"Trilogia da tortura": mulheres e seus discursos nos romances de Heloneida Studart

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Madruga, Beatriz Mendes e
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/45670
Resumo: Durante as décadas de 1970 e 1980, a escritora e jornalista Heloneida Studart publicou, dentre outras obras, três romances aos quais chamou de “Trilogia da tortura”: O pardal é um pássaro azul (1975), O estandarte da agonia (1981), O torturador em romaria (1986). Nessas obras, Studart narra vidas cotidianas que acontecem durante a ditadura civil-militar brasileira. Todas as três obras dão grande protagonismo a figuras femininas, sendo as duas primeiras narradas em primeira pessoa por narradoras que são, também, as personagens protagonistas. O terceiro livro tem como narrador um torturador, que rememora diferentes momentos em que torturava presos políticos, enquanto traça para si um novo caminho presente e futuro. A análise dos livros dessa trilogia possibilitou perceber diferentes nuances em torno das figuras femininas, conduzindo dessa forma a uma análise mediada por duas chaves de leitura: os discursos que as mulheres dizem umas às outras, quando em diálogo direto; e a evolução da personagem feminina protagonista enquanto o enredo avança. Para apoiar tal análise e ampliar nossa compreensão, recorremos à teoria do Círculo de Bakhtin, no que tange a orientações metodológicas e a concepções de discurso e linguagem presentes em Bakhtin (2015, 2016, 2017) e Medviédev (2012) principalmente. Aliadas às ideias bakhtinianas, discussões de autoras como Saffioti (2013, 2015), Butler (2017), Cisne (2012), hooks (2019) e Beauvoir (1980) endossam as análises desses discursos e, especialmente, das personagens mulheres, análises que serão impulsionadas pelo detalhamento dos enredos, em transcrições fortuitas e esclarecedoras. O arremate dessas análises nos faz perceber dois movimentos aparentemente opostos produzidos pelas duas chaves de leitura: discursos diretos com ideias conservadoras, cuja direção é a de estagnar a dependência da figura feminina na sociedade; e evolução de personagens mulheres que vão traçando o caminho inverso, da construção de independência, autonomia e destemor. Essa aparente contradição ilustra o movimento feminino e feminista àquele período, e também o atualiza, mostrando a tensão de forças discrepantes que a sociedade ainda galga no que tange à independência do feminino e às representações de mulher.
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Nessas obras, Studart narra vidas cotidianas que acontecem durante a ditadura civil-militar brasileira. Todas as três obras dão grande protagonismo a figuras femininas, sendo as duas primeiras narradas em primeira pessoa por narradoras que são, também, as personagens protagonistas. O terceiro livro tem como narrador um torturador, que rememora diferentes momentos em que torturava presos políticos, enquanto traça para si um novo caminho presente e futuro. A análise dos livros dessa trilogia possibilitou perceber diferentes nuances em torno das figuras femininas, conduzindo dessa forma a uma análise mediada por duas chaves de leitura: os discursos que as mulheres dizem umas às outras, quando em diálogo direto; e a evolução da personagem feminina protagonista enquanto o enredo avança. Para apoiar tal análise e ampliar nossa compreensão, recorremos à teoria do Círculo de Bakhtin, no que tange a orientações metodológicas e a concepções de discurso e linguagem presentes em Bakhtin (2015, 2016, 2017) e Medviédev (2012) principalmente. Aliadas às ideias bakhtinianas, discussões de autoras como Saffioti (2013, 2015), Butler (2017), Cisne (2012), hooks (2019) e Beauvoir (1980) endossam as análises desses discursos e, especialmente, das personagens mulheres, análises que serão impulsionadas pelo detalhamento dos enredos, em transcrições fortuitas e esclarecedoras. O arremate dessas análises nos faz perceber dois movimentos aparentemente opostos produzidos pelas duas chaves de leitura: discursos diretos com ideias conservadoras, cuja direção é a de estagnar a dependência da figura feminina na sociedade; e evolução de personagens mulheres que vão traçando o caminho inverso, da construção de independência, autonomia e destemor. Essa aparente contradição ilustra o movimento feminino e feminista àquele período, e também o atualiza, mostrando a tensão de forças discrepantes que a sociedade ainda galga no que tange à independência do feminino e às representações de mulher.Between the 1970’s and 1980’s, writer and journalist Heloneida Studart published, among other works, three novels which she called “torture Trilogy”: O pardal é um pássaro azul (1975), O estandarte da agonia (1981), O torturador em romaria (1985). In these novels Studart tells of everyday lives against the backdrop of the Brazilian civil-military dictatorship. All three works grant protagonism to female figures; the first two are first-person narratives by the respective protagonists. The third book is narrated by a torturer who reminisces about different moments during the torture of political prisoners while planning a new present and future path for himself. The analysis of this trilogy made possible for us to point out different nuances around the female figures, which lead to an analysis mediated by two key guidelines: the discourses women say to one another through direct dialogue; and the female protagonist’s evolution throughout the plot. In order to support such analysis and to broaden our understanding, we resorted to the Bakhtin Circle’s theory with regards to methodological guidelines and concepts of discourse and language pertaining to Bakhtin (2015, 2016, 2017) and Medviédev (2012), mainly. In addition to Bakhtinian ideas, authors like Saffioti (2013, 2015), Butler (2017), Cisne (2012), hooks (2019), and Beauvoir (1980) support the analyses of such discourses and, above all, of the women characters. These analyses will be driven by detailing the plots in fortuitous, clarifying transcriptions. The conclusion of these analyses makes us notice two apparently opposite movements generated by the two key guidelines: direct speeches with conservative ideas whose direction is toward the stagnation of the female figure’s independence in society; and the evolution of female characters that shows the opposite path, the building up of independence, autonomy, and fearlessness. This apparent contradiction illustrates the female and feminist movement at that period and updates it, revealing the tension of discrepant forces that society still faces regarding female independence and women representations.Universidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEMUFRNBrasilHeloneida StudartTrilogia da torturaDitaduraLiteraturaFeminino"Trilogia da tortura": mulheres e seus discursos nos romances de Heloneida Studartinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALTrilogiatorturamulheres_Madruga_2021.pdfapplication/pdf1674129https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/45670/1/Trilogiatorturamulheres_Madruga_2021.pdf6fce6f931a6e71fb7b43ce02a9eb6f76MD51123456789/456702022-05-02 12:37:42.637oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/45670Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2022-05-02T15:37:42Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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