O voto jovem optativo nas eleições de 2022 e os sintomas da socialização política no Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Antonello, Isabella Braz
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/267409
Resumo: Este trabalho de conclusão de curso propõe um estudo do voto jovem optativo nas eleições gerais de 2022, por meio de uma análise focada na cultura e na socialização política. O problema central da pesquisa é: quais as motivações para o voto jovem optativo nas eleições gerais de 2022? O estudo justifica-se na medida em que as pesquisas na Ciência Política demonstram uma apatia generalizada dos jovens em relação às instituições políticas democráticas brasileiras, que as consideram ineficientes e desconhecem suas próprias funcionalidades; e que a regra da obrigatoriedade ainda é fator importante para o comparecimento dos cidadãos para a participação mínima no regime democrático, o voto. Portanto, o estudo sobre as motivações de jovens que optaram, espontaneamente, por exercerem o voto optativo nas eleições gerais de 2022, onde a disputa foi marcada pela polarização ideológica, disseminação de fake news e ataques às instituições democráticas e ao sistema eleitoral, pode fornecer elementos importantes para entender como está se dando a socialização política dos jovens e quais fatores estimulam a participação política destes. Para realizar o estudo e responder o problema apresentado, adotou-se uma metodologia quantitativa, a partir do método de pesquisa tipo survey. Aplicou-se um questionário estruturado nos alunos de 16 e 17 anos de duas escolas no município de Santana do Livramento (RS), sendo uma da rede pública estadual e outra da rede federal de ensino. Os dados foram analisados a partir de um estudo comparativo. A pesquisa indicou que a internet atuou como fator indutivo ao voto jovem devido ao acirramento da corrida eleitoral nas redes sociais, à polarização política e a adoção da pauta eleitoral por influenciadores e celebridades; indicou, também, que a principal agência socializadora ainda é a família, porém, quando a escola favorece a discussão política ela pode atuar em maior grau na socialização política dos jovens e estimular uma socialização política horizontal, na medida em que os jovens dialogam sobre política com professores e colegas. A pesquisa indicou que quando a escola não estimula a conversa sobre política, os jovens apresentam menor conhecimento funcional das instituições e tendem a buscar informações em outros meios, sendo mais influenciados pela internet. Todavia, a maior participação dos jovens, por influência da internet, não demonstra uma socialização política com promoção de valores favoráveis à emergência de uma cultura política democrática, demonstrando que as novas gerações acompanham mesmos padrões comportamentais das gerações anteriores, de baixa satisfação com o regime e desconfiança nas instituições políticas, com fortes traços de autoritarismo e intolerância, retroalimentando a cultura política híbrida e uma democracia inercial. A escola é entendida como meio capaz de modificar este cenário, e possibilitar aos jovens uma educação digna, que os eduque para a democracia e para a cidadania ativa, por meio do reconhecimento de seus direitos básicos, do empoderamento para superar suas dificuldades, para contestar e participar politicamente em defesa de seus ideais.
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Portanto, o estudo sobre as motivações de jovens que optaram, espontaneamente, por exercerem o voto optativo nas eleições gerais de 2022, onde a disputa foi marcada pela polarização ideológica, disseminação de fake news e ataques às instituições democráticas e ao sistema eleitoral, pode fornecer elementos importantes para entender como está se dando a socialização política dos jovens e quais fatores estimulam a participação política destes. Para realizar o estudo e responder o problema apresentado, adotou-se uma metodologia quantitativa, a partir do método de pesquisa tipo survey. Aplicou-se um questionário estruturado nos alunos de 16 e 17 anos de duas escolas no município de Santana do Livramento (RS), sendo uma da rede pública estadual e outra da rede federal de ensino. Os dados foram analisados a partir de um estudo comparativo. A pesquisa indicou que a internet atuou como fator indutivo ao voto jovem devido ao acirramento da corrida eleitoral nas redes sociais, à polarização política e a adoção da pauta eleitoral por influenciadores e celebridades; indicou, também, que a principal agência socializadora ainda é a família, porém, quando a escola favorece a discussão política ela pode atuar em maior grau na socialização política dos jovens e estimular uma socialização política horizontal, na medida em que os jovens dialogam sobre política com professores e colegas. A pesquisa indicou que quando a escola não estimula a conversa sobre política, os jovens apresentam menor conhecimento funcional das instituições e tendem a buscar informações em outros meios, sendo mais influenciados pela internet. Todavia, a maior participação dos jovens, por influência da internet, não demonstra uma socialização política com promoção de valores favoráveis à emergência de uma cultura política democrática, demonstrando que as novas gerações acompanham mesmos padrões comportamentais das gerações anteriores, de baixa satisfação com o regime e desconfiança nas instituições políticas, com fortes traços de autoritarismo e intolerância, retroalimentando a cultura política híbrida e uma democracia inercial. A escola é entendida como meio capaz de modificar este cenário, e possibilitar aos jovens uma educação digna, que os eduque para a democracia e para a cidadania ativa, por meio do reconhecimento de seus direitos básicos, do empoderamento para superar suas dificuldades, para contestar e participar politicamente em defesa de seus ideais.This undergraduate final work proposes a study about the optional youth vote in the 2022 election process, through an analysis focused on political culture and political socialization. The central research problem is: which were the motivations for the young optative vote in the 2022 election process? The study justifies to the extent that the researches in Political Science demonstrate a generalized apathy about the democratic political institutions from the youth, for consider them inefficient and barely know their functionalities; and the obliged rule still means an important factor for citizens to participate in the minimum form of democracy, voting. Therefore, the study about the motivations of youths who spontaneously opted to exercise the optional vote in the 2022 elections, where the dispute was marked by ideological polarization, false news dissemination and attacks on democratic institutions and the electoral system, can provide important elements for understand the political socialization of youths, and witch factors stimulated their political participation. To realize the study and answer the research problem, a quantitative methodology was adopted, through the research method survey type. A structured quiz was applied to students with 16 and 17 years in two schools in the city of Santana do Livramento (RS), one from the state government education and other from the federal education. The data were analyzed from a comparative study. The research indicated that the internet was an inductive factor for the youth vote, because of the intensification of the electoral race on social medias, and the adoption of the agenda by celebrities and influencers; also demonstrate that the main socializing agency is still the family, although when the school act in favor of political discussion it can result in a higher level of political socialization, and also support an horizontal political socialization, as far as the youth discusses political subjects with their teachers and classmates. The research also indicates that when the school doesn’t stimulate political discussion, the youth show less functional knowledge of institutions, tending to seek information in other media, and being more influenced by the internet. Still, the highest youth participation, influenced by the internet, doesn’t show an political socialization among favorable values to the emergency of a democratic political culture, which shows that the new generations increase the same behaviors of the past generations, of low satisfaction of the system and distrust of the democracy institutions, with high traits of authoritarianism and intolerance, reinforcing a hybrid political culture and a inertial democracy. The school is understood as capable of modifying this scenario and provides dignified education, which teaches them for democracy and active citizenship, through the recognition of their basic rights, and the empowerment to beat their difficulties, to contest and exercise political participation in defense of their ideals.application/pdfporVargas, Getúlio, 1882-1954Voto facultativoJovensSocialização políticaCultura políticaDemocraciaOptative voteYouthPolitical socializationPolitical cultureDemocracyO voto jovem optativo nas eleições de 2022 e os sintomas da socialização política no Brasilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Filosofia e Ciências HumanasPorto Alegre, BR-RS2023Ciências Sociais: Licenciaturagraduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001188028.pdf.txt001188028.pdf.txtExtracted Texttext/plain161908http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/267409/2/001188028.pdf.txt6f5d460dc51168de77bf144448a12929MD52ORIGINAL001188028.pdfTexto completoapplication/pdf1074416http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/267409/1/001188028.pdfaa463c4928ad05be7e4e8f7551d79ab7MD5110183/2674092023-11-22 04:30:50.347473oai:www.lume.ufrgs.br:10183/267409Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2023-11-22T06:30:50Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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