Uma Flor de Dama : performatividades e (r)existências de corpos trans

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Nílton Luiz Feijó
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/181681
Resumo: O estudo tem por objetivo analisar a interpretação de corpos trans no teatro a partir da peça “Uma Flor de Dama” (2005), e entender, a partir do olhar e perspectivas de mulheres trans e travestis, de que forma o corpo e suas próprias vivências e trejetórias se constituem como elementos de desconstrução de padrões sociais opressores. A partir das potencialidades do teatro como espaço político e criativo, busca-se entender as vulnerabilidades e as precariedades (BUTLER, 2017) como responsabilidades coletivas, não centradas no sujeito oprimido, reivindicando visibilidade para essas histórias. Sendo assim, a partir de entrevistas em profundidade (DUARTE, 2008), analisa-se a percepção de cinco mulheres trans e travestis sobre a peça, a fim de entendermos as performatividades de gênero e sexualidade (BUTLER, 2003) como estratégias de resistência contra a violenta realidade brasileira. Percebe-se, com isso, que o complexo estrutural branco e cisheteronormativo, através de uma lógica binária de inteligibilidade e reconhecimento de humanidade, sustenta premissas que sistematizam a manutenção dos corpos em sociedade e que, de certa forma, justificam violências cotidianas a quem foge à norma exigida. Percebe-se que isso ocorre através de dispositivos que reproduzem a lógica desse sistema na micropolítica das relações como também em âmbitos macropolíticos, sejam esses espaços privados ou públicos. A invisibilidade e a exclusão dessas identidades nos mais variados espaços de poder explicitam a falsa democracia brasileira ao transformar diferenças em desigualdades. Logo, entendeu-se que as mulheres entrevistadas articulam seus saberes e críticas ao sistema vigente a partir de seus lugares de fala (RIBEIRO, 2017) de acordo com seus marcadores sociais (HOOKS, 1981). Entendeu-se, por fim, que por mais que tenham trajetórias de vida e realidades diferentes identificam-se semelhanças em suas lutas cotidianas, além do reconhecimento de vivências compartilhadas através de seus corpos trans considerados abjetos (PELÚCIO, 2009). Por fim, entende-se o corpo travesti como político em sua existência, porque exige da sociedade a reflexão sobre a interdependência entre todos os sujeitos, precários e vulneráveis.
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Sendo assim, a partir de entrevistas em profundidade (DUARTE, 2008), analisa-se a percepção de cinco mulheres trans e travestis sobre a peça, a fim de entendermos as performatividades de gênero e sexualidade (BUTLER, 2003) como estratégias de resistência contra a violenta realidade brasileira. Percebe-se, com isso, que o complexo estrutural branco e cisheteronormativo, através de uma lógica binária de inteligibilidade e reconhecimento de humanidade, sustenta premissas que sistematizam a manutenção dos corpos em sociedade e que, de certa forma, justificam violências cotidianas a quem foge à norma exigida. Percebe-se que isso ocorre através de dispositivos que reproduzem a lógica desse sistema na micropolítica das relações como também em âmbitos macropolíticos, sejam esses espaços privados ou públicos. A invisibilidade e a exclusão dessas identidades nos mais variados espaços de poder explicitam a falsa democracia brasileira ao transformar diferenças em desigualdades. Logo, entendeu-se que as mulheres entrevistadas articulam seus saberes e críticas ao sistema vigente a partir de seus lugares de fala (RIBEIRO, 2017) de acordo com seus marcadores sociais (HOOKS, 1981). Entendeu-se, por fim, que por mais que tenham trajetórias de vida e realidades diferentes identificam-se semelhanças em suas lutas cotidianas, além do reconhecimento de vivências compartilhadas através de seus corpos trans considerados abjetos (PELÚCIO, 2009). Por fim, entende-se o corpo travesti como político em sua existência, porque exige da sociedade a reflexão sobre a interdependência entre todos os sujeitos, precários e vulneráveis.This study aims to analyze transsexual bodies interpretation in theater from the play “Uma Flor de Dama” (2005). It also aims to understand, from the point of view of transsexual women and transvestites, how the body and life experiences of transexual people are constituted as deconstruction elements of oppressor social patterns, claiming their lives and existence possibilities in a context interposed by violence and of precariousness and collective vulnerability. From the potential of theater as a political and creative space, we seek to understand vulnerabilities and precariousness (BUTLER, 2017) as collective responsibilities, not centered on the oppressed subject, claiming visibility for these stories. Thus, from interviews in depth (DUARTE, 2008), the perception of five transsexual women and transvestite on the piece is analyzed, in order to understand the performativity of gender and sexuality (BUTLER, 2003) as resistance strategies against the violent Brazilian reality. In this way, the white and cis-heteronormative structural complex, through a binary logic of intelligibility and recognition of humanity, maintains premises that systematize the maintenance of bodies in society and that, in a way, justify everyday violence to whom escapes the required standard. It is perceived that this occurs through devices that reproduce the logic of this system in the micropolitics of relations as well as in macropolitical environments, whether these spaces are private or public. The invisibility and exclusion of these identities in the most varied spaces of power explain the false Brazilian democracy by transforming differences into inequalities. Therefore, it was understood that the interviewed women articulate their knowledge and criticism to the current system from their places of speech (RIBEIRO, 2017) according to their social markers (HOOKS, 1981). It was understood, finally, that as much as they have different life trajectories and realities, they identify similarities in their daily struggles, as well as the recognition of shared experiences through their transsexual bodies considered abject (PELÚCIO, 2009). Finally, the transvestite body is understood as political in its existence, because it demands from society the reflection on the interdependence between all subjects, precarious and vulnerable.application/pdfporPerformance (Arte)Uma Flor de Dama (Peça de teatro)Bodies transposedTheaterPerformativityTransvestitesUma Flor de Dama : performatividades e (r)existências de corpos transinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Biblioteconomia e ComunicaçãoPorto Alegre, BR-RS2018Comunicação Social: Habilitação em Relações Públicasgraduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL001074294.pdfTexto completoapplication/pdf1888998http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/181681/1/001074294.pdf5433f85e31418b090baf3be409e7d74bMD51TEXT001074294.pdf.txt001074294.pdf.txtExtracted Texttext/plain558886http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/181681/2/001074294.pdf.txt8204945a67fd15a7c7c239a4a490ba5fMD52THUMBNAIL001074294.pdf.jpg001074294.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg940http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/181681/3/001074294.pdf.jpg3783fb422a8e53ddccfcd73c14d763ffMD5310183/1816812018-10-05 07:45:56.482oai:www.lume.ufrgs.br:10183/181681Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2018-10-05T10:45:56Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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