Effects of Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dick extract on experimental models of intestinal inflammation and metabolic syndrome

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tavares, Emanuella de Aragão
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/54902
Resumo: INTRODUÇÃO. As doenças inflamatórias intestinais (DII’s) e a síndrome metabólica são duas condições de saúde em ascensão em todo o mundo, principalmente nos países desenvolvidos (1–3). As DII’s, incluindo a doença de Crohn e a colite ulcerativa, são doenças crônicas que afetam o trato gastrointestinal e podem causar sintomas como rectorragia, diarreia com muco ou sangue, dor abdominal, fadiga e perda de peso (4). A síndrome metabólica, por sua vez, é um conjunto de condições médicas, incluindo obesidade abdominal, hipertensão arterial, aumento dos níveis de açúcar no sangue e dislipidemia (5). Ambas são enfermidades multifatoriais e complexas, cuja etiopatologia envolve uma combinação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais. No caso das DII’s, acreditase que a interação entre a microbiota intestinal, o sistema imunológico e os fatores ambientais possam desempenhar um papel importante no seu desenvolvimento. Além disso, fatores como o tabagismo, o estresse e o uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides também podem contribuir para o desenvolvimento das DII’s (6,7). Assim como as DII’s, a síndrome metabólica também está associada a uma inflamação crônica implicada na sua patogênese. O conjunto de fatores de risco, como obesidade abdominal, resistência à insulina, hipertensão arterial e dislipidemia aumentam o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como ataque cardíaco e acidente vascular cerebral (8). A inflamação crônica ocorre quando o sistema imunológico do corpo é ativado persistentemente, o que leva à produção contínua de citocinas pró-inflamatórias e a um estado inflamatório crônico. O tratamento da síndrome metabólica muitas vezes envolve a redução da inflamação crônica por meio de mudanças no estilo de vida, como dieta saudável, exercícios físicos regulares e controle do estresse, além de medicamentos para controlar a pressão arterial, reduzir os níveis de açúcar no sangue e reduzir os níveis de colesterol e triglicerídeos. Embora as DII’s e a síndrome metabólica sejam condições diferentes, elas podem estar relacionadas em certos indivíduos, e um melhor entendimento da inflamação crônica pode ajudar no desenvolvimento de tratamentos complementares para ambas as condições (9). Evidências clínicas mostram que o uso de fenólicos isolados ou de extratos ricos em fenólicos administrados em combinação com medicamentos já utilizados na terapia das DII’s e da síndrome metabólica contribuem com a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e para manter a doença no estado remissivo (10,11). Os polifenóis são metabólitos secundários produzidos por vegetais que possuem propriedade antioxidante e anti-inflamatória, o que os torna eficazes na prevenção e tratamento dessas doenças. Sua notável capacidade anti-inflamatória e antioxidante se deve a múltiplos alvos de ação, como a inibição da produção ou da ação de mediadores pró-inflamatórios ou até mesmo sob a forte influência que pode exercer sobre a microbiota intestinal (12–14). Neste cenário, a cactácea Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dyck, conhecida popularmente como palma, palma-forrageira e palma “doce” ou “miúda”, é uma boa fonte de compostos bioativos anti-inflamatórios. Os seus cladódios são ricos em polissacarídeos e polifenois (15), e têm sido amplamente utilizados para fins agrícolas, alimentares e medicinais (16). É tradicionalmente utilizada como anti-inflamatório e curativo no tratamento de doenças como colesterol elevado, tensão arterial, problemas renais e urinários, e no tratamento da diabetes (17,18). Estudos anteriores relataram o potencial antibiótico e antifúngico da N. cochenillifera em ensaios in vitro (19,20). Além disso, foi observada a redução da glicemia em estudos in vivo (21) e em um ensaio clínico piloto (22). Em relação ao efeito anti-inflamatório, a administração oral do extrato hidroetanólico dos cladódios de N. cochenillifera demonstrou uma significativa atividade anti-inflamatória em modelos de indução de granuloma e úlcera gástrica em roedores (23,24). Os polifenois presentes no extrato de N. cochenillifera já são considerados uma fonte promissora de agentes bioativos. No entanto, quando se trata de doenças inflamatórias intestinais, direcionar esses ativos para a região do cólon e reduzir as concentrações de extratos vegetais necessárias para alcançar atividade farmacológica ainda são desafios a serem superados. O desenvolvimento de sistemas de administração de medicamentos capazes de transportar as substâncias ativas do extrato até o tecido do cólon é uma alternativa promissora para melhorar a biodisponibilidade oral e prolongar sua retenção no cólon. Os sistemas nanoestruturados têm demonstrado propriedades interessantes e promissoras nesse sentido, como a melhoria da estabilidade, solubilidade e biodisponibilidade de compostos naturais, além de possibilitar o controle da liberação dos compostos bioativos e redução das doses e frequências de administração (25–27). Estratégias que envolvam a encapsulação do extrato de N. cochenillifera e o direcionamento da sua liberação para a região do cólon podem potencializar sua eficácia e reduzir a dose terapêutica necessária. Considerando o potencial bioativo da N. cochenillifera, é relevante destacar que esta espécie é uma excelente escolha para o desenvolvimento de um insumo nacional, devido à sua adaptação à região nordeste do Brasil e à presença de cultivos estabelecidos. Isso possibilita o desenvolvimento de toda cadeia produtiva no país, desde o cultivo até o insumo e/ou o produto acabado, o que pode ter impactos positivos na economia local, como a geração de empregos e o fomento ao desenvolvimento sustentável da região. Nesse contexto, essa proposta visa realizar um estudo fitoquímico do extrato de Nopalea cochenillifera e avaliar o efeito anti-inflamatório em modelos in vivo de inflamação intestinal e de síndrome metabólica. OBJETIVO. Este trabalho teve como objetivo realizar um estudo fitoquímico do extrato hidroetanólico dos cladódios de Nopalea cochenillifera, bem como avaliar a toxicidade e eficácia nos modelos in vivo de inflamação intestinal e de síndrome metabólica. Além disso, este trabalho teve como objetivo desenvolver e caracterizar um sistema nanoparticulado carregado com o extrato de N. cochenillifera e avaliar o efeito farmacológico do extrato livre (NCE) e associado a nanopartículas (NPE). Assim, foram propostos cinco objetivos específicos: 1. Caracterizar físico-quimicamente o extrato de N. cochenillifera, determinar o teor dos compostos fenólicos totais e flavonoides totais e o perfil cromatográfico por cromatografia liquida de alta eficiência acoplada a espectrometria de massas (CLAEEM). 2. Avaliar a toxicidade oral aguda do extrato hidroetanólico de N. cochenillifera em ratas. 3. Avaliar o efeito anti-inflamatório intestinal de diferentes doses do extrato hidroetanólico de N. cochenillifera em modelo de inflamação intestinal experimental induzida por ácido 2,4-dinitrobenzeno sulfônico (DNBS) em ratas. 4. Desenvolver, caracterizar e avaliar os efeitos de um sistema nanoparticulado carregado com o extrato hidroetanólico de N. cochenillifera em um modelo de inflamação intestinal experimental induzida por dextrano sulfato de sódio (DSS) em camundongos. 5. Avaliar o efeito do extrato hidroetanólico de N. cochenillifera em um modelo experimental de síndrome metabólica induzida por dieta rica em gordura em camundongos. METODOLOGIA. 1. Preparação e caracterização físico-química do extrato hidroetanólico de N. cochenillifera (NCE) Os cladódios de N. cochenillifera foram coletados, em seguida fragmentados em pedaços menores, secos em estufa de ar circulante, triturados e submetidos a extração pelo método de maceração com solvente hidroetanólico na proporção 1:10 (p/v). Na análise físico-química do NCE, determinou-se o pH, a acidez titulável, teores de umidade, cinzas, extrato etéreo, fibra bruta, proteínas e carboidratos totais. Estas análises foram realizadas conforme recomendado pelos métodos da AOAC (2020). O teor de fenólicos total do extrato de NCE foi determinado com base no método do reagente Folin-Ciocalteu (28) e o teor de flavonoides totais foi determinado pelo método colorimétrico do cloreto de alumínio (29). O perfil cromatográfico foi determinado por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a espectrômetro de massas com fonte de ionização por electrospray (CLAE-IES-EM). 2. Avaliação da toxicidade oral aguda de NCE em ratos A toxicidade aguda por via oral do extrato de N. cochenillifera foi realizada seguindo os critérios recomendados pela OECD, 2001 (Guidelines for Testing of Chemicals) (30). Foram utilizados Ratos da linhagem Wistar (Rattus norvegicus). O grupo teste recebeu uma dose única de 2000 mg/kg de NCE. Nos dias 1, 7 e 14 após administração de NCE, os animais do grupo teste e controle, foram submetidos ao teste comportamental e motor (Teste de campo aberto e rota-rod). No 15º dia, os animais foram anestesiados e feito uma coleta de sangue por punção cardíaca para a realização de exames hematológicos e bioquímicos. Os órgãos (fígado, rim e baço) dos animais foram examinados macroscópica e microscopicamente. 3. Estudo da atividade anti-inflamatória intestinal “in vivo” A indução da inflamação intestinal foi realizada por ácido DNBS em ratas Wistar (31) e por DSS em camundongos C57BL/6J (32). No estudo com DNBS, os animais receberam três diferentes doses de NCE (100, 200 e 300 mg/kg/dia). No estudo com DSS, foi investigado o efeito anti-inflamatório do extrato livre (200 mg/kg/dia) e incorporado a nanopartículas poliméricas. Em ambos, o índice de atividade da doença (IAD) foi avaliado pela variação do peso corporal, presença de hemorragia retal e consistência das fezes (32). Após eutanásia, a expressão de marcadores inflamatórios e oxidativos, bem como análises macro e microscópica foram avaliadas nas amostras de cólon. Uma avaliação da permeabilidade intestinal pelo método de administração oral de FITC-dextrano foi realizada apenas com os animas submetidos a indução inflamatória intestinal por DSS (33). 4. Obtenção e caracterização das nanopartículas poliméricas As nanopartículas carregadas com extrato de N. cochenillifera (NPE) foram preparadas pelo método de nanoprecipitação (34,35). As nanopartículas foram caracterizadas quanto ao tamanho, índice de polidispersão (PdI), potencial zeta, eficiência de encapsulação (EE) e morfologia. A estabilidade física das nanopartículas foi avaliada durante um período de 30 dias. 5. Estudo do efeito do extrato de N. cochenillifera (NCE) em um modelo de síndrome metabólica Camundongos machos C57BL/6J foram divididos aleatoriamente em quatro grupos experimentais: controle (dieta padrão); controle + NCE (dieta padrão, tratados com NCE (200 mg/kg)), controle (dieta rica em gordura) e controle + NCE (dieta rica em gordura, tratados com NCE (200 mg/kg). Ao longo do período experimental de 10 semanas, foram avaliados o peso corporal e a ingestão de água e comida (36). Uma semana antes da eutanásia, os camundongos foram privados de alimentos por 6 horas e um teste de tolerância à glicose foi realizado. Ao final do experimento, os animais foram anestesiados e feito uma coleta de sangue por punção cardíaca para a realização da medição os níveis plasmáticos de glicose. Fígado, baço, rins, cólon, gordura abdominal, epididimal e marrom, foram coletados, pesados e analisados macroscopicamente. Amostras de fígado, cólon e/ou tecido adiposo foram analisados microscopicamente e processados para determinações bioquímicas a fim de avaliar a expressão gênica de diferentes marcadores por PCR quantitativo em tempo real (Rt-qPCR). RESULTADOS. O teor de fenólicos totais e flavonoides totais por grama de extrato seco foi de 67,85 mg e 46,16 mg/g, respectivamente. Através da análise por CLAE-IES-EM, foi caracterizado um total de 25 compostos tais como sacarídeos, ácidos orgânicos, ácidos fenólicos e flavonoides. No estudo de toxicidade, a dose de 2000 mg/kg de extrato administrada por via oral não mostrou sinais de toxicidade, mortalidade ou alterações significativas nos parâmetros comportamentais, bioquímicos e hematológicos. Quanto aos efeitos anti-inflamatórios intestinais na indução com DNBS, a análise macroscópica do cólon indicou que o NCE diminuiu o índice de atividade da doença (IAD). As concentrações de interleucina 1 beta (IL-1β) e do fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) diminuíram, a de interleucina 10 (IL-10) aumentou e os níveis de malondialdeido (MDA) e mieloperoxidase (MPO) diminuíram quando comparados com o grupo controle. Além disso, foi observada uma diminuição da expressão gênica de marcadores inflamatórios como proteína quinase ativada por mitógeno 1 (MAPK-1) e fator nuclear kappa B (NF-κB p65) nas amostras de cólon. A integridade epitelial foi melhorada segundo as análises histopatológica e imunohistoquímica. Os grupos que receberam doses de 200 e 300 mg/kg apresentaram melhores resultados. Análises físico-químicas mostraram que as nanopartículas carregadas com extrato (NPE) são esféricas com carga superficial positiva, tamanho de 76,45 nm, potencial zeta positivo, alta eficiência de encapsulamento (EE = 100%) e estáveis por 30 dias. Quanto aos efeitos antiinflamatórios intestinais na indução com DSS, foi observado que o tratamento com o extrato livre NCE (200 mg/kg) e com NPE (4 mg/kg) também reduziram o índice de atividade da doença (IAD), preveniram o encurtamento do cólon e promoveram redução na expressão de marcadores inflamatórios como IL-1β, TNF-α, interleucina 6 (IL-6), receptor toll-like tipo 4 (TLR-4), proteína quimiotática de monócitos 1 (MCP-1), proteína inflamatória de macrófagos 2 (MIP-2), molécula de adesão intercelular 1 (ICAM-1) e óxido nítrico sintase induzível (iNOS). Uma melhora da integridade da mucosa intestinal dos animais tratados com NCE e NPE também foi observada mediante um aumento na expressão de marcadores de barreira como Zona de oclusão 1 (ZO-1), Ocludina (OCLN) e Mucina 3 (MUC-3), os achados histopatológicos corroboraram com estes resultados. Os efeitos do NCE também foram positivos no modelo de síndrome metabólica induzida em camundongos utilizando dieta rica em gordura. A administração de NCE em camundongos obesos reduziu significativamente o ganho de peso corporal, quando comparado ao grupo não tratado, embora não tenham sido observadas diferenças significativas no consumo de energia entre estes grupos. A administração de NCE também reduziu a glicemia basal e a resistência à insulina, mostrou uma melhora no perfil lipídico plasmático em comparação com os camundongos obesos não tratados e resultou significativamente em um aumento da expressão do transportador de glicose GLUT-2 no fígado, evidenciado pela melhora dos níveis de glicose no sangue dos camundongos obesos tratados. A expressão do receptor de leptina (Leptin-R) no tecido hepático dos camundongos obesos tratados foi reduzida, mas houve uma recuperação significativa com o tratamento com NCE. Além disso, foi observado um aumento na expressão do receptor alfa ativado por proliferador de peroxissomo (PPAR-α) no grupo tratado. A expressão proteica da proteína quinase ativada por monofosfato de adenosina (AMPK) e da fosfoinositídeo 3-quinase (PI3K) no fígado dos camundongos alimentados por HFD foi diminuída, porém, houve uma recuperação significativa nos animais tratados. Análises da expressão dos marcadores de barreira intestinal (ZO-1 e MUC-3) em amostras de cólon de camundongos obesos tratados indicaram que o extrato conseguiu melhorar a integridade da barreira intestinal, a qual é normalmente comprometida em camundongos obesos. CONCLUSÃO. Em relação aos efeitos de NCE do modelo de inflamação intestinal por DNBS e de NCE e NPE no modelo por DSS, foi observado que ambos apresentaram efeito preventivo e antiinflamatório por meio da redução no escore do índice de atividade da doença e nos danos macroscópicos e microscópicos do cólon. Através das análises moleculares realizadas, foi possível observar que NCE e NPE diminuíram os níveis de mediadores inflamatórios e oxidativos, e promoveram a regulação negativa da expressão de genes de importantes vias inflamatórias e oxidativas. Além disso, NCE e NPE contribuíram para a melhora da integridade epitelial de acordo com as análises de marcadores de barreira e através das técnicas histológicas. O extrato livre e o associado a nanopartículas apresentaram resultados semelhantes, no entanto, a dose de NCE incorporado no NPE foi 50x menor que a dose de extrato livre avaliado no ensaio de indução inflamatória intestinal por DSS. Nos ensaios de síndrome metabólica induzida por dieta, o NCE apresentou uma melhora no perfil metabólico dos camundongos obesos, assim também como uma significativa redução do ganho de peso corporal. Estes efeitos foram associados a uma melhora no estado inflamatório sistêmico e diferentes mecanismos parecem estar envolvidos, destacamos os possíveis efeitos imunomoduladores dos fenólicos, já que esses compostos podem ter efeitos benéficos na regulação de genes envolvidos em processos metabólicos, inflamatórios e de estresse oxidativo. No entanto, é necessário realizar mais estudos para entender completamente os mecanismos subjacentes. Os resultados pré-clínicos in vivo indicam que NCE livre ou incorporado a nanopartículas é benéfico na prevenção da colite induzida e na síndrome metabólica, portanto, os resultados deste estudo dão suporte a futuras investigações sobre o potencial terapêutico do extrato de N. cochenillifera no tratamento das doenças inflamatórias intestinais e da síndrome metabólica e indica seu potencial promissor como um ingrediente bioativo para o desenvolvimento de um fitoterápico ou um suplemento funcional inovador no tratamento complementar destas doenças.
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As doenças inflamatórias intestinais (DII’s) e a síndrome metabólica são duas condições de saúde em ascensão em todo o mundo, principalmente nos países desenvolvidos (1–3). As DII’s, incluindo a doença de Crohn e a colite ulcerativa, são doenças crônicas que afetam o trato gastrointestinal e podem causar sintomas como rectorragia, diarreia com muco ou sangue, dor abdominal, fadiga e perda de peso (4). A síndrome metabólica, por sua vez, é um conjunto de condições médicas, incluindo obesidade abdominal, hipertensão arterial, aumento dos níveis de açúcar no sangue e dislipidemia (5). Ambas são enfermidades multifatoriais e complexas, cuja etiopatologia envolve uma combinação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais. No caso das DII’s, acreditase que a interação entre a microbiota intestinal, o sistema imunológico e os fatores ambientais possam desempenhar um papel importante no seu desenvolvimento. Além disso, fatores como o tabagismo, o estresse e o uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides também podem contribuir para o desenvolvimento das DII’s (6,7). Assim como as DII’s, a síndrome metabólica também está associada a uma inflamação crônica implicada na sua patogênese. O conjunto de fatores de risco, como obesidade abdominal, resistência à insulina, hipertensão arterial e dislipidemia aumentam o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como ataque cardíaco e acidente vascular cerebral (8). A inflamação crônica ocorre quando o sistema imunológico do corpo é ativado persistentemente, o que leva à produção contínua de citocinas pró-inflamatórias e a um estado inflamatório crônico. O tratamento da síndrome metabólica muitas vezes envolve a redução da inflamação crônica por meio de mudanças no estilo de vida, como dieta saudável, exercícios físicos regulares e controle do estresse, além de medicamentos para controlar a pressão arterial, reduzir os níveis de açúcar no sangue e reduzir os níveis de colesterol e triglicerídeos. Embora as DII’s e a síndrome metabólica sejam condições diferentes, elas podem estar relacionadas em certos indivíduos, e um melhor entendimento da inflamação crônica pode ajudar no desenvolvimento de tratamentos complementares para ambas as condições (9). Evidências clínicas mostram que o uso de fenólicos isolados ou de extratos ricos em fenólicos administrados em combinação com medicamentos já utilizados na terapia das DII’s e da síndrome metabólica contribuem com a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e para manter a doença no estado remissivo (10,11). Os polifenóis são metabólitos secundários produzidos por vegetais que possuem propriedade antioxidante e anti-inflamatória, o que os torna eficazes na prevenção e tratamento dessas doenças. Sua notável capacidade anti-inflamatória e antioxidante se deve a múltiplos alvos de ação, como a inibição da produção ou da ação de mediadores pró-inflamatórios ou até mesmo sob a forte influência que pode exercer sobre a microbiota intestinal (12–14). Neste cenário, a cactácea Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dyck, conhecida popularmente como palma, palma-forrageira e palma “doce” ou “miúda”, é uma boa fonte de compostos bioativos anti-inflamatórios. Os seus cladódios são ricos em polissacarídeos e polifenois (15), e têm sido amplamente utilizados para fins agrícolas, alimentares e medicinais (16). É tradicionalmente utilizada como anti-inflamatório e curativo no tratamento de doenças como colesterol elevado, tensão arterial, problemas renais e urinários, e no tratamento da diabetes (17,18). Estudos anteriores relataram o potencial antibiótico e antifúngico da N. cochenillifera em ensaios in vitro (19,20). Além disso, foi observada a redução da glicemia em estudos in vivo (21) e em um ensaio clínico piloto (22). Em relação ao efeito anti-inflamatório, a administração oral do extrato hidroetanólico dos cladódios de N. cochenillifera demonstrou uma significativa atividade anti-inflamatória em modelos de indução de granuloma e úlcera gástrica em roedores (23,24). Os polifenois presentes no extrato de N. cochenillifera já são considerados uma fonte promissora de agentes bioativos. No entanto, quando se trata de doenças inflamatórias intestinais, direcionar esses ativos para a região do cólon e reduzir as concentrações de extratos vegetais necessárias para alcançar atividade farmacológica ainda são desafios a serem superados. O desenvolvimento de sistemas de administração de medicamentos capazes de transportar as substâncias ativas do extrato até o tecido do cólon é uma alternativa promissora para melhorar a biodisponibilidade oral e prolongar sua retenção no cólon. Os sistemas nanoestruturados têm demonstrado propriedades interessantes e promissoras nesse sentido, como a melhoria da estabilidade, solubilidade e biodisponibilidade de compostos naturais, além de possibilitar o controle da liberação dos compostos bioativos e redução das doses e frequências de administração (25–27). Estratégias que envolvam a encapsulação do extrato de N. cochenillifera e o direcionamento da sua liberação para a região do cólon podem potencializar sua eficácia e reduzir a dose terapêutica necessária. Considerando o potencial bioativo da N. cochenillifera, é relevante destacar que esta espécie é uma excelente escolha para o desenvolvimento de um insumo nacional, devido à sua adaptação à região nordeste do Brasil e à presença de cultivos estabelecidos. Isso possibilita o desenvolvimento de toda cadeia produtiva no país, desde o cultivo até o insumo e/ou o produto acabado, o que pode ter impactos positivos na economia local, como a geração de empregos e o fomento ao desenvolvimento sustentável da região. Nesse contexto, essa proposta visa realizar um estudo fitoquímico do extrato de Nopalea cochenillifera e avaliar o efeito anti-inflamatório em modelos in vivo de inflamação intestinal e de síndrome metabólica. OBJETIVO. Este trabalho teve como objetivo realizar um estudo fitoquímico do extrato hidroetanólico dos cladódios de Nopalea cochenillifera, bem como avaliar a toxicidade e eficácia nos modelos in vivo de inflamação intestinal e de síndrome metabólica. Além disso, este trabalho teve como objetivo desenvolver e caracterizar um sistema nanoparticulado carregado com o extrato de N. cochenillifera e avaliar o efeito farmacológico do extrato livre (NCE) e associado a nanopartículas (NPE). Assim, foram propostos cinco objetivos específicos: 1. Caracterizar físico-quimicamente o extrato de N. cochenillifera, determinar o teor dos compostos fenólicos totais e flavonoides totais e o perfil cromatográfico por cromatografia liquida de alta eficiência acoplada a espectrometria de massas (CLAEEM). 2. Avaliar a toxicidade oral aguda do extrato hidroetanólico de N. cochenillifera em ratas. 3. Avaliar o efeito anti-inflamatório intestinal de diferentes doses do extrato hidroetanólico de N. cochenillifera em modelo de inflamação intestinal experimental induzida por ácido 2,4-dinitrobenzeno sulfônico (DNBS) em ratas. 4. 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Estas análises foram realizadas conforme recomendado pelos métodos da AOAC (2020). O teor de fenólicos total do extrato de NCE foi determinado com base no método do reagente Folin-Ciocalteu (28) e o teor de flavonoides totais foi determinado pelo método colorimétrico do cloreto de alumínio (29). O perfil cromatográfico foi determinado por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a espectrômetro de massas com fonte de ionização por electrospray (CLAE-IES-EM). 2. Avaliação da toxicidade oral aguda de NCE em ratos A toxicidade aguda por via oral do extrato de N. cochenillifera foi realizada seguindo os critérios recomendados pela OECD, 2001 (Guidelines for Testing of Chemicals) (30). Foram utilizados Ratos da linhagem Wistar (Rattus norvegicus). O grupo teste recebeu uma dose única de 2000 mg/kg de NCE. Nos dias 1, 7 e 14 após administração de NCE, os animais do grupo teste e controle, foram submetidos ao teste comportamental e motor (Teste de campo aberto e rota-rod). No 15º dia, os animais foram anestesiados e feito uma coleta de sangue por punção cardíaca para a realização de exames hematológicos e bioquímicos. Os órgãos (fígado, rim e baço) dos animais foram examinados macroscópica e microscopicamente. 3. Estudo da atividade anti-inflamatória intestinal “in vivo” A indução da inflamação intestinal foi realizada por ácido DNBS em ratas Wistar (31) e por DSS em camundongos C57BL/6J (32). No estudo com DNBS, os animais receberam três diferentes doses de NCE (100, 200 e 300 mg/kg/dia). No estudo com DSS, foi investigado o efeito anti-inflamatório do extrato livre (200 mg/kg/dia) e incorporado a nanopartículas poliméricas. Em ambos, o índice de atividade da doença (IAD) foi avaliado pela variação do peso corporal, presença de hemorragia retal e consistência das fezes (32). Após eutanásia, a expressão de marcadores inflamatórios e oxidativos, bem como análises macro e microscópica foram avaliadas nas amostras de cólon. Uma avaliação da permeabilidade intestinal pelo método de administração oral de FITC-dextrano foi realizada apenas com os animas submetidos a indução inflamatória intestinal por DSS (33). 4. Obtenção e caracterização das nanopartículas poliméricas As nanopartículas carregadas com extrato de N. cochenillifera (NPE) foram preparadas pelo método de nanoprecipitação (34,35). As nanopartículas foram caracterizadas quanto ao tamanho, índice de polidispersão (PdI), potencial zeta, eficiência de encapsulação (EE) e morfologia. A estabilidade física das nanopartículas foi avaliada durante um período de 30 dias. 5. Estudo do efeito do extrato de N. cochenillifera (NCE) em um modelo de síndrome metabólica Camundongos machos C57BL/6J foram divididos aleatoriamente em quatro grupos experimentais: controle (dieta padrão); controle + NCE (dieta padrão, tratados com NCE (200 mg/kg)), controle (dieta rica em gordura) e controle + NCE (dieta rica em gordura, tratados com NCE (200 mg/kg). Ao longo do período experimental de 10 semanas, foram avaliados o peso corporal e a ingestão de água e comida (36). Uma semana antes da eutanásia, os camundongos foram privados de alimentos por 6 horas e um teste de tolerância à glicose foi realizado. Ao final do experimento, os animais foram anestesiados e feito uma coleta de sangue por punção cardíaca para a realização da medição os níveis plasmáticos de glicose. Fígado, baço, rins, cólon, gordura abdominal, epididimal e marrom, foram coletados, pesados e analisados macroscopicamente. Amostras de fígado, cólon e/ou tecido adiposo foram analisados microscopicamente e processados para determinações bioquímicas a fim de avaliar a expressão gênica de diferentes marcadores por PCR quantitativo em tempo real (Rt-qPCR). RESULTADOS. O teor de fenólicos totais e flavonoides totais por grama de extrato seco foi de 67,85 mg e 46,16 mg/g, respectivamente. Através da análise por CLAE-IES-EM, foi caracterizado um total de 25 compostos tais como sacarídeos, ácidos orgânicos, ácidos fenólicos e flavonoides. No estudo de toxicidade, a dose de 2000 mg/kg de extrato administrada por via oral não mostrou sinais de toxicidade, mortalidade ou alterações significativas nos parâmetros comportamentais, bioquímicos e hematológicos. Quanto aos efeitos anti-inflamatórios intestinais na indução com DNBS, a análise macroscópica do cólon indicou que o NCE diminuiu o índice de atividade da doença (IAD). As concentrações de interleucina 1 beta (IL-1β) e do fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) diminuíram, a de interleucina 10 (IL-10) aumentou e os níveis de malondialdeido (MDA) e mieloperoxidase (MPO) diminuíram quando comparados com o grupo controle. Além disso, foi observada uma diminuição da expressão gênica de marcadores inflamatórios como proteína quinase ativada por mitógeno 1 (MAPK-1) e fator nuclear kappa B (NF-κB p65) nas amostras de cólon. A integridade epitelial foi melhorada segundo as análises histopatológica e imunohistoquímica. Os grupos que receberam doses de 200 e 300 mg/kg apresentaram melhores resultados. Análises físico-químicas mostraram que as nanopartículas carregadas com extrato (NPE) são esféricas com carga superficial positiva, tamanho de 76,45 nm, potencial zeta positivo, alta eficiência de encapsulamento (EE = 100%) e estáveis por 30 dias. Quanto aos efeitos antiinflamatórios intestinais na indução com DSS, foi observado que o tratamento com o extrato livre NCE (200 mg/kg) e com NPE (4 mg/kg) também reduziram o índice de atividade da doença (IAD), preveniram o encurtamento do cólon e promoveram redução na expressão de marcadores inflamatórios como IL-1β, TNF-α, interleucina 6 (IL-6), receptor toll-like tipo 4 (TLR-4), proteína quimiotática de monócitos 1 (MCP-1), proteína inflamatória de macrófagos 2 (MIP-2), molécula de adesão intercelular 1 (ICAM-1) e óxido nítrico sintase induzível (iNOS). Uma melhora da integridade da mucosa intestinal dos animais tratados com NCE e NPE também foi observada mediante um aumento na expressão de marcadores de barreira como Zona de oclusão 1 (ZO-1), Ocludina (OCLN) e Mucina 3 (MUC-3), os achados histopatológicos corroboraram com estes resultados. Os efeitos do NCE também foram positivos no modelo de síndrome metabólica induzida em camundongos utilizando dieta rica em gordura. A administração de NCE em camundongos obesos reduziu significativamente o ganho de peso corporal, quando comparado ao grupo não tratado, embora não tenham sido observadas diferenças significativas no consumo de energia entre estes grupos. A administração de NCE também reduziu a glicemia basal e a resistência à insulina, mostrou uma melhora no perfil lipídico plasmático em comparação com os camundongos obesos não tratados e resultou significativamente em um aumento da expressão do transportador de glicose GLUT-2 no fígado, evidenciado pela melhora dos níveis de glicose no sangue dos camundongos obesos tratados. A expressão do receptor de leptina (Leptin-R) no tecido hepático dos camundongos obesos tratados foi reduzida, mas houve uma recuperação significativa com o tratamento com NCE. Além disso, foi observado um aumento na expressão do receptor alfa ativado por proliferador de peroxissomo (PPAR-α) no grupo tratado. A expressão proteica da proteína quinase ativada por monofosfato de adenosina (AMPK) e da fosfoinositídeo 3-quinase (PI3K) no fígado dos camundongos alimentados por HFD foi diminuída, porém, houve uma recuperação significativa nos animais tratados. Análises da expressão dos marcadores de barreira intestinal (ZO-1 e MUC-3) em amostras de cólon de camundongos obesos tratados indicaram que o extrato conseguiu melhorar a integridade da barreira intestinal, a qual é normalmente comprometida em camundongos obesos. CONCLUSÃO. Em relação aos efeitos de NCE do modelo de inflamação intestinal por DNBS e de NCE e NPE no modelo por DSS, foi observado que ambos apresentaram efeito preventivo e antiinflamatório por meio da redução no escore do índice de atividade da doença e nos danos macroscópicos e microscópicos do cólon. Através das análises moleculares realizadas, foi possível observar que NCE e NPE diminuíram os níveis de mediadores inflamatórios e oxidativos, e promoveram a regulação negativa da expressão de genes de importantes vias inflamatórias e oxidativas. Além disso, NCE e NPE contribuíram para a melhora da integridade epitelial de acordo com as análises de marcadores de barreira e através das técnicas histológicas. O extrato livre e o associado a nanopartículas apresentaram resultados semelhantes, no entanto, a dose de NCE incorporado no NPE foi 50x menor que a dose de extrato livre avaliado no ensaio de indução inflamatória intestinal por DSS. Nos ensaios de síndrome metabólica induzida por dieta, o NCE apresentou uma melhora no perfil metabólico dos camundongos obesos, assim também como uma significativa redução do ganho de peso corporal. Estes efeitos foram associados a uma melhora no estado inflamatório sistêmico e diferentes mecanismos parecem estar envolvidos, destacamos os possíveis efeitos imunomoduladores dos fenólicos, já que esses compostos podem ter efeitos benéficos na regulação de genes envolvidos em processos metabólicos, inflamatórios e de estresse oxidativo. No entanto, é necessário realizar mais estudos para entender completamente os mecanismos subjacentes. Os resultados pré-clínicos in vivo indicam que NCE livre ou incorporado a nanopartículas é benéfico na prevenção da colite induzida e na síndrome metabólica, portanto, os resultados deste estudo dão suporte a futuras investigações sobre o potencial terapêutico do extrato de N. cochenillifera no tratamento das doenças inflamatórias intestinais e da síndrome metabólica e indica seu potencial promissor como um ingrediente bioativo para o desenvolvimento de um fitoterápico ou um suplemento funcional inovador no tratamento complementar destas doenças.INTRODUCCIÓN. Las enfermedades inflamatorias intestinales (EII) y el síndrome metabólico son dos trastornos de salud en aumento en todo el mundo, especialmente en los países desarrollados (1–3). Las EII, incluidas la enfermedad de Crohn y la colitis ulcerosa, son enfermedades crónicas que afectan al tracto gastrointestinal y pueden causar síntomas como rectorragia, diarrea con moco o sangre, dolor abdominal, fatiga y pérdida de peso (4). El síndrome metabólico, por su parte, es un conjunto de afecciones médicas que incluyen obesidad abdominal, hipertensión, aumento de los niveles de azúcar en sangre y dislipidemia (5). Ambas son enfermedades multifactoriales y complejas, en cuya etiopatogenia interviene una combinación de factores genéticos, ambientales y conductuales. En el caso de la EII, se cree que la interacción entre la microbiota intestinal, el sistema inmunitario y los factores ambientales puede desempeñar un papel importante en su desarrollo. Además, factores como el tabaquismo, el estrés y el uso prolongado de antiinflamatorios no esteroideos también pueden contribuir al desarrollo de la EII (6,7). Así como las EII, el síndrome metabólico también está asociado con una inflamación crónica implicada en su patogénesis. El conjunto de factores de riesgo, como la obesidad abdominal, resistencia a la insulina, hipertensión arterial y dislipidemia, aumentan el riesgo de desarrollar enfermedades cardiovasculares, como un ataque cardíaco o un accidente cerebrovascular (8). La inflamación crónica ocurre cuando el sistema inmunológico del cuerpo se activa de forma persistente, lo que lleva a una producción continua de citocinas proinflamatorias y a un estado inflamatorio crónico. El tratamiento del síndrome metabólico a menudo implica la reducción de la inflamación crónica a través de cambios en el estilo de vida, como una dieta saludable, ejercicio regular y control del estrés, además de medicamentos para controlar la presión arterial, reducir los niveles de azúcar en sangre y disminuir los niveles de colesterol y triglicéridos. Aunque las EII y el síndrome metabólico son condiciones diferentes, pueden estar relacionadas en ciertos individuos, y una mejor comprensión de la inflamación crónica puede ayudar en el desarrollo de tratamientos más efectivos para ambas condiciones (9). Las evidencias clínicas han mostrado que el uso de fenoles aislados o de extractos ricos en fenoles administrados en combinación con medicamentos ya utilizados en la terapia de las EII y del síndrome metabólico ha contribuido a mejorar la calidad de vida de los pacientes y para mantener la enfermedad en remisión (10,11). Los polifenoles son metabolitos secundarios producidos por plantas que poseen propiedades antioxidante y antiinflamatoria, lo que los hace efectivos en la prevención y tratamiento de estas enfermedades. Su notable capacidad antiinflamatoria y antioxidante se debe a múltiples mecanismos de acción, como la inhibición de la producción o acción de mediadores proinflamatorios o incluso su fuerte influencia sobre la microbiota intestinal (12–14). En este escenario, la cactácea Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dyck, conocida popularmente como nopal, nopal cactus o “palma forrageira doce ou miúda” en portugués, es una buena fuente de compuestos bioactivos antiinflamatorios. Sus cladodios son ricos en polisacáridos y polifenoles (15), y se han utilizado ampliamente con fines agrícolas, alimentarios y medicinales (16). Tradicionalmente, se ha usado como antiinflamatorio y cicatrizante en el tratamiento de enfermedades como la hipercolesterolemia, la presión arterial, problemas renales y urinarios, y en el tratamiento de la diabetes (17,18). Estudios anteriores han informado sobre el potencial antibiótico y antifúngico del N. cochenillifera en ensayos in vitro (19,20). Además, se ha observado la reducción de los niveles de glucosa en estudios in vivo (21) y en un ensayo clínico piloto (22). En cuanto a su efecto antiinflamatorio, la administración oral del extracto hidroalcohólico de los cladodios de N. cochenillifera ha demostrado una significativa actividad antiinflamatoria en modelos de inducción de granuloma y úlcera gástrica en roedores (23,24). Los polifenoles presentes en el extracto de N. cochenillifera ya se consideran una fuente prometedora de agentes bioactivos. Sin embargo, cuando se trata de enfermedades inflamatorias intestinales, dirigir estos compuestos activos a la región del colon y reducir las concentraciones de extractos vegetales necesarias para lograr actividad farmacológica todavía son desafíos por superar. El desarrollo de sistemas de administración de medicamentos capaces de transportar las sustancias activas del extracto hasta el tejido del colon es una alternativa prometedora para mejorar la biodisponibilidad oral y prolongar su retención en el colon. Los sistemas nanoestructurados han mostrado propiedades interesantes y prometedoras en este sentido, como la mejora de la estabilidad, solubilidad y biodisponibilidad de compuestos naturales, así como la posibilidad de controlar la liberación de los compuestos bioactivos y reducir las dosis y frecuencias de administración (25–27). Estrategias que involucren la encapsulación del extracto de N. cochenillifera y la dirección de su liberación hacia la región del colon pueden potenciar su eficacia y reducir la dosis terapéutica necesaria. Teniendo en cuenta el potencial bioactivo de N. cochenillifera, es relevante destacar que esta especie es una excelente opción para el desarrollo de un insumo nacional, debido a su adaptación a la región nordeste de Brasil y a la presencia de cultivos establecidos. Esto permite el desarrollo de toda la cadena productiva en el país, desde el cultivo hasta el insumo y/o producto terminado, lo que puede tener impactos positivos en la economía local, como la generación de empleos y la promoción del desarrollo sostenible de la región. En este contexto, la presente propuesta tiene como objetivo realizar un estudio fitoquímico del extracto de N. cochenillifera y evaluar el efecto antiinflamatorio en modelos in vivo de inflamación intestinal y síndrome metabólico. OBJETIVO. El presente trabajo tuvo como objetivo realizar un estudio fitoquímico del extracto hidroalcohólico de cladodios de Nopalea cochenillifera, así como evaluar la toxicidad y eficacia en modelos in vivo de inflamación intestinal y síndrome metabólico. Además, este trabajo tuvo como objetivo desarrollar y caracterizar un sistema nanoparticulado cargado con el extracto de N. cochenillifera y evaluar el efecto farmacológico del extracto libre (NCE) y asociado a nanopartículas (NPE). De esta manera, se propusieron cinco objetivos específicos: 1. Caracterizar fisicoquímicamente el extracto hidroalcohólico de N. cochenillifera, determinar el contenido de compuestos fenólicos totales y flavonoides totales y el perfil cromatográfico mediante cromatografía líquida de alta resolución acoplada a espectrometría de masas (CLAE-EM). 2. Evaluar la toxicidad oral aguda del extracto hidroalcohólico de N. cochenillifera en ratas. 3. Evaluar el efecto antiinflamatorio intestinal de diferentes dosis del extracto hidroalcohólico de N. cochenillifera en un modelo de inflamación intestinal experimental inducido por ácido 2,4-dinitrobenceno sulfónico (DNBS) en ratas. 4. Desarrollar, caracterizar y evaluar los efectos de un sistema nanoparticulado cargado extracto hidroalcohólico de N. cochenillifera en un modelo de inflamación intestinal experimental inducido por sulfato de sodio de dextrano (DSS) en ratones. 5. Evaluar el efecto del extracto hidroalcohólico de N. cochenillifera en un modelo experimental de síndrome metabólico inducido por una dieta alta en grasas en ratones. METODOLOGÍA. 1. Preparación y caracterización fisicoquímica del extracto hidroalcohólico de N. cochenillifera (NCE) Los cladodios de N. cochenillifera fueron recolectados, luego fragmentados en pedazos más pequeños, secados en estufa de aire circulante, triturados y sometidos a extracción por el método de maceración con solvente hidroalcohólico en la proporción 1:10 (p/v). En el análisis fisicoquímico del NCE, se determinaron el pH, la acidez titulable, los contenidos de humedad, cenizas, extracto etéreo, fibra bruta, proteínas y carbohidratos totales. Estos análisis se realizaron de acuerdo con los métodos recomendados por AOAC (2020). El contenido total de fenoles del extracto de NCE se determinó mediante el método del reactivo Folin-Ciocalteu (28) y el contenido total de flavonoides se determinó mediante el método colorimétrico del cloruro de aluminio (29). El perfil cromatográfico se determinó mediante cromatografía líquida de alta eficiencia acoplada a espectrómetro de masas con fuente de ionización por electrospray (CLAEIES-EM). 2. Evaluación de la toxicidad oral aguda del NCE en ratas La toxicidad aguda por vía oral del extracto de N. cochenillifera se llevó a cabo siguiendo los criterios recomendados por la OECD, 2001 (Guidelines for Testing of Chemicals) (30). Se utilizaron ratas de la cepa Wistar (Rattus norvegicus). El grupo de prueba recibió una dosis única de 2000 mg/kg de NCE. En los días 1, 7 y 14 después de la administración de NCE, se sometió a los animales del grupo de prueba y de control a pruebas de comportamiento y motor (prueba de campo abierto y rota-rod). En el día 15, los animales fueron anestesiados y se realizó una extracción de sangre por punción cardíaca para realizar análisis hematológicos y bioquímicos. Los órganos (hígado, riñón y bazo) de los animales fueron examinados macroscópica y microscópicamente. 3. Estudio de la actividad antiinflamatoria intestinal “in vivo” La inducción de la inflamación intestinal se efectuó mediante el uso de DNBS en ratas (31) y DSS en ratones C57BL/6J (32). En el estudio con DNBS, se administraron 3 diferentes dosis de NCE (100, 200 y 300 mg/kg/día) a los animales. En el estudio con DSS, se investigó el efecto antiinflamatorio del extracto libre (200 mg/kg/día) y del extracto incorporado en nanopartículas poliméricas. En ambos casos, se evaluó el índice de actividad de la enfermedad (IAD) mediante la variación del peso corporal, la presencia de hemorragia rectal y la consistencia de las heces (32). Después de la eutanasia, se evaluó la expresión de marcadores inflamatorios y oxidativos, así como un análisis microscópico en muestras de colon. Además, se realizó una evaluación de la permeabilidad intestinal mediante el método de administración oral de FITC-dextrano en los animales sometidos a la inducción inflamatoria intestinal por DSS (33). 4. Obtención y caracterización de las nanopartículas poliméricas Las nanopartículas cargadas con extracto de N. cochenillifera (NPE) se prepararon mediante el método de nanoprecipitación (34,35). Las nanopartículas se caracterizaron según su tamaño, índice de polidispersión (PdI), potencial zeta, eficiencia de encapsulación (EE) y morfología. La estabilidad física de las nanopartículas se evaluó durante un período de 30 días. 5. Estudio del efecto del extracto de N. cochenillifera en un modelo de síndrome metabólico Se dividieron aleatoriamente ratones machos C57BL/6J en cuatro grupos experimentales: control (dieta estándar); control + NCE (dieta estándar, tratados con NCE (200 mg/kg)), control (dieta rica en grasas) y control + NCE (dieta rica en grasas, tratados con NCE (200 mg)) (36). Durante el período experimental de 10 semanas, se evaluó el peso corporal y la ingesta de agua y comida. Una semana antes de la eutanasia, los ratones fueron privados de alimentos durante 6 horas y se realizó una prueba de tolerancia a la glucosa. Al final del experimento, los animales fueron anestesiados y se realizó una extracción de sangre por punción cardíaca para medir los niveles plasmáticos de glucosa. Se recolectaron y pesaron el hígado, bazo, riñones, colon, grasa abdominal, epididimal y marrón, y se analizaron macroscópicamente. Se procesaron muestras de hígado, colon y/o tejido adiposo para determinaciones bioquímicas y evaluar la expresión génica de diferentes marcadores mediante PCR cuantitativa en tiempo real (RT-qPCR). RESULTADOS. El contenido de fenoles y flavonoides totales por gramo de extracto seco fue de 67,85 y 46,16 mg/g, respectivamente. A través del análisis por CLAE-IES-EM, se caracterizaron un total de 25 compuestos como sacáridos, ácidos orgánicos, ácidos fenólicos y flavonoides. En el estudio de toxicidad, la dosis de 2000 mg/kg de extracto administrada por vía oral no mostró signos de toxicidad, mortalidad o alteraciones significativas en los parámetros conductuales, bioquímicos y hematológicos. En cuanto a los efectos antiinflamatorios intestinales en la inducción con DNBS, el análisis macroscópico del colon indicó que el NCE disminuyó el índice de actividad de la enfermedad (IAE). La concentración de interleucina (IL) 1 beta y factor de necrosis tumoral alfa (TNF-α) disminuyeron, de la IL-10 aumentó y los niveles de malondialdehído (MDA) y mieloperoxidasa (MPO) disminuyeron en comparación con el grupo control. Además, se observó una disminución en la expresión génica de marcadores inflamatorios como proteína quinasa activada por mitógenos 1 (MAPK-1) y factor nuclear kappa B (NF-κB p65) en las muestras de colon. La integridad epitelial mejoró según los análisis histopatológicos e inmunohistoquímicos. Los grupos que recibieron dosis de 200 y 300 mg/kg presentaron mejores resultados. Los análisis fisicoquímicos mostraron que las nanopartículas cargadas con extracto (NPE) son esféricas, con carga superficial positiva, tamaño de 76,45 nm, potencial zeta positivo, alta eficiencia de encapsulación (EE = 100%) y estables por 30 días. En cuanto a los efectos antiinflamatorios intestinales en la inducción con DSS, se observó que el tratamiento con el NCE (200 mg/kg) y con NPE (4 mg/kg) también redujo el índice de actividad de la enfermedad (IAD), previno el acortamiento del colon y promovió la reducción en la expresión de marcadores inflamatorios como IL-1β, TNF-α, IL-6, receptor toll-like tipo 4 (TLR-4), proteína quimioatrayente de monocitos 1 (MCP-1), proteína inflamatoria de macrófagos 2 (MIP-2), molécula de adhesión intercelular 1 (ICAM-1) y óxido nítrico sintasa inducible (iNOS). Además, se observó una mejora en la integridad de la mucosa intestinal de los animales tratados con NCE y NPE a través de un aumento en la expresión de marcadores de barrera como Zona de oclusión 1 (ZO-1), Ocludina (OCLN) y Mucina 3 (MUC-3), los hallazgos histopatológicos corroboraron estos resultados. Los efectos del NCE también fueron positivos en un modelo de síndrome metabólico inducido en ratones mediante una dieta alta en grasas. La administración de NCE en ratones obesos redujo significativamente el peso corporal en comparación con el grupo no tratado, aunque no se observaron diferencias significativas en el consumo de energía entre estos grupos. La administración de NCE también redujo la glucemia basal y la resistencia a la insulina, mostró una mejora en el perfil lipídico plasmático en comparación con los ratones obesos no tratados y resultó en un aumento significativo en la expresión del transportador de glucosa (GLUT-2) en el hígado, evidenciado por la reducción de los niveles de glucosa en sangre en los ratones obesos tratados. La expresión del receptor de leptina (Leptina-R) en el tejido hepático de los ratones obesos tratados se redujo, pero hubo una recuperación significativa con el tratamiento con NCE. Además, se observó un aumento en la expresión del receptor activado por proliferadores peroxisómicos tipo alfa (PPAR-α) en el grupo tratado. La expresión proteica de la proteína quinasa activada por monofosfato de adenosina (AMPK) y de la fosfatidilinositol 3- quinasa (PI3K) en el hígado de los ratones alimentados con HFD se redujo, pero hubo una recuperación significativa en los animales tratados. Los análisis de la expresión de los marcadores de barrera intestinal (ZO-1 y MUC-3) en muestras de colon de ratones obesos tratados indicaron que el extracto fue capaz de mejorar la integridad de la barrera intestinal, la cual se ve normalmente comprometida en ratones obesos. CONCLUSIÓN. La administración de NCE en el modelo DNBS de inflamación intestinal y de NCE y NPE en el modelo DSS, mostró un efecto preventivo y antiinflamatorio al reducir la puntuación del índice de actividad de la enfermedad y el daño macroscópico y microscópico del colon. A través de los análisis moleculares realizados, se pudo observar que NCE y NPE disminuyeron los niveles de mediadores inflamatorios y oxidativos, y promovieron la regulación negativa de la expresión de genes de importantes vías inflamatorias y oxidativas. Además, NCE y NPE contribuyeron a la mejora de la integridad epitelial según el análisis de marcadores de barrera y mediante técnicas histológicas. El extracto libre y el asociado a nanopartículas mostraron resultados similares, sin embargo, la dosis de NCE incorporada en NPE fue 50 veces inferior a la dosis de extracto libre evaluada en el ensayo de inducción inflamatoria intestinal por DSS. En los ensayos de síndrome metabólico inducido por dieta, el NCE mostró una mejora del perfil metabólico de los ratones obesos, así como una reducción significativa del aumento de peso corporal. Estos efectos se asociaron a una mejora del estado inflamatorio sistémico y parecen estar implicados diferentes mecanismos, destacamos los posibles efectos inmunomoduladores de los compuestos fenólicos, ya que éstos pueden tener efectos beneficiosos sobre la regulación de genes implicados en procesos metabólicos, inflamatorios y de estrés oxidativo. Sin embargo, se necesitan más estudios para comprender plenamente los mecanismos subyacentes. Los resultados preclínicos in vivo indican que el NCE libre o incorporado en nanopartículas es beneficioso para prevenir la colitis inducida y el síndrome metabólico, por lo tanto, los resultados de este estudio apoyan futuras investigaciones sobre el potencial terapéutico del extracto de N. cochenillifera en el tratamiento de las enfermedades inflamatorias intestinales y del síndrome metabólico e indica su prometedor potencial como un ingrediente bioactivo prometedor para el desarrollo de fitoterapéuticos o suplementos funcionales innovadores en el tratamiento complementario de estas enfermedades.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES2024-12-31Universidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM MEDICAMENTOSUFRNBrasilCNPQ::CIENCIAS DA SAUDESuplemento funcional; Fitoterápicos; Cactaceae; Fenólicos; Nanopartículas;Toxicidade aguda; ácido 24-dinitrobenzeno sulfônico; Dextran sulfato de sódio; Doençasinflamatórias intestinais; Colite;Effects of Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dick extract on experimental models of intestinal inflammation and metabolic syndromeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALEffectsNopaleacochenillifera_Tavares_2023.pdfapplication/pdf8475444https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/54902/1/EffectsNopaleacochenillifera_Tavares_2023.pdfcd9c01dc8e95d33430f071138f11f301MD51123456789/549022024-03-19 01:06:23.318oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/54902Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2024-03-19T04:06:23Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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description INTRODUÇÃO. As doenças inflamatórias intestinais (DII’s) e a síndrome metabólica são duas condições de saúde em ascensão em todo o mundo, principalmente nos países desenvolvidos (1–3). As DII’s, incluindo a doença de Crohn e a colite ulcerativa, são doenças crônicas que afetam o trato gastrointestinal e podem causar sintomas como rectorragia, diarreia com muco ou sangue, dor abdominal, fadiga e perda de peso (4). A síndrome metabólica, por sua vez, é um conjunto de condições médicas, incluindo obesidade abdominal, hipertensão arterial, aumento dos níveis de açúcar no sangue e dislipidemia (5). Ambas são enfermidades multifatoriais e complexas, cuja etiopatologia envolve uma combinação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais. No caso das DII’s, acreditase que a interação entre a microbiota intestinal, o sistema imunológico e os fatores ambientais possam desempenhar um papel importante no seu desenvolvimento. Além disso, fatores como o tabagismo, o estresse e o uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides também podem contribuir para o desenvolvimento das DII’s (6,7). Assim como as DII’s, a síndrome metabólica também está associada a uma inflamação crônica implicada na sua patogênese. O conjunto de fatores de risco, como obesidade abdominal, resistência à insulina, hipertensão arterial e dislipidemia aumentam o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como ataque cardíaco e acidente vascular cerebral (8). A inflamação crônica ocorre quando o sistema imunológico do corpo é ativado persistentemente, o que leva à produção contínua de citocinas pró-inflamatórias e a um estado inflamatório crônico. O tratamento da síndrome metabólica muitas vezes envolve a redução da inflamação crônica por meio de mudanças no estilo de vida, como dieta saudável, exercícios físicos regulares e controle do estresse, além de medicamentos para controlar a pressão arterial, reduzir os níveis de açúcar no sangue e reduzir os níveis de colesterol e triglicerídeos. Embora as DII’s e a síndrome metabólica sejam condições diferentes, elas podem estar relacionadas em certos indivíduos, e um melhor entendimento da inflamação crônica pode ajudar no desenvolvimento de tratamentos complementares para ambas as condições (9). Evidências clínicas mostram que o uso de fenólicos isolados ou de extratos ricos em fenólicos administrados em combinação com medicamentos já utilizados na terapia das DII’s e da síndrome metabólica contribuem com a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e para manter a doença no estado remissivo (10,11). Os polifenóis são metabólitos secundários produzidos por vegetais que possuem propriedade antioxidante e anti-inflamatória, o que os torna eficazes na prevenção e tratamento dessas doenças. Sua notável capacidade anti-inflamatória e antioxidante se deve a múltiplos alvos de ação, como a inibição da produção ou da ação de mediadores pró-inflamatórios ou até mesmo sob a forte influência que pode exercer sobre a microbiota intestinal (12–14). Neste cenário, a cactácea Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dyck, conhecida popularmente como palma, palma-forrageira e palma “doce” ou “miúda”, é uma boa fonte de compostos bioativos anti-inflamatórios. Os seus cladódios são ricos em polissacarídeos e polifenois (15), e têm sido amplamente utilizados para fins agrícolas, alimentares e medicinais (16). É tradicionalmente utilizada como anti-inflamatório e curativo no tratamento de doenças como colesterol elevado, tensão arterial, problemas renais e urinários, e no tratamento da diabetes (17,18). Estudos anteriores relataram o potencial antibiótico e antifúngico da N. cochenillifera em ensaios in vitro (19,20). Além disso, foi observada a redução da glicemia em estudos in vivo (21) e em um ensaio clínico piloto (22). Em relação ao efeito anti-inflamatório, a administração oral do extrato hidroetanólico dos cladódios de N. cochenillifera demonstrou uma significativa atividade anti-inflamatória em modelos de indução de granuloma e úlcera gástrica em roedores (23,24). Os polifenois presentes no extrato de N. cochenillifera já são considerados uma fonte promissora de agentes bioativos. No entanto, quando se trata de doenças inflamatórias intestinais, direcionar esses ativos para a região do cólon e reduzir as concentrações de extratos vegetais necessárias para alcançar atividade farmacológica ainda são desafios a serem superados. O desenvolvimento de sistemas de administração de medicamentos capazes de transportar as substâncias ativas do extrato até o tecido do cólon é uma alternativa promissora para melhorar a biodisponibilidade oral e prolongar sua retenção no cólon. Os sistemas nanoestruturados têm demonstrado propriedades interessantes e promissoras nesse sentido, como a melhoria da estabilidade, solubilidade e biodisponibilidade de compostos naturais, além de possibilitar o controle da liberação dos compostos bioativos e redução das doses e frequências de administração (25–27). Estratégias que envolvam a encapsulação do extrato de N. cochenillifera e o direcionamento da sua liberação para a região do cólon podem potencializar sua eficácia e reduzir a dose terapêutica necessária. Considerando o potencial bioativo da N. cochenillifera, é relevante destacar que esta espécie é uma excelente escolha para o desenvolvimento de um insumo nacional, devido à sua adaptação à região nordeste do Brasil e à presença de cultivos estabelecidos. Isso possibilita o desenvolvimento de toda cadeia produtiva no país, desde o cultivo até o insumo e/ou o produto acabado, o que pode ter impactos positivos na economia local, como a geração de empregos e o fomento ao desenvolvimento sustentável da região. Nesse contexto, essa proposta visa realizar um estudo fitoquímico do extrato de Nopalea cochenillifera e avaliar o efeito anti-inflamatório em modelos in vivo de inflamação intestinal e de síndrome metabólica. OBJETIVO. Este trabalho teve como objetivo realizar um estudo fitoquímico do extrato hidroetanólico dos cladódios de Nopalea cochenillifera, bem como avaliar a toxicidade e eficácia nos modelos in vivo de inflamação intestinal e de síndrome metabólica. Além disso, este trabalho teve como objetivo desenvolver e caracterizar um sistema nanoparticulado carregado com o extrato de N. cochenillifera e avaliar o efeito farmacológico do extrato livre (NCE) e associado a nanopartículas (NPE). Assim, foram propostos cinco objetivos específicos: 1. Caracterizar físico-quimicamente o extrato de N. cochenillifera, determinar o teor dos compostos fenólicos totais e flavonoides totais e o perfil cromatográfico por cromatografia liquida de alta eficiência acoplada a espectrometria de massas (CLAEEM). 2. Avaliar a toxicidade oral aguda do extrato hidroetanólico de N. cochenillifera em ratas. 3. Avaliar o efeito anti-inflamatório intestinal de diferentes doses do extrato hidroetanólico de N. cochenillifera em modelo de inflamação intestinal experimental induzida por ácido 2,4-dinitrobenzeno sulfônico (DNBS) em ratas. 4. Desenvolver, caracterizar e avaliar os efeitos de um sistema nanoparticulado carregado com o extrato hidroetanólico de N. cochenillifera em um modelo de inflamação intestinal experimental induzida por dextrano sulfato de sódio (DSS) em camundongos. 5. Avaliar o efeito do extrato hidroetanólico de N. cochenillifera em um modelo experimental de síndrome metabólica induzida por dieta rica em gordura em camundongos. METODOLOGIA. 1. Preparação e caracterização físico-química do extrato hidroetanólico de N. cochenillifera (NCE) Os cladódios de N. cochenillifera foram coletados, em seguida fragmentados em pedaços menores, secos em estufa de ar circulante, triturados e submetidos a extração pelo método de maceração com solvente hidroetanólico na proporção 1:10 (p/v). Na análise físico-química do NCE, determinou-se o pH, a acidez titulável, teores de umidade, cinzas, extrato etéreo, fibra bruta, proteínas e carboidratos totais. Estas análises foram realizadas conforme recomendado pelos métodos da AOAC (2020). O teor de fenólicos total do extrato de NCE foi determinado com base no método do reagente Folin-Ciocalteu (28) e o teor de flavonoides totais foi determinado pelo método colorimétrico do cloreto de alumínio (29). O perfil cromatográfico foi determinado por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a espectrômetro de massas com fonte de ionização por electrospray (CLAE-IES-EM). 2. Avaliação da toxicidade oral aguda de NCE em ratos A toxicidade aguda por via oral do extrato de N. cochenillifera foi realizada seguindo os critérios recomendados pela OECD, 2001 (Guidelines for Testing of Chemicals) (30). Foram utilizados Ratos da linhagem Wistar (Rattus norvegicus). O grupo teste recebeu uma dose única de 2000 mg/kg de NCE. Nos dias 1, 7 e 14 após administração de NCE, os animais do grupo teste e controle, foram submetidos ao teste comportamental e motor (Teste de campo aberto e rota-rod). No 15º dia, os animais foram anestesiados e feito uma coleta de sangue por punção cardíaca para a realização de exames hematológicos e bioquímicos. Os órgãos (fígado, rim e baço) dos animais foram examinados macroscópica e microscopicamente. 3. Estudo da atividade anti-inflamatória intestinal “in vivo” A indução da inflamação intestinal foi realizada por ácido DNBS em ratas Wistar (31) e por DSS em camundongos C57BL/6J (32). No estudo com DNBS, os animais receberam três diferentes doses de NCE (100, 200 e 300 mg/kg/dia). No estudo com DSS, foi investigado o efeito anti-inflamatório do extrato livre (200 mg/kg/dia) e incorporado a nanopartículas poliméricas. Em ambos, o índice de atividade da doença (IAD) foi avaliado pela variação do peso corporal, presença de hemorragia retal e consistência das fezes (32). Após eutanásia, a expressão de marcadores inflamatórios e oxidativos, bem como análises macro e microscópica foram avaliadas nas amostras de cólon. Uma avaliação da permeabilidade intestinal pelo método de administração oral de FITC-dextrano foi realizada apenas com os animas submetidos a indução inflamatória intestinal por DSS (33). 4. Obtenção e caracterização das nanopartículas poliméricas As nanopartículas carregadas com extrato de N. cochenillifera (NPE) foram preparadas pelo método de nanoprecipitação (34,35). As nanopartículas foram caracterizadas quanto ao tamanho, índice de polidispersão (PdI), potencial zeta, eficiência de encapsulação (EE) e morfologia. A estabilidade física das nanopartículas foi avaliada durante um período de 30 dias. 5. Estudo do efeito do extrato de N. cochenillifera (NCE) em um modelo de síndrome metabólica Camundongos machos C57BL/6J foram divididos aleatoriamente em quatro grupos experimentais: controle (dieta padrão); controle + NCE (dieta padrão, tratados com NCE (200 mg/kg)), controle (dieta rica em gordura) e controle + NCE (dieta rica em gordura, tratados com NCE (200 mg/kg). Ao longo do período experimental de 10 semanas, foram avaliados o peso corporal e a ingestão de água e comida (36). Uma semana antes da eutanásia, os camundongos foram privados de alimentos por 6 horas e um teste de tolerância à glicose foi realizado. Ao final do experimento, os animais foram anestesiados e feito uma coleta de sangue por punção cardíaca para a realização da medição os níveis plasmáticos de glicose. Fígado, baço, rins, cólon, gordura abdominal, epididimal e marrom, foram coletados, pesados e analisados macroscopicamente. Amostras de fígado, cólon e/ou tecido adiposo foram analisados microscopicamente e processados para determinações bioquímicas a fim de avaliar a expressão gênica de diferentes marcadores por PCR quantitativo em tempo real (Rt-qPCR). RESULTADOS. O teor de fenólicos totais e flavonoides totais por grama de extrato seco foi de 67,85 mg e 46,16 mg/g, respectivamente. Através da análise por CLAE-IES-EM, foi caracterizado um total de 25 compostos tais como sacarídeos, ácidos orgânicos, ácidos fenólicos e flavonoides. No estudo de toxicidade, a dose de 2000 mg/kg de extrato administrada por via oral não mostrou sinais de toxicidade, mortalidade ou alterações significativas nos parâmetros comportamentais, bioquímicos e hematológicos. Quanto aos efeitos anti-inflamatórios intestinais na indução com DNBS, a análise macroscópica do cólon indicou que o NCE diminuiu o índice de atividade da doença (IAD). As concentrações de interleucina 1 beta (IL-1β) e do fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) diminuíram, a de interleucina 10 (IL-10) aumentou e os níveis de malondialdeido (MDA) e mieloperoxidase (MPO) diminuíram quando comparados com o grupo controle. Além disso, foi observada uma diminuição da expressão gênica de marcadores inflamatórios como proteína quinase ativada por mitógeno 1 (MAPK-1) e fator nuclear kappa B (NF-κB p65) nas amostras de cólon. A integridade epitelial foi melhorada segundo as análises histopatológica e imunohistoquímica. Os grupos que receberam doses de 200 e 300 mg/kg apresentaram melhores resultados. Análises físico-químicas mostraram que as nanopartículas carregadas com extrato (NPE) são esféricas com carga superficial positiva, tamanho de 76,45 nm, potencial zeta positivo, alta eficiência de encapsulamento (EE = 100%) e estáveis por 30 dias. Quanto aos efeitos antiinflamatórios intestinais na indução com DSS, foi observado que o tratamento com o extrato livre NCE (200 mg/kg) e com NPE (4 mg/kg) também reduziram o índice de atividade da doença (IAD), preveniram o encurtamento do cólon e promoveram redução na expressão de marcadores inflamatórios como IL-1β, TNF-α, interleucina 6 (IL-6), receptor toll-like tipo 4 (TLR-4), proteína quimiotática de monócitos 1 (MCP-1), proteína inflamatória de macrófagos 2 (MIP-2), molécula de adesão intercelular 1 (ICAM-1) e óxido nítrico sintase induzível (iNOS). Uma melhora da integridade da mucosa intestinal dos animais tratados com NCE e NPE também foi observada mediante um aumento na expressão de marcadores de barreira como Zona de oclusão 1 (ZO-1), Ocludina (OCLN) e Mucina 3 (MUC-3), os achados histopatológicos corroboraram com estes resultados. Os efeitos do NCE também foram positivos no modelo de síndrome metabólica induzida em camundongos utilizando dieta rica em gordura. A administração de NCE em camundongos obesos reduziu significativamente o ganho de peso corporal, quando comparado ao grupo não tratado, embora não tenham sido observadas diferenças significativas no consumo de energia entre estes grupos. A administração de NCE também reduziu a glicemia basal e a resistência à insulina, mostrou uma melhora no perfil lipídico plasmático em comparação com os camundongos obesos não tratados e resultou significativamente em um aumento da expressão do transportador de glicose GLUT-2 no fígado, evidenciado pela melhora dos níveis de glicose no sangue dos camundongos obesos tratados. A expressão do receptor de leptina (Leptin-R) no tecido hepático dos camundongos obesos tratados foi reduzida, mas houve uma recuperação significativa com o tratamento com NCE. Além disso, foi observado um aumento na expressão do receptor alfa ativado por proliferador de peroxissomo (PPAR-α) no grupo tratado. A expressão proteica da proteína quinase ativada por monofosfato de adenosina (AMPK) e da fosfoinositídeo 3-quinase (PI3K) no fígado dos camundongos alimentados por HFD foi diminuída, porém, houve uma recuperação significativa nos animais tratados. Análises da expressão dos marcadores de barreira intestinal (ZO-1 e MUC-3) em amostras de cólon de camundongos obesos tratados indicaram que o extrato conseguiu melhorar a integridade da barreira intestinal, a qual é normalmente comprometida em camundongos obesos. CONCLUSÃO. Em relação aos efeitos de NCE do modelo de inflamação intestinal por DNBS e de NCE e NPE no modelo por DSS, foi observado que ambos apresentaram efeito preventivo e antiinflamatório por meio da redução no escore do índice de atividade da doença e nos danos macroscópicos e microscópicos do cólon. Através das análises moleculares realizadas, foi possível observar que NCE e NPE diminuíram os níveis de mediadores inflamatórios e oxidativos, e promoveram a regulação negativa da expressão de genes de importantes vias inflamatórias e oxidativas. Além disso, NCE e NPE contribuíram para a melhora da integridade epitelial de acordo com as análises de marcadores de barreira e através das técnicas histológicas. O extrato livre e o associado a nanopartículas apresentaram resultados semelhantes, no entanto, a dose de NCE incorporado no NPE foi 50x menor que a dose de extrato livre avaliado no ensaio de indução inflamatória intestinal por DSS. Nos ensaios de síndrome metabólica induzida por dieta, o NCE apresentou uma melhora no perfil metabólico dos camundongos obesos, assim também como uma significativa redução do ganho de peso corporal. Estes efeitos foram associados a uma melhora no estado inflamatório sistêmico e diferentes mecanismos parecem estar envolvidos, destacamos os possíveis efeitos imunomoduladores dos fenólicos, já que esses compostos podem ter efeitos benéficos na regulação de genes envolvidos em processos metabólicos, inflamatórios e de estresse oxidativo. No entanto, é necessário realizar mais estudos para entender completamente os mecanismos subjacentes. Os resultados pré-clínicos in vivo indicam que NCE livre ou incorporado a nanopartículas é benéfico na prevenção da colite induzida e na síndrome metabólica, portanto, os resultados deste estudo dão suporte a futuras investigações sobre o potencial terapêutico do extrato de N. cochenillifera no tratamento das doenças inflamatórias intestinais e da síndrome metabólica e indica seu potencial promissor como um ingrediente bioativo para o desenvolvimento de um fitoterápico ou um suplemento funcional inovador no tratamento complementar destas doenças.
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