Sobre aberturas, entrelaçamentos e dilatações: uma fenomenologia do corpo nas práticas de cuidado de um centro de convivência e cultura (CECCO)
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRN |
Texto Completo: | https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/48427 |
Resumo: | Esta pesquisa tematizou as relações entre corpo e saúde mental a partir das experiências vividas pelos usuários de um Centro de Convivência e Cultura (CECCO). Os CECCOS são serviços estratégicos para a desinstitucionalização das práticas de cuidado em saúde mental. Todavia, estes serviços têm sido negligenciados pelas políticas públicas de saúde do Brasil, e suas práticas ainda são pouco estudadas. Trata-se de uma pesquisa fenomenológica que se guiou pelas seguintes questões norteadoras: Como os participantes do CECCO vivenciam seus corpos nas atividades e intervenções realizadas por este serviço? Como estas experiências vividas afetam seus processos de cuidado e de reinserção psicossocial? Desta forma, os objetivos desta pesquisa foram: compreender as experiências vividas no CECCO a partir da perspectiva dos usuários e da equipe deste serviço; refletir sobre o corpo e a desinstitucionalização das práticas de cuidado em saúde mental; construir horizontes de reflexão nos campos da Educação Física e da Reforma Psiquiátrica brasileira a partir de uma abordagem fenomenológica. Justifica-se este trabalho pela necessidade de mais investigações que tematizem os CECCOS, e também pela necessidade de um aprofundamento maior das reflexões sobre corpo nos campos da Educação Física e da Saúde Mental. Foram realizadas entrevistas com alguns usuários e membros da equipe do serviço, observações participantes no cenário de pesquisa, e também a seleção de imagens de intervenções realizadas pelo CECCO na cidade. Pela redução fenomenológica, buscou-se compreender o corpo nestas experiências vividas, a partir do diálogo com as noções sobre corpo presentes na obra de Merleau-Ponty. Uma primeira compreensão das experiências vividas junto ao CECCO se deu a partir da imagem de um corpo fechado, que aponta para a evocação de memórias advindas das experiências de internação, de medicalização e de estigmatização relacionadas à loucura e ao diagnóstico de doença mental. Estas experiências fazem o corpo habitar o lugar da incapacidade e da periculosidade, e o tornam objeto de medicalização dos seus gestos. Nas experiências vividas junto ao CECCO, percebemos um movimento de abertura deste corpo, e um deslocamento do seu lugar de corpo objeto para uma condição de corpo sujeito que sente e se afeta. Há uma retomada de contato com suas próprias sensações, movimentos e espacialidades, que lhe possibilitam abrir-se para uma perspectiva de autocuidado e desmedicalização de seus gestos. Já nas experiências expressivas híbridas proporcionadas pelo serviço vemos um deslocamento desse corpo do lugar do estigma pela emergência de uma corporeidade fundada na capacidade de criar. As experiências de convivência do CECCO também abrem campos de intercorporeidade, que promovem entrelaçamentos do corpo com outros corpos, assim favorecendo a formação de grupalidades e intersubjetividades. Nestes entrelaçamentos formam-se amizades, a partir de onde criam-se relações mútuas de cuidado. Há também um movimento de dilatação do corpo em direção à cidade nas intervenções do serviço, onde o corpo faz fronteira com o território. Estas perspectivas de aberturas, entrelaçamentos e dilatações do corpo também nos levaram a refletir sobre o corpo que habita a fronteira entre Educação Física e Saúde Mental, a qual é marcada por tensionamentos e oscilações entre deriva e identidade profissional. Desta forma, abrem-se novos horizontes reflexivos que podem contribuir para uma desinstitucionalização dos saberes da Educação Física, e também para a compreensão da saúde e da mente a partir das experiências vividas pelo corpo. |
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Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2022.https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/48427Esta pesquisa tematizou as relações entre corpo e saúde mental a partir das experiências vividas pelos usuários de um Centro de Convivência e Cultura (CECCO). Os CECCOS são serviços estratégicos para a desinstitucionalização das práticas de cuidado em saúde mental. Todavia, estes serviços têm sido negligenciados pelas políticas públicas de saúde do Brasil, e suas práticas ainda são pouco estudadas. Trata-se de uma pesquisa fenomenológica que se guiou pelas seguintes questões norteadoras: Como os participantes do CECCO vivenciam seus corpos nas atividades e intervenções realizadas por este serviço? Como estas experiências vividas afetam seus processos de cuidado e de reinserção psicossocial? Desta forma, os objetivos desta pesquisa foram: compreender as experiências vividas no CECCO a partir da perspectiva dos usuários e da equipe deste serviço; refletir sobre o corpo e a desinstitucionalização das práticas de cuidado em saúde mental; construir horizontes de reflexão nos campos da Educação Física e da Reforma Psiquiátrica brasileira a partir de uma abordagem fenomenológica. Justifica-se este trabalho pela necessidade de mais investigações que tematizem os CECCOS, e também pela necessidade de um aprofundamento maior das reflexões sobre corpo nos campos da Educação Física e da Saúde Mental. Foram realizadas entrevistas com alguns usuários e membros da equipe do serviço, observações participantes no cenário de pesquisa, e também a seleção de imagens de intervenções realizadas pelo CECCO na cidade. Pela redução fenomenológica, buscou-se compreender o corpo nestas experiências vividas, a partir do diálogo com as noções sobre corpo presentes na obra de Merleau-Ponty. Uma primeira compreensão das experiências vividas junto ao CECCO se deu a partir da imagem de um corpo fechado, que aponta para a evocação de memórias advindas das experiências de internação, de medicalização e de estigmatização relacionadas à loucura e ao diagnóstico de doença mental. Estas experiências fazem o corpo habitar o lugar da incapacidade e da periculosidade, e o tornam objeto de medicalização dos seus gestos. Nas experiências vividas junto ao CECCO, percebemos um movimento de abertura deste corpo, e um deslocamento do seu lugar de corpo objeto para uma condição de corpo sujeito que sente e se afeta. Há uma retomada de contato com suas próprias sensações, movimentos e espacialidades, que lhe possibilitam abrir-se para uma perspectiva de autocuidado e desmedicalização de seus gestos. Já nas experiências expressivas híbridas proporcionadas pelo serviço vemos um deslocamento desse corpo do lugar do estigma pela emergência de uma corporeidade fundada na capacidade de criar. As experiências de convivência do CECCO também abrem campos de intercorporeidade, que promovem entrelaçamentos do corpo com outros corpos, assim favorecendo a formação de grupalidades e intersubjetividades. Nestes entrelaçamentos formam-se amizades, a partir de onde criam-se relações mútuas de cuidado. Há também um movimento de dilatação do corpo em direção à cidade nas intervenções do serviço, onde o corpo faz fronteira com o território. Estas perspectivas de aberturas, entrelaçamentos e dilatações do corpo também nos levaram a refletir sobre o corpo que habita a fronteira entre Educação Física e Saúde Mental, a qual é marcada por tensionamentos e oscilações entre deriva e identidade profissional. Desta forma, abrem-se novos horizontes reflexivos que podem contribuir para uma desinstitucionalização dos saberes da Educação Física, e também para a compreensão da saúde e da mente a partir das experiências vividas pelo corpo.Esta investigación tematizó la relación entre cuerpo y salud mental a partir de las experiencias vividas por usuarios de un Centro de Convivencia y Cultura (CECCO). Los CECCOS son servicios estratégicos para la desinstitucionalización de las prácticas de atención en salud mental. Sin embargo, estos servicios han sido desatendidos por las políticas públicas de salud en Brasil, y sus prácticas aún son poco estudiadas. Se trata de una investigación fenomenológica que estuvo guiada por las siguientes preguntas orientadoras: ¿Cómo experimentan sus cuerpos los participantes del CECCO en las actividades e intervenciones realizadas por este servicio? ¿Cómo inciden estas experiencias vividas en sus procesos de atención psicosocial y reinserción? Así, los objetivos de esta investigación fueron: comprender las experiencias vividas en el CECCO desde la perspectiva de los usuarios y funcionarios de este servicio; reflexionar sobre el cuerpo y la desinstitucionalización de las prácticas de atención a la salud mental; construir horizontes de reflexión en los campos de la Educación Física y la Reforma Psiquiátrica Brasileña desde un enfoque fenomenológico. Este trabajo se justifica por la necesidad de más investigaciones que tematicen el CECCOS, y también por la necesidad de una mayor profundidad de reflexiones sobre el cuerpo en los campos de la Educación Física y la Salud Mental. Se realizaron entrevistas a algunos usuarios y miembros del equipo del servicio, observaciones participantes en el escenario de investigación, así como la selección de imágenes de intervenciones realizadas por el CECCO en la ciudad. A través de la reducción fenomenológica, buscamos comprender el cuerpo en estas experiencias vividas, a partir del diálogo con las nociones sobre el cuerpo presentes en la obra de Merleau-Ponty. Una primera comprensión de las experiencias vividas con el CECCO partió de la imagen de un cuerpo cerrado, lo que apunta a la evocación de recuerdos provenientes de las vivencias de hospitalización, medicalización y estigmatización relacionadas con la locura y el diagnóstico de enfermedad mental. Estas experiencias hacen que el cuerpo habite el lugar de la incapacidad y el peligro, y lo conviertan en objeto de medicalización de sus gestos. En las experiencias vividas con CECCO, percibimos un movimiento de apertura de este cuerpo, y un desplazamiento de su lugar como cuerpo objeto a una condición de cuerpo sujeto que se siente y se afecta. Hay una reanudación del contacto con las propias sensaciones, movimientos y espacialidad, que les permite abrirse a una perspectiva de autocuidado y desmedicalización de sus gestos. En las experiencias expresivas híbridas que brinda el servicio, vemos un desplazamiento de este cuerpo del lugar del estigma por el surgimiento de una corporeidad basada en la capacidad de crear. Las experiencias de convivencia del CECCO abren también campos de intercorporeidad, que promueven el entrelazamiento del cuerpo con otros cuerpos, favoreciendo así la formación de agrupamientos e intersubjetividades. En estos entrelazamientos se forman amistades, a partir de las cuales se crean relaciones de cuidado mutuo. También hay un movimiento hacia la expansión del cuerpo hacia la ciudad en las intervenciones del servicio, donde el cuerpo bordea el territorio. Estas perspectivas de aperturas, enredos y expansiones del cuerpo también nos llevaron a reflexionar sobre el cuerpo que habita la frontera entre la Educación Física y la Salud Mental, marcada por tensiones y oscilaciones entre la deriva y la identidad profesional. De esta forma, se abren nuevos horizontes reflexivos que pueden contribuir a una desinstitucionalización del saber en Educación Física, y también a la comprensión de la salud y la mente a partir de las experiencias vividas por el cuerpo.Universidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICAUFRNBrasilCorpoSaúde mentalFenomenologiaSobre aberturas, entrelaçamentos e dilatações: uma fenomenologia do corpo nas práticas de cuidado de um centro de convivência e cultura (CECCO)De aperturas, enredos y dilataciones: una fenomenología del cuerpo en las prácticas de cuidado de un centro de convivencia y cultura (CECCO)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALSobreaberturasentrelacamentos_Breunig_2022.pdfapplication/pdf2230354https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/48427/1/Sobreaberturasentrelacamentos_Breunig_2022.pdf0d2c9bb6f9bc2786d81239550ffe97a9MD51123456789/484272022-07-08 20:47:44.592oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/48427Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2022-07-08T23:47:44Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false |
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