O gênero neutro : do latim clássico ao português atual
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/270339 |
Resumo: | Este trabalho tem como finalidade estudar tanto o gênero neutro do latim clássico quanto o do português atual, contextualizando o apagamento do neutro latino e o comparando com o surgimento daquele que se vê hoje. O gênero gramatical é uma categoria que nasce da observação do gênero biológico-social. Seu estudo e nomenclatura chegaram ao latim e, consequentemente, às línguas românicas como o português, por meio da filosofia grega. O latim, assim como todas as línguas indo-europeias, tem sua noção de gênero advinda de uma noção animista, isto é, dividida entre animado (subdividido em masculino e feminino) e inanimado (neutro, em latim neuter: “nem um nem outro”). O neutro moderno, por outro lado, surge das novas necessidades dos falantes e tem dois objetivos: servir de gênero neutro para aqueles que não se sentem representados pela binariedade da divisão homem/mulher, para pessoas cujo gênero se desconhece e outros casos afins; além de substituir o masculino na função de plural genérico, isto é, quando há diversos gêneros em apenas um grupo de pessoas. Ao longo do trabalho, explicita-se a inerente proximidade entre o masculino e o neutro desde os tempos do latim arcaico, buscando demonstrar que a ligação entre a posição de sujeito e o traço da animação é o principal motivo para haver divisão entre os dois. Evidencia-se, também, o apagamento do neutro no latim vulgar através de, principalmente, sua confusão fonética com o masculino e a gradual perda de valor do traço animista que lhe conferia razão de existir. Por fim, analisa-se a neutralidade do masculino português e a validade de seu contínuo uso como plural genérico, ponderando sobre a dificuldade de sua substituição, uma vez que tentativas de neutralizar a língua sem o uso de um novo gênero já existiam antes da postulação de um gênero neutro na língua portuguesa. |
id |
UFRGS-2_feb199accce4004416341e30eb9c4c8d |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:www.lume.ufrgs.br:10183/270339 |
network_acronym_str |
UFRGS-2 |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFRGS |
repository_id_str |
|
spelling |
Schons, LucasMartins, Maria Cristina da Silva2023-12-19T03:24:26Z2023http://hdl.handle.net/10183/270339001193107Este trabalho tem como finalidade estudar tanto o gênero neutro do latim clássico quanto o do português atual, contextualizando o apagamento do neutro latino e o comparando com o surgimento daquele que se vê hoje. O gênero gramatical é uma categoria que nasce da observação do gênero biológico-social. Seu estudo e nomenclatura chegaram ao latim e, consequentemente, às línguas românicas como o português, por meio da filosofia grega. O latim, assim como todas as línguas indo-europeias, tem sua noção de gênero advinda de uma noção animista, isto é, dividida entre animado (subdividido em masculino e feminino) e inanimado (neutro, em latim neuter: “nem um nem outro”). O neutro moderno, por outro lado, surge das novas necessidades dos falantes e tem dois objetivos: servir de gênero neutro para aqueles que não se sentem representados pela binariedade da divisão homem/mulher, para pessoas cujo gênero se desconhece e outros casos afins; além de substituir o masculino na função de plural genérico, isto é, quando há diversos gêneros em apenas um grupo de pessoas. Ao longo do trabalho, explicita-se a inerente proximidade entre o masculino e o neutro desde os tempos do latim arcaico, buscando demonstrar que a ligação entre a posição de sujeito e o traço da animação é o principal motivo para haver divisão entre os dois. Evidencia-se, também, o apagamento do neutro no latim vulgar através de, principalmente, sua confusão fonética com o masculino e a gradual perda de valor do traço animista que lhe conferia razão de existir. Por fim, analisa-se a neutralidade do masculino português e a validade de seu contínuo uso como plural genérico, ponderando sobre a dificuldade de sua substituição, uma vez que tentativas de neutralizar a língua sem o uso de um novo gênero já existiam antes da postulação de um gênero neutro na língua portuguesa.This work aims to study both Classical Latin and modern Portuguese’s neutral gender, contextualizing the erasure of the Latin neutral and comparing it with the emergence of the one we see today. Grammatical gender is a category that is born from the observation of biological-social gender. Its study and its nomenclature reached Latin and, consequently, Romance languages such as Portuguese, through Greek philosophy. Latin, like all Indo-European languages, has its perception of gender coming from an animist notion, that is, divided between animate (subdivided into masculine and feminine) and inanimate (neutral, in Latin neuter: “neither one nor the other”). The modern neutral, on the other hand, arises from the new needs of Portuguese speakers and has two objectives: to serve as a neutral gender for those who do not feel represented by the binary division man/woman, for people whose gender is unknown and other similar cases; in addition to replacing the masculine in the generic plural function, that is, when there are several genders in just one group of people. Throughout this work, the inherent proximity between the masculine and the neutral since the times of archaic Latin is made explicit, seeking to demonstrate that the connection between the subject position and the feature of the animation is the main reason for the division between the two. The erasure of the neuter in Vulgar Latin is also evident through, mainly, its phonetic confusion with the masculine and the gradual loss of value of the animist trait that gave it its reason for existing. Finally, the neutrality of the Portuguese masculine and the validity of its continuous use as a generic plural are analyzed, considering the difficulty of its replacement, since attempts to neutralize the language without the use of a new gender already existed before the postulation of a neutral gender in the Portuguese language.application/pdfporLatim clássicoLíngua portuguesaLatim vulgarLatimGênero neutroNeutralGenderGrammarClassical LatinVulgar LatinPortuguese languageO gênero neutro : do latim clássico ao português atualinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPorto Alegre, BR-RS2023Letras: Português e Latim: Licenciaturagraduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001193107.pdf.txt001193107.pdf.txtExtracted Texttext/plain73878http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/270339/2/001193107.pdf.txt7b0a64604977e78f062227fe9e5f102eMD52ORIGINAL001193107.pdfTexto completoapplication/pdf269417http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/270339/1/001193107.pdfb0cdf6a0ea978f5bb6a7435d49834d28MD5110183/2703392023-12-20 04:21:48.511303oai:www.lume.ufrgs.br:10183/270339Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2023-12-20T06:21:48Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
O gênero neutro : do latim clássico ao português atual |
title |
O gênero neutro : do latim clássico ao português atual |
spellingShingle |
O gênero neutro : do latim clássico ao português atual Schons, Lucas Latim clássico Língua portuguesa Latim vulgar Latim Gênero neutro Neutral Gender Grammar Classical Latin Vulgar Latin Portuguese language |
title_short |
O gênero neutro : do latim clássico ao português atual |
title_full |
O gênero neutro : do latim clássico ao português atual |
title_fullStr |
O gênero neutro : do latim clássico ao português atual |
title_full_unstemmed |
O gênero neutro : do latim clássico ao português atual |
title_sort |
O gênero neutro : do latim clássico ao português atual |
author |
Schons, Lucas |
author_facet |
Schons, Lucas |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Schons, Lucas |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Martins, Maria Cristina da Silva |
contributor_str_mv |
Martins, Maria Cristina da Silva |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Latim clássico Língua portuguesa Latim vulgar Latim Gênero neutro |
topic |
Latim clássico Língua portuguesa Latim vulgar Latim Gênero neutro Neutral Gender Grammar Classical Latin Vulgar Latin Portuguese language |
dc.subject.eng.fl_str_mv |
Neutral Gender Grammar Classical Latin Vulgar Latin Portuguese language |
description |
Este trabalho tem como finalidade estudar tanto o gênero neutro do latim clássico quanto o do português atual, contextualizando o apagamento do neutro latino e o comparando com o surgimento daquele que se vê hoje. O gênero gramatical é uma categoria que nasce da observação do gênero biológico-social. Seu estudo e nomenclatura chegaram ao latim e, consequentemente, às línguas românicas como o português, por meio da filosofia grega. O latim, assim como todas as línguas indo-europeias, tem sua noção de gênero advinda de uma noção animista, isto é, dividida entre animado (subdividido em masculino e feminino) e inanimado (neutro, em latim neuter: “nem um nem outro”). O neutro moderno, por outro lado, surge das novas necessidades dos falantes e tem dois objetivos: servir de gênero neutro para aqueles que não se sentem representados pela binariedade da divisão homem/mulher, para pessoas cujo gênero se desconhece e outros casos afins; além de substituir o masculino na função de plural genérico, isto é, quando há diversos gêneros em apenas um grupo de pessoas. Ao longo do trabalho, explicita-se a inerente proximidade entre o masculino e o neutro desde os tempos do latim arcaico, buscando demonstrar que a ligação entre a posição de sujeito e o traço da animação é o principal motivo para haver divisão entre os dois. Evidencia-se, também, o apagamento do neutro no latim vulgar através de, principalmente, sua confusão fonética com o masculino e a gradual perda de valor do traço animista que lhe conferia razão de existir. Por fim, analisa-se a neutralidade do masculino português e a validade de seu contínuo uso como plural genérico, ponderando sobre a dificuldade de sua substituição, uma vez que tentativas de neutralizar a língua sem o uso de um novo gênero já existiam antes da postulação de um gênero neutro na língua portuguesa. |
publishDate |
2023 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2023-12-19T03:24:26Z |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2023 |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/bachelorThesis |
format |
bachelorThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10183/270339 |
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv |
001193107 |
url |
http://hdl.handle.net/10183/270339 |
identifier_str_mv |
001193107 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFRGS instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) instacron:UFRGS |
instname_str |
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
instacron_str |
UFRGS |
institution |
UFRGS |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFRGS |
collection |
Repositório Institucional da UFRGS |
bitstream.url.fl_str_mv |
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/270339/2/001193107.pdf.txt http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/270339/1/001193107.pdf |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
7b0a64604977e78f062227fe9e5f102e b0cdf6a0ea978f5bb6a7435d49834d28 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1815447355424505856 |