O uso do projeto terapêutico singular como ferramenta pedagógica

• Autor(a) principal: Rekowsky, Lucimar Aparecida
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/238737
• topic: Educação em saúde; Equipe de assistência ao paciente; Atenção à saúde; Health education; Patient care team; Health care (public health)

O curso de Odontologia da UFRGS visa fornecer aos seus estudantes uma formação ampla, generalista, humanística, crítica e reflexiva. Em função disto, o curso é composto por Estágios Curriculares Supervisionados (ECS) com 960 horas divididas entre atividades em unidades de saúde na rede de Atenção Primária, Centros de Especialidades Odontológicas, Pronto Atendimentos, hospitais, e na gestão pública em saúde na região metropolitana de Porto Alegre. Durante os ECS, o estudante desenvolve atividades em tutorias, visando a consolidação de conceitos trabalhados em encontros teóricos e estimulando a construção de processos de cuidado na clínica a partir das experiências cotidianas do estágio. Em encontros presenciais, os estudantes são orientados a desenvolver um Projeto Terapêutico Singular (PTS) a partir de casos clínicos de usuários vivenciados em um dos campos de estágio. O PTS é uma ferramenta de gestão para o cuidado que parte da construção de possibilidades para cada pessoa em suas situações singulares de saúde, discutindo com o usuário um itinerário terapêutico pela rede de atenção em saúde (RAS). O PTS busca construir com o paciente uma nova relação com sua vida e seu adoecimento, oportunizando espaços para que o paciente exerça sua autonomia. Este estudo analisou os PTS desenvolvidos pelos estudantes do ECS II, do curso de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, realizados em Centros de Especialidades Odontológicas, hospitais e em unidades de pronto atendimento entre os anos de 2015 e 2018. Os objetivos deste estudo foram: a) descrever e categorizar os PTS de acordo com a especialidade odontológica; b) identificar as potencialidades do PTS como ferramenta pedagógica para desenvolver habilidades e competências nos estudantes c) identificar fragilidades e desafios na construção dos PTS enquanto proposta de formação em serviço para ampliação da clínica. Como percurso metodológico de abordagem quantitativa e qualitativa, foram utilizados os documentos produzidos (os PTS) pelos estudantes no ECS II entre os anos de 2015 e 2018. Os documentos foram obtidos através dos arquivos virtuais do ECS acomodados na plataforma Moodle/UFRGS. Após a coleta dos dados foi realizada a análise textual do discurso. Durante este estudo foram analisados 135 PTS. Após a análise podemos perceber alguns pontos positivos que facilitaram o desenvolvimento do PTS como o cuidado centrado no paciente, a capacidade/sensibilidade de perceber outras necessidades dos pacientes e a busca por tratamentos alternativos conforme as limitações apresentadas pelo paciente. No entanto, também observamos pontos que dificultaram a elaboração dos PTS como a dificuldade de comunicação com a atenção básica, a falta de vínculo do paciente com a unidade básica de saúde, a falta de confiança dos pais nos profissionais de saúde, a falta de responsabilização dos profissionais pelo caso, o absenteísmo do paciente às consultas e os inúmeros encaminhamentos. A formação em odontologia ainda é bastante centrada na aplicação, domínio e uso das e uso das técnicas e um espaço de falas e escutas para que o paciente manifeste seu desejo e participe da construção do seu percurso terapêutico ainda encontra resistências. O PTS por ser algo novo no processo de formação pode inicialmente ser difícil de ser desenvolvido e por mais que os alunos busquem desenvolver um projeto centrado no paciente um modelo prescritivo ainda mostra-se muito forte. O projeto terapêutico singular mostra-se como uma importante ferramenta pedagógica a medida que estimula os estudantes a compreenderem o espaço do paciente, bem como, seus desejos e necessidades na construção do seu percurso terapêutico e os estudantes são desafiados a trazer o paciente para o centro do cuidado. Além disso,o PTS tem grande potencial em produzir olhares e abordagens multi e interprofissionais na interação e comunicação dos conteúdos na abordagem dos pacientes