Intervenções obstétricas realizadas durante o trabalho de parto em um hospital universitário

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Desbesel, Lívia Lemos
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/90067
Resumo: No Brasil, a assistência obstétrica realizada durante o trabalho de parto, obteve extensa evolução através dos anos. Atualmente, um novo modelo de atenção vem sendo instituído, com o objetivo de humanizar o atendimento. E visa que as intervenções obstétricas sejam baseadas em evidências. Este estudo teve como objetivo conhecer a assistência obstétrica realizada durante o trabalho de parto. Trata-se de um estudo transversal, desenvolvido na Unidade de Internação Obstétrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, com 361 puérperas, no período de fevereiro a abril de 2013. Foram incluídas mulheres cujo parto foi realizado no Centro Obstétrico e excluídos casos de óbito fetal, fetos com peso inferior a 500 gramas e/ou com idade gestacional inferior a 22 semanas. Os dados foram obtidos através de entrevistas semi-estruturadas, no prontuário físico e eletrônico materno e do neonato, da Planilha de Ocorrências da Área Restrita da Unidade, e da carteira pré-natal. Foi realizada análise descritiva e analítica, utilizando-se teste de χ², teste de Mann-Whitney e Regressão de Poisson Simples. Foram cumpridos os termos da resolução 466/12. Os resultados apontam que a intervenção obstétrica mais prevalente foi a amniotomia (85,1%), seguida de ocitocina (61,1%) e cardiotocografia (57,8%). Não foram identificadas associações entre as variáveis estudadas e a amniotomia. Ocitocina esteve associada a patologias na gestação, dilatação ≥3cm, dinâmica uterina presente e colo grosso, já o misoprostol com colo grosso, dinâmica uterina ausente e dilatação <3 cm. Analgesia foi mais associada à primíparas, dilatação entre 1-3 cm e colo grosso, e cardiotocografia à número de gestações, paridade, dilatação, dinâmica, características do líquido amniótico (LA) e batimentos cardíacos fetais (BCFs). Os fatores associados à amniotomia foram: primigesta (RP=1,118), nulípara (RP=1,243), dilatação entre 1-3 cm (RP=1,120), dinâmica ausente (RP=1,137) e BCFs <120bpm e >160bpm (RP=1,162). Já, os associados à ocitocina foram: primigesta (RP=1,408), patologia na gestação (RP=1,535), colo impérvio (RP=1,587), dilatação entre 1-3 cm (RP=1,533), dinâmica ausente (RP=1,474), colo médio (RP=0,774), colo fino (RP=0,456) e bolsa rota (RP=1,334). Misoprostol teve como fatores associados: primigesta (RP=3,543), colo impérvio (RP=112), dilatação entre 1-3 cm (RP=52), dinâmica ausente (RP=12,802), colo médio (RP=0,088), bolsa íntegra (RP=0,244), BCFs >160bpm (RP=3,512). Os fatores relacionados à aplicação de analgesia foram: primípara (RP=2,714), dilatação entre 1-3 cm (RP=2,121) e colo fino (RP=0,78). Por fim, a utilização de cardiotocografia obteve: primigesta (RP=1,249), nulípara (RP=1,567), colo impérvio (RP=1,863), dilatação entre 1-3 cm (RP=1,583), dinâmica ausente (RP=1,372), LA meconial (RP=1,663), colo médio (RP=0,733), fino (RP=0,417) e BCFs >160bpm (RP=1,735), como fatores associados. A prevalência de cesárea foi significativamente maior, quando realizada analgesia (RP=2,25) ou cardiotocografia (RP=1,742). É imprescindível, para que exista humanização no parto, uma visão menos intervencionista, e o resgate da autonomia da mulher.
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