Relação entre o uso de "mídias eletrônicas" e os hábitos de sono, sonolência diurna e processos cognitivos em adolescentes

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Maria Luiza Cruz de
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/21496
Resumo: O atraso de fase em relação aos horários de deitar e levantar na adolescência somado ao crescente uso de mídia pode ocasionar exposição à luz em horários impróprios, irregularidade nos horários e privação de sono. Processos cognitivos básicos regulam o desempenho dos indivíduos. Nesse trabalho, avaliamos a atenção, a memória operacional e a flexibilidade cognitiva. Esses processos podem sofrer influência da irregularidade e da privação de sono, acarretando redução na performance cognitiva podendo prejudicar a aprendizagem. Nesse trabalho, verificamos se os hábitos de sono, a sonolência diurna e a cognição de adolescentes do turno matutino variam em função do uso de mídia. Assim, 83 estudantes (60 meninas, 23 meninos) da segunda série do ensino médio de escolas privadas de Natal/RN responderam questionários (A saúde e o sono, Avaliação do Cronotipo de Horne-Östberg e Escala de Sonolência de Epworth) e uma bateria de testes cognitivos (avaliação da atenção por uma Tarefa de Execução Contínua; memória operacional, pelo Subteste de dígitos; e Flexibilidade cognitiva pelo teste de trilhas e de Berg de classificação de cartas). Além disso, preencheram o diário do sono durante 10 dias (incluindo a pergunta “o que estava fazendo antes de dormir?”) e um protocolo diário de uso de mídia por dois dias na semana e dois no final de semana. No geral, o uso de mídia foi maior no fim de semana em relação à semana, e o dispositivo mais utilizado foi o celular, seguido de televisão e computador. Não foram encontradas correlações entre a estimativa de uso semanal de mídia e os parâmetros relacionados ao sono. Contudo, foram encontradas correlações fracas entre a estimativa semanal de uso e: a estabilidade geral na atenção (r=-0,23; p<0,05), os pontos (r=0,22; p<0,05) e escore total (r=0,22; p<0,05) na ordem direta do subteste de dígitos, e os erros únicos (r=-0,26; p<0,01) do teste de Berg. Em relação à frequência de uso de mídia antes de dormir, a televisão aparece como o dispositivo preferido pelo grupo que mais usa mídia neste horário (G3). De forma geral, os horários de deitar e levantar diferiram entre os dias de semana e fim de semana, mas não houve diferença na irregularidade nos horários de deitar e levantar em função do uso de mídia antes de dormir. Foram encontradas diferenças nos horários de levantar no fim de semana, de modo que o grupo com menor frequência de uso de mídia antes de dormir (G1) levantou mais cedo (Anova, p<0,01 -Bonferroni, p<0,05). A maioria dos estudantes apresentou sonolência diurna excessiva, com diferenças nas proporções entre os grupos. Porém, os maiores percentuais foram observados sucessivamente no G1 e G3 (X2, p<0,05). Quanto ao desempenho nos testes cognitivos, o G1 apresentou menor percentual de omissões no alerta fásico (Mann-Whitney, p<0,05), uma tendência a um menor percentual de omissões em relação à atenção sustentada (Kruskal-Wallis, p=0,06), maior número de pontos na versão indireta do subteste de dígitos (Mann-Whitney, p<0,05) e uma tendência a ser mais eficiente na versão A do teste de Trilhas (Mann-Whitney, p<0,05). De maneira geral, esses resultados corroboram nossas hipóteses de que o uso de mídia influencia o sono, a sonolência diurna e a performance cognitiva, principalmente quando a utilização dos dispositivos eletrônicos ocorre próximo ao horário de deitar. Porém, estudos adicionais com um maior número de indivíduos são necessários para confirmar estas evidências.
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spelling Oliveira, Maria Luiza Cruz deAlmondes, Katie Moraes deLouzada, Fernando MazzilliAraújo, John FonteneleAzevedo, Carolina Virginia Macedo de2016-12-20T20:31:17Z2016-12-20T20:31:17Z2016-04-05OLIVEIRA, Maria Luiza Cruz de. Relação entre o uso de "mídias eletrônicas" e os hábitos de sono, sonolência diurna e processos cognitivos em adolescentes. 2016. 115f. Dissertação (Mestrado em Psicobiologia) - Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016.https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/21496O atraso de fase em relação aos horários de deitar e levantar na adolescência somado ao crescente uso de mídia pode ocasionar exposição à luz em horários impróprios, irregularidade nos horários e privação de sono. Processos cognitivos básicos regulam o desempenho dos indivíduos. Nesse trabalho, avaliamos a atenção, a memória operacional e a flexibilidade cognitiva. Esses processos podem sofrer influência da irregularidade e da privação de sono, acarretando redução na performance cognitiva podendo prejudicar a aprendizagem. Nesse trabalho, verificamos se os hábitos de sono, a sonolência diurna e a cognição de adolescentes do turno matutino variam em função do uso de mídia. Assim, 83 estudantes (60 meninas, 23 meninos) da segunda série do ensino médio de escolas privadas de Natal/RN responderam questionários (A saúde e o sono, Avaliação do Cronotipo de Horne-Östberg e Escala de Sonolência de Epworth) e uma bateria de testes cognitivos (avaliação da atenção por uma Tarefa de Execução Contínua; memória operacional, pelo Subteste de dígitos; e Flexibilidade cognitiva pelo teste de trilhas e de Berg de classificação de cartas). Além disso, preencheram o diário do sono durante 10 dias (incluindo a pergunta “o que estava fazendo antes de dormir?”) e um protocolo diário de uso de mídia por dois dias na semana e dois no final de semana. No geral, o uso de mídia foi maior no fim de semana em relação à semana, e o dispositivo mais utilizado foi o celular, seguido de televisão e computador. Não foram encontradas correlações entre a estimativa de uso semanal de mídia e os parâmetros relacionados ao sono. Contudo, foram encontradas correlações fracas entre a estimativa semanal de uso e: a estabilidade geral na atenção (r=-0,23; p<0,05), os pontos (r=0,22; p<0,05) e escore total (r=0,22; p<0,05) na ordem direta do subteste de dígitos, e os erros únicos (r=-0,26; p<0,01) do teste de Berg. Em relação à frequência de uso de mídia antes de dormir, a televisão aparece como o dispositivo preferido pelo grupo que mais usa mídia neste horário (G3). De forma geral, os horários de deitar e levantar diferiram entre os dias de semana e fim de semana, mas não houve diferença na irregularidade nos horários de deitar e levantar em função do uso de mídia antes de dormir. Foram encontradas diferenças nos horários de levantar no fim de semana, de modo que o grupo com menor frequência de uso de mídia antes de dormir (G1) levantou mais cedo (Anova, p<0,01 -Bonferroni, p<0,05). A maioria dos estudantes apresentou sonolência diurna excessiva, com diferenças nas proporções entre os grupos. Porém, os maiores percentuais foram observados sucessivamente no G1 e G3 (X2, p<0,05). Quanto ao desempenho nos testes cognitivos, o G1 apresentou menor percentual de omissões no alerta fásico (Mann-Whitney, p<0,05), uma tendência a um menor percentual de omissões em relação à atenção sustentada (Kruskal-Wallis, p=0,06), maior número de pontos na versão indireta do subteste de dígitos (Mann-Whitney, p<0,05) e uma tendência a ser mais eficiente na versão A do teste de Trilhas (Mann-Whitney, p<0,05). De maneira geral, esses resultados corroboram nossas hipóteses de que o uso de mídia influencia o sono, a sonolência diurna e a performance cognitiva, principalmente quando a utilização dos dispositivos eletrônicos ocorre próximo ao horário de deitar. Porém, estudos adicionais com um maior número de indivíduos são necessários para confirmar estas evidências.The phase delay with respect to schedules of bedtime and wake up time in adolescence added to the growing media use can cause exposure to light at inappropriate times, irregularity of sleep schedules and sleep deprivation, as well as influence the basic cognitive processes, which modulate the performance of the individuals, such as attention, working memory and cognitive flexibility. This context can lead to reduced cognitive performance, impairing learning. In this work, we examine if the sleep habits, daytime sleepiness and cognition in adolescent attending to school at morning shifts vary in function of the media usage. Thus, 83 (60 girls, 23 boys) second grade high school students of private schools in Natal/RN answered questionnaires (Health and Sleep, Horne and Östberg’s Morningness-Eveningness Questionaire and Epworth Sleepiness Scale) and a battery cognitive tests (evaluation of attention by a continuous performance task, working memory, the subtest of digits, and cognitive flexibility for trail making and Berg’s card sorting test). In addition, they completed the sleep diary for 10 days and daily media use log for two weekdays and two weekend days. Overall, media usage was higher in the weekend compared to the weekdays, and the most widely used device is the mobile phone, followed by television and computer. There were no correlations between the estimated weekly use of media and the parameters related to sleep. However, weak correlations were found between the weekly estimate and use: the overall stability in attention (r = -0.23; p <0.05), points (r = 0.22; p <0.05) and total score (r = 0.22; p <0.05) in the direct order of the digit subtest, and the isolated errors (r = -0.26; p <0.01) on Berg’s test. Concerning frequency of media use before bed, television appears as the preferred device for the group that have the higher frequency media use before bed (G3). The schedules of bedtime, wake up time and time in bed, in general, differ between weekdays and weekend (ANOVA, p<0,05). Overall, the G1 individuals have sleep patterns with more advanced times when compared to adolescents from others groups. G1 differ from others groups in wake up time in the weekend (ANOVA, p<0,05) and from G3 in time in bed on week (ANOVA, p<0,05 – Bonferroni, p=0,06). Most students had excessive daytime sleepiness, with differences in proportions between groups. However, the highest percentages were observed successively in G1 and G3 (X², p <0.05). For performance on cognitive tests, the G1 had a lower percentage of omissions in phasic alert (Mann-Whitney test, p <0.05), a tendency to a lower percentage of omissions in relation to the sustained attention (Kruskal-Wallis, p = 0 , 06), most points in the indirect order of the digit subtest (Mann-Whitney test, p <0.05) and greater efficiency in version A of the trail making test (Mann-Whitney test, p <0.05 ). Overall, these results support our hypothesis that the media use affects sleep, daytime sleepiness and cognitive performance, especially when the use of electronic devices occurs near the bedtime schedules. However, further studies with a larger number of individuals is required to confirm this evidence.Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)porCNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS: PSICOBIOLOGIACiclo sono e vigíliaSonolência diurnaAdolescenteMídiaProcessos cognitivosRelação entre o uso de "mídias eletrônicas" e os hábitos de sono, sonolência diurna e processos cognitivos em adolescentesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIAUFRNBrasilinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALMariaLuizaCruzDeOliveira_DISSERT.pdfMariaLuizaCruzDeOliveira_DISSERT.pdfapplication/pdf3231027https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/21496/1/MariaLuizaCruzDeOliveira_DISSERT.pdf3aca0e1cd02030e4618e3f2754a48d4dMD51TEXTMariaLuizaCruzDeOliveira_DISSERT.pdf.txtMariaLuizaCruzDeOliveira_DISSERT.pdf.txtExtracted texttext/plain191853https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/21496/4/MariaLuizaCruzDeOliveira_DISSERT.pdf.txte365a59314ee59b93584cc1d03afb87dMD54THUMBNAILMariaLuizaCruzDeOliveira_DISSERT.pdf.jpgMariaLuizaCruzDeOliveira_DISSERT.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg1950https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/21496/5/MariaLuizaCruzDeOliveira_DISSERT.pdf.jpg23cfd377507bb0839c6468603e4abfbcMD55123456789/214962017-11-04 08:04:04.906oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/21496Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2017-11-04T11:04:04Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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