Avaliação de ágar chocolate como meio de cultura para realização de E-test para azitromicina e ceftriaxona em Neisseria gonorrhoeae

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mercadante, Adriane Meira
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRJ
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11422/20111
Resumo: Neisseria gonorrhoeae é o agente etiológico da infecção sexualmente transmissível gonorreia. Atualmente, esta bactéria faz parte da lista da Organização Mundial da Saúde de microrganismos que devem ser priorizados quanto ao desenvolvimento de novos antimicrobianos. A recomendação atual feita pelo Ministério da Saúde para o tratamento da gonorreia consiste na terapia combinada de 500 mg de ceftriaxona e 1 g de azitromicina e, para pacientes alérgicos a betalactâmicos, 2 g de azitromicina em monoterapia. A determinação do perfil de suscetibilidade de amostras de N. gonorrhoeae é um desafio para a rotina de laboratórios de análises clínicas devido à ausência de meios automatizados para o diagnóstico. O protocolo do CLSI para realização de ágar diluição (AD) e disco difusão em N. gonorrhoeae baseia-se na utilização do ágar base GC adicionado de suplemento VX. O uso de gradiente em fita é considerado uma alternativa ao AD pela literatura. No BrCAST, atualmente não há protocolo definido para esta avaliação. Também, ágar base GC com VX não é um meio de cultura comercializado pronto para uso no mercado brasileiro. Sendo assim, apesar deAD ser considerada o melhor método para determinar o perfil de suscetibilidade de amostras de N. gonorrhoeae, sua aplicabilidade para diagnóstico na rotina é limitada por ser laboriosa e economicamente inviável para um número pequeno de amostras. O presente projeto visa avaliar o potencial uso de ágar chocolate para realização de teste de gradiente em fita para azitromicina e ceftriaxona em N. gonorrhoeae como uma alternativa mais simples e econômica para o diagnóstico de resistência deste microrganismo. Cinquenta amostras previamente caracterizadas foram submetidas a teste de gradiente em fita (E-test) em meios ágar base GC e ágar chocolate, e as CMIsresultantes foram comparadas entre si em comparação às obtidas por AD em ágar GC. Esta análise foi feita a partir dos conceitos de concordância categórica (se as amostras se classificam na mesma categoria de susceptibilidade) e concordância essencial (onde são concordantes amostras em que a diferença entre as CMIs obtidas varia em apenas uma diluição). Com relação àazitromicina, houve 100% de concordância categórica e 96% de concordância essencial se comparados os dados de E-test obtidos em ambos os meios de cultura. Na análise comparativa entre a técnica de E-test em ágar base GC e a AD, 86% das amostras (n=42) apresentaram concordância categórica e 71% (n=35) concordância essencial. A mesma porcentagem de concordância categórica foi observada ao comparar o E-test em ágar chocolate à AD, e, neste caso, 79% (n=39) das amostras entraram em concordância essencial. Em relação à ceftriaxona, o resultado de CMI para todas as amostras foi menor ou igual à menor diluição testada nas duas técnicas. Assim, todas as amostras testadas apresentaram concordância categórica como sensíveis, mas uma avaliação precisa da concordância essencial não é possível. A discrepância detectada entre os resultados de E-test e AD precisaria ser avaliados com maiores coleções de amostras e repetições. Com esta ressalva, resultados apontam que não há prejuízo quanto ao uso de ágar chocolate em relação à agar base GC para realização de E-test em N. gonorrhoeae.
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