O acidente de Bhopal – discussão do evento iniciador no contexto do RBPS

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Veltri, Leonardo Raul Pereira
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRJ
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11422/13476
Resumo: Por muitos anos, as indústrias químicas não alocavam esforços e recursos nos principais fatores contribuintes de acidentes com o intuito de melhorar aspectos relacionados à prevenção e mitigação dos mesmos. Assim, a difusão de eficientes sistemas de segurança de processos e da sua gestão e a concessão da devida importância a eles nem sempre foi feita. Acidentes com enormes consequências tiveram que ocorrer para que, finalmente, esse cenário mudasse. Bhopal, cidade indiana e atual capital do estado de Madhya Pradesh, é o local em que se passou, em dezembro de 1984, o maior acidente da história da indústria química, aquele que foi o divisor de águas para a evolução de sistemas de segurança de processos, levando a criação das diretrizes do RBPS pelo CCPS. A proprietária e operadora da planta de Bhopal, desde o final da década de 70, era a UCIL, empresa indiana com mais da metade de suas ações controladas pela norte americana Union Carbide. O produto principal da planta era o pesticida carbaril Sevin, no qual era produzido pela reação entre metil isocianato, popularmente conhecido como MIC, e α-naftol. O MIC, sintetizado pela reação entre metilamina e fosgênio, é uma substância altamente tóxica, inflamável, volátil e mais densa que o ar. Sua armazenagem na planta era em larga escala. No dia do acidente, cerca de 40 toneladas desta substância evaporaram do tanque 610 de armazenagem e foram liberadas na atmosfera. Por se tratar de um evento com consequências graves, diversas investigações ocorreram na tentativa de identificar um evento iniciador do acidente. Como unanimidade, concluiu-se que o evento iniciador para evaporação e liberação do MIC fora a entrada de água no tanque 610 que iniciou uma reação exotérmica descontrolada entre água e metil isocianato. No entanto, as investigações buscavam entender como a água chegara ao tanque. Uma das conclusões investigativas mais perpetuadas foi a de sabotagem de um ou mais funcionários da planta que, com o intuito de prejudicar a empresa, teria conectado uma mangueira de água ao tanque de armazenagem. Outra conclusão bastante perpetuada foi a de uma lavagem inadequada com água de uma seção da unidade de produção do pesticida. Entretanto, erros no sistema de gerenciamento de segurança de processos, falhas técnicas e falhas do governo foram sendo identificadas, estudadas e exploradas como precursores para o acidente. Com isso, o objetivo do presente trabalho foi apresentar as principais conclusões dos investigadores e discutir, no contexto das diretrizes em segurança de processos – RBPS – criadas pelo CCPS, os eventos iniciadores do acidente. Assim, pode-se concluir que diversas falhas de gestão, por parte da empresa e do governo, foram primordiais no desenvolvimento de problemas técnicos e operacionais da planta. Como consequência, acidentes e incidentes menores se tornaram comuns nos anos anteriores a 1984 e não foram mitigados e corrigidos, permitindo que um grande desastre se desenvolvesse.
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