Interações entre Humanos Pré-Históricos e a Megafauna Quaternária na América do Sul: Aspectos Zooarqueológicos e Paleoecológicos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rosa, Giovana Medeiros
Data de Publicação: 2019
Outros Autores: Silva, Lucas Henrique Medeiros da, Júnior, Hermínio Ismael de Araújo-
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Anuário do Instituto de Geociências (Online)
Texto Completo: https://revistas.ufrj.br/index.php/aigeo/article/view/27746
Resumo: Grupos humanos dispersaram-se pelo continente asiático em direção ao leste siberiano até penetrarem a América pela atual região do Estreito de Bering. A partir de então, a espécie humana passou a coexistir e interagir com uma fauna até então desconhecida, a qual incluía os megamamíferos quaternários. Porém, apenas trabalhos pontuais relatando as interações entre humanos pré-históricos e megamamíferos quaternários têm sido realizados para a América do Sul. Este trabalho apresenta um levantamento bibliográfico de sítios paleontológicos-arqueológicos que possuem evidências específicas desse tipo de interação na América do Sul, além de discutir as características gerais de cada um. Foram encontrados registros de interação homem-megafauna na Argentina, Brasil, Venezuela e Uruguai. Em complemento, também foi possível padronizar os tipos de marcas encontradas nos materiais estudados previamente, mas que não apresentavam descrição formal utilizando terminologias zooarqueológicas. Essa interação homem-megafauna se dá pela presença de marcas de corte nos ossos e se apresentam em quatro tipos principais (serragem e fatiamento, raspagem, entalhamento e percussão dinâmica). Na América do Sul, espécies de preguiças gigantes e mastodontes mostram-se as preferidas pelos seres humanos. As marcas estão geograficamente bem distribuídas e não aparentam preferência por táxon, o que torna impossível determinar um padrão entre o tipo de marca, a localização geográfica e o táxon. Isso pode indicar que o tipo de corte e os danos causados são atribuídos de forma independente, além da possibilidade de que diferentes movimentos fossem usados com finalidades distintas. A escassez de casos de “massacres” depreende que a caça da megafauna era um evento oportunista, contrapondo-se à hipótese de exploração em massa. As datações obtidas não são coerentes com o modelo atual de migração humana inicial – a qual teria se dado por um único pulso migratório através do Estreito de Bering –, mas corroboram a hipótese de meios mais complexos de migração. As idades dos depósitos também sugerem que o ser humano conviveu com a megafauna quaternária por milênios antes da sua extinção no Pleistoceno Final- Holoceno inicial.
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