Ruy Duarte de Carvalho : caminhos de um poeta antropólogo
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2013 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/103976 |
Resumo: | A relação interdisciplinar entre a literatura e a antropologia tem florescido na escrita contemporânea. Alguns autores constroem suas personagens com base em longas pesquisas etnográficas. As vozes anônimas ganham vida ao serem traduzidas pelas vozes autorizadas dos escritores modernos. Desse modo, a ficção se transforma em uma maneira de dizer o que se vê nas diferentes culturas. Ver, interpretar, traduzir o mundo: a experiência passou a ser a inspiração literária de muitos autores modernos, e, consequentemente, a discussão envolvendo literatura e antropologia tem crescido de maneira produtiva e está abrindo caminho para novos estudos envolvendo os dois campos. Um bom exemplo disso é a escrita do angolano Ruy Duarte de Carvalho, que mistura elementos etnográficos em sua obra literária. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é mostrar como se configura essa relação nas obras Os papéis do inglês (2007) e Vou lá visitar pastores (2000). Em ambas o narrador-autor desde o início apresenta traços bio(biblio)gráficos inusitados. Cito como exemplo a constante retomada referencial de personagens que o acompanharam em suas “deambulações etnográficas” em Vou lá visitar pastores. Nessa obra o narrador/autor conta sua própria experiência antropológica e observa as experiências dos outros para contá-las à sua maneira. Observamos que o olhar de Ruy Duarte de Carvalho está voltado para os povos e as culturas africanas, tanto que, mesmo em Os papéis do inglês, a história desse ilustre representante do Ocidente adquire valor secundário no decorrer da obra. Duarte produz narrativas permeadas por questões de identidade, memória e autoria em que se alternam papéis assumidos ora por ele “mesmo”, ora pelo “outro”. Para tanto, além da leitura das obras citadas, consideraremos conceitos como tradição e modernidade e póscolonialismo a partir dos estudos de Laura Padilha, e discutiremos os pressupostos de James Clifford (2011) e Cliford Geertz (2009) sobre as aproximações entre antropologia e literatura. |
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Dela Valle, Laura Regina dos SantosTettamanzy, Ana Lúcia Liberato2014-09-30T02:13:13Z20131981-4526http://hdl.handle.net/10183/103976000922256A relação interdisciplinar entre a literatura e a antropologia tem florescido na escrita contemporânea. Alguns autores constroem suas personagens com base em longas pesquisas etnográficas. As vozes anônimas ganham vida ao serem traduzidas pelas vozes autorizadas dos escritores modernos. Desse modo, a ficção se transforma em uma maneira de dizer o que se vê nas diferentes culturas. Ver, interpretar, traduzir o mundo: a experiência passou a ser a inspiração literária de muitos autores modernos, e, consequentemente, a discussão envolvendo literatura e antropologia tem crescido de maneira produtiva e está abrindo caminho para novos estudos envolvendo os dois campos. Um bom exemplo disso é a escrita do angolano Ruy Duarte de Carvalho, que mistura elementos etnográficos em sua obra literária. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é mostrar como se configura essa relação nas obras Os papéis do inglês (2007) e Vou lá visitar pastores (2000). Em ambas o narrador-autor desde o início apresenta traços bio(biblio)gráficos inusitados. Cito como exemplo a constante retomada referencial de personagens que o acompanharam em suas “deambulações etnográficas” em Vou lá visitar pastores. Nessa obra o narrador/autor conta sua própria experiência antropológica e observa as experiências dos outros para contá-las à sua maneira. Observamos que o olhar de Ruy Duarte de Carvalho está voltado para os povos e as culturas africanas, tanto que, mesmo em Os papéis do inglês, a história desse ilustre representante do Ocidente adquire valor secundário no decorrer da obra. Duarte produz narrativas permeadas por questões de identidade, memória e autoria em que se alternam papéis assumidos ora por ele “mesmo”, ora pelo “outro”. Para tanto, além da leitura das obras citadas, consideraremos conceitos como tradição e modernidade e póscolonialismo a partir dos estudos de Laura Padilha, e discutiremos os pressupostos de James Clifford (2011) e Cliford Geertz (2009) sobre as aproximações entre antropologia e literatura.The interdisciplinary relationship between literature and anthropology has flourished in contemporary writing. Some authors build their characters based on long ethnographic research. The anonymous voices come alive when they are translated by the authoritative voices of the modern writers. Thus, the fiction becomes a way of saying what we see in different cultures. Seeing, interpreting, translating the world: the experience became the literary inspiration for many modern authors, and consequently, the discussion involving literature and anthropology has grown productively and is opening ways for new studies involving the two camps. A good example is the writing of an Angolan Ruy Duarte de Carvalho, mixing elements ethnographic in his literary work. Thus, the aim of this work is to show how to set up this relationship in the works of English papers (2007) and I'm going to visit pastors (2000). In both the narrator-author from the beginning shows unusual bibliographic traces. I cite as an example the constant referencial resumption of those characters that accompanied him on his "ethnographic wanderings "Vou lá visitar pastores". In this book the narrator /author tells his own anthropological experience and observe the experiences of the others to explain it with his own manners. We note that Ruy Duarte de Carvalho's look is turned to the peoples and cultures of Africa, so that even in "Os papéis do inglês", the history of this distinguished representative of the western civilization acquires secondary value throughout the work. Duarte produces narratives permeated by issues of identity, memory and authority in alternating roles assumed sometimes by "himself", other times by the "other". Therefore, in addition to reading the works cited, we will consider concepts like tradition and modernity and post-colonialism from the studies of Laura Padilla, and discuss the assumptions of James Clifford (2011) and Clifford Geertz (2009) on the proximities of anthropology and literature.application/pdfporNau literária. Porto Alegre, RS. Vol. 9, n.2 (jul./dez. 2013), [14] p.AntropologiaMemóriaNarrativaHistóriaLiteratureAntropologyMemoryNarrativeHistoryRuy Duarte de Carvalho : caminhos de um poeta antropólogoinfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/otherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000922256.pdf000922256.pdfTexto completoapplication/pdf329995http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/103976/1/000922256.pdfbdc37b001696cf6061d209c35001f5eeMD51TEXT000922256.pdf.txt000922256.pdf.txtExtracted Texttext/plain30798http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/103976/2/000922256.pdf.txt5b91f185f2fc09065efaf66cf3c04c1cMD52THUMBNAIL000922256.pdf.jpg000922256.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg2127http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/103976/3/000922256.pdf.jpgf86525d6225971b3189785f1a47c29b8MD5310183/1039762022-06-30 04:53:50.742318oai:www.lume.ufrgs.br:10183/103976Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2022-06-30T07:53:50Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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