Medicalização da infância e políticas sociais: processos de submissão e resistência na produção da economia da diferença
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRN |
Texto Completo: | https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/25216 |
Resumo: | A medicalização é uma problemática social que se atualiza em diversos aspectos da vida cotidiana. Uma de suas vertentes mais visíveis é a incidência sobre a população infantil, principalmente no que diz respeito ao controle de comportamentos e sua patologização. Um levantamento preliminar realizado pela autora e que motivou a realização deste estudo, identificou uma elevação de 100% na taxa de crianças diagnosticadas com deficiência mental, matriculadas nas escolas públicas em um município do interior da Paraíba, no período de 2010 a 2014. Concomitantemente a isto, na mesma localidade, verificou-se também o crescimento de 400% no acesso ao Benefício de Prestação Continuada para pessoas de 4 a 17 anos. Assim, a tese objetivou analisar as relações existentes entre o fenômeno da multiplicação de diagnósticos de deficiência mental em crianças, a patologização da infância e o acesso às políticas sociais naquela realidade. Para tanto, apoiou-se no materialismo-dialético como fundamento teórico para analisar os processos históricos e políticos que possibilitaram a emergência e desenvolvimento da problemática de pesquisa. Como percurso metodológico, utilizou-se a pesquisa documental e a pesquisa de campo. Na primeira etapa, analisou-se legislações e relatórios oficiais sobre a realidade local e a estrutura das políticas sociais nos campos da saúde, educação e assistência social. Na segunda fase, realizou-se cinco entrevistas semi-estruturadas com as responsáveis de crianças diagnosticadas com deficiência mental, residentes no município estudado. Além disso, realizou-se um total de nove visitas a instituições que atendem a população no campo das políticas estudadas, cujas observações foram registradas em um diário de campo. Todo o material coletado foi categorizado e confrontado com o substrato teórico, de forma a subsidiar as discussões e conclusões desta tese. Concluiu-se que as complexas relações entre os diagnósticos de deficiência mental, a patologização da infância e as políticas sociais movimentam uma rede de valores financeiros e políticos que passamos a denominar como Economia da Diferença. Constatou-se, ainda, a importância do Benefício de Prestação Continuada para a sobrevivência de muitas famílias e, ao mesmo tempo, a necessidade de reflexões críticas sobre as políticas e suas implicações com a manutenção de um modelo de desigualdade social e da ordem social vigente. |
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Um levantamento preliminar realizado pela autora e que motivou a realização deste estudo, identificou uma elevação de 100% na taxa de crianças diagnosticadas com deficiência mental, matriculadas nas escolas públicas em um município do interior da Paraíba, no período de 2010 a 2014. Concomitantemente a isto, na mesma localidade, verificou-se também o crescimento de 400% no acesso ao Benefício de Prestação Continuada para pessoas de 4 a 17 anos. Assim, a tese objetivou analisar as relações existentes entre o fenômeno da multiplicação de diagnósticos de deficiência mental em crianças, a patologização da infância e o acesso às políticas sociais naquela realidade. Para tanto, apoiou-se no materialismo-dialético como fundamento teórico para analisar os processos históricos e políticos que possibilitaram a emergência e desenvolvimento da problemática de pesquisa. Como percurso metodológico, utilizou-se a pesquisa documental e a pesquisa de campo. Na primeira etapa, analisou-se legislações e relatórios oficiais sobre a realidade local e a estrutura das políticas sociais nos campos da saúde, educação e assistência social. Na segunda fase, realizou-se cinco entrevistas semi-estruturadas com as responsáveis de crianças diagnosticadas com deficiência mental, residentes no município estudado. Além disso, realizou-se um total de nove visitas a instituições que atendem a população no campo das políticas estudadas, cujas observações foram registradas em um diário de campo. Todo o material coletado foi categorizado e confrontado com o substrato teórico, de forma a subsidiar as discussões e conclusões desta tese. Concluiu-se que as complexas relações entre os diagnósticos de deficiência mental, a patologização da infância e as políticas sociais movimentam uma rede de valores financeiros e políticos que passamos a denominar como Economia da Diferença. Constatou-se, ainda, a importância do Benefício de Prestação Continuada para a sobrevivência de muitas famílias e, ao mesmo tempo, a necessidade de reflexões críticas sobre as políticas e suas implicações com a manutenção de um modelo de desigualdade social e da ordem social vigente.Medicalization is a social issue impacting different aspects of daily life. One of its most noticeable dimensions is the prevalence among children, especially regarding behavior control and its pathologization. Preliminary data collection conducted by the author, which motivated the present study, identified an increase of 100% in the number of children enrolled at public schools in a municipality in the interior of Paraíba who were diagnosed as mentally ill between 2010 and 2014. Moreover, an increase of 400% in the access to the Continued Cash Benefit Program for people between the ages of 4 and 17 was verified. This thesis aimed at analyzing the relationship between the phenomenon of rapid increase in the number of children diagnosed as mentally ill, the pathologization of children and the access to social policies in this context. The study is based on dialectical materialism so as to analyze the historical and political processes which fostered the emergence and development of these issues. The methodology included document and field research. In the first stage, current legislation and official reports on the local reality and the structure of social policies in the fields of health, education and social welfare were analyzed. In the second stage, five semistructured interviews were conducted with the parents or guardians of the children diagnosed with mental disability living in the municipality focused on in this study. A total of nine visits to institutions which assist the population regarding the policies considered in this study were carried out and the observations recorded in a field diary. The collected material was categorized and analyzed considering the theoretical framework in order tounder pin the discussions and conclusions of this doctoral thesis. Conclusions indicate that the complex relationships between the diagnoses of mental disability, the pathologization of children and social policies are shaped within a network of financial and political values which we named as Difference Economy. The importance of the Continued Cash Benefit Program to the survival of many families was also verified, as well as the need for critical reflections on the policies and their implications in keeping a socially unequal model and the current social order.porCNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIAPatologizaçãoDiagnósticoDeficiênciaDesigualdade socialBenefício de prestação continuadaMedicalização da infância e políticas sociais: processos de submissão e resistência na produção da economia da diferençainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIAUFRNBrasilinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALRenataMonteiroGarcia_TESE.pdfRenataMonteiroGarcia_TESE.pdfapplication/pdf2171144https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/25216/1/RenataMonteiroGarcia_TESE.pdf6edb06f198d43da92c72e21646d4652fMD51TEXTRenataMonteiroGarcia_TESE.pdf.txtRenataMonteiroGarcia_TESE.pdf.txtExtracted texttext/plain426822https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/25216/2/RenataMonteiroGarcia_TESE.pdf.txt82a057c10e37c8a6dbbe2397aaa8ec6cMD52THUMBNAILRenataMonteiroGarcia_TESE.pdf.jpgRenataMonteiroGarcia_TESE.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg2208https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/25216/3/RenataMonteiroGarcia_TESE.pdf.jpg5aff6e711612ba0e4ea371ddf88ce58eMD53TEXTRenataMonteiroGarcia_TESE.pdf.txtRenataMonteiroGarcia_TESE.pdf.txtExtracted texttext/plain426822https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/25216/2/RenataMonteiroGarcia_TESE.pdf.txt82a057c10e37c8a6dbbe2397aaa8ec6cMD52THUMBNAILRenataMonteiroGarcia_TESE.pdf.jpgRenataMonteiroGarcia_TESE.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg2208https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/25216/3/RenataMonteiroGarcia_TESE.pdf.jpg5aff6e711612ba0e4ea371ddf88ce58eMD53123456789/252162019-01-30 07:11:26.756oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/25216Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2019-01-30T10:11:26Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false |
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A medicalização é uma problemática social que se atualiza em diversos aspectos da vida cotidiana. Uma de suas vertentes mais visíveis é a incidência sobre a população infantil, principalmente no que diz respeito ao controle de comportamentos e sua patologização. Um levantamento preliminar realizado pela autora e que motivou a realização deste estudo, identificou uma elevação de 100% na taxa de crianças diagnosticadas com deficiência mental, matriculadas nas escolas públicas em um município do interior da Paraíba, no período de 2010 a 2014. Concomitantemente a isto, na mesma localidade, verificou-se também o crescimento de 400% no acesso ao Benefício de Prestação Continuada para pessoas de 4 a 17 anos. Assim, a tese objetivou analisar as relações existentes entre o fenômeno da multiplicação de diagnósticos de deficiência mental em crianças, a patologização da infância e o acesso às políticas sociais naquela realidade. Para tanto, apoiou-se no materialismo-dialético como fundamento teórico para analisar os processos históricos e políticos que possibilitaram a emergência e desenvolvimento da problemática de pesquisa. Como percurso metodológico, utilizou-se a pesquisa documental e a pesquisa de campo. Na primeira etapa, analisou-se legislações e relatórios oficiais sobre a realidade local e a estrutura das políticas sociais nos campos da saúde, educação e assistência social. Na segunda fase, realizou-se cinco entrevistas semi-estruturadas com as responsáveis de crianças diagnosticadas com deficiência mental, residentes no município estudado. Além disso, realizou-se um total de nove visitas a instituições que atendem a população no campo das políticas estudadas, cujas observações foram registradas em um diário de campo. Todo o material coletado foi categorizado e confrontado com o substrato teórico, de forma a subsidiar as discussões e conclusões desta tese. Concluiu-se que as complexas relações entre os diagnósticos de deficiência mental, a patologização da infância e as políticas sociais movimentam uma rede de valores financeiros e políticos que passamos a denominar como Economia da Diferença. Constatou-se, ainda, a importância do Benefício de Prestação Continuada para a sobrevivência de muitas famílias e, ao mesmo tempo, a necessidade de reflexões críticas sobre as políticas e suas implicações com a manutenção de um modelo de desigualdade social e da ordem social vigente. |
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