A neurofobia nos estudantes de medicina da UFRN: um estudo com métodos mistos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lima, Guilherme Lucas de Oliveira
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/28314
Resumo: Introdução: A crescente prevalência de doenças neurológicas impõe necessidade de formar médicos capazes de prestar o atendimento inicial a essa população. Os sentimentos de incapacidade ao atender pacientes neurológicos e medo da neuromedicina (ramo que estuda neurociências, neurologia e neurocirurgia) estão presentes entre estudantes e médicos, de onde surgiu o termo “neurofobia” há pelo menos 25 anos. Objetivos: Fazer o diagnóstico da neurofobia compreendendo seu desenvolvimento nos estudantes de medicina da UFRN-Natal-RN e propor medidas transformadoras para mitigar esse fenômeno. Métodos: Foi realizado um estudo misto, explanatório, sequencial, dividido em duas fases: na fase 1, quantitativa, um questionário eletrônico foi enviado para todos os estudantes do curso de medicina (n=600) para avaliar as percepções sobre a neuromedicina em escala Likert de 5- níveis. Os itens versavam sobre o nível de conhecimento, confiança (na resolução de problemas), interesse, dificuldade para aprender e medo da neuromedicina, além de sua importância para formação generalista. O grupo neurofóbico representou os estudantes que se autoavaliaram com níveis de medo em 4 ou 5. As médias ponderadas dos itens Likert mostraram tendências: positiva (>4), neutra (entre 3-4), e negativa (<3), exceto para dificuldade e medo. A análise estatística descritiva e comparativa dos grupos foi realizada de acordo com as categorias de variáveis, permitindo associações dos fatores envolvidos na neurofobia, com nível de significância p<0,05. Na fase 2, qualitativa, foi feito um Grupo Focal (8 estudantes) e entrevistas com 5 estudantes com o intuito de atingir a saturação. A transcrição de ambos, permitiu análise de conteúdo temática categorial de acordo com BardinMinayo. A triangulação dos métodos foi realizada. Resultados: Duzentos e quinze estudantes responderam o questionário. A prevalência geral da neurofobia foi de 41,9% (n=90) demonstrando crescimento durante o curso. A tendência foi negativa para os itens conhecimento, confiança e medo da neuromedicina, e positiva para importância da neuromedicina para o médico clínico geral. O grupo neurofóbico percebeu maior dificuldade, menor conhecimento, confiança e interesse em neuromedicina que os não-neurofóbicos. As falas dos estudantes demonstraram uma visão preconcebida e que pode estar associada à imaturidade do estudante, onde ambas corroboram com a percepção negativa frente à neuromedicina no início do curso. Os estudantes também entenderam que a neurofobia se agrava ao longo do curso e associando ao formato de ensino da neuromedicina: no início, há pouca contextualização clínica e, ao longo do curso, são expostos a conteúdos específicos, consequência do modelo curricular centrado em especialidades. O professor como protagonista de maior integração curricular, trazendo mais aplicabilidade à neuromedicina no contexto da formação geral, foram as propostas dos estudantes para combater a neurofobia. Considerações finais: Este estudo exploratório, pioneiro na utilização de métodos mistos (quanti-qualitativo), reconhece que a neurofobia tem alta prevalência entre estudantes da UFRN e tem origem desde o início do curso. Programas de desenvolvimento docente e um currículo neuromédico mais integrado e focado na formação generalista, foram as propostas dos estudantes para mitigar a neurofobia.
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Objetivos: Fazer o diagnóstico da neurofobia compreendendo seu desenvolvimento nos estudantes de medicina da UFRN-Natal-RN e propor medidas transformadoras para mitigar esse fenômeno. Métodos: Foi realizado um estudo misto, explanatório, sequencial, dividido em duas fases: na fase 1, quantitativa, um questionário eletrônico foi enviado para todos os estudantes do curso de medicina (n=600) para avaliar as percepções sobre a neuromedicina em escala Likert de 5- níveis. Os itens versavam sobre o nível de conhecimento, confiança (na resolução de problemas), interesse, dificuldade para aprender e medo da neuromedicina, além de sua importância para formação generalista. O grupo neurofóbico representou os estudantes que se autoavaliaram com níveis de medo em 4 ou 5. As médias ponderadas dos itens Likert mostraram tendências: positiva (>4), neutra (entre 3-4), e negativa (<3), exceto para dificuldade e medo. A análise estatística descritiva e comparativa dos grupos foi realizada de acordo com as categorias de variáveis, permitindo associações dos fatores envolvidos na neurofobia, com nível de significância p<0,05. Na fase 2, qualitativa, foi feito um Grupo Focal (8 estudantes) e entrevistas com 5 estudantes com o intuito de atingir a saturação. A transcrição de ambos, permitiu análise de conteúdo temática categorial de acordo com BardinMinayo. A triangulação dos métodos foi realizada. Resultados: Duzentos e quinze estudantes responderam o questionário. A prevalência geral da neurofobia foi de 41,9% (n=90) demonstrando crescimento durante o curso. A tendência foi negativa para os itens conhecimento, confiança e medo da neuromedicina, e positiva para importância da neuromedicina para o médico clínico geral. O grupo neurofóbico percebeu maior dificuldade, menor conhecimento, confiança e interesse em neuromedicina que os não-neurofóbicos. As falas dos estudantes demonstraram uma visão preconcebida e que pode estar associada à imaturidade do estudante, onde ambas corroboram com a percepção negativa frente à neuromedicina no início do curso. Os estudantes também entenderam que a neurofobia se agrava ao longo do curso e associando ao formato de ensino da neuromedicina: no início, há pouca contextualização clínica e, ao longo do curso, são expostos a conteúdos específicos, consequência do modelo curricular centrado em especialidades. O professor como protagonista de maior integração curricular, trazendo mais aplicabilidade à neuromedicina no contexto da formação geral, foram as propostas dos estudantes para combater a neurofobia. Considerações finais: Este estudo exploratório, pioneiro na utilização de métodos mistos (quanti-qualitativo), reconhece que a neurofobia tem alta prevalência entre estudantes da UFRN e tem origem desde o início do curso. Programas de desenvolvimento docente e um currículo neuromédico mais integrado e focado na formação generalista, foram as propostas dos estudantes para mitigar a neurofobia.Background: The increasing prevalence of neurological diseases imposes the need to train physicians capable of providing initial care to this population. Feelings of inability to treat neurological patients and fear of neuromedicine (branch that studies neuroscience, neurology and neurosurgery) are present among students and physicians, from which the term “neurophobia” emerged at least 25 years ago. Objectives: To diagnose neurophobia, to understand its development in medical students at UFRN-Natal-RN and to propose transformative measures for mitigate this burden. Methods: A mixed-method explanatory study was conducted, into two phases: In quantitative phase, an electronic questionnaire was sent to all medical students to evaluate the perceptions about neuromedicine at 5-level Likert scale. The items dealt with the level of knowledge, confidence (in problem solving), interest, difficulty to learn and fear of neuromedicine, as well as its importance for generalist training. The neurophobic group represented students who assessed themselves with fear levels at 4 or 5. The weighted average of the Likert items showed trends: positive (>4), neutral (between 3-4), and negative (<3), except for difficulty and fear. The descriptive and comparative statistical analysis of the groups was performed according to the variable categories, allowing associations of the factors involved in neurophobia, with a significance level of p <0.05. In qualitative phase, a Focus Group (8 students) and 5 interviews were made in order to achieve saturation. The transcription of both allowed categorical thematic content analysis according to Bardin-Minayo. The triangulation of the methods was performed. Results: Two hundred and fifteen students answered the questionnaire. The overall prevalence of neurophobia was 41.9% (n = 90) showing growth during the course. The tendency was negative for the items knowledge, confidence and fear of neuromedicine and positive for the importance of neuromedicine for the general practitioner. The neurophobic group noticed greater difficulty, less knowledge, confidence and interest in neuromedicine than non-neurophobic group. The students' statements showed a preconceived view that may be associated with the student's immaturity, where both corroborate the negative perception of neuromedicine at the beginning of the course. Students also understood that neurophobia worsens throughout the course and is associated with the teaching format of neuromedicine: at the beginning, there is little clinical context, and throughout the course, they are exposed to specific content, a consequence of the specialty-centered curriculum model. The teacher as protagonist of greater curriculum integration, bringing more applicability to neuromedicine in the context of general education, were the students' proposals to combat neurophobia. Final considerations: This exploratory study, pioneer in the use of mixed methods (quantitative and qualitative), recognizes that neurophobia has a high prevalence among UFRN students and it has originated since the beginning of the course. Teacher development programs and a more integrated neuromedical curriculum focused on generalist training were the students' proposals to mitigate neurophobia.CNPQ::CIENCIAS DA SAUDEEducação médicaEstudantes de MedicinaNeurologiaFobiaProfessores de MedicinaEnsino superiorCurrículoA neurofobia nos estudantes de medicina da UFRN: um estudo com métodos mistosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDEUFRNBrasilinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNTEXTNeurofobiaestudantesmedicina_Lima_2019.pdf.txtNeurofobiaestudantesmedicina_Lima_2019.pdf.txtExtracted texttext/plain120255https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/28314/2/Neurofobiaestudantesmedicina_Lima_2019.pdf.txtb432893a50726a6c0ccdf6492e67964dMD52THUMBNAILNeurofobiaestudantesmedicina_Lima_2019.pdf.jpgNeurofobiaestudantesmedicina_Lima_2019.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1357https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/28314/3/Neurofobiaestudantesmedicina_Lima_2019.pdf.jpg8945d4f6cf99ece85827bd6659ebf18bMD53ORIGINALNeurofobiaestudantesmedicina_Lima_2019.pdfapplication/pdf2155663https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/28314/1/Neurofobiaestudantesmedicina_Lima_2019.pdff121c89fbd7aa1c042f4ca0fe50dd0c5MD51123456789/283142020-01-26 04:31:00.67oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/28314Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2020-01-26T07:31Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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