ANOTAÇÕES PARA REPENSAR O DIGITAL EM UM DIÁLOGO ENTRE PENSAMENTO BUDISTA E ONTOLOGIAS, EPISTEMOLOGIAS E ANTROPOLOGIAS NÃO HUMANISTAS CONTEMPORÂNEAS

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Condorelli, Antonino
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Inter-legere
Texto Completo: https://periodicos.ufrn.br/interlegere/article/view/9929
Resumo: A compreensão das redes que emergem das interações entre sujeitos humanos e tecnologias digitais de comunicação exige uma percepção das relações entre humano e não humano alternativa a dicotomias clássicas do pensamento ocidental como material-imaterial, natural-artificial, individual-coletivo, biológico-tecnológico, atividade-passividade, subjetividade-objetividade. Neste artigo, levanto a hipótese de que concepções ontológicas, epistemológicas e antropológicas presentes no pensamento budista, dialogando com visões ocidentais contemporâneas não humanistas, possam contribuir para a construção de um deslocamento na maneira de pensar o digital que obrigue a redesenhar fronteiras no mapa cognitivo do humano e do não humano traçado pelo pensamento humanista, permitindo conceber e experienciar ambos como recíprocas cocriações e codefinições. O deslocamento proposto possui um caráter político muito forte, pois aponta para a participação ativa de pensamentos de matriz religiosa na produção de conhecimento, que acontece desde sempre permeando, inclusive, a racionalidade ocidental clássica, mas que esta última expulsou de sua representação de si, do conhecimento e do mundo. Para tecer o diálogo que tenciono promover, problematizo as pretensas separação e especificidade de domínios e de faculdades mentais que o pensamento cientificista atribui aos discursos religioso e científico. Em seguida, a partir do diálogo que estabeleço entre pensamento budista e pensamentos ocidentais contemporâneos, esboço uma perspectiva das mídias digitais que não as concebe como ferramentas, objetos inertes manipulados por sujeitos racionais, mas como atores híbridos que codefinem o mundo em seu devir. Sucessivamente, analiso fenômenos que emergem das interações digitais à luz dessa perspectiva.
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