Mecanismos neurais envolvidos na formação, atualização e integração da memória de reconhecimento de objetos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gonzalez, Maria Carolina
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/56859
Resumo: As novas memórias são instáveis e suscetíveis a interferência, e apenas algumas delas são armazenadas de forma duradoura por meio da consolidação, um processo de estabilização dependente da síntese de proteínas. As memórias consolidadas podem retornar a um estado de instabilidade quando evocadas e, para persistir, devem ser reconsolidadas. A reconsolidação também é um processo de estabilização que depende de síntese proteica, mas não é uma mera repetição da consolidação inicial. A relevância biológica da reconsolidação ainda é debatida, mas evidências experimentais sugerem que sua função é atualizar memórias já consolidadas com novas informações adquiridas durante sua evocação. A memória de reconhecimento de objetos (MRO) é um componente da memória declarativa que permite lembrar as características de itens familiares e discriminá-los dos novos. Neste trabalho, utilizamos ratos Wistar para confirmar a participação do hipocampo dorsal na consolidação da MRO, estudar os mecanismos moleculares envolvidos neste processo e mostrar que o mesmo resulta no armazenamento de representações independentes. Confirmamos também que a reconsolidação da MRO depende do hipocampo unicamente quando sua reativação acontece simultaneamente com a detecção de novidade. Posteriormente, demonstramos que a reconsolidação da MRO induzida pela apresentação de um objeto desconhecido medeia a associação da informação pertinente a esse objeto com a memória original por meio de um mecanismo que requer a desestabilização prévia da memória reativada. Essa desestabilização é regulada pela atividade do receptor de dopamina D1/D5 no hipocampo dorsal, e a subsequente restabilização do traço atualizado envolve a expressão de Zif268 e mecanismos de plasticidade sináptica que são controlados pelo BDNF e a reciclagem de receptores AMPA regulada pela proteína quinase M zeta (PKMζ). Mostramos também que a desestabilização da MRO está associada ao acoplamento faseamplitude entre os ritmos teta e gama hipocampais, e que a indução artificial desse padrão oscilatório desestabiliza memórias que normalmente são resistentes à reconsolidação. Por fim, mostramos que a amnésia causada pelo bloqueio da reconsolidação não se deve a falhas na sua evocação, mas sim à eliminação da MRO em questão, e que as informações que fazem parte de uma rede de conhecimento declarativo podem ser reativadas indiretamente, tornando-se suscetíveis a modificação.
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As memórias consolidadas podem retornar a um estado de instabilidade quando evocadas e, para persistir, devem ser reconsolidadas. A reconsolidação também é um processo de estabilização que depende de síntese proteica, mas não é uma mera repetição da consolidação inicial. A relevância biológica da reconsolidação ainda é debatida, mas evidências experimentais sugerem que sua função é atualizar memórias já consolidadas com novas informações adquiridas durante sua evocação. A memória de reconhecimento de objetos (MRO) é um componente da memória declarativa que permite lembrar as características de itens familiares e discriminá-los dos novos. Neste trabalho, utilizamos ratos Wistar para confirmar a participação do hipocampo dorsal na consolidação da MRO, estudar os mecanismos moleculares envolvidos neste processo e mostrar que o mesmo resulta no armazenamento de representações independentes. Confirmamos também que a reconsolidação da MRO depende do hipocampo unicamente quando sua reativação acontece simultaneamente com a detecção de novidade. Posteriormente, demonstramos que a reconsolidação da MRO induzida pela apresentação de um objeto desconhecido medeia a associação da informação pertinente a esse objeto com a memória original por meio de um mecanismo que requer a desestabilização prévia da memória reativada. Essa desestabilização é regulada pela atividade do receptor de dopamina D1/D5 no hipocampo dorsal, e a subsequente restabilização do traço atualizado envolve a expressão de Zif268 e mecanismos de plasticidade sináptica que são controlados pelo BDNF e a reciclagem de receptores AMPA regulada pela proteína quinase M zeta (PKMζ). Mostramos também que a desestabilização da MRO está associada ao acoplamento faseamplitude entre os ritmos teta e gama hipocampais, e que a indução artificial desse padrão oscilatório desestabiliza memórias que normalmente são resistentes à reconsolidação. Por fim, mostramos que a amnésia causada pelo bloqueio da reconsolidação não se deve a falhas na sua evocação, mas sim à eliminação da MRO em questão, e que as informações que fazem parte de uma rede de conhecimento declarativo podem ser reativadas indiretamente, tornando-se suscetíveis a modificação.New memories are unstable and susceptible to interference. Most of them are transient and only a few are stored as long-term entities through consolidation, a protein synthesisdependent stabilization process. Long-term memories can become unstable again when recalled and, to persist, they must be reconsolidated. Reconsolidation is also a stabilization process that depends on protein synthesis, but it is not a mere repetition of consolidation. The biological relevance of memory reconsolidation is still under debate, but evidence suggests that it would serve to update consolidated memories with new information acquired during recall. Object recognition memory (ORM) is a component of declarative memories that allows animals to discriminate between familiar and new items. In this work, we used Wistar rats to confirm the participation of the dorsal hippocampus in ORM consolidation and show that their underlying molecular mechanisms store independent representations. We also confirmed that ORM reconsolidation is hippocampus-dependent only when a novel object is perceived during reactivation and demonstrated that this process mediates incorporation of information concerning that new object into the original memory trace. In addition, we showed that ORM update is driven by D1/D5 dopamine receptor activity and involves synaptic plasticity controlled by Zif268, BDNF and PKMζ-regulated AMPA receptor recycling in the dorsal hippocampus. We also found that ORM destabilization is associated with theta-gamma phase amplitude coupling in the hippocampus, and that artificial induction of this oscillatory pattern can destabilize memories that are normally resistant to reconsolidation. Finally, we showed that the amnesia observed after reconsolidation disruption is not due to retrieval failure, but to elimination of the reactivated trace, and that memories that are part of a mnemonic network are susceptible to reconsolidation by indirect reactivation.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESConselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPqUniversidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIASUFRNBrasilCNPQ::OUTROS::CIENCIASHipocampoMemória de reconhecimento de objetos - reconsolidaçãoDopaminaPotenciais de campo localDesestabilização da memóriaMecanismos neurais envolvidos na formação, atualização e integração da memória de reconhecimento de objetosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALMecanismosneuraisenvolvidos_Gonzalez_2023.pdfapplication/pdf29189214https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/56859/1/Mecanismosneuraisenvolvidos_Gonzalez_2023.pdf29a62565bfb00cb226f3d5151da074baMD51123456789/568592023-12-22 16:25:03.144oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/56859Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2023-12-22T19:25:03Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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