Influência de reservas extrativistas no tamanho de peixes capturados na pesca artesanal nos Rios Tapajós e Negro, Amazônia brasileira

• Autor(a) principal: Silva, Luís Henrique Tomazoni da
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/245840
• topic: Sustentabilidade; Pesca artesanal; Áreas Protegidas; História de vida; Tapajós, Rio (AM e PA); Negro, Rio (AM); Sustainability; Fishing Pressure; Participatory monitoring; Protected areas; Life stories

A pesca artesanal é uma importante atividade econômica, cultural e socioambiental. Ela pode ocorrer em áreas de proteção ambiental, as quais poderiam facilitar a obtenção dos recursos pesqueiros. Neste trabalho iremos analisar a potencial influência das reservas extrativistas (RESEX) na média e na distribuição do tamanho de peixes capturados na pesca artesanal em dois rios da Amazônia Brasileira. Nossa hipótese é de que o tamanho dos peixes capturados seja maior dentro das RESEX do que fora dessas áreas devido a trabalhos anteriores que observaram esse padrão. Os dados foram coletados através de monitoramento participativo da pesca com base em fichas de desembarque pesqueiro, as quais forneceram dados de identificação através de nome popular do peixe e o tamanho dos peixes capturados. Foram analisados 2813 desembarques em 16 comunidades do rio Negro/AM e rio Tapajós/PA. Os desembarques foram realizados em 8 comunidades de pescadores em cada rio, sendo que metade dessas comunidades (quatro comunidades em cada rio) estão presentes dentro de RESEXs: a RESEX Tapajos Arapiuns no rio Tapajós e a RESEX do Unini no rio Negro. Para este trabalho, foram analisadas 14 espécies (ou 141 grupos de espécies) de peixes (6 no rio Negro e 12 no rio Tapajós), selecionados devido ao número de indivíduos registrados e à sua importância para a pesca artesanal na região amazônica. Os resultados indicaram diferentes tendências para os dois rios. No rio Negro, o aracu (Anostomidae), o jaraqui (Semaprochilodus spp.), o pacu (Myleus spp., Myloplus spp.) e a traíra (Hoplias malabaricus) apresentaram tamanhos maiores dentro da RESEX Unini do que fora dela. Já no rio Tapajós, apenas a Pescada (Plagioscion squamosissimus) apresentou tamanhos maiores fora da RESEX e as demais espécies não diferiram no tamanho dentro e fora da RESEX. Uma possível explicação para os padrões encontrados pode ser a motivação comercial da pesca e a intensidade de fiscalização nas RESEX. Outro motivo seria, neste caso para o rio Tapajós, a pressão pesqueira através de barcos geleiros da pesca comercial. Quando comparamos o tamanho do pescado com dados da literatura sobre a primeira maturação e o tamanho máximo de cada espécie, observamos que a pesca nos dois rios parece ser sustentável, visto que foram pescados poucos peixes menores do que o primeiro tamanho de reprodução e maiores do que o tamanho máximo da espécie. Através desse estudo pudemos observar e entender como a pesca e as RESEX estão relacionadas, demonstrando a importância dessas áreas protegidas para a pesca e sua sustentabilidade.