ANIMAIS COMO PESSOAS? O LUGAR DOS ANIMAIS NA COMUNIDADE MORAL

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: di Napoli, Ricardo Bins
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Princípios (Natal. Online)
Texto Completo: https://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/7509
Resumo: questão do status moral dos animais e de outros seresvivos tem gerado bastante controvérsia nos meios de comunicação,principalmente entre filósofos e cientistas. Esta questãorecentemente adquiriu uma dimensão política no Brasil, tornandoserelevante socialmente. A discussão filosófica atual trata damoralidade da utilização dos animais seja para a criação e abatepara o consumo humano, seja para a pesquisa visando odesenvolvimento de novos medicamentos, seja para a diversão,jogos, esportes. Em geral, nestes processos os animais sãosubmetidos a situações de stress e sofrimento. O objetivo desteartigo é avaliar se considerar os animais pessoas é um bomargumento ético para justificar uma mudança de comportamento dohomem em relação aos animais. Uma primeira posição argumentaque elevar o status moral do animal por diferentes aspectos reduz ohiato tradicional entre seres considerados racionais e seresirracionais, permitindo desfazer muitos equívocos gerados por estadistinção. Uma segunda posição aceita também que não se poderestringir a comunidade moral aos humanos. O conceito de pessoa éabandonado e substituído pelo conceito de ‘sujeitos-de-uma-vida’.Esse significa os seres (humanos ou animais) dotados de certascapacidades e habilidades mentais, como, por exemplo, senciência,autoconsciência, percepção de futuro e passado, memóriabiográfica, a posse de uma identidade psicológica atemporal, entreoutras. Sujeitos-de-uma-vida são considerados os seres que nãoestão apenas conscientes do mundo, mas cujas vidas têmcontinuidade e um valor próprio inquestionável, que fundamenta osdireitos de tais indivíduos. Por último, considera-se a posição maispragmática das três que afirma que as duas posições anteriores sãoimpotentes para mudar a atitude dos humanos frente aos animais,pois o problema reside antes de tudo no estatuto jurídico dosanimais, ou seja, no fato de que eles são propriedades dos homens.Conclui-se que, apesar de a definição do conceito de pessoa serdiferente nos argumentos dos autores, isso não compromete por si oobjetivo da proteção dos animais, apenas provoca a necessidade deos autores sempre disputar os limites (ampliando-os ou reduzindoos)do universo dos indivíduos que estão sob o conceito de acordocom a nossa sensibilidade moral para com a vida dos animais nãohumanose com o conhecimento científico disponível.
id UFRN-5_a1fc062d65c370d6fc1dbf8f2e0f4de2
oai_identifier_str oai:periodicos.ufrn.br:article/7509
network_acronym_str UFRN-5
network_name_str Princípios (Natal. Online)
repository_id_str
spelling ANIMAIS COMO PESSOAS? O LUGAR DOS ANIMAIS NA COMUNIDADE MORALComunidade moralAnimais humanos e não-humanosPessoas não-humanasEspecismoDireitos dos Animaisquestão do status moral dos animais e de outros seresvivos tem gerado bastante controvérsia nos meios de comunicação,principalmente entre filósofos e cientistas. Esta questãorecentemente adquiriu uma dimensão política no Brasil, tornandoserelevante socialmente. A discussão filosófica atual trata damoralidade da utilização dos animais seja para a criação e abatepara o consumo humano, seja para a pesquisa visando odesenvolvimento de novos medicamentos, seja para a diversão,jogos, esportes. Em geral, nestes processos os animais sãosubmetidos a situações de stress e sofrimento. O objetivo desteartigo é avaliar se considerar os animais pessoas é um bomargumento ético para justificar uma mudança de comportamento dohomem em relação aos animais. Uma primeira posição argumentaque elevar o status moral do animal por diferentes aspectos reduz ohiato tradicional entre seres considerados racionais e seresirracionais, permitindo desfazer muitos equívocos gerados por estadistinção. Uma segunda posição aceita também que não se poderestringir a comunidade moral aos humanos. O conceito de pessoa éabandonado e substituído pelo conceito de ‘sujeitos-de-uma-vida’.Esse significa os seres (humanos ou animais) dotados de certascapacidades e habilidades mentais, como, por exemplo, senciência,autoconsciência, percepção de futuro e passado, memóriabiográfica, a posse de uma identidade psicológica atemporal, entreoutras. Sujeitos-de-uma-vida são considerados os seres que nãoestão apenas conscientes do mundo, mas cujas vidas têmcontinuidade e um valor próprio inquestionável, que fundamenta osdireitos de tais indivíduos. Por último, considera-se a posição maispragmática das três que afirma que as duas posições anteriores sãoimpotentes para mudar a atitude dos humanos frente aos animais,pois o problema reside antes de tudo no estatuto jurídico dosanimais, ou seja, no fato de que eles são propriedades dos homens.Conclui-se que, apesar de a definição do conceito de pessoa serdiferente nos argumentos dos autores, isso não compromete por si oobjetivo da proteção dos animais, apenas provoca a necessidade deos autores sempre disputar os limites (ampliando-os ou reduzindoos)do universo dos indivíduos que estão sob o conceito de acordocom a nossa sensibilidade moral para com a vida dos animais nãohumanose com o conhecimento científico disponível.EDUFRN2015-07-14info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionAvaliado pelos paresapplication/pdfhttps://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/7509Princípios: Revista de Filosofia (UFRN); v. 20 n. 33 (2013): Princípios: revista de filosofia; 47-781983-21090104-8694reponame:Princípios (Natal. Online)instname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNporhttps://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/7509/5580Copyright (c) 2013 Ricardo Bins di Napoliinfo:eu-repo/semantics/openAccessdi Napoli, Ricardo Bins2016-12-16T17:05:02Zoai:periodicos.ufrn.br:article/7509Revistahttps://periodicos.ufrn.br/principiosPUBhttps://periodicos.ufrn.br/principios/oai||principios@cchla.ufrn.br1983-21090104-8694opendoar:2016-12-16T17:05:02Princípios (Natal. Online) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
dc.title.none.fl_str_mv ANIMAIS COMO PESSOAS? O LUGAR DOS ANIMAIS NA COMUNIDADE MORAL
title ANIMAIS COMO PESSOAS? O LUGAR DOS ANIMAIS NA COMUNIDADE MORAL
spellingShingle ANIMAIS COMO PESSOAS? O LUGAR DOS ANIMAIS NA COMUNIDADE MORAL
di Napoli, Ricardo Bins
Comunidade moral
Animais humanos e não-humanos
Pessoas não-humanas
Especismo
Direitos dos Animais
title_short ANIMAIS COMO PESSOAS? O LUGAR DOS ANIMAIS NA COMUNIDADE MORAL
title_full ANIMAIS COMO PESSOAS? O LUGAR DOS ANIMAIS NA COMUNIDADE MORAL
title_fullStr ANIMAIS COMO PESSOAS? O LUGAR DOS ANIMAIS NA COMUNIDADE MORAL
title_full_unstemmed ANIMAIS COMO PESSOAS? O LUGAR DOS ANIMAIS NA COMUNIDADE MORAL
title_sort ANIMAIS COMO PESSOAS? O LUGAR DOS ANIMAIS NA COMUNIDADE MORAL
author di Napoli, Ricardo Bins
author_facet di Napoli, Ricardo Bins
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv di Napoli, Ricardo Bins
dc.subject.por.fl_str_mv Comunidade moral
Animais humanos e não-humanos
Pessoas não-humanas
Especismo
Direitos dos Animais
topic Comunidade moral
Animais humanos e não-humanos
Pessoas não-humanas
Especismo
Direitos dos Animais
description questão do status moral dos animais e de outros seresvivos tem gerado bastante controvérsia nos meios de comunicação,principalmente entre filósofos e cientistas. Esta questãorecentemente adquiriu uma dimensão política no Brasil, tornandoserelevante socialmente. A discussão filosófica atual trata damoralidade da utilização dos animais seja para a criação e abatepara o consumo humano, seja para a pesquisa visando odesenvolvimento de novos medicamentos, seja para a diversão,jogos, esportes. Em geral, nestes processos os animais sãosubmetidos a situações de stress e sofrimento. O objetivo desteartigo é avaliar se considerar os animais pessoas é um bomargumento ético para justificar uma mudança de comportamento dohomem em relação aos animais. Uma primeira posição argumentaque elevar o status moral do animal por diferentes aspectos reduz ohiato tradicional entre seres considerados racionais e seresirracionais, permitindo desfazer muitos equívocos gerados por estadistinção. Uma segunda posição aceita também que não se poderestringir a comunidade moral aos humanos. O conceito de pessoa éabandonado e substituído pelo conceito de ‘sujeitos-de-uma-vida’.Esse significa os seres (humanos ou animais) dotados de certascapacidades e habilidades mentais, como, por exemplo, senciência,autoconsciência, percepção de futuro e passado, memóriabiográfica, a posse de uma identidade psicológica atemporal, entreoutras. Sujeitos-de-uma-vida são considerados os seres que nãoestão apenas conscientes do mundo, mas cujas vidas têmcontinuidade e um valor próprio inquestionável, que fundamenta osdireitos de tais indivíduos. Por último, considera-se a posição maispragmática das três que afirma que as duas posições anteriores sãoimpotentes para mudar a atitude dos humanos frente aos animais,pois o problema reside antes de tudo no estatuto jurídico dosanimais, ou seja, no fato de que eles são propriedades dos homens.Conclui-se que, apesar de a definição do conceito de pessoa serdiferente nos argumentos dos autores, isso não compromete por si oobjetivo da proteção dos animais, apenas provoca a necessidade deos autores sempre disputar os limites (ampliando-os ou reduzindoos)do universo dos indivíduos que estão sob o conceito de acordocom a nossa sensibilidade moral para com a vida dos animais nãohumanose com o conhecimento científico disponível.
publishDate 2015
dc.date.none.fl_str_mv 2015-07-14
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
Avaliado pelos pares
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/7509
url https://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/7509
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/7509/5580
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2013 Ricardo Bins di Napoli
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2013 Ricardo Bins di Napoli
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv EDUFRN
publisher.none.fl_str_mv EDUFRN
dc.source.none.fl_str_mv Princípios: Revista de Filosofia (UFRN); v. 20 n. 33 (2013): Princípios: revista de filosofia; 47-78
1983-2109
0104-8694
reponame:Princípios (Natal. Online)
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
instacron:UFRN
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
instacron_str UFRN
institution UFRN
reponame_str Princípios (Natal. Online)
collection Princípios (Natal. Online)
repository.name.fl_str_mv Princípios (Natal. Online) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
repository.mail.fl_str_mv ||principios@cchla.ufrn.br
_version_ 1799769978287685632