrair as seguintes consequências: (i) o fenômeno da computação consiste no processo de manipulação simbólica; (ii) toda computação é efetuada por algum sujeito e (iii) esse sujeito é o computador. O conceito de linguagem de programação será então introduzido como conjunto de instrução e o de compilador como transformador sintático entre instruções de diferentes conjuntos. Como veremos, tais conceitualizações tornarão possível a dissolução do argumento da equivalência de entrada e saída, um dos argumentos com base em que o representacionalismo na computação, na reconstrução a ser oferecida, buscará se sustentar Para tanto, argumentaremos pela existência de um elo conceitual entre o conceito de número do Tractatus e o conceito de número computável de Turing: em ambos, a noção metamatemática de manipulação simbólica é fundamental – no caso de Wittgenstein, é central como o método da matemática; no caso de Turing, central como o método do computador. Ao final, a crítica ao representacionalismo na computação será finalizada com base na perspectiva sugerida por Juliet Floyd em artigo recente: a saber, a partir da perspectiva do uso dos computadores. O conceito wittgensteiniano de forma de vida será então introduzido como um possível catalisador da multiplicidade essencial da computação, resolvendo o problema da ambiguidade proposto por Sprevak e concluindo a crítica.
id UFRGS-2_52567af716a89f7763f29071a30fb436
oai_identifier_str oai:www.lume.ufrgs.br:10183/189130
network_acronym_str UFRGS-2
network_name_str Repositório Institucional da UFRGS
repository_id_str
spelling Leme, Renato ReisFaria, Paulo Francisco EstrellaSecco, Gisele Dalva2019-03-01T02:28:27Z2018http://hdl.handle.net/10183/189130001086268Partiremos da hipótese de que a comunicação entre programador e máquina pode ser reduzida a duas grandes categorias: (A) comunicação direta ou (B) comunicação indireta. Diretamente, o programador comunica-se através da linguagem primitiva da máquina (seu conjunto de instrução); indiretamente, através de alguma linguagem de programação. Tradicionalmente, as linguagens de programação são analisadas segundo, de um lado, a sua sintaxe e, de outro, a sua semântica. A tradição semanticista das linguagens de programação sugere a necessidade de que a comunicação entre programador e máquina envolva a troca de alguma espécie de conteúdo semântico, apreensível pela máquina e compreensível pelo usuário. A tradição operacional, por sua vez, argumenta pela suficiência das operações definidas por cada linguagem e adequadamente traduzidas para cada arquitetura particular de computador. A partir da hipótese acima e da recente literatura acerca da comunicação indireta, a presente monografia buscará oferecer uma análise filosófica da computação com base no modelo proposto por Alan Turing em 1936 Como iremos argumentar, a partir da teoria das máquinas de Turing, podemos extrair as seguintes consequências: (i) o fenômeno da computação consiste no processo de manipulação simbólica; (ii) toda computação é efetuada por algum sujeito e (iii) esse sujeito é o computador. O conceito de linguagem de programação será então introduzido como conjunto de instrução e o de compilador como transformador sintático entre instruções de diferentes conjuntos. Como veremos, tais conceitualizações tornarão possível a dissolução do argumento da equivalência de entrada e saída, um dos argumentos com base em que o representacionalismo na computação, na reconstrução a ser oferecida, buscará se sustentar Para tanto, argumentaremos pela existência de um elo conceitual entre o conceito de número do Tractatus e o conceito de número computável de Turing: em ambos, a noção metamatemática de manipulação simbólica é fundamental – no caso de Wittgenstein, é central como o método da matemática; no caso de Turing, central como o método do computador. Ao final, a crítica ao representacionalismo na computação será finalizada com base na perspectiva sugerida por Juliet Floyd em artigo recente: a saber, a partir da perspectiva do uso dos computadores. O conceito wittgensteiniano de forma de vida será então introduzido como um possível catalisador da multiplicidade essencial da computação, resolvendo o problema da ambiguidade proposto por Sprevak e concluindo a crítica.We will start from the hypothesis that the communication between programmer and machine can be reduced to two broad categories: (A) direct communication or (B) indirect communication. Directly, the programmer communicates through the primitive language of the machine (its instruction set); indirectly, through some programming language. Traditionally, programming languages are analyzed according to, on the one hand, their syntax, on the other hand, their semantics. The semantical tradition of programming languages suggests that the communication between programmer and machine necessarily involves the exchange of some kind of machine-readable semantic content that is both comprehensible to the user and to the machine. The operational tradition, in its turn, argues for the sufficiency of operations defined by each language and appropriately translated for each particular computer architecture. From the above hypothesis and the recent literature about indirect communication, this monograph will seek to offer a philosophical analysis of computation based on the model proposed by Alan Turing in his 1936 As we shall argue, from his theory of machines, we can draw the following consequences: (i) the phenomenon of computation consists in the process of symbolic manipulation; (ii) all computation is performed by some subject and (iii) this subject is the computer. The concept of programming language will then be introduced as instruction set architecture (ISA) and compiler as sintatical transformer between statements from different sets. As we shall see, such conceptualizations will make possible the dissolution of the inputoutput equivalence argument, one of the arguments on the basis that representationalism in theory of computation, in the reconstruction to be offered, will seek to sustain itself. For this, we will argue for the existence of a conceptual link between the concept of Tractatus number and Turing’s concept of computable number: in both, the metamathematical notion of symbolic manipulation is fundamental - in the case ofWittgenstein, is central as the method of mathematics; in the case of Turing, central as the method of the computers In the end, the critique of representationalism in computing will be finished based on the perspective suggested by Juliet Floyd in a recent article: namely, from the perspective of use of computers. The wittgensteinian concept of form of life will then be introduced as a possible catalyst for the essential multiplicity of computation, solving the problem of ambiguity proposed by Sprevak, and concluding the critique.application/pdfporTuring, Alan Mathison, 1912-1954Filosofia da matemáticaFilosofia da menteSemântica formalTeoria da computaçãoTLPWittgensteinPhilosophy of computer sciencePhilosophy of mathematicsLanguageProgrammingTuringTheory of machinesFormal semanticsPhilosophy of mindProgramação como forma de vida : uma crítica ao representacionalismo na teoria da computaçãoComputer programming as form of life : a critique of representationalism in theory of computationinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Filosofia e Ciências HumanasPorto Alegre, BR-RS2018Filosofia: Bachareladograduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001086268.pdf.txt001086268.pdf.txtExtracted Texttext/plain141893http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/189130/2/001086268.pdf.txt6b9effe69bb749a06ee95a84683db041MD52ORIGINAL001086268.pdfTexto completoapplication/pdf796570http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/189130/1/001086268.pdf790b97d245ba957f09319d1858eabfdeMD5110183/1891302022-08-06 04:55:40.728176oai:www.lume.ufrgs.br:10183/189130Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2022-08-06T07:55:40Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Programação como forma de vida : uma crítica ao representacionalismo na teoria da computação
dc.title.alternative.en.fl_str_mv Computer programming as form of life : a critique of representationalism in theory of computation
title Programação como forma de vida : uma crítica ao representacionalismo na teoria da computação
spellingShingle Programação como forma de vida : uma crítica ao representacionalismo na teoria da computação
Leme, Renato Reis
Turing, Alan Mathison, 1912-1954
Filosofia da matemática
Filosofia da mente
Semântica formal
Teoria da computação
TLP
Wittgenstein
Philosophy of computer science
Philosophy of mathematics
Language
Programming
Turing
Theory of machines
Formal semantics
Philosophy of mind
title_short Programação como forma de vida : uma crítica ao representacionalismo na teoria da computação
title_full Programação como forma de vida : uma crítica ao representacionalismo na teoria da computação
title_fullStr Programação como forma de vida : uma crítica ao representacionalismo na teoria da computação
title_full_unstemmed Programação como forma de vida : uma crítica ao representacionalismo na teoria da computação
title_sort Programação como forma de vida : uma crítica ao representacionalismo na teoria da computação
author Leme, Renato Reis
author_facet Leme, Renato Reis
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Leme, Renato Reis
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Faria, Paulo Francisco Estrella
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv Secco, Gisele Dalva
contributor_str_mv Faria, Paulo Francisco Estrella
Secco, Gisele Dalva
dc.subject.por.fl_str_mv Turing, Alan Mathison, 1912-1954
Filosofia da matemática
Filosofia da mente
Semântica formal
Teoria da computação
topic Turing, Alan Mathison, 1912-1954
Filosofia da matemática
Filosofia da mente
Semântica formal
Teoria da computação
TLP
Wittgenstein
Philosophy of computer science
Philosophy of mathematics
Language
Programming
Turing
Theory of machines
Formal semantics
Philosophy of mind
dc.subject.eng.fl_str_mv TLP
Wittgenstein
Philosophy of computer science
Philosophy of mathematics
Language
Programming
Turing
Theory of machines
Formal semantics
Philosophy of mind
description Partiremos da hipótese de que a comunicação entre programador e máquina pode ser reduzida a duas grandes categorias: (A) comunicação direta ou (B) comunicação indireta. Diretamente, o programador comunica-se através da linguagem primitiva da máquina (seu conjunto de instrução); indiretamente, através de alguma linguagem de programação. Tradicionalmente, as linguagens de programação são analisadas segundo, de um lado, a sua sintaxe e, de outro, a sua semântica. A tradição semanticista das linguagens de programação sugere a necessidade de que a comunicação entre programador e máquina envolva a troca de alguma espécie de conteúdo semântico, apreensível pela máquina e compreensível pelo usuário. A tradição operacional, por sua vez, argumenta pela suficiência das operações definidas por cada linguagem e adequadamente traduzidas para cada arquitetura particular de computador. A partir da hipótese acima e da recente literatura acerca da comunicação indireta, a presente monografia buscará oferecer uma análise filosófica da computação com base no modelo proposto por Alan Turing em 1936 Como iremos argumentar, a partir da teoria das máquinas de Turing, podemos extrair as seguintes consequências: (i) o fenômeno da computação consiste no processo de manipulação simbólica; (ii) toda computação é efetuada por algum sujeito e (iii) esse sujeito é o computador. O conceito de linguagem de programação será então introduzido como conjunto de instrução e o de compilador como transformador sintático entre instruções de diferentes conjuntos. Como veremos, tais conceitualizações tornarão possível a dissolução do argumento da equivalência de entrada e saída, um dos argumentos com base em que o representacionalismo na computação, na reconstrução a ser oferecida, buscará se sustentar Para tanto, argumentaremos pela existência de um elo conceitual entre o conceito de número do Tractatus e o conceito de número computável de Turing: em ambos, a noção metamatemática de manipulação simbólica é fundamental – no caso de Wittgenstein, é central como o método da matemática; no caso de Turing, central como o método do computador. Ao final, a crítica ao representacionalismo na computação será finalizada com base na perspectiva sugerida por Juliet Floyd em artigo recente: a saber, a partir da perspectiva do uso dos computadores. O conceito wittgensteiniano de forma de vida será então introduzido como um possível catalisador da multiplicidade essencial da computação, resolvendo o problema da ambiguidade proposto por Sprevak e concluindo a crítica.
publishDate 2018
dc.date.issued.fl_str_mv 2018
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-03-01T02:28:27Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/bachelorThesis
format bachelorThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10183/189130
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv 001086268
url http://hdl.handle.net/10183/189130
identifier_str_mv 001086268
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFRGS
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron:UFRGS
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron_str UFRGS
institution UFRGS
reponame_str Repositório Institucional da UFRGS
collection Repositório Institucional da UFRGS
bitstream.url.fl_str_mv http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/189130/2/001086268.pdf.txt
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/189130/1/001086268.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv 6b9effe69bb749a06ee95a84683db041
790b97d245ba957f09319d1858eabfde
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1792790029834125312