Literatura Infantil Negra: a relevância da articulação texto-imagem para uma educação antirracista

• Autor(a) principal: Fernandes, Raquel Duarte
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
• Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/42366
• topic: Literatura Infantil Negra;; Articulação verbo-visual;; Educação antirracista.

Este estudo tem como objetivo geral identificar especificidades da articulação verbo-visual no livro de Literatura Infantil Negra com vistas a uma educação antirracista. De maneira mais específica, busca verificar nas obras analisadas aspectos que valorizam a cultura negra e possíveis contribuições que os livros aqui selecionados podem oferecer para uma educação antirracista. Esta pesquisa se justifica pela pouca adesão à Lei nº 10.639/2003, que obriga o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio do país (Brasil, 2004); pela necessidade de adoção de uma perspectiva descolonizadora; pela importância de representatividade de crianças negras na literatura, diante de um país constituído por diferentes raízes étnicas e culturais; por considerar ser imprescindível a adoção de uma postura antirracista na pesquisa e na educação e, finalmente, por colaborar com futuros estudos elaborados no âmbito da Literatura Infantil Negra. As análises das obras e todo o referencial teórico estão fundamentados em estudos sobre literatura de Candido (1988), Amarilha (2013) e Zilberman (2008); em considerações de Cademartori (2008) e Faria (2004) acerca das ilustrações; nas percepções acerca da relação verbo-visual de Ramos e Nunes (2013) e Fittipaldi (2008); nas ideias sobre Literatura Infantil Negra de Martins e Cosson (2008) e sobre o racismo em Almeida (2019). Vinculado ao projeto “Literatura Infantil Negra: debatendo a cor do silêncio na sala de aula” (AMARILHA, 2018 - 2022 [CNPq-UFRN]), o estudo é de natureza exploratória e bibliográfica. O corpus é constituído por oito obras de Literatura Infantil Negra: Pedro Noite, de Caio Riter (2011); Chico Moleque, de Maria Luiza Bretas (2016); O jovem caçador e a velha dentuça, de Lucílio Manjate (2016) e O Casamento da Princesa, de Celso Sisto (2009); Ombela: a origem das chuvas, de Ondjaki (2018); Iemanjá e o poder da criação do mundo, conto presente no livro Omo-Oba: histórias de princesas, de Kiusam de Oliveira (2009); Okpija, conto presente no livro Ulomma: a casa da beleza e outros contos, de Sunny (2011); Abraçados no mato da Guiné, de Heloisa Lima, presente no livro Amores em África, organizado por Lenice Gomes (2017). Os critérios para a seleção das obras foram: ser recente; de fácil acesso; ter personagens negras; apresentar articulação entre as ilustrações e o texto verbal. As obras em análise evidenciam a relevância do texto multimodal para a discussão de questões étnico-raciais, visto que as imagens apresentam os atributos físicos das personagens enquanto o verbal desenvolve o enredo. Dessa forma, torna-se desnecessário evidenciar por meio de palavras a etnia dos personagens, naturalizando esse aspecto, o que contribui para implementar uma educação que faça face ao racismo, ao preconceito e à discriminação.