As relações de implicação e concessão na construção dos discursos de fake news

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Batista, Alessandra Scofano
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRJ
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11422/18290
Resumo: A circulação de notícias falsas nos meios digitais está cada vez mais crescente e, com isso, também surgiram meios para poder desmascarar as fake news. Dito isso, o presente trabalho tem como tema o estudo das relações de implicação e concessão presentes nas estratégias contidas na elaboração dos discursos das fake news, e se desenvolve a partir dos fundamentos teóricos da semiótica tensiva, que é um dos desenvolvimentos da semiótica de linha francesa. A semiótica de linha francesa é uma teoria que busca explicar como se constroem os sentidos dos textos e a semiótica tensiva, que é um de seus desenvolvimentos, propõe que os sentidos se constituem de um componente inteligível e um sensível. Essa teoria implica uma mudança em que o aspecto sensível da significação, que é o objeto de estudo da semiótica, se sobrepõe ao inteligível. As operações tensivas da concessão e da implicação, que são estilos semânticos de quebra de expectativa (concessão) ou da concretização do previsto (implicação) no discurso, nos permite investigar o problema da construção do efeito de sentido de verdade, no jogo de veridicção entre o enunciador e enunciatário, em que é criado expectativas pelas modalidades de veridicção do ser e do parecer. Na concessão o enunciado pode ser identificado como mentiroso, que parece e não é ou secreto, que parece e é, pois quebra a expectativa no enunciado, já na implicação enunciatário pressupõe o enunciado como verdadeiro, que parece e é ou falso, que parece e não é, que confirma o que se estava esperando. Essa metodologia teórica foi utilizada como base para a análise qualitativa de 20 fake news presentes e avaliadas pela agência de verificação E-farsas. A escolha do site se deu com base em sua credibilidade, já que ele é um dos pioneiros na área de verificação de notícias falsas e é citado em jornais de prestígio como o G1 de O Globo. A escolha das fake news ocorreu de forma aleatória entre os períodos do mês de janeiro e abril de 2022. Além de ter como objetivo analisar as modalidades veridictórias nas fake news, também busca-se contribuir para o desenvolvimento dos estudos sobre análise dos discursos, principalmente dos discursos mentirosos que circulam nas redes sociais. Através das análises, foi possível concluir que as operações de concessão são mais frequentes em fake news e geralmente as que procuram desvelar um segredo ou denunciar uma mentira são as mais concessivas. As operações de implicação, por outro lado, ao serem empregadas, simulam a demonstração de uma verdade, especialmente por meio do recurso da intertextualidade parcial de notícias atestadas como verdadeiras, mas encaminham para conclusões enganosas.
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