Aproximações e distinções entre Kant e Habermas a partir do pensamento cosmopolita

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereira Júnior, José Jurandir
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/47031
Resumo: A presente tese pretende contribuir com a pesquisa sobre Kant e Habermas, envolvendo as suas distinções e aproximações no campo da filosofia política, em especial no tocante ao pensamento cosmopolita. Na discussão dessa problemática, requer-se uma análise sobre a crítica de Habermas ao déficit e atualização da teoria cosmopolita do filósofo Kant. Isto é, o trabalho volta-se sobre o debate que questiona se Habermas responde ou não a crítica do pensamento cosmopolita em relação à proposta kantiana. Nessa perspectiva, tornou-se importante destacar argumentos que alegam não ser possível alcançar tais elucubrações apenas pela perspectiva liberal clássica e republicana do pensamento político de Kant. O trabalho apresenta, portanto, os esforços por parte de Habermas em direção ao resgate do pensamento cosmopolita kantiano a partir de uma premissa histórica, ressaltando a posição desse autor frente ao quadro histórico e dados reais do mundo contemporâneo. Como por exemplo, nas seguintes questões: o formato das Nações Unidas supera a conjectura cosmopolita de Kant sobre a liga das nações ou houve erro na formulação teórica de Kant? Habermas parte também da problemática que procura explicar se o filósofo Kant tinha uma concepção de soberania de Estado nação muito forte. Será que por causa dessa concepção de Estado nação forte, não existe a autorização para que haja intervenção em nome dos direitos humanos? Para tentar responder essas e outras questões, a tese possui ainda como escopo encontrar o pressuposto da primazia dos conceitos políticos de uma sociedade plural e cosmopolita. Nesse sentido, a premissa histórica de Habermas (2018) carece de profundidade devido ao Projeto Cosmopolita possuir uma séria dificuldade de ser implantado pelo motivo de mais uma vez advir da imposição de um processo civilizatório que contraria a realidade histórica, social e cultural fora do Ocidente. Com mais essa problemática, na tentativa do alcance das hipóteses, destaca-se o argumento sobre a posição minimalista pela premissa histórica em Habermas, sendo possível vê-la na ideia já existente de um fórum para discutir conflitos entre as nações, como acontece com a ONU. Apesar disso, o filósofo evidencia esforços para uma posição maximalista, sobrevinda do construto da razão, que idealiza a possibilidade de um Estado mundial, tendo em vista que o direito implica também coerção em relação ao contrato global realizado entre as nações em seus aspectos supranacional e transnacional. A tese conclui demonstrando que Habermas tenta corrigir o déficit democrático da soberania popular à luz da premissa histórica na sua teoria discursiva e política, principalmente em relação à teoria liberal e republicana de Kant. Indica, assim, uma Democracia Constitucional que abre as portas para uma cidadania multicultural, tendo como escopo o alcance do Projeto Cosmopolita.
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Na discussão dessa problemática, requer-se uma análise sobre a crítica de Habermas ao déficit e atualização da teoria cosmopolita do filósofo Kant. Isto é, o trabalho volta-se sobre o debate que questiona se Habermas responde ou não a crítica do pensamento cosmopolita em relação à proposta kantiana. Nessa perspectiva, tornou-se importante destacar argumentos que alegam não ser possível alcançar tais elucubrações apenas pela perspectiva liberal clássica e republicana do pensamento político de Kant. O trabalho apresenta, portanto, os esforços por parte de Habermas em direção ao resgate do pensamento cosmopolita kantiano a partir de uma premissa histórica, ressaltando a posição desse autor frente ao quadro histórico e dados reais do mundo contemporâneo. Como por exemplo, nas seguintes questões: o formato das Nações Unidas supera a conjectura cosmopolita de Kant sobre a liga das nações ou houve erro na formulação teórica de Kant? Habermas parte também da problemática que procura explicar se o filósofo Kant tinha uma concepção de soberania de Estado nação muito forte. Será que por causa dessa concepção de Estado nação forte, não existe a autorização para que haja intervenção em nome dos direitos humanos? Para tentar responder essas e outras questões, a tese possui ainda como escopo encontrar o pressuposto da primazia dos conceitos políticos de uma sociedade plural e cosmopolita. Nesse sentido, a premissa histórica de Habermas (2018) carece de profundidade devido ao Projeto Cosmopolita possuir uma séria dificuldade de ser implantado pelo motivo de mais uma vez advir da imposição de um processo civilizatório que contraria a realidade histórica, social e cultural fora do Ocidente. Com mais essa problemática, na tentativa do alcance das hipóteses, destaca-se o argumento sobre a posição minimalista pela premissa histórica em Habermas, sendo possível vê-la na ideia já existente de um fórum para discutir conflitos entre as nações, como acontece com a ONU. Apesar disso, o filósofo evidencia esforços para uma posição maximalista, sobrevinda do construto da razão, que idealiza a possibilidade de um Estado mundial, tendo em vista que o direito implica também coerção em relação ao contrato global realizado entre as nações em seus aspectos supranacional e transnacional. A tese conclui demonstrando que Habermas tenta corrigir o déficit democrático da soberania popular à luz da premissa histórica na sua teoria discursiva e política, principalmente em relação à teoria liberal e republicana de Kant. Indica, assim, uma Democracia Constitucional que abre as portas para uma cidadania multicultural, tendo como escopo o alcance do Projeto Cosmopolita.This thesis aims to contribute with the research about Kant and Habermas, involving their distinctions and similarities in the field of political philosophy, especially regarding cosmopolitan thought. In the discussion of this issue, it is required an analysis on Habermas‘ critique about the deficit and update of philosopher Kant‘s cosmopolitan theory. That is, the study focuses on questioning whether Habermas responds or not to the critique of cosmopolitan thought concerning the Kantian proposal. From this perspective, it has been important to highlight arguments that claim not to achieve such lucubrations, only through classical-liberal and republican perspective of Kant‘s political thought. Thus, the study presents Habermas‘ efforts in the direction of rescuing Kantian cosmopolitan thought from a historical premise. Therefore, this author‘s position is emphasized in the face of historical framework and real data of the Modern Worlds, such as in the two following questions: Does the United Nations‘ format surpass Kant‘s cosmopolitan conjectures about the league of nations, or was there an error in Kant‘s theoretical formulation? Habermas also starts from the issue which tries to explain if the philosopher Kant had a very strong conception of nationstate sovereignty. Is it possible that, because of this conception of a strong nation-State, there is no permission for an intervention on behalf of Human Rights to occur? In order to try to answer these and other questions, this thesis also has the scope to find the assumption of political concepts‘ primacy of a cosmopolitan and plural society. Based on this, the historical premise of Habermas (2018) suffers from depth, due to the fact that the Cosmopolitan Project has a serious difficulty to be implemented for the reason that, once again, it arises from the imposition of a civilizing process that goes against the historical, social, and cultural reality outside the Western world. Having this issue as an additional, in an attempt to achieve the hypotheses, the argument about the minimalist position by the historical premise in Habermas stands out, being possible to see it in the existing idea of a forum to discuss conflicts among nations, as it happens to the United Nations. Although the philosopher also evidenced efforts for a maximalist position, arising from the construct of reason, which idealizes the possibility of a World State. Bearing in mind that the right also implies coercion in relation to the global contract carried out among nations, and its supranationals and transnational aspects. The thesis concludes by demonstrating that Habermas tries to correct the democratic deficit of popular sovereignty, in the light of the historical premise in his discursive and political theory, mainly with regard to Kant‘s liberal and republican theory. Therefore, indicating a Constitutional Democracy that opens doors to a multicultural citizenship, by having the reach of the Cosmopolitan Project as a scope.Universidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIAUFRNBrasilCosmopolitaCidadaniaMulticulturalAproximações e distinções entre Kant e Habermas a partir do pensamento cosmopolitainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALAproximacoesdistincoesentre_PereiraJunior_2021.pdfapplication/pdf1088795https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/47031/1/Aproximacoesdistincoesentre_PereiraJunior_2021.pdfbe03288cd7973ef2ce49b33e44dddeeeMD51123456789/470312022-04-20 19:42:47.025oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/47031Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2022-04-20T22:42:47Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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