Criminologia midiática e necropolítica: o discurso da Rede Globo sobre o MST

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Albano, Gabriela Fernandes
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/55895
Resumo: Esta pesquisa tem como objeto de estudo o discurso midiático da emissora Rede Globo, por meio dos âncoras do Jornal Nacional, William Bonner e Renata Vasconcellos, à luz da criminologia midiática e da necropolítica. O corpus é composto por entrevistas realizadas com os quatro candidatos mais bem colocados, segundo a pesquisa IBOPE, à presidência da república em 2022, quais sejam: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). As entrevistas foram escolhidas por se tratar de um discurso midiático que, devido à polarização da eleição presidencial nesse ano, carregar em si muitas marcar ideológicas e bandeiras identitárias. Além disso, pela força que a Rede em produzir e moldar a opinião pública (MELLO, 2020), devido, principalmente, aos números altos de audiência e assinantes (MOM-Brasil, 2017). Na produção deste trabalho, buscamos traçar um panorama da mídia, com ênfase na Rede Globo, como forma de resgatar o histórico de produção discursiva da emissora, bem como resgatamos também a história do Movimento dos Trabalhadores sem Terra, uma vez que os sujeitos são históricos e os discursos proferidos se relacionam temporalmente com o que foi dito antes e com o que está por ser dito (PÊCHEUX, [1975] 1988; ORLANDI, 2013). Como aporte teórico, temos a criminologia midiática, conceito desenvolvido por Zaffaroni (2012), e a necropolítica, elaborado por Mbembe (2018), guiando a análise quanto à percepção do discurso midiático proferido e as estratégias ideológicas, políticas e sociais envolvidas, uma vez que se trata de um contexto político de polarização. A criminologia midiática versa sobre a utilização da mídia para a criação de um estereótipo do “inimigo”, aquele que pode ser usado como bode expiatório de toda a sensação de medo e de insegurança gerados na população, por de um terror generalizado, produzido e presente apenas na mídia (ZAFFARONI, 2012). Ainda no aporte teórico, temos a ideia de um Estado que se utilizado de suas instituições de poder para gerar uma política de morte aos indivíduos vistos como inúteis, ou problemáticos para seus interesses, e, portanto, descartáveis (MBEMBE, 2018). Por fim, utilizamos a Análise do Discurso como arcabouço metodológico para identificação e conceitualização do que é considerado discurso e das Formações Discursivas (FOUCAULT, 2008; PÊCHEUX, [1975] 1988; ORLANDI, 2013), trechos selecionados das entrevistas para análise, seguindo não só a criminologia midiática e a necropolítica como plano de interpretação, mas também a análise dos ditos, não ditos e silenciamentos (PÊCHEUX, [1975] 1988; ORLANDI, 2013), uma vez que é na interação entre o que se diz e o que se escolhe não dizer que os sentidos são negociados e construídos. Nossa hipótese de pesquisa foi comprovada mostrando que, por meio das Formações Discursivas, de seu padrão de repetição de um mesmo discurso e de seus ditos, não ditos e silenciados, a Rede Globo cria uma visão, uma realidade presente apenas na mídia (ZAFFARONI, 2012), de modo a criminalizar o MST, reforçando a necropolítica (MBEMBE, 2018), e com isso propaga suas intenções de moldar a visão de sua audiência.
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O corpus é composto por entrevistas realizadas com os quatro candidatos mais bem colocados, segundo a pesquisa IBOPE, à presidência da república em 2022, quais sejam: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). As entrevistas foram escolhidas por se tratar de um discurso midiático que, devido à polarização da eleição presidencial nesse ano, carregar em si muitas marcar ideológicas e bandeiras identitárias. Além disso, pela força que a Rede em produzir e moldar a opinião pública (MELLO, 2020), devido, principalmente, aos números altos de audiência e assinantes (MOM-Brasil, 2017). Na produção deste trabalho, buscamos traçar um panorama da mídia, com ênfase na Rede Globo, como forma de resgatar o histórico de produção discursiva da emissora, bem como resgatamos também a história do Movimento dos Trabalhadores sem Terra, uma vez que os sujeitos são históricos e os discursos proferidos se relacionam temporalmente com o que foi dito antes e com o que está por ser dito (PÊCHEUX, [1975] 1988; ORLANDI, 2013). Como aporte teórico, temos a criminologia midiática, conceito desenvolvido por Zaffaroni (2012), e a necropolítica, elaborado por Mbembe (2018), guiando a análise quanto à percepção do discurso midiático proferido e as estratégias ideológicas, políticas e sociais envolvidas, uma vez que se trata de um contexto político de polarização. A criminologia midiática versa sobre a utilização da mídia para a criação de um estereótipo do “inimigo”, aquele que pode ser usado como bode expiatório de toda a sensação de medo e de insegurança gerados na população, por de um terror generalizado, produzido e presente apenas na mídia (ZAFFARONI, 2012). Ainda no aporte teórico, temos a ideia de um Estado que se utilizado de suas instituições de poder para gerar uma política de morte aos indivíduos vistos como inúteis, ou problemáticos para seus interesses, e, portanto, descartáveis (MBEMBE, 2018). Por fim, utilizamos a Análise do Discurso como arcabouço metodológico para identificação e conceitualização do que é considerado discurso e das Formações Discursivas (FOUCAULT, 2008; PÊCHEUX, [1975] 1988; ORLANDI, 2013), trechos selecionados das entrevistas para análise, seguindo não só a criminologia midiática e a necropolítica como plano de interpretação, mas também a análise dos ditos, não ditos e silenciamentos (PÊCHEUX, [1975] 1988; ORLANDI, 2013), uma vez que é na interação entre o que se diz e o que se escolhe não dizer que os sentidos são negociados e construídos. Nossa hipótese de pesquisa foi comprovada mostrando que, por meio das Formações Discursivas, de seu padrão de repetição de um mesmo discurso e de seus ditos, não ditos e silenciados, a Rede Globo cria uma visão, uma realidade presente apenas na mídia (ZAFFARONI, 2012), de modo a criminalizar o MST, reforçando a necropolítica (MBEMBE, 2018), e com isso propaga suas intenções de moldar a visão de sua audiência.This research has as its object of study the media discourse of the broadcaster Rede Globo, through the anchors of Jornal Nacional, William Bonner and Renta Vasconcellos, in the light of media criminology and necropolitics. The corpus is made up of interviews carried out with the four best placed candidates, according to the IBOPE survey, for the presidency of the republic in 2022, namely: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) and Simone Tebet (MDB). The interviews were chosen because they are a media discourse that, due to the polarization of the presidential election that year, carries many ideological marks and identity flags. Furthermore, due to the strength of the Network in producing and shaping public opinion (MELLO, 2020), mainly due to the high numbers of audiences and subscribers (MOM-Brasil, 2017). In the production of this work, we sought to outline a panorama of the media, with an emphasis on Rede Globo, as a way of recovering the broadcaster's history of discursive production, as well as rescuing the history of the Movimento dos Trabalhadores sem Terra – MST (Landless Workers Movement), since the subjects are historical and the speeches given are temporally related to what was said before and what is yet to be said (PÊCHEUX, [1975] 1988; ORLANDI, 2013). As a theoretical contribution, we have media criminology, a concept developed by Zaffaroni (2012), and necropolitics, developed by Mbembe (2018), guiding the analysis regarding the perception of the media discourse delivered and the ideological, political and social strategies involved, since that this is a political context of polarization. Media criminology deals with the use of the media to create a stereotype of the “enemy”, one that can be used as a scapegoat for the entire feeling of fear and insecurity generated in the population, due to a generalized terror, produced and present only in the media (ZAFFARONI, 2012). Still in the theoretical framework, we have the idea of a State that uses its institutions of power to generate a policy of death for individuals seen as useless, or problematic for its interests, and, therefore, disposable (MBEMBE, 2018). Finally, we use Discourse Analysis as a methodological framework for identifying and conceptualizing what is considered discourse and Discursive Formations (FOUCAULT, 2008; PÊCHEUX, [1975] 1988; ORLANDI, 2013), selected excerpts from the interviews for analysis, following no only media criminology and necropolitics as a plane of interpretation, but also the analysis of said, unsaid and silencing (PÊCHEUX, [1975] 1988; ORLANDI, 2013), since it is in the interaction between what is said and what one chooses not to say that meanings are negotiated and constructed. Our research hypothesis was proven by showing that, through Discursive Formations, its pattern of repetition of the same speech and its sayings, unsaid and silenced, Rede Globo creates a vision, a reality present only in the media (ZAFFARONI, 2012), in order to criminalize the MST, reinforcing necropolitics (MBEMBE, 2018),Universidade Federal do Rio Grande do NorteComunicação Social - AudiovisualUFRNBrasilDepartamento de ComunicaçãoCC0 1.0 Universalhttp://creativecommons.org/publicdomain/zero/1.0/info:eu-repo/semantics/openAccessCNPQ::CIENCIAS HUMANASCriminologia mdiáticaNecropolíticaMSTAnálise do discursoCriminologia midiática e necropolítica: o discurso da Rede Globo sobre o MSTMedia criminology and necropolitics: Rede Globo’s discourse on the MSTinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALALBANO GABRIELA F CRIMINOLOGIA MIDIÁTICA E NECRO.pdfALBANO GABRIELA F CRIMINOLOGIA MIDIÁTICA E NECRO.pdfTCC_ALBANO, GFapplication/pdf1040592https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/55895/1/ALBANO%20GABRIELA%20F%20CRIMINOLOGIA%20MIDI%c3%81TICA%20E%20NECRO.pdf5b4d8a8070e891af3adaf33407a7ad38MD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8701https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/55895/2/license_rdf42fd4ad1e89814f5e4a476b409eb708cMD52LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81484https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/55895/3/license.txte9597aa2854d128fd968be5edc8a28d9MD53123456789/558952023-12-13 18:02:46.833oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/55895Tk9OLUVYQ0xVU0lWRSBESVNUUklCVVRJT04gTElDRU5TRQoKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIGRlbGl2ZXJpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBNci4gKGF1dGhvciBvciBjb3B5cmlnaHQgaG9sZGVyKToKCgphKSBHcmFudHMgdGhlIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIFJpbyBHcmFuZGUgZG8gTm9ydGUgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgb2YKcmVwcm9kdWNlLCBjb252ZXJ0IChhcyBkZWZpbmVkIGJlbG93KSwgY29tbXVuaWNhdGUgYW5kIC8gb3IKZGlzdHJpYnV0ZSB0aGUgZGVsaXZlcmVkIGRvY3VtZW50IChpbmNsdWRpbmcgYWJzdHJhY3QgLyBhYnN0cmFjdCkgaW4KZGlnaXRhbCBvciBwcmludGVkIGZvcm1hdCBhbmQgaW4gYW55IG1lZGl1bS4KCmIpIERlY2xhcmVzIHRoYXQgdGhlIGRvY3VtZW50IHN1Ym1pdHRlZCBpcyBpdHMgb3JpZ2luYWwgd29yaywgYW5kIHRoYXQKeW91IGhhdmUgdGhlIHJpZ2h0IHRvIGdyYW50IHRoZSByaWdodHMgY29udGFpbmVkIGluIHRoaXMgbGljZW5zZS4gRGVjbGFyZXMKdGhhdCB0aGUgZGVsaXZlcnkgb2YgdGhlIGRvY3VtZW50IGRvZXMgbm90IGluZnJpbmdlLCBhcyBmYXIgYXMgaXQgaXMKdGhlIHJpZ2h0cyBvZiBhbnkgb3RoZXIgcGVyc29uIG9yIGVudGl0eS4KCmMpIElmIHRoZSBkb2N1bWVudCBkZWxpdmVyZWQgY29udGFpbnMgbWF0ZXJpYWwgd2hpY2ggZG9lcyBub3QKcmlnaHRzLCBkZWNsYXJlcyB0aGF0IGl0IGhhcyBvYnRhaW5lZCBhdXRob3JpemF0aW9uIGZyb20gdGhlIGhvbGRlciBvZiB0aGUKY29weXJpZ2h0IHRvIGdyYW50IHRoZSBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkbyBSaW8gR3JhbmRlIGRvIE5vcnRlIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdCB0aGlzIG1hdGVyaWFsIHdob3NlIHJpZ2h0cyBhcmUgb2YKdGhpcmQgcGFydGllcyBpcyBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZpZWQgYW5kIHJlY29nbml6ZWQgaW4gdGhlIHRleHQgb3IKY29udGVudCBvZiB0aGUgZG9jdW1lbnQgZGVsaXZlcmVkLgoKSWYgdGhlIGRvY3VtZW50IHN1Ym1pdHRlZCBpcyBiYXNlZCBvbiBmdW5kZWQgb3Igc3VwcG9ydGVkIHdvcmsKYnkgYW5vdGhlciBpbnN0aXR1dGlvbiBvdGhlciB0aGFuIHRoZSBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkbyBSaW8gR3JhbmRlIGRvIE5vcnRlLCBkZWNsYXJlcyB0aGF0IGl0IGhhcyBmdWxmaWxsZWQgYW55IG9ibGlnYXRpb25zIHJlcXVpcmVkIGJ5IHRoZSByZXNwZWN0aXZlIGFncmVlbWVudCBvciBhZ3JlZW1lbnQuCgpUaGUgVW5pdmVyc2lkYWRlIEZlZGVyYWwgZG8gUmlvIEdyYW5kZSBkbyBOb3J0ZSB3aWxsIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZnkgaXRzIG5hbWUgKHMpIGFzIHRoZSBhdXRob3IgKHMpIG9yIGhvbGRlciAocykgb2YgdGhlIGRvY3VtZW50J3MgcmlnaHRzCmRlbGl2ZXJlZCwgYW5kIHdpbGwgbm90IG1ha2UgYW55IGNoYW5nZXMsIG90aGVyIHRoYW4gdGhvc2UgcGVybWl0dGVkIGJ5CnRoaXMgbGljZW5zZQo=Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2023-12-13T21:02:46Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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