“Estou pronta aqui, pode chamar!” : um ensaio etnográfico sobre a incorporação de disposições para o/no trabalho online de um professor de educação física

• Autor(a) principal: Lazzari, André
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/248747
• topic: Treinamento personalizado; Professor; Teletrabalho; Online work; Teacher; Personal training

Este trabalho tem por objetivo compreender como determinadas disposições “são” incorporadas para o/no trabalho online de um professor de Educação Física, no contexto de um programa de treinamento personalizado. Não é recente a utilização de mídias e tecnologias digitais para a prática de exercícios físicos, assim como se observa um crescimento tido como irreversível no uso desses dispositivos para a atuação profissional no referido campo. A intenção de desenvolver esse estudo se materializou pela minha imersão no processo de socialização profissional online motivada pelos desafios cotidianos de enfrentamento à Pandemia do Covid-19. Foram realizadas 40 observações etnográficas de sessões de treinamento realizadas através dos modos online síncrono e assíncrono, a partir do contato direto com os interlocutores desse estudo para a produção dos dados empíricos. Num primeiro momento, o trabalho online se desenvolveu pela mobilização do modo assíncrono, sustentando minha interação com os alunos e as alunas pela troca de mensagens via WhatsApp e, num segundo momento, o formato de aula síncrono passou a figurar enquanto atividade profissional, sendo que, neste caso, as instruções, os feedbacks, as conversas, os diálogos com os alunos(as), o desenvolvimento das aulas propriamente dito, passaram a ser “ao vivo”, em tempo real. Para entender o contexto desse processo de socialização profissional online, a noção de disposições de Bernard Lahire, nesta pesquisa, foi importante, em que a incorporação de distintos esquemas para o agir, modos apreciativos, de fazer e de sentir, me fez compreender que havia engendrado um modo de ser videomaker. Incorporei maneiras de olhar e de sentir nesse contexto de socialização online, imerso em tecnologias digitais para produzir minhas aulas, utilizando aplicativos que até então eram incomuns nas minhas dinâmicas de trabalho alinhadas à forma presencial. Neste ínterim, noções como policiamento personalizado online, um processo interativo constante com os alunos(as) (produção de vídeo, envio de instruções escritas, gravadas, visuais, áudio visuais) constituíram disposições “novas” a serem incorporadas inerentes ao trabalho online; assim como questões como dinamicidade e fluidez (travamento do vídeo), posicionamento dos dispositivos (câmeras) e a valorização em termos de oferecimento de dicas, feedbacks, instrução e correções diante da câmera permearam a atuação profissional no cenário do treinamento personalizado.