Cooperação sul-sul no sistema mundial (1955-2016) : do não-alinhamento à multipolaridade
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/149304 |
Resumo: | Este trabalho pretende apresentar a Cooperação Sul-Sul (CSS) em seus aspectos históricos, econômicos, políticos e ideacionais, demonstrando que o fenômeno não pode ser compreendido apartado do entendimento sobre a lógica do sistema mundial, bem como não comporta análises enviesadas que só considerem apenas um destes ângulos. A CSS se modifica, avança, recua, de acordo com os padrões de percepção dos países periféricos e semiperiféricos sobre a ordem internacional. Ao longo do tempo, o componente econômico é o que une a diversidade imensa de países: todos foram vítimas da colonização, todos enfrentam problemas graves, como pobreza, desigualdade, violência e exploração. Entretanto, a localização geográfica, o tamanho da população e do mercado consumidor, a disponibilidade de recursos e o nível de autonomia e soberania tornam alguns países mais destacados que outros e mais capazes de transbordar suas capacidades no entorno regional e mesmo longe de seus territórios, proporcionando aos países de menor desenvolvimento relativo alternativas que resultem em relações menos verticais do que as relações com o Norte/Ocidente. No âmago da transição da bipolaridade para a multipolaridade, alteram-se as estratégias e a forma de atuação dos países do Terceiro Mundo/Sul. No meio termo desta transição, a “ilusão da unipolaridade” dos anos 1980 e 1990 resulta em arrefecimento do ímpeto da Cooperação Sul-Sul e na tentativa de se desenvolver a partir da submissão a princípios de governança originados no Norte (neoliberalismo e Consenso de Washington). Tendo rompido essa fase, os países da periferia adaptam a estratégia do não-alinhamento – que fora útil durante a Guerra Fria – pela estratégia de promoção da multipolaridade, beneficiando-se da proliferação de alternativas de alinhamento e cooperação para se desenvolver. A revalorização de áreas periféricas antes esquecidas demonstra o papel que a multipolaridade, fomentada sobretudo pelos BRICS, vem a cumprir no sistema mundial que se inaugura no século XXI. Resta saber se a crise de 2008 será responsável por arrefecer o ímpeto da Cooperação Sul-Sul e ceder lugar à disputa, já que não interessa ao Norte/Ocidente uma periferia unida. Por fim, a crise que afeta alguns países dos BRICS a partir de 2014 coloca em questão a possibilidade de ampliação da Cooperação Sul-Sul por conta da necessidade de conter recursos e concentrar-se em temas domésticos. |
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Medeiros, Klei PandoPereira, Analúcia Danilevicz2016-10-28T02:17:39Z2016http://hdl.handle.net/10183/149304001005899Este trabalho pretende apresentar a Cooperação Sul-Sul (CSS) em seus aspectos históricos, econômicos, políticos e ideacionais, demonstrando que o fenômeno não pode ser compreendido apartado do entendimento sobre a lógica do sistema mundial, bem como não comporta análises enviesadas que só considerem apenas um destes ângulos. A CSS se modifica, avança, recua, de acordo com os padrões de percepção dos países periféricos e semiperiféricos sobre a ordem internacional. Ao longo do tempo, o componente econômico é o que une a diversidade imensa de países: todos foram vítimas da colonização, todos enfrentam problemas graves, como pobreza, desigualdade, violência e exploração. Entretanto, a localização geográfica, o tamanho da população e do mercado consumidor, a disponibilidade de recursos e o nível de autonomia e soberania tornam alguns países mais destacados que outros e mais capazes de transbordar suas capacidades no entorno regional e mesmo longe de seus territórios, proporcionando aos países de menor desenvolvimento relativo alternativas que resultem em relações menos verticais do que as relações com o Norte/Ocidente. No âmago da transição da bipolaridade para a multipolaridade, alteram-se as estratégias e a forma de atuação dos países do Terceiro Mundo/Sul. No meio termo desta transição, a “ilusão da unipolaridade” dos anos 1980 e 1990 resulta em arrefecimento do ímpeto da Cooperação Sul-Sul e na tentativa de se desenvolver a partir da submissão a princípios de governança originados no Norte (neoliberalismo e Consenso de Washington). Tendo rompido essa fase, os países da periferia adaptam a estratégia do não-alinhamento – que fora útil durante a Guerra Fria – pela estratégia de promoção da multipolaridade, beneficiando-se da proliferação de alternativas de alinhamento e cooperação para se desenvolver. A revalorização de áreas periféricas antes esquecidas demonstra o papel que a multipolaridade, fomentada sobretudo pelos BRICS, vem a cumprir no sistema mundial que se inaugura no século XXI. Resta saber se a crise de 2008 será responsável por arrefecer o ímpeto da Cooperação Sul-Sul e ceder lugar à disputa, já que não interessa ao Norte/Ocidente uma periferia unida. Por fim, a crise que afeta alguns países dos BRICS a partir de 2014 coloca em questão a possibilidade de ampliação da Cooperação Sul-Sul por conta da necessidade de conter recursos e concentrar-se em temas domésticos.This work intends to present the South-South Cooperation (SSC) in its historical, economic, political and ideational aspects, demonstrating that the phenomenon cannot be understood apart from the understanding of the logic of the world system, and does not deserve biased analyzes that only consider only one of these angles. The SSC changes, advances, retreats, according to the perception of patterns on the international order by peripheral and semi-peripheral countries. Over time, the economic component is what unites the immense diversity of countries: all were victims of colonization, all face serious problems such as poverty, inequality, violence and exploitation. However, the geographical location, the size of the population and consumer market, the availability of resources and the level of autonomy and sovereignty make some of them more prominent countries than others and more able to overflow its capabilities in the regional surroundings and even away from their territories, providing less developed countries with alternatives that result in less vertical relations than that with the North / West. At the heart of the transition from bipolarity to multipolarity, the strategies and the modus operandi of the Third World / South alter. In the middle of this transition, the "illusion of unipolarity" of the 1980s and 1990s results in a cooling momentum of the South-South Cooperation and in an attempt to develop through the submission to governance principles originated in the North (neoliberalism and the Washington Consensus). Having broken this phase, the periphery countries adapt the non-alignment strategy - which was useful during the Cold War – in order to the multipolarity promotion strategy, benefiting from the proliferation of alternatives of alignment and cooperation to develop. The revaluation of peripheral areas previously forgotten demonstrates the role that multipolarity, fueled mainly by the role of BRICS, comes to meet the world system that opens the twenty-first century. The question is whether the 2008 crisis will be responsible for cooling the momentum of South-South Cooperation and giving way to the dispute, since there is no interest to the North / West of a united periphery. Finally, the crisis affecting some of the BRICS countries since 2014 calls into question the possibility of expansion of South-South Cooperation by the need to contain resources and focus on domestic issues.application/pdfporRelações internacionaisCooperação internacionalBrasilSouth-south cooperationWorld systemNon-alignementMultipolarityBRICSCooperação sul-sul no sistema mundial (1955-2016) : do não-alinhamento à multipolaridadeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Ciências EconômicasPorto Alegre, BR-RS2016Relações Internacionaisgraduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL001005899.pdf001005899.pdfTexto completoapplication/pdf1268959http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/149304/1/001005899.pdf16ea0c5d2ce018fcde4a8db9d46f175cMD51TEXT001005899.pdf.txt001005899.pdf.txtExtracted Texttext/plain268094http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/149304/2/001005899.pdf.txt69c186c97c508ee9b194de63422e47cbMD52THUMBNAIL001005899.pdf.jpg001005899.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg996http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/149304/3/001005899.pdf.jpg6fbb1ef222c9efc6a0608baa40d47cccMD5310183/1493042020-05-15 03:46:16.728766oai:www.lume.ufrgs.br:10183/149304Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2020-05-15T06:46:16Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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