“Mulher possível”: olhares sobre a transgeneridade nas tiras de Muriel/Hugo, de Laerte Coutinho
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/190044 |
Resumo: | A pesquisa tem por objetivo investigar como a cartunista Laerte Coutinho construiu a transgeneridade nas tiras da personagem Muriel, anteriormente, Hugo. A partir dos discursos visual e verbal presentes nos quadrinhos produzidos, busca-se entender as performatividades (BUTLER, 2017) acionadas pela personagem, bem como compreender suas noções de construção de identidade transgênero com base nos discursos e dispositivos de controle que regem nossas concepções culturais e sociais de gênero (FOUCAULT, 2017). Para tal, investigou-se a estrutura cisheteronormativa fundada no imperativo do masculino como Ser universal, que cria bases para a ideia de indivíduos dominadores (os do gênero masculino) e dominados (os do gênero feminino). Sua criação por meio dos “lugares monossexuados” (WELZER-LANG, 2001) ajuda a justificar violências cotidianas ao “outro sexo” (BEAUVOIR, 2016) e a todos os que se assemelham à ideia de feminino. O resultado dessa forma de opressão é a rejeição de pessoas que desviam dos padrões binários de gênero e se expressam de forma ‘ilegítima’, levando-os a um não-lugar que os torna invisíveis socialmente e evidenciando uma falsa liberdade. Por meio de uma articulação entre os estudos de gênero, as teorias queer, o discurso da personagem e os elementos que compõe a narrativa gráfica e seus planos de significado (GROENSTEEN, 2015), foi possível analisar as críticas que Laerte veicula através das tiras de Muriel. Entendeu-se, por fim, que o corpo da personagem assume diversas formas de expressão ao longo de sua existência (como homem cisgênero heterossexual, como mulher transgênero bissexual e como “mulher possível”, incluindo seu processo de experimentação como crossdresser). As tentativas de compreensão de Muriel sobre sua própria identidade se traduzem em inseguranças e reflexões trazidas para as tiras, revelando que, mesmo na resistência às normas, ainda ocorrem os tensionamentos sobre sua existência ser considerada ilegítima pelos dispositivos de controle e poder. As tiras expressam a transgeneridade e a luta contra as regras que insistem em oprimir o diferente. |
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Judes, Thuanny CostaRosário, Nísia Martins doMachado, Ricardo de Jesus2019-04-05T04:13:59Z2018http://hdl.handle.net/10183/190044001089663A pesquisa tem por objetivo investigar como a cartunista Laerte Coutinho construiu a transgeneridade nas tiras da personagem Muriel, anteriormente, Hugo. A partir dos discursos visual e verbal presentes nos quadrinhos produzidos, busca-se entender as performatividades (BUTLER, 2017) acionadas pela personagem, bem como compreender suas noções de construção de identidade transgênero com base nos discursos e dispositivos de controle que regem nossas concepções culturais e sociais de gênero (FOUCAULT, 2017). Para tal, investigou-se a estrutura cisheteronormativa fundada no imperativo do masculino como Ser universal, que cria bases para a ideia de indivíduos dominadores (os do gênero masculino) e dominados (os do gênero feminino). Sua criação por meio dos “lugares monossexuados” (WELZER-LANG, 2001) ajuda a justificar violências cotidianas ao “outro sexo” (BEAUVOIR, 2016) e a todos os que se assemelham à ideia de feminino. O resultado dessa forma de opressão é a rejeição de pessoas que desviam dos padrões binários de gênero e se expressam de forma ‘ilegítima’, levando-os a um não-lugar que os torna invisíveis socialmente e evidenciando uma falsa liberdade. Por meio de uma articulação entre os estudos de gênero, as teorias queer, o discurso da personagem e os elementos que compõe a narrativa gráfica e seus planos de significado (GROENSTEEN, 2015), foi possível analisar as críticas que Laerte veicula através das tiras de Muriel. Entendeu-se, por fim, que o corpo da personagem assume diversas formas de expressão ao longo de sua existência (como homem cisgênero heterossexual, como mulher transgênero bissexual e como “mulher possível”, incluindo seu processo de experimentação como crossdresser). As tentativas de compreensão de Muriel sobre sua própria identidade se traduzem em inseguranças e reflexões trazidas para as tiras, revelando que, mesmo na resistência às normas, ainda ocorrem os tensionamentos sobre sua existência ser considerada ilegítima pelos dispositivos de controle e poder. As tiras expressam a transgeneridade e a luta contra as regras que insistem em oprimir o diferente.The objective of this research is to investigate how the cartoonist Laerte Coutinho constructed transgenerality in the comic strips featuring the character Muriel, previously named Hugo. From verbal and visual discourses present in the comics, we seek to comprehend the performativities (BUTLER, 2017) engaged by the character, as well as understanding her notions of transgender identity construction based on discourses and devices of control that govern our cultural and social conceptions of gender (FOUCAULT, 2017). To do so, we investigated the cisheteronormative structure grounded on the imperative of the male as universal Being, which creates bases for the idea of dominant (those of male gender) and dominated (those of female gender) individuals. It’s creation by means of “monossexualized places” (WELZER-LANG, 2001) helps justifying ordinary violences towards the “other sex” (BEAUVOIR, 2016) and all others resembling the idea of feminine. The outcome of this form of oppression is the rejection of individuals who deviate from binary gender patterns and express themselves in ‘illegitimate’ ways, leading them towards a non-place that makes them socially invisible and highlighting a false freedom. By means of articulation between gender studies, queer theories, the character’s discourse, and elements that compose the graphic narrative and it’s planes of meaning (GROENSTEEN, 2015), it was possible to analyze the critics made by Laerte through the comic strips featuring Muriel. It is understood, at last, that the character’s body takes many forms of expression over her existence (as cisgender heterossexual male, transgender bissexual female, and as a “possible woman”, including her process of experimentation as a crossdresser). Muriel’s attempts to understand her own identity are translated into insecurities and reflections brought into the comics, revealing that even while resisting norms, there are still tensionings regarding her existence being considered illegitimate by the devices of control and power. The comic strips express transgenerity and the struggle against the rules that insist on oppressing those who are different.application/pdfporEstudos de gêneroHistória em quadrinhosGenderComicQueerLaerteSexuality“Mulher possível”: olhares sobre a transgeneridade nas tiras de Muriel/Hugo, de Laerte Coutinhoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Biblioteconomia e ComunicaçãoPorto Alegre, BR-RS2018Comunicação Social: Habilitação em Jornalismograduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001089663.pdf.txt001089663.pdf.txtExtracted Texttext/plain215829http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/190044/2/001089663.pdf.txta70b4c6d6fa4abf7270bfa00a147591dMD52ORIGINAL001089663.pdfTexto completoapplication/pdf2865055http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/190044/1/001089663.pdff8b3a11084bee7a2577bd6c0c81d7d59MD5110183/1900442019-04-06 04:34:21.439742oai:www.lume.ufrgs.br:10183/190044Repositório InstitucionalPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.bropendoar:2019-04-06T07:34:21Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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