Nas trilhas da escrita: reedição e análise grafemática das cartas oficiais norte-rio-grandenses (1713-1950)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Melo, Felipe Morais de
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/26200
Resumo: Higounet (2003) afirma que a escrita está no fundamento das ciências humanas. Para uma disciplina, em especial, que integra os estudos da linguagem, a Linguística Histórica, ela é a pedra angular. Sem os registros escritos que sobreviveram ao longo da história, não haveria diacronia da língua. Ainda assim, à escrita, como objeto linguístico autônomo e não como instrumento para outro fim (historiográfico ou fonético, por exemplo), têm sido dispensados esforços bastante reduzidos entres os estudos diacrônicos no domínio lusófono, reflexo, talvez, da concepção encontrada em algumas obras linguísticas clássicas de que havia um suposto caos (orto)gráfico no português de sincronias passadas. Este trabalho pretende, portanto, contribuir com esse campo através de uma análise grafemática. Para tanto, contudo, fez-se necessário, antes, percorrer a norma escrita da língua por duas vias: a da reflexão e a da constituição. No que diz respeito à reflexão, parte-se de um repasso crítico acerca do tratamento dedicado à língua escrita nos estudos linguísticos e chega-se ao exame das principais ideias focalizadas nesta tese, sobretudo no que concerne à engrenagem da escrita na história da língua. Os autores responsáveis por esses conceitos relevantes para se pensar uma teoria que permita compreender, com a maior precisão, seu funcionamento, máxime no eixo diacrônico, são notadamente: Vachek (1989b, 1989c, 1989d) para uma teoria linguística da escrita; Cagliari (1996, 2001, 2001b, 2001c, 2001d, 2004, 2015) para uma teoria da ortografia; Frago Gracia (2002), Sánchez-Prieto Borja (1998, 1998b, 2008) e Ramírez Luengo (2012b, 2013, 2014, 2015, 2015b) para uma teoria da (orto)grafia voltada para a Linguística Histórica. Quanto à segunda via, a da constituição, revisa-se e reedita-se um corpus diacrônico, as cartas oficiais norte-rio-grandenses (Morais de Melo, 2012), gerando-se um conjunto de aproximadamente 26.000 palavras não abreviadas em 129 cartas, das quais 44,18% são inéditas. Todos os documentos desta reedição foram escritos no Rio Grande do Norte entre 1713 e 1950 e serão apresentados em edição fac-símile e semidiplomática com lição justalinear. Cumpridas essas duas etapas, chega-se à análise. Examina-se o uso dos grafemas alfabéticos sem transcendência fônica nas sobreditas palavras por cada quarto de século ao longo dos 250 anos que as cartas atravessam e segundo 23 padrões de análise definidos, a exemplo do padrão {V<N>C-[<h>/(<s>#)]} para controlar o emprego de <m> ou <n> antes de consoantes e o padrão {C/V<ãe>#/<s>} para o exame das realizações grafemáticas de valor /ãj/. Um software desenvolvido para esta pesquisa rodou os 23 padrões sobre as cerca de 26.000 palavras a fim de que se pudesse verificar a existência de tendências gráficas ou, pelo contrário, confirmar o pretenso estado de caos (orto)gráfico. Os resultados obtidos dessa conjunção entre Teoria da Escrita, Linguística de Corpus e Grafemática, todas a serviço da Linguística Histórica, indicam – com base na análise dos 23 padrões aplicada às cartas oficiais norte-riograndenses – uma realidade gráfica no Brasil dos séculos XVIII, XIX e na primeira metade do século XX que pode ser caracterizada, em consonância com o que observa Ramírez Luengo (2012b, 2013) acerca de manuscritos coloniais hispano-americanos, pela convivência de distintos conjuntos de soluções gráficas socialmente aceitos em momentos concretos da língua, mas que, a despeito do que tradicionalmente se alega, engendraram não um estado de confusão/caos, mas uma série de preferências/tendências gráfias que vão se delineando durante as duas centúrias e meia de língua escrita examinadas e que apontam para um processo de estandardização ortográfica, ainda não concluído, contudo, em todos os 23 padrões, até os idos de 1950, limite final do corpus em estudo.
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Ainda assim, à escrita, como objeto linguístico autônomo e não como instrumento para outro fim (historiográfico ou fonético, por exemplo), têm sido dispensados esforços bastante reduzidos entres os estudos diacrônicos no domínio lusófono, reflexo, talvez, da concepção encontrada em algumas obras linguísticas clássicas de que havia um suposto caos (orto)gráfico no português de sincronias passadas. Este trabalho pretende, portanto, contribuir com esse campo através de uma análise grafemática. Para tanto, contudo, fez-se necessário, antes, percorrer a norma escrita da língua por duas vias: a da reflexão e a da constituição. No que diz respeito à reflexão, parte-se de um repasso crítico acerca do tratamento dedicado à língua escrita nos estudos linguísticos e chega-se ao exame das principais ideias focalizadas nesta tese, sobretudo no que concerne à engrenagem da escrita na história da língua. Os autores responsáveis por esses conceitos relevantes para se pensar uma teoria que permita compreender, com a maior precisão, seu funcionamento, máxime no eixo diacrônico, são notadamente: Vachek (1989b, 1989c, 1989d) para uma teoria linguística da escrita; Cagliari (1996, 2001, 2001b, 2001c, 2001d, 2004, 2015) para uma teoria da ortografia; Frago Gracia (2002), Sánchez-Prieto Borja (1998, 1998b, 2008) e Ramírez Luengo (2012b, 2013, 2014, 2015, 2015b) para uma teoria da (orto)grafia voltada para a Linguística Histórica. Quanto à segunda via, a da constituição, revisa-se e reedita-se um corpus diacrônico, as cartas oficiais norte-rio-grandenses (Morais de Melo, 2012), gerando-se um conjunto de aproximadamente 26.000 palavras não abreviadas em 129 cartas, das quais 44,18% são inéditas. Todos os documentos desta reedição foram escritos no Rio Grande do Norte entre 1713 e 1950 e serão apresentados em edição fac-símile e semidiplomática com lição justalinear. Cumpridas essas duas etapas, chega-se à análise. Examina-se o uso dos grafemas alfabéticos sem transcendência fônica nas sobreditas palavras por cada quarto de século ao longo dos 250 anos que as cartas atravessam e segundo 23 padrões de análise definidos, a exemplo do padrão {V<N>C-[<h>/(<s>#)]} para controlar o emprego de <m> ou <n> antes de consoantes e o padrão {C/V<ãe>#/<s>} para o exame das realizações grafemáticas de valor /ãj/. Um software desenvolvido para esta pesquisa rodou os 23 padrões sobre as cerca de 26.000 palavras a fim de que se pudesse verificar a existência de tendências gráficas ou, pelo contrário, confirmar o pretenso estado de caos (orto)gráfico. Os resultados obtidos dessa conjunção entre Teoria da Escrita, Linguística de Corpus e Grafemática, todas a serviço da Linguística Histórica, indicam – com base na análise dos 23 padrões aplicada às cartas oficiais norte-riograndenses – uma realidade gráfica no Brasil dos séculos XVIII, XIX e na primeira metade do século XX que pode ser caracterizada, em consonância com o que observa Ramírez Luengo (2012b, 2013) acerca de manuscritos coloniais hispano-americanos, pela convivência de distintos conjuntos de soluções gráficas socialmente aceitos em momentos concretos da língua, mas que, a despeito do que tradicionalmente se alega, engendraram não um estado de confusão/caos, mas uma série de preferências/tendências gráfias que vão se delineando durante as duas centúrias e meia de língua escrita examinadas e que apontam para um processo de estandardização ortográfica, ainda não concluído, contudo, em todos os 23 padrões, até os idos de 1950, limite final do corpus em estudo.Higounet (2003) states that the writing is at the foundation of the human sciences. For a discipline, in particular, that integrates the studies of language, the Historical Linguistics, the writing is the cornerstone. Without the written records that have survived throughout history, there would be no diachrony of language. Nevertheless, very little effort among the diachronic studies in the lusophone domain has been dispensed to the writing as an autonomous linguistic object and not as an instrument for another purpose (historiographic or phonetic, for example), perhaps reflecting the idea found in some classical linguistic works according to which there was a supposed (ortho)graphic chaos in the Portuguese of past synchronies. This work intends, therefore, to contribute with this field through a graphematic analysis. In order to do so, however, it was first necessary to go through written language in two ways: reflection and analysis. As far as reflection is concerned, a critical review of the treatment of written language in linguistic studies is undertaken, and the main ideas focused on in this study about the functioning of writing are examined, especially as regards its mechanism in the history of language. The authors responsible for these main ideas to think a theory that allows to understand, with the greatest precision, its operation, mainly in the diachronic axis, are notably: Vachek (1989b, 1989c, 1989d) for a linguistic theory of writing; Cagliari (1996, 2001, 2001b, 2001c, 2001d, 2004, 2015) for a theory of orthography; Frago Gracia (2002), SánchezPrieto Borja (1998, 1998b, 2008) and Ramírez Luengo (2012b, 2013, 2014, 2015, 2015b) for a theory of (ortho)graphy concentrated on Historical Linguistics. As for the second way, constitution, a diachronic corpus is revised and re-edited, the official letters of Rio Grande do Norte (Morais de Melo, 2012), generating a set of approximately 26,000 not abbreviated words in 129 letters, from which 44.18% are unpublished. All the documents of this re-edition were written in Rio Grande do Norte between 1713 and 1950 and are presented in facsimile and semidiplomatic edition with a justalinear lesson. Once these two steps are fulfilled, the analysis is executed: a study of the use of alphabetic graphemes without phonemic transcendence is carried out on those words for every quarter of a century during the 250 years that the letters cross, and according to 23 fixed patterns of analysis, like the pattern {V<N>C-[<h>/(<s>#)]} to control the use of <m> or <n> before consonants, and the pattern {C/V<ãe>#/<s>} for the examination of the graphematic productions of value /ãj/. A software developed for this research ran the 23 patterns over the approximately 26,000 not abbreviated words in order to verify the existence of graphical tendencies or, on the contrary, to confirm the supposed state of (ortho)graphic chaos. The results obtained from this conjunction of Theory of Writing, Corpus Linguistics and Graphematics, all in the service of Historical Linguistics, indicate – based on the analysis of the 23 patterns applied to the official letters of Rio Grande do Norte – a graphical reality in Brazil from the 18th and 19th centuries, as well as the first half of the 20th century that can be characterized, in lines with what Ramírez Luengo (2012b, 2013) observes on Spanish-American colonial manuscripts, by the coexistence of different sets of socially accepted graphic solutions at specific moments, and, in spite of what is traditionally claimed, this reality produced not a state of confusion/ chaos, but a range of graphical preferences/ tendencies drawn along the 250 years of written language examined which point to a process of orthographic standardization, not yet completed, however, in all the 23 patterns, up until the 1950s, the final chronological limit of the corpus under study.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)porCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICALinguística históricaCartas oficiais norte-rio-grandensesTeoria da escritaLinguística de CorpusGrafemáticaNas trilhas da escrita: reedição e análise grafemática das cartas oficiais norte-rio-grandenses (1713-1950)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEMUFRNBrasilinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNTHUMBNAILNastrilhasescrita_Melo_2018.pdf.jpgNastrilhasescrita_Melo_2018.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1192https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/26200/3/Nastrilhasescrita_Melo_2018.pdf.jpgc0e2a494692355900f02a8b9e6f2965fMD53ORIGINALNastrilhasescrita_Melo_2018.pdfapplication/pdf41900854https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/26200/1/Nastrilhasescrita_Melo_2018.pdfa161683587ccc72c5ec400f0c0c97394MD51TEXTNastrilhasescrita_Melo_2018.pdf.txtNastrilhasescrita_Melo_2018.pdf.txtExtracted texttext/plain1804804https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/26200/2/Nastrilhasescrita_Melo_2018.pdf.txt4b98296e7a55ef9a19f61eb74988f395MD52123456789/262002019-05-26 02:10:26.938oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/26200Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2019-05-26T05:10:26Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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