Trabalho e saúde mental: o caso dos agentes do sistema prisional no Rio Grande do Norte
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRN |
Texto Completo: | https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/26494 |
Resumo: | Agentes Penitenciários estão constantemente expostos às situações de violência e ameaças, as quais estão associados ao surgimento de enfermidades ocupacionais como Transtornos Mentais Comuns/TMC e consumo de abusivo/dependente de substâncias psicoativas. Em função disso, objetivou-se investigar a relação entre trabalho e saúde mental entre agentes penitenciários do Rio Grande do Norte, categoria pouco investigada no âmbito acadêmico. A pesquisa foi desenvolvida em duas etapas. A etapa 1 constou do mapeamento da incidência de TMC e padrão de consumo de drogas junto a 403 agentes penitenciários de um total de 902 trabalhadores. Como ferramentas metodológicas, utilizamos o Self-Reporting Questionnaire/SRQ-20, o ASSIST e questionário sócio demográfico. Constatou-se uma incidência de 23,57% de casos suspeitos de TMC e consumo abusivo/dependente em tabaco, álcool, maconha, cocaína, anfetamina, inalante, hipnótico, dado que inspira preocupação e cuidado. A etapa 2 consistiu em visitas às unidades prisionais cujos agentes apresentaram maiores índices de TMC e consumo abusivo/dependente de drogas, visando identificar aspectos relacionados aos problemas mapeados na etapa anterior. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 6 gestores, com 19 agentes e 9 familiares que concordaram em participar. Detectou-se uma evidente desvalorização social da profissão, que associada às precárias condições de trabalho e às particularidades do processo e organização do trabalho, tornam esses trabalhadores vulneráveis nas dimensões subjetiva (dinâmica cotidiana que leva ao sofrimento), familiar (devido à rotina de trabalho amedrontadora), relacionada ao trabalho (falta de controle, sentido e autonomia) e programática (baixa visibilidade no âmbito das políticas públicas). Essa pesquisa buscou contribuir com o debate crítico sobre o Sistema Prisional Brasileiro por meio de análises acerca do encarceramento, considerando suas configurações e efeitos no próprio agente do Estado que se encontra na mesma condição do apenado. Reafirma-se, por fim, que tal sistema é tão perverso que adoece e condena a todos, em particular, os que nele trabalha. |
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Lima, Ana Izabel OliveiraFigueiro, Rafael de AlbuquerqueAlves Filho, AntonioLima, Fellipe CoelhoMacedo, João Paulo SalesRonzani, TelmoDimenstein, Magda Diniz Bezerra2019-01-14T20:25:51Z2019-01-14T20:25:51Z2017-08-31LIMA, Ana Izabel Oliveira. Trabalho e saúde mental: o caso dos agentes do sistema prisional no Rio Grande do Norte. 2017. 204f. Tese (Doutorado em Psicologia) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/26494Agentes Penitenciários estão constantemente expostos às situações de violência e ameaças, as quais estão associados ao surgimento de enfermidades ocupacionais como Transtornos Mentais Comuns/TMC e consumo de abusivo/dependente de substâncias psicoativas. Em função disso, objetivou-se investigar a relação entre trabalho e saúde mental entre agentes penitenciários do Rio Grande do Norte, categoria pouco investigada no âmbito acadêmico. A pesquisa foi desenvolvida em duas etapas. A etapa 1 constou do mapeamento da incidência de TMC e padrão de consumo de drogas junto a 403 agentes penitenciários de um total de 902 trabalhadores. Como ferramentas metodológicas, utilizamos o Self-Reporting Questionnaire/SRQ-20, o ASSIST e questionário sócio demográfico. Constatou-se uma incidência de 23,57% de casos suspeitos de TMC e consumo abusivo/dependente em tabaco, álcool, maconha, cocaína, anfetamina, inalante, hipnótico, dado que inspira preocupação e cuidado. A etapa 2 consistiu em visitas às unidades prisionais cujos agentes apresentaram maiores índices de TMC e consumo abusivo/dependente de drogas, visando identificar aspectos relacionados aos problemas mapeados na etapa anterior. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 6 gestores, com 19 agentes e 9 familiares que concordaram em participar. Detectou-se uma evidente desvalorização social da profissão, que associada às precárias condições de trabalho e às particularidades do processo e organização do trabalho, tornam esses trabalhadores vulneráveis nas dimensões subjetiva (dinâmica cotidiana que leva ao sofrimento), familiar (devido à rotina de trabalho amedrontadora), relacionada ao trabalho (falta de controle, sentido e autonomia) e programática (baixa visibilidade no âmbito das políticas públicas). Essa pesquisa buscou contribuir com o debate crítico sobre o Sistema Prisional Brasileiro por meio de análises acerca do encarceramento, considerando suas configurações e efeitos no próprio agente do Estado que se encontra na mesma condição do apenado. Reafirma-se, por fim, que tal sistema é tão perverso que adoece e condena a todos, em particular, os que nele trabalha.Corrections officers are constantly exposed to situations of violence and threats, which are associated to the emergence of occupational illnesses such as Common Mental Disorders/CMD and abusive/dependent consumption of psychoactive substances. Because of this, it was aimed to investigate the relationship between work and mental health among corrections officers from the state of Rio Grande do Norte, a category little investigated in academic scope. The research was developed in two stages. The stage 1 consisted in mapping the incidence of CMD and drugconsumption pattern with 403 corrections officers out of 902 total workers. We used the SelfReporting Questionnaire/SRQ-20, ASSIST and social-demographic questionnaire as methodological tools. It was found an incidence of 23,57% of suspect cases of CMD and abusive/dependent consumption of tobacco, alcohol, cannabis, cocaine, amphetamine, inhalant and hypnotic, which implies concern and care. The stage 2 consisted in visitations to the prison units whose agents showed higher indications of CMD and abusive/dependent drug consumption, aiming to identify aspects related to the problems mapped in the previous stage. Semi-structured interviews were realized with 6 managers, 19 agents and 9 relatives who agreed to participate. It was detected an evident social devaluation of the profession, which associated to the precarious work conditions and the particularities of the process and work organization, make these workers vulnerable in the subjective (daily dynamics that leads to suffering), family (due to frightening work routine), work-related (lack of control, sense and autonomy) and programmatic (low visibility in the scope of public policies) dimensions. This research sought to contribute with the critical debate about the Brazilian Prison System through analyses regarding incarceration, considering its configurations and effects on the very State agent who is found in the same condition as the convict. Lastly, we reaffirm that such system is so perverse that it sickens and condemns everyone, especially those who work in it.porCNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIASistema prisionalAgentes penitenciáriosCondições de trabalhoSaúde mentalÁlcool e drogasTrabalho e saúde mental: o caso dos agentes do sistema prisional no Rio Grande do Norteinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIAUFRNBrasilinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNTEXTTrabalhosaúdemental_Lima_2018.pdf.txtTrabalhosaúdemental_Lima_2018.pdf.txtExtracted texttext/plain384125https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/26494/2/Trabalhosa%c3%bademental_Lima_2018.pdf.txt35e3c567478f0e56532e458f6bcd002eMD52TEXTTrabalhosaúdemental_Lima_2018.pdf.txtTrabalhosaúdemental_Lima_2018.pdf.txtExtracted texttext/plain384125https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/26494/2/Trabalhosa%c3%bademental_Lima_2018.pdf.txt35e3c567478f0e56532e458f6bcd002eMD52THUMBNAILTrabalhosaúdemental_Lima_2018.pdf.jpgTrabalhosaúdemental_Lima_2018.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg2833https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/26494/3/Trabalhosa%c3%bademental_Lima_2018.pdf.jpgef171e32406d846f9e083b8f3a59fb23MD53THUMBNAILTrabalhosaúdemental_Lima_2018.pdf.jpgTrabalhosaúdemental_Lima_2018.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg2833https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/26494/3/Trabalhosa%c3%bademental_Lima_2018.pdf.jpgef171e32406d846f9e083b8f3a59fb23MD53ORIGINALTrabalhosaúdemental_Lima_2018.pdfapplication/pdf3417229https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/26494/1/Trabalhosa%c3%bademental_Lima_2018.pdf9b5acd8fe1ed951bb8c7ff29ad8457cdMD51123456789/264942019-01-30 09:44:47.911oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/26494Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2019-01-30T12:44:47Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false |
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Agentes Penitenciários estão constantemente expostos às situações de violência e ameaças, as quais estão associados ao surgimento de enfermidades ocupacionais como Transtornos Mentais Comuns/TMC e consumo de abusivo/dependente de substâncias psicoativas. Em função disso, objetivou-se investigar a relação entre trabalho e saúde mental entre agentes penitenciários do Rio Grande do Norte, categoria pouco investigada no âmbito acadêmico. A pesquisa foi desenvolvida em duas etapas. A etapa 1 constou do mapeamento da incidência de TMC e padrão de consumo de drogas junto a 403 agentes penitenciários de um total de 902 trabalhadores. Como ferramentas metodológicas, utilizamos o Self-Reporting Questionnaire/SRQ-20, o ASSIST e questionário sócio demográfico. Constatou-se uma incidência de 23,57% de casos suspeitos de TMC e consumo abusivo/dependente em tabaco, álcool, maconha, cocaína, anfetamina, inalante, hipnótico, dado que inspira preocupação e cuidado. A etapa 2 consistiu em visitas às unidades prisionais cujos agentes apresentaram maiores índices de TMC e consumo abusivo/dependente de drogas, visando identificar aspectos relacionados aos problemas mapeados na etapa anterior. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 6 gestores, com 19 agentes e 9 familiares que concordaram em participar. Detectou-se uma evidente desvalorização social da profissão, que associada às precárias condições de trabalho e às particularidades do processo e organização do trabalho, tornam esses trabalhadores vulneráveis nas dimensões subjetiva (dinâmica cotidiana que leva ao sofrimento), familiar (devido à rotina de trabalho amedrontadora), relacionada ao trabalho (falta de controle, sentido e autonomia) e programática (baixa visibilidade no âmbito das políticas públicas). Essa pesquisa buscou contribuir com o debate crítico sobre o Sistema Prisional Brasileiro por meio de análises acerca do encarceramento, considerando suas configurações e efeitos no próprio agente do Estado que se encontra na mesma condição do apenado. Reafirma-se, por fim, que tal sistema é tão perverso que adoece e condena a todos, em particular, os que nele trabalha. |
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