Do capitólio ao foro : em torno da judicialização da política no Brasil de hoje
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/97208 |
Resumo: | Assistimos hoje no Brasil a uma transformação maior que não é nem política nem jurídica, mas cultural: o espaço próprio da democracia se desloca do capitólio ao foro como resultado de uma nova utilização do direito e da justiça por todos. A começar pelos políticos, que têm descoberto o Tribunal como um novo lugar para fazer política. É assim que a Justiça, que até aqui se tinha limitado a resolver conflitos privados, se transforma em um recurso político a disposição de quem quer que seja. E a mudança não se produz sem mal, porque as instituições judiciais não estavam preparadas para dar conta deste novo uso que delas se faz. A tradicional tolerância brasileira com a falta de efetividade do direito parece estar acabando. Especialmente a respeito das diversas figuras penais relacionadas com a corrupção (ativa e passiva) de funcionários públicos, parlamentares e juízes. Destarte, e ao cabo de processos de grande repercussão, se identifica uma nova demanda dirigida à Justiça, não tanto para reparar danos ou para sancionar uma falta penal, mas para satisfazer uma reivindicação política: ver publicamente reprovado um comportamento ou reconhecida uma dignidade escarnecida. |
id |
UFRGS-2_d33aaacbbc2880d2d45aac0c4124d0df |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:www.lume.ufrgs.br:10183/97208 |
network_acronym_str |
UFRGS-2 |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFRGS |
repository_id_str |
|
spelling |
Rojo, Raúl Enrique2014-07-03T02:04:47Z20140100-9079http://hdl.handle.net/10183/97208000919906Assistimos hoje no Brasil a uma transformação maior que não é nem política nem jurídica, mas cultural: o espaço próprio da democracia se desloca do capitólio ao foro como resultado de uma nova utilização do direito e da justiça por todos. A começar pelos políticos, que têm descoberto o Tribunal como um novo lugar para fazer política. É assim que a Justiça, que até aqui se tinha limitado a resolver conflitos privados, se transforma em um recurso político a disposição de quem quer que seja. E a mudança não se produz sem mal, porque as instituições judiciais não estavam preparadas para dar conta deste novo uso que delas se faz. A tradicional tolerância brasileira com a falta de efetividade do direito parece estar acabando. Especialmente a respeito das diversas figuras penais relacionadas com a corrupção (ativa e passiva) de funcionários públicos, parlamentares e juízes. Destarte, e ao cabo de processos de grande repercussão, se identifica uma nova demanda dirigida à Justiça, não tanto para reparar danos ou para sancionar uma falta penal, mas para satisfazer uma reivindicação política: ver publicamente reprovado um comportamento ou reconhecida uma dignidade escarnecida.We watch today to a major change in Brazil which is neither politic nor legal, but cultural: the space of democracy itself moves from the Capitol to the Forum as a result of a new use of the Law and the Justice by everyone. Starting by the politicians, who have discovered the Court as a new place to make politics. That’s how Justice, until now restricted to solve private controversies, changes itself in a political resource available to anyone, don’t matter who. The change is not performed with no wrongs though, because judicial institutions were not ready to deal with this new use that people make of them. The traditional Brazilian tolerance with the lack of legal enforcement seems to be ending. Especially regarding with several criminal rules, related to corruption (either active or passive) of public officers, lawmakers and judges. Hence, after greatly highlighted lawsuits, it is identified a new demand addressed to the Justice, not as much to repair damages or to impose penalties for criminal faults, but to satisfy a political claim: to see publicly disapproved a behavior, or recognized a scorned dignity.application/pdfporDireito e justiça. Porto Alegre, RS. Vol. 40, n. 1 (jan./jun. 2014), p. 94-100PolíticaDemocraciaSociologia do direitoJudicialization of politicsAdjudicatory democracyRight to argueDo capitólio ao foro : em torno da judicialização da política no Brasil de hojeFrom the capitol to the forum : on the judicialization of politics in today's Brazilinfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/otherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000919906.pdf000919906.pdfTexto completoapplication/pdf399034http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/97208/1/000919906.pdf47f154b2abc98cc0a3bcb1837e9e7e1dMD51TEXT000919906.pdf.txt000919906.pdf.txtExtracted Texttext/plain36497http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/97208/2/000919906.pdf.txt782b761e1d4f9805f06d6692bfe8e254MD52THUMBNAIL000919906.pdf.jpg000919906.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg2169http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/97208/3/000919906.pdf.jpg40a7f62220b2eab8ab63fb338a483456MD5310183/972082018-10-19 08:57:57.619oai:www.lume.ufrgs.br:10183/97208Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2018-10-19T11:57:57Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
Do capitólio ao foro : em torno da judicialização da política no Brasil de hoje |
dc.title.alternative.en.fl_str_mv |
From the capitol to the forum : on the judicialization of politics in today's Brazil |
title |
Do capitólio ao foro : em torno da judicialização da política no Brasil de hoje |
spellingShingle |
Do capitólio ao foro : em torno da judicialização da política no Brasil de hoje Rojo, Raúl Enrique Política Democracia Sociologia do direito Judicialization of politics Adjudicatory democracy Right to argue |
title_short |
Do capitólio ao foro : em torno da judicialização da política no Brasil de hoje |
title_full |
Do capitólio ao foro : em torno da judicialização da política no Brasil de hoje |
title_fullStr |
Do capitólio ao foro : em torno da judicialização da política no Brasil de hoje |
title_full_unstemmed |
Do capitólio ao foro : em torno da judicialização da política no Brasil de hoje |
title_sort |
Do capitólio ao foro : em torno da judicialização da política no Brasil de hoje |
author |
Rojo, Raúl Enrique |
author_facet |
Rojo, Raúl Enrique |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Rojo, Raúl Enrique |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Política Democracia Sociologia do direito |
topic |
Política Democracia Sociologia do direito Judicialization of politics Adjudicatory democracy Right to argue |
dc.subject.eng.fl_str_mv |
Judicialization of politics Adjudicatory democracy Right to argue |
description |
Assistimos hoje no Brasil a uma transformação maior que não é nem política nem jurídica, mas cultural: o espaço próprio da democracia se desloca do capitólio ao foro como resultado de uma nova utilização do direito e da justiça por todos. A começar pelos políticos, que têm descoberto o Tribunal como um novo lugar para fazer política. É assim que a Justiça, que até aqui se tinha limitado a resolver conflitos privados, se transforma em um recurso político a disposição de quem quer que seja. E a mudança não se produz sem mal, porque as instituições judiciais não estavam preparadas para dar conta deste novo uso que delas se faz. A tradicional tolerância brasileira com a falta de efetividade do direito parece estar acabando. Especialmente a respeito das diversas figuras penais relacionadas com a corrupção (ativa e passiva) de funcionários públicos, parlamentares e juízes. Destarte, e ao cabo de processos de grande repercussão, se identifica uma nova demanda dirigida à Justiça, não tanto para reparar danos ou para sancionar uma falta penal, mas para satisfazer uma reivindicação política: ver publicamente reprovado um comportamento ou reconhecida uma dignidade escarnecida. |
publishDate |
2014 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2014-07-03T02:04:47Z |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2014 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/other |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10183/97208 |
dc.identifier.issn.pt_BR.fl_str_mv |
0100-9079 |
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv |
000919906 |
identifier_str_mv |
0100-9079 000919906 |
url |
http://hdl.handle.net/10183/97208 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.ispartof.pt_BR.fl_str_mv |
Direito e justiça. Porto Alegre, RS. Vol. 40, n. 1 (jan./jun. 2014), p. 94-100 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFRGS instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) instacron:UFRGS |
instname_str |
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
instacron_str |
UFRGS |
institution |
UFRGS |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFRGS |
collection |
Repositório Institucional da UFRGS |
bitstream.url.fl_str_mv |
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/97208/1/000919906.pdf http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/97208/2/000919906.pdf.txt http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/97208/3/000919906.pdf.jpg |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
47f154b2abc98cc0a3bcb1837e9e7e1d 782b761e1d4f9805f06d6692bfe8e254 40a7f62220b2eab8ab63fb338a483456 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1815447546226540544 |