Relação entre morfologia verbal e distribuição de sujeitos nulos e expressos em textos dissertativo argumentativos
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/217627 |
Resumo: | O presente estudo pretende descrever e analisar as ocorrências de sujeito nulo e expresso em textos dissertativo-argumentativos de estudantes de cursos preparatórios para o vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Partimos do pressuposto de que a posição de sujeito no português brasileiro (PB) vem sendo cada vez mais preenchida, devido à neutralização entre as formas verbais. Investigamos a hipótese de Duarte (1993), que postula que sujeitos nulos serão altamente licenciados quando o verbo possuir informação flexional suficiente para a recuperação do referente. Considerando-se as mudanças ocorridas no quadro pronominal do PB e a redução de opção desinenciais para a forma verbal, analisamos se a possibilidade de apagamento do sujeito nas sentenças está ligada ou não a ocorrências de verbo com morfologia rica, isto é, se o uso do sujeito nulo está relacionado à capacidade do verbo de transmitir informações exclusivas de pessoa, tempo e número. Para testar essa hipótese, elaboramos um corpus composto por 619 verbos retirados de textos dissertativo-argumentativos produzidos por alunos de cursos prévestibular do Rio Grande do Sul. Os alunos possuem entre 18 e 25 anos e Ensino Médio em finalização ou recém-completo, e suas produções possuem caráter avaliativo e têm a intenção de atingir os objetivos específicos das provas de redação do ENEM e da UFRGS. Os verbos estão divididos em dois grandes grupos: i) 304 verbos foram retirados de produções específicas para o ENEM; ii) 315 verbos foram retirados de produções específicas para o concurso vestibular da UFRGS. Apesar de ambas as provas possuírem a mesma tipologia textual, cada uma conta com a sua especificidade para a composição do texto. Segundo nossas análises, os textos do modelo UFRGS apresentam um número maior de verbos de morfologia rica, devido ao seu caráter temático mais subjetivo, enquanto os textos do modelo ENEM apresentam um número menor, mas ainda relevante, de ocorrências desse tipo de verbo, devido ao seu caráter temático mais objetivo. Constatamos que quase a totalidade (96,4%) dos verbos analisados de morfologia rica são acompanhados por sujeito nulo, demonstrando uma clara relação entre esses elementos, confirmando, portanto, a hipótese de Duarte (1993). Também foi possível perceber que há um número considerável de verbos de morfologia pobre que também possuem sujeito nulo – situação que se explica pelo apontamento externo ao sujeito, a partir da conexão discursiva ótima, com a manutenção de função sintática e de aspectos verbais, o que assegura a referência correta, evitando, assim, a ambiguidade (OTHERO; AYRES; LAZZARI, 2018). Mesmo assim, nos verbos de morfologia pobre, é perceptível a clara preferência pelo sujeito expresso, justamente demonstrando a dificuldade no apontamento à referência de sujeito sem a marca desinencial bem definida. A partir da análise empreendida, confirmamos a hipótese de Duarte (1993) em textos escritos formais no português brasileiro. |
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Macedo, Luiz Filipe Oliveira deOthero, Gabriel de Ávila2021-01-30T04:18:02Z2020http://hdl.handle.net/10183/217627001121854O presente estudo pretende descrever e analisar as ocorrências de sujeito nulo e expresso em textos dissertativo-argumentativos de estudantes de cursos preparatórios para o vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Partimos do pressuposto de que a posição de sujeito no português brasileiro (PB) vem sendo cada vez mais preenchida, devido à neutralização entre as formas verbais. Investigamos a hipótese de Duarte (1993), que postula que sujeitos nulos serão altamente licenciados quando o verbo possuir informação flexional suficiente para a recuperação do referente. Considerando-se as mudanças ocorridas no quadro pronominal do PB e a redução de opção desinenciais para a forma verbal, analisamos se a possibilidade de apagamento do sujeito nas sentenças está ligada ou não a ocorrências de verbo com morfologia rica, isto é, se o uso do sujeito nulo está relacionado à capacidade do verbo de transmitir informações exclusivas de pessoa, tempo e número. Para testar essa hipótese, elaboramos um corpus composto por 619 verbos retirados de textos dissertativo-argumentativos produzidos por alunos de cursos prévestibular do Rio Grande do Sul. Os alunos possuem entre 18 e 25 anos e Ensino Médio em finalização ou recém-completo, e suas produções possuem caráter avaliativo e têm a intenção de atingir os objetivos específicos das provas de redação do ENEM e da UFRGS. Os verbos estão divididos em dois grandes grupos: i) 304 verbos foram retirados de produções específicas para o ENEM; ii) 315 verbos foram retirados de produções específicas para o concurso vestibular da UFRGS. Apesar de ambas as provas possuírem a mesma tipologia textual, cada uma conta com a sua especificidade para a composição do texto. Segundo nossas análises, os textos do modelo UFRGS apresentam um número maior de verbos de morfologia rica, devido ao seu caráter temático mais subjetivo, enquanto os textos do modelo ENEM apresentam um número menor, mas ainda relevante, de ocorrências desse tipo de verbo, devido ao seu caráter temático mais objetivo. Constatamos que quase a totalidade (96,4%) dos verbos analisados de morfologia rica são acompanhados por sujeito nulo, demonstrando uma clara relação entre esses elementos, confirmando, portanto, a hipótese de Duarte (1993). Também foi possível perceber que há um número considerável de verbos de morfologia pobre que também possuem sujeito nulo – situação que se explica pelo apontamento externo ao sujeito, a partir da conexão discursiva ótima, com a manutenção de função sintática e de aspectos verbais, o que assegura a referência correta, evitando, assim, a ambiguidade (OTHERO; AYRES; LAZZARI, 2018). Mesmo assim, nos verbos de morfologia pobre, é perceptível a clara preferência pelo sujeito expresso, justamente demonstrando a dificuldade no apontamento à referência de sujeito sem a marca desinencial bem definida. A partir da análise empreendida, confirmamos a hipótese de Duarte (1993) em textos escritos formais no português brasileiro.The present study intends to describe and analyze the occurrences of null and overt subject in dissertative-argumentative texts of students of preparatory courses for the entrance exam of the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS) and for the National Exam of Secondary Education (ENEM). We start from the assumption that the subject position has been increasingly filled in Brazilian Portuguese (BP), due to the neutralization among verbal forms. We investigate the hypothesis of Duarte (1993), who postulates that null subjects will be highly licensed when the verb has enough inflectional information to recover the referent. Considering the changes that occurred in the BP pronominal framework and the reduction of the inflectional morphemes for the verbal form, we analyze whether the possibility of deleting the subject is linked or not to occurrences of verb with rich morphology, that is, if the use of the null subject is related to the capacity of the verb to transmit exclusive information of tense, person and number. To test this hypothesis, we created a corpus of 619 verbs taken from dissertativeargumentative texts produced by students from preparatory courses in Rio Grande do Sul. Students are between 18 and 25 years old and have finished or just completed high school and their productions have an evaluative character and are intended to achieve the specific objectives of the ENEM and UFRGS texts. The verbs are divided into two groups: i) 304 verbs were taken from specific productions for ENEM; ii) 315 verbs were taken from specific productions for the UFRGS entrance exam. Despite both exams have the same textual typology, each one has some specificities for the composition of the text. According to our analysis, the UFRGS model texts have a larger number of verbs with rich morphology, due to their more subjective themes, while the texts in the ENEM model have a smaller, but still relevant, number of occurrences of this type of verb, due to its more objective themes. We found that almost all verbs with rich morphology (96,4%) are accompanied by a null subject, demonstrating a clear relation between these elements, thus confirming the hypothesis of Duarte (1993). It was also possible to notice that there is a considerable number of verbs of poor morphology that also have a null subject – a situation that is explained by the external reference to the subject, from the optimal discursive connection, with the maintenance of syntactic function and verbal aspects, which ensures the correct reference, thus avoiding ambiguity (OTHERO; AYRES; LAZZARI, 2018). Even so, in verbs of poor morphology, the clear preference for the overt subject is noticeable, precisely demonstrating the difficulty in indicating to the subject reference without the well-defined inflectional mark. Based on the analysis undertaken, we confirm the hypothesis of Duarte (1993) in formal written texts in Brazilian Portuguese.application/pdfporSujeito : Lingua portuguesaSujeito nuloMorfologiaLíngua portuguesaLíngua escritanull subjectovert subjectrich morphologyBrazilian PortugueseRelação entre morfologia verbal e distribuição de sujeitos nulos e expressos em textos dissertativo argumentativosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto dePorto Alegre, BR-RS2020Letras: Português e Literatura Portuguesa: Licenciaturagraduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001121854.pdf.txt001121854.pdf.txtExtracted Texttext/plain102173http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/217627/2/001121854.pdf.txt3184a535ba57de525290056fc08b3e25MD52ORIGINAL001121854.pdfTexto completoapplication/pdf1455806http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/217627/1/001121854.pdfc4e709c2b4e55513e30f53f52c5fa0adMD5110183/2176272023-02-17 04:21:17.795178oai:www.lume.ufrgs.br:10183/217627Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2023-02-17T06:21:17Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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